AZAHRA - A cidade do céu (EM...

By MyNameIsZoeX

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Ganhadora do #Projeto12meses (primeiro lugar), do #ProjetoUmaDoseAMais (primeiro lugar), do projeto #Escritor... More

Querido leitor...
Dedicatória
GAROTA PROBLEMA
DISCIPLINA
TIRO AO ALVO
MINHA NAMORADA
A SELEÇÃO
A SELEÇÃO - PARTE 2
IMPORTANTE! - NOTAS DA AUTORA
ESCOLHAS
APENAS AMIGOS
READY - PARTE 1
SOBRE O PRIMEIRO LUGAR NO PROJETO 12 MESES
READY - PARTE 2
READY - PARTE 4
POV JOHN
JOGO DURO
SALVA
CAINDO
A39
POV MYA - PARTE 1
POV MYA - PARTE 2
POV MYA - PARTE 3
POV MYA - PARTE 4
SURPRESA

READY - PARTE 3

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By MyNameIsZoeX

Hello migos <3 Perdoem a demora, passei o final de semana viajando e hoje foi uma bagunça completa, mas estamos aqui! Bom, essa é a primeira cena de ação que eu escrevo NA VIDA. Se Azahra surpreende vocês, imaginem comigo que essa caralha veio pronta e dominando tudo? hahaha espero que vocês consigam imaginar direitinho!

Mais uma vez, eu venho agradecer o mega apoio que vocês tem dado pra história. Um mês e meio atrás eu era alguém que não fazia ideia do que era Wattpad e logo na minha primeira história tenho um retorno maravilhoso, o que me faz acreditar que Deus deve ter ouvido todos os meus choros quando eu dizia que queria ser escritora. Obvio que estou me lapidando, mas acaba que eu encontrei os melhores leitores pra fazer isso por mim <3 Que Ele abençoe cada um de vocês e que vocês saibam que eu sou alguém que vocês podem contar, inclusive estou pensando em fazer um grupo no facebook ou no whatsapp pra gente ficar mais próximo, o que vocês acham? Enfim, espero que vocês gostem do que tenho preparado e que fique o aviso, isso é só o começo! Amo vocês, tamo junto <3

PS: Dei uma entrevista pro blog VitaminaLivros, vou colocar o link no primeiro comentário pra quem quiser ler. Eu tentei deixar mais íntima e falo um cadinho de mim <3
PS2: Postei o prólogo de "Olívia" e to bem feliz porque já tem 200 views. A história não parece NADA com essa daqui, mas acho que alguns de vocês podem gostar, se você ainda não viu, é só clicar no meu perfil aqui e dar uma olhada.
PS3: Qual motivo de você ler Azahra?
PS4: Juro que vou parar com os PS, mas queria saber se vocês gostariam que eu liberasse o prólogo que pensei pra Azahra e um POV da Mya ou do John, sei lá. (apenas como bônus)
Beijos e ÓTIMA LEITURA <3 <3 <3

Bleed it out - Linkin Park

Depois de uma manhã calma, estávamos reunidos na porta da arena com outros grupos. Não havia ninguém da Cúpula ainda, mas eu acreditava que apenas Abraham e os marechais estariam presentes.

Eram quatro e quarenta e cinco da manhã quando Yuri chegou, os cabelos estavam perfeitos e o sorriso mais confiante do que nunca. Ele interrompeu John, que me contava que o vírus que Daya havia pego tinha cura e, que haviam garantido que se ele passasse de fase hoje, o antivírus poderia ser dado a ela. Não precisavamos de outro motivo, aquele era o bastante pra fazer tudo o que estivesse ao nosso alcance.

- Bom dia! Está na hora de provarem o valor dessas bundas e saírem dessa arena prontos pro segundo teste. Eu não escolhi vocês a toa, façam eu me orgulhar ou vão se ver comigo depois - Yuri disse ao grupo, sorrindo feito um predador escondendo a ameaça, enquanto batia em minhas costas, aquele devia ser o peso de ser capitão.

- Vou ver que horas vocês entram em ação, não falem com os outros grupos - ele virou as costas e saiu.

Estavamos cercados por um grupo de quase 200 pessoas, provavelmente nosso teste não seria o único. Eu esperava que fossemos um dos primeiros, ficar ali o restante do dia esperando para chegar na nossa vez seria cansativo e deixaria todo o time nos nervos, inclusive eu.

