Soleria - A Canção de Dama Lua

By solerianos

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Filhos sempre querem ter histórias maiores do que as dos seus pais. Mas quando você é filho do maior mago do... More

Introdução
Cap. 01 - Dente de Dragão
Cap. 03 - A Reconstrução Impura
Cap. 04 - O aniversário do Príncipe
Cap. 05 - A Caverna do Dragão
Cap 6. A solidificação de luz.
CAP.07 - A sabedoria do rei
CAP.08- O chamado a Vila Azul
CAP.09 - A luz.
CAP.10 - O viajante e o prisioneiro.
CAP.11 - Reconstrução da alma.
CAP.12- A ira do rei.
CAP.13- As duas caravanas.
CAP.14 - Os dois navios de Cielo.
CAP.15 - Presentes e despedidas.
CAP.16 - Alguns dias antes.
CAP.17 - Thomas o prateado.
CAP.18 - Apolônios se apaixona.
CAP.19 - Em busca da Terra Normanda.
CAP.20 - O martelo de Thor.
CAP.21 - A batalha campal.
CAP.22 - Até logo, Ilha Nórdica!
CAP.23 - A menina e o rei.
CAP.24 - O ataque dos homens múltiplos.
CAP.25 - A Alma Negra.
CAP.26 - O namoro real.
CAP.27 - Boas vindas flamejantes a Paradiso.
CAP.28 - Soldadinhos de Chumbo.
CAP.29 - O chato
CAP.30 - O ladrão das sombras.
CAP.31 - A provação de Abil.
CAP.32 - O diamante falso.
CAP.33 - O homem no espelho.
CAP.34 - O início da chuva.
CAP.35 - Guerra entre os líderes.
CAP.36 - Desespero.
CAP.37 - A princesa do raio branco.
CAP.38- O nascimento de Dama Lua.
CAP.39 - Derfel.
CAP. 40- A revolta de Alfred.
CAP.41 - Filho da chuva.
CAP.42 - Os dois Vikings.
CAP.43 - A canção de Dama Lua.
CAP.44 - O mundo é o nosso lugar.

Cap. 02 - A Fenda

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By solerianos



- Então nosso bisavô, o maior mago de Soleria, Gaiga do Dragão Branco, era um chato? Perguntou Arthur, quase magoado com o que eu acabava de dizer-lhes.

- Na grande maioria do tempo, sim! - Afirmei com um sorriso. - Mas ele tinha seus momentos bons.

- Mas Rick o odiava! - Respondeu Elric com desdem.

- Meu pai acabou sendo uma das pessoas que Rick mais respeitou em sua vida. Posso até dizer que eles ficaram amigos no final.

- Como? - Perguntou JP.

- Se me deixarem contar o resto da história irão saber. - Respondi, recebendo uma careta do pequeno. - Para continuar a história, eu preciso explicar-lhes uma coisa: existe uma magia chama "recolhimento de memórias", ela consegue fazer com que quem a pratique consiga ler as lembranças de uma pessoa com quem teve algum tipo de contato. É muito usada atualmente nos interrogatórios, o que a faz ser mal vista por todos os não praticantes da magia branca. Para falar a verdade, é uma das magias mais simples, porém perigosa. Acabei usando essa magia em alguns de meus companheiros ao longo do tempo e sou capaz de selecionar memórias ao meu bel prazer, como por exemplo tudo o que eu contarei agora.

Duas pessoas montadas em belos cavalos cruzavam a Floresta do Desconhecido, um vasto pântano ao norte de nosso reino, habitado por répteis e outras formas de vida asquerosas. Precisariam ainda cruzar a Tribo Élfica e depois seguir para o Leste até chegar ao seu objetivo.

Já haviam feito um dia inteiro de viagem, e ainda faltava bastante para chegar ao lar dos elfos. O Sol era intenso e a paisagem naquele momento não era das mais belas.