Vi muitos rostos conhecidos, mas pela cara fechada raramente alguém permanecia perto pra puxar papo. As cinco horas em ponto o painel vermelho a nossa frente ligou, o rosto de Abraham apareceu e ele começou a falar em uma transmissão gravada.

- Olá soldados! Hoje é o dia tão esperado, o primeiro teste para a mudança de patente está atrás dessas portas, alguns de vocês já passaram pelo primeiro teste ano passado e infelizmente estão aqui para repetir a dose, posso garantir que esse ano teremos muitas surpresas pois não será mais admitido nenhum tipo de fraqueza dentro do EDCP. Não é a toa que nossos homens são os melhores. Azahra precisa de vocês, a cidade em pé precisa de vocês e eu espero que vocês saiam vitoriosos. Fiquem firmes, estarei assistindo - o sorriso raro de Abraham surgiu em sua face e a tela mudou.

- Grande filho da puta - John cochichou no meu ouvido e eu concordei com a cabeça.

- Equipes dos Majores Yuri Rossakov e Edmond Burnier, vocês serão os primeiros - O soldado com a prancheta na mão gritou de frente a sala fazendo meu estômago tremer com a ansiedade - O restante de vocês poderá assistir lá de cima, vamos - o homem chamou o restante das pessoas para entrar na sala e seguir até as arquibancadas que ficavam na sala ao lado.


Eu precisava tomar cuidado com meus pedidos pra deus, uma hora ele escuta, outras não... O cara deve ser meio surdo.

- Bom, estamos preparados. Treinamos o tempo todo para isso e vocês sabem bem como funciona, Pinkham você guarda as costas de Stanley, Stanley se lembre de pegar o maior número de facas que puder, não quero você tendo que atirar em um ataque de nervos - eu disse decidido - John, eu conto com você agora, mais do que nunca. Faremos isso por nós e principalmente por Daya irmão - Peguei na mão dele e pude ver meu melhor amigo se emocionar.

- Estamos nessa juntos! Vamos chutar a bunda do outro time e garantir a vida da minha mulher! - A confiança que eu queria surgiu no sorriso de John e eu fiquei em paz.


- Não quero interromper o líder, mas eu preciso falar com vocês - Yuri estava sério - Esses filhas da puta dificultaram o teste esse ano, não esqueçam que as balas da sala só matam aquilo que é da sala. Deixem a arma com tranquilizante em um lugar prático ou derrubem os outros com uma bela porrada - Yuri riu ironicamente olhando de mim para Stanley - A sala vai mandar tudo o que tiver, se vocês acharam meus bichinhos perigosos e estranhos, se preparem pro show de horrores que o próprio Abraham separou. Atirem sem dó, sejam rápidos e obedeçam seu líder. Boa sorte - Yuri disse nos encaminhando para entrar na sala. Minha equipe inteira entrou e eu fui o ultimo, podendo ouvir Yuri falar baixo.

- Boa sorte, futuro capitão - Quando me virei para agradecer a porta já havia fechado.


- Onde está a outra equipe? - Pinkham perguntou

- Provavelmente eles vão entrar do lado contrário, vamos logo encarar isso e por pra dormir sejá lá quem for. Conto com vocês - eu disse para Marcos e Liam e recebi um sorriso nervoso de cada. Eles estavam tão ansiosos com isso quanto eu.

A ante sala que estávamos tinha uma porta de vidro a nossa frente que permitia ver a arena.

O lugar era como a sala de treinamento do dia anterior, só que devia ter dez vezes o tamanho daquela, se a sala de treinamento era uma super impressora, essa sala devia ter alguma outra surpresa. Quando o relógio na parede marcou cinco e quinze a porta a nossa frente se abriu e a voz robótica surgiu.

- Bom dia soldados. Teste para troca de patente ativado. Quinze minutos para o começo do teste - um relógio gigante surgiu no meio da sala, em contagem regressiva com os quinze minutos. Corremos para nos armar com facas, pistolas, submetralhadoras, metralhadoras e cada um pegou pra si uma das pistolas com o sedativo. A vantagem daquelas armas era que não precisávamos de munição, o número de tiros disponível aparecia na lateral da arma e dessa vez nosso poder de fogo era alto, tínhamos quase mil tiros cada um, o que significava que a sala viria com tudo pra cima de nós.


Havia um mapa em cima da mesa, em um lado estava escrito base, bem no meio do mapa estava escrito reféns

- Oi? - Nós quatro reagimos quando terminamos de ler aquilo. Reféns?

- Fodeu. Não teriamos só que derrubar os caras? - Stanley falou de forma negativa

- Não importa, seja lá o que tiver, a gente aguenta - Pinkham o incentivou e me surpreendeu.

Do outro lado do mapa estava a base inimiga, eles teriam que se foder como nós para chegar ao meio da arena.

- Peguem água, se estivermos no deserto mesmo vocês sabem que água é fundamental - John avisou e nós seguimos a dica.

- Todos prontos? - Perguntei

- Sim! - Os três responderam ao mesmo tempo

O relógio marcou que faltavam três minutos.

Objetivo - a voz robótica falou novamente - Resgatar os reféns com o time completo. Boa sorte.

Como da ultima vez, a sala começou a tremeluzir em um azul intenso, como se as ondas energéticas passassem de um canto para o outro e forçassem o ambiente a mudar. Eu estava com uma faca honshu na mão suada, era minha favorita, senti o cabo escorregadio. De repente, depois de um grande clarão, nós estávamos no deserto. Minhas botas faziam marca na areia enquanto eu apertava os olhos e observava o ambiente. O cheiro era ácido, o ar estava muito quente, quase sufocante, e eu não tive muito tempo de me preparar quando o primeiro insectóide com pinças na cara surgiu correndo em minha direção.

Girei o corpo o mais rápido que pude, a areia subiu conforme meu pé se firmava, me dando apoio para forçar a faca no peito do inseto gigante. As pinças em seu rosto eram afiadas e se fecharam em um estalo bruto quando o bicho cedeu em cima dos joelhos e caiu no chão.

- SE PREPAREM! - foi o que consegui dizer quando me recuperei do choque vendo o corpo sumir pouco depois de cair no chão.

John estava a minha direita, com a arma preparada e em posição para atirar na primeira coisa que se movesse a nossa frente. Estavamos na entrada de um desfiladeiro que tinha uma curva acentuada para direita, isso acabava com a nossa visão do que poderia se aproximar.

- Está bem Ezra? - Stanley perguntou. Ele estava em posição de luta, com duas facas nos punhos.

- Estou, mas esse deve ter sido apenas um aviso. Vamos, precisamos encarar o que está pela frente se quisermos liberar nossos reféns antes e armar para pegar alguém do time contrário - pensei em como seria passar no meio de desfiladeiro e ser pego desprevenido - Stanley, nossas armas não podem te machucar. Vá na frente que nós três daremos cobertura - ele não gostou muito da ideia, mas obedeceu sem reclamar. Pinkham, John e eu nos preparamos e seguimos com uma boa distância um do outro. Escolhi John para a retaguarda pois sabia que ele era atencioso e não me deixaria na mão, Pinkham já havia mostrado que sua ansiedade atrapalhava.


Assim que entramos no desfiladeiro notei sombras se movendo acima de nós, olhei para John e ele apontou para cima em silêncio, sinalizando que havia visto o mesmo que eu. Pinkham acompanhava Marcos com os olhos e avançamos um bom pedaço do caminho em grande sincronia. Foi quando o zumbido começou alto.

- Estão ouvindo isso? - Pinkham falou alto.

- Eles estão lá em cima, fale baixo - John alertou

- Vamos continuar, logo sairemos disso - Stanley continuava firme em sua posição.

- Nós demos mais alguns passos quando John chamou.

- Parados! - John falou baixo, mas em forte entonação - se preparem para atirar e... EZRA CUIDADO COM A CABEÇA! - John atirou a tempo de derrubar um dos insectóides que havia se camuflado perto de mim, de repente a parede inteira criou pinças e o enxame estava com a gente naquele corredor apertado.

- CORRAM, AGORA! - a primeira ordem que não causou descontentamento.

John atirava para todo canto, Pinkham batia com a arma na cara de uma formiga gigante que chegou perto demais e ficou melado de um líquido amarelo e grudento quando eu explodi a cabeça do bicho com minha pistola. Stanley rasgava corpos loucamente, como se fosse uma máquina e liberava o caminho a nossa frente. Eu não sei exatamente quanto tempo levou, mas saímos inteiros do desfiladeiro. Um último inseto atrevido tentou morder a cabeça careca de John e tomou uma facada de Pinkham que atravessou a garganta.