-Está calor, não é? – O cavaleiro que se mantinha a frente e era consideravelmente maior do que o outro, disse. – Odeio calor, ainda mais com essa roupa, fico todo suado. Que nojo. – Continuou sacudindo as mãos. – Prefiro frio, quando o tempo está gelado é só se cobrir que você consegue se esquentar, agora com esse inferno de tempo, não tem o que ser feito. Tempo maldito, odeio calor. Eu já falei isso, não é?

- Acho que é toda essa gordura que você tem na barriga. - Respondeu o outro cavaleiro, sendo rapidamente olhado pelo maior. - Estou brincando! - Disse animado.

- Engordei um pouco, não foi? Também, o que posso fazer? Não tem um movimento em nossa casa, fico entediado e o que acabo fazendo?

- Devorando tudo o que encontra pela frente.

- Muito engraçado! - Respondeu o cavaleiro maior com desdém. - Olha esse Sol... não tem uma gota de água em lugar algum.

- Óbvio, você bebeu o seu estoque e o meu! - O cavaleiro menor praticamente berrou a acusação.

- Vou morrer desidratado! Tenho certeza disso! Minha boca tá seca, como se tivessem colocado areia nela. - Respondeu o maior, sendo ignorado pelo outro.

Mais ou menos no meio da manhã seguinte, já conseguiam enxergar a gigantesca parede de espinhos que defendia a única passagem do reino para a parte de fora. Havia sido erguida pelos elfos a centenas de anos e era difícil de ser superada, pois, além das folhas em forma de navalha, que cortavam mais do que as melhores espadas, existiam plantas venenosas capazes de deixar imóveis qualquer um que quisesse adentrar. Aquilo a muito fora bastante útil, porém, há alguns anos ninguém passava por ali.

A Fenda tratava-se de um gigantesco portão feito de madeira e pedra, que era trancado por raízes imponentes. Abri-la era uma arte que apenas o líder da guilda tinha controle, e dependia de uma sequência perfeita de elementos, caso errada, culminaria no fechamento eterno da abertura. Aquilo era uma preocupação de um dos cavaleiros, pois fazia bastante tempo que não era aberta e com a morte do antigo líder da guilda verde, tinha medo que com ele o segredo tivesse sido perdido.

No final da tarde, finalmente estavam à beira do portão. Os cavalos demonstravam cansaço em virtude do calor e da difícil caminhada pelo terreno pantanoso. O primeiro cavaleiro que era mais robusto, pensava apenas em um banho, um copo d'água e descanso, enquanto o outro que era bem menor permanecia atrás atento a tudo o que seu campo de visão poderia saborear. Nunca estivera no reino antes, então tudo ao seu redor era novidade.

Um sonolento elfo, que mantinha uma vigilância praticamente desnecessária em uma árvore acima do portão, ao avistar os viajantes tocou uma trombeta desesperado, alarmando a todos que forasteiros se aproximavam. Todos na Tribo ficaram perplexos com o estrondoso som e após um curto espaço de tempo entraram em pânico. Mães corriam atrás de crianças curiosas, enquanto homens pegavam armas empoeiradas e preparavam alertas a serem enviados ao reino. Quando o novo líder da guilda verde apareceu.

Seu nome era Abil, um jovem elfo, possuía uma vasta cabeleira loira que ia até a metade das costas, gostava de prender metade do cabelo em uma tira de couro, não por estética, apenas para ter sempre com ele uma lembrança que havia sido dada por sua falecida mãe. Em suas pontiagudas orelhas possuía anéis de metais, que lhe serviam como brincos: três na orelha esquerda e um na direita, sendo este um anel que vinha de seu pai, o antigo líder de guilda verde. Tinha olhos em um tom esverdeado mágico, que de tão diferentes prendiam muitas vezes a minha atenção ao falar diretamente com ele. Possuía marcas do seu elemento, uma coisa comum a todos os elfos, que tem estampadas em suas peles, cabelos e até as vezes nas unhas a cor do seu elemento natural. No caso de Abil, haviam finas rajadas verdes no rosto cortando os dois olhos na vertical, seguidas por mais duas rajadas menores logo atrás, entre os olhos e as orelhas. Também possuía algumas mechas de cabelo em um verde claro que davam um contraste ainda mais exótico a sua aparência.