- Quem diria que um dia você protegeria um preto? - John provocou Pinkham que cuspiu no chão antes de responder

- Quem disse que isso foi por você?

- Calem a boca - Eu me intrometi. Estávamos suados e sujos, e isso era apenas o começo do teste.


Quando saímos do desfiladeiro, caminhamos um pouco e vimos que estavamos na boca de um precipício.

- É como o teste, deve haver uma ponte por aqui - eu apontei para o único caminho disponível e os soldados me seguiram sem reclamar.

- Não tinha nem cinco minutos fora do desfiladeiro quando o vento intenso começou, achei que era apenas uma ventania qualquer, mas a onda de areia que vinha junto arrastando pó e quase nos erguendo no ar era muito forte, percebi que seria uma tempestade de areia.

Bem na beira do precipício.

Não havia nada mais louco na lista de Abraham?

- TEMPESTADE DE AREIA, TODOS PRO CHÃO! - eu me deitei de barriga para baixo e tentei cobrir o rosto com o braço o melhor que pude. Senti algo batendo forte nas minhas costas, o impacto mais me assustou do que doeu. Por sorte eu estava próximo a parede e não senti muito mais coisa a não ser a areia me enterrando vivo. Era extremamente agoniante. Quando o vento cessou eu me levantei, o homem poeira estava de volta, sorrindo, me virei e vi Pinkham e Stanley se levantando, mas nada de John.

- JOHN?! - chamei e escutei seu grito

- AQUI! - corri pra beirada do abismo e encontrei meu melhor amigo segurando em um galho seco meio metro abaixo

- Que merda! Espere aí! - eu olhei para Stanley que era o menos pesado e o chamei - Vou te segurar e você o puxa de volta - O cara estava fácil de lidar, acatou rápido a ordem.

A operação de resgate deu certo, quando John estava novamente em terra firme e me olhou começou a sorrir.

- Esse visual fica bem em você, gatinha selvagem - Ele ajeitou a arma nas mãos e saiu rindo na minha frente, o cara havia passado o maior sufoco e já saia fazendo graça...

- Stone, o que você disse sobre uma ponte mesmo? - Stanley perguntou enquanto olhava desanimado, segui seu olhar e vi o porque seu tom era desse jeito.

A ponte havia sido devastada pela tempestade, só havia sobrado uma corda  amarrada de ponta a ponta, o resto havia caído.

- Vamos, ainda dá para atravessar. Temos que ser rápidos, não sabemos o que pode aparecer nesse tempo. John e eu vamos na frente, Stanley, você e Pinkham vem logo atrás.

Confirmei se as cordas eram seguras e pelo menos isso eu tinha certeza que eram. Havia a corda que apoiava as madeiras e a que servia de corrimão do lado direito, então tínhamos onde por o pé e ter apoio com as mãos para se equilibrar.

O abismo era largo e muito, muito alto. Uma queda dali faria do corpo de alguém um saco de ossos.

Se segure firme - falei pra John que evitava olhar para baixo - Quer dizer que a moça tem medo de altura? - Ri e continuei seguindo atrás dele, vendo que Stanley já me seguia com Pinkham logo atrás. Estávamos avançando em um bom ritmo, mesmo que estivesse sujo como um porco e o calor maltratando o corpo, estávamos todos inteiros até o momento. Eu estava olhando reto, calculando que devíamos estar na metade da ponte quando Pinkham falou.

- Ah não, que merda é aquela?

Me virei a tempo de ver um bando de baratas voadoras em nossa direção, elas eram enormes, deviam ter um metro e meio e faziam um zumbido irritante conforme as asas batiam, cada vez mais perto.

- Quantas tem ali? Não temos base para atirar - John reclamou

- Acho que umas sessenta? - depois de analisar a quantidade de bichos vindo, olhei para as cordas pensando o que fariamos

- Vai parecer loucura, mas eu juro que não é. John, estenda uma das mãos para mim - ele me obedeceu e eu me apoiei nele para sentar na corda em que eu pisava - John, não acredito que vou dizer isso, mas, me segure pelo cabelo - eu disse e ele caiu na risada

- Não sabia que você gostava de uma agressividade, gatinha selvagem - John gargalhava, Pinkham e Stanley também

- Vão se foder. Vai logo - ele me obedeceu voltando a ter compostura quando viu que os outros riam.