O rapaz era alvo de suspiros das meninas do reino quando fazia suas raras visitas ao castelo, pois assim como é natural aos elfos, gostava muito de sua privacidade e mantinha apenas o contato necessário com os humanos. Assim, evitava também comentários a respeito de sua aparência excêntrica. Não possuía músculos ou um rosto que demonstrava aptidão para a guerra, pelo contrário, suas linhas eram delicadas e finas, muitas vezes dando-lhe um aspecto afeminado, mas é óbvio que por respeito ninguém nunca comentava sobre isso. De maneira geral, as pessoas possuíam um preconceito injusto, com o jovem elfo, por toda a tribo comentava-se que o rapaz era inexperiente demais para a função, diziam também que ele havia herdado o cargo e não o merecia, porém, pela repentina morte de seu pai, o antigo líder, não houve outros candidatos ao cargo, o que permitiu que o rei decidisse por ele.

Com uma rapidez fora do comum o jovem elfo subiu a árvore que servia de posto de vigilância. Encontrou com o vigia alarmado e retirou sua trombeta desesperado. Apertou os olhos na tentativa de entender o que acontecia, pois, o sol estava forte pondo-se as costas dos cavaleiros e a luz incomodava a vista. O jovem Abil previa que todos na aldeia iriam em sua direção, esperando por uma decisão de seu líder, e ao pensar nisto sentiu um filete de suor escorrer por sua testa. A situação fez com que centenas de pensamentos passassem por sua cabeça. Contudo ao focar a visão na grandiosa espada negra que o viajante mais corpulento carregava, soube de imediato quem chegava.

- Derfel? - Perguntou sendo respondido por um grande berro positivo.

O líder pulou de cima da árvore e olhou para o grande portão a sua frente. Nunca tinha aberto a Fenda e isso o deixava um pouco receoso. O que aumentava o nervosismo é que todos os olhos da Tribo estavam pousados nele e aquele seria um dos grandes momentos de provação ao qual era colocado. Odiava ser o foco das atenções, além disso sabia que se errasse a combinação necessária para abrir o portão deixaria aquela relíquia incapacitada e seu nome se tornaria motivo de chacota por toda a eternidade.

"Primeiro as raízes de cima" forçou-se a lembrar, e com um pouco de domínio sobre as plantas, recolheu a grande raiz que já se instalava na madeira. Um grande ranger ocorreu enquanto apenas com a mente ele movia o objeto desejado... "agora a primeira parte da madeira" e então a metade de cima do portão se partiu em dois e correu para os lados esquerdo e direito, mostrando um grande pino escondido até o momento. Este foi o próximo a ser retirado com grande esforço do jovem elfo... Já estava mais tranquilo, precisaria apenas tirar a segunda parte da raiz, a parte de baixo da madeira e o grande muro de eras que forrava o portão por dentro. Parecia um processo simples, tinha sido pensado para ser uma combinação fácil, porém, seria necessário o poder suficiente para realizá-lo na ordem perfeita.

Sem perceber, uma linha de elfos posicionava-se as suas costas, já retesando arcos e empunhando espadas e lanças. O nome confirmado pelo cavaleiro era conhecido por quase todos, porém, como o mesmo mantinha um grande elmo que cobria o rosto, era impossível reconhecê-lo. Percebendo a postura defensiva de seus subalternos, o líder verde fez um sinal com a mão para que todos baixassem as armas, mas por um motivo de segurança não os alertou a respeito de largá-las.

Os dois cavaleiros entraram pelo portão e finalmente Derfel retirou o elmo, mostrando um largo sorriso para o elfo, que lhe extinguiu todo o sentimento apreensivo quanto aos visitantes, pois ali estava o defensor da fronteira e o líder da guilda negra.

- Quanto tempo meu jovem! Vocês elfos me dão calafrios. Enquanto estou cheio desses malditos cabelos brancos, parece que você não envelheceu um dia. Estou cheio de dor nas costas, meu joelho veio estalando do castelo negro até aqui, fora que acho que ganhei algum peso, não é amigão? – Tagarelou o mago negro, fazendo a última pergunta para o belíssimo cavalo negro ao qual montava, que apenas bufou de cansaço, fazendo com que ele soltasse uma alta gargalhada. – Por Soleria, vocês acharam que era algum ataque não foi? Eu sabia, eu vim escondido desse jeito por causa dessa poeira maldita que esse pântano solta. Sinceramente não sei se sou alérgico ou coisa do tipo, sempre que faço essa viagem perco as contas de quantas vezes eu espirro. Bem que algum de vocês poderia me fazer um remédio, assim eu não espirraria mais. – Continuou o líder negro descendo de seu cavalo, falando com as pessoas que se agrupavam para ver o que era todo aquele alarde. Abil lembrou-se da fama que Derfel possuía de ser falador e ficou surpreso quando recebeu um grande abraço, deixando-o bastante encabulado. Os elfos eram seres mais frios do que o restante dos solerianos, não gostavam de nenhum contato físico, fazendo com que o abraço gerasse alguns risos entre os soldados. –Gostaria de pedir sinceras desculpas por não ter vindo ao funeral de seu pai, grande homem! Pera... elfo. - Ele parou em dúvida. - Você entendeu!

A expressão de Derfel nesse momento era realmente triste e o líder da guilda verde aceitou aquele pedido de desculpas, sabendo que realmente era complicado para que o mago negro saísse de suas fronteiras.

Derfel na época tinha uma mecha de cabelo grisalho correndo por entre a vasta cabeleira negra. Tinha grandes e alegres olhos, bem parecidos com seu primo, o rei Gerard. Também possuía um espírito leve e um riso rápido. Havia participado do grupo de aventuras do rei, junto a Maria e ao General Ragnar, porém, teve que assumir o papel de líder da guilda negra muito cedo, devido ao seu imenso talento com a magia.

A decadente guilda negra era composta apenas pelo líder. Fazia anos que ninguém nascia com aquela natureza em Soleria, aquilo era uma preocupação iminente do rei, pois sabia que seu primo era humano e não existindo nenhum outro com o poder das trevas, a Guilda seria desfeita e todo o conhecimento seria perdido. Havia uma história muito mais macabra, por trás de tudo, mas deixemos isso para depois.

- Não existe problema meu amigo. - Respondeu o elfo. – Porém quem te acompanha? Perguntou apontando discretamente para o outro cavaleiro que se mantinha impassível em cima do cavalo.

- Minha filha, Agnes. - Disse de má vontade o mago negro, sendo surpreendido por um grande espanto do elfo.

- Filha? - Falou tão baixo, que somente Derfel o escutou, esforçando-se para lembrar-se de alguma recordação a respeito da menina.

- Você saberá em breve. - Respondeu com um semblante preocupado. – Em alguns dias será aniversário de Rick, certo? Gostaria de participar das festividades! Conte-me, como estão os príncipes? Roger ainda tem aquela cara séria? Quem é mais parecido com Gerard? Eu trouxe um presente para Rick, mas não sei se ele vai gostar, já que não o conheço para falar a verdade. Pensando agora, tem muito tempo que não venho para esses cantos. O que você vai dar de presente para ele? Tenho certeza de que o meu presente será melhor! Alguém pode me dar um pouco de água?

Apesar da turbulência que o mago negro trazia com seu jeito agitado, Abil tomou ciência do seu dever em levar o mago até o castelo do rei. Soube então que perderia o dia inteiro ali, tendo em vista a longa jornada até a Cidade Branca, as novidades a serem compartilhadas a respeito da fronteira e o mistério envolvendo a menina, que se mantinha quieta em cima do cavalo coberta com um capuz e uma proteção em couro negro. Ficou desanimado, pois tinha outros planos para o dia, mas o dever o chamava.

Respirou fundo abatido, pelo longo dia que teria pela frente. 

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