Tirei o blusão do EDCP e amarrei com três nós na cintura. Ofereci as mangas da blusa pra que John segurasse.

- John, segure essa merda como se sua vida dependesse disso - ele sabia que a de Daya dependia - Vou virar de ponta cabeça. Pinkham, me imite logo. Vai esperar essa porra chegar aqui? - Eu apontei pras baratas cada vez mais perto e ele logo se mexeu.

Trancei as pernas com firmeza, cruzando os pés e prendendo com meu cinto.

- Ótima hora para um strip tease - John ria enquanto eu me ajeitava.

- Se eu ficar pelado aqui todos vão achar que você anda comigo por causa do que escondo na cueca, então é bom ser útil - eu disse enquanto virava de ponta cabeça e vendo que meu plano estava dando certo.

- PINKHAM, VAI LOGO! - Gritei e assim que posicionei minha arma com decência contra o peito comecei a atirar.

Não demorou muito, nós já havíamos abatido quase todas as baratas voadoras sem muito esforço, gostaria de ver a cara de Yuri nesse momento.

Quando não havia mais nenhum daqueles bichos no céu, nós voltamos com alguma dificuldade para a posição certa. Senti minha cabeça latejar por causa da pressão recém recebida, mas nada que me impedisse de seguir em frente. Assim que conseguimos atravessar a ponte eu dei dois minutos para que todos bebessem água e se ajeitassem.

- Alguma arma está sem munição? Se estiver, joguem fora. Não adianta nada carregar peso extra - eu mandei antes de molhar a boca.


Prendi os cabelos em um coque firme e olhei em volta enquanto os outros se ajeitavam. Yuri havia nos ajudado mais do que podia, eu tinha certeza disso quando vi na minha frente um tunel de passagem como na minha prova do dia anterior, com toda a certeza ali dentro teriamos surpresas, mas apesar do medo que eu estava sentindo mais cedo, agora a adrenalina tomava conta e eu tinha certeza que fariamos a coisa dar certo.

- Stanley fica comigo protegendo a retaguarda, Pinkham, você e John vão na frente. Vocês já sabem o que nos espera ai dentro - falei pegando a pistola em uma mão e a faca na outra. John brincou com sua butterfly e eu rolei os olhos, achava a faca inútil.


Não precisei dar nenhuma ordem, o túnel devia ter noventa centímetros de altura e se estendia por uns dez metros. Sabia que ali dentro teria muito mais que quatro surpresas pra cada e estava alerta para enxergar quando o primeiro par de garras surgiu de dentro da lama.

- Que porra! - Ouvi Pinkham reclamar.

- Stanley, use sua arma - eu avisei antes de jogar a faca com firmeza e enterrar nos miolos do bicho que corria em minha direção.

Aquilo era diferente do que tínhamos visto no treinamento. Parecia estar em carne viva, o cérebro estava exposto e os dentes serrilhados guardavam uma língua comprida que chicoteava no ar. Eles eram quadrupedes, o que facilitava andar dentro do túnel baixo, enquanto nós tínhamos que nos arrastar na lama. Não me parecia muito justo.

A quantidade de bichos era enorme, eu havia perdido a conta entre vinte e um e vinte e dois. Mesmo assim demorou para que outro viesse para cima, pareciam estar esperando o bando estar completo.

- APROVEITEM ESSE TEMPO E AVANCEM! VÃO, VÃO! - eu gritei e começamos a nos arrastar com pressa, até que ouvi o primeiro tiro e percebi que ali era hora de lutar.


Todos os bichos avançaram de uma vez, enquanto atirava com a mão direita, acertei o bicho a minha esquerda com a faca aonde devia ser seu focinho, ouvi Stanley gritar e me virei a tempo de ver a língua de um dos bichos em seu calcanhar, girei o corpo, ficando de barriga pra cima e dei dois tiros na criatura que o segurava, o corpo logo sumiu.

Eu perdi as contas de quantos tiros eu dei, estava dando cobertura para que John saísse logo do buraco para que pudesse nos ajudar a sair, quando  entendi o porque Marcos havia gritado, o bicho avançou sem eu ver e enrolou a língua no meu braço esquerdo. A sensação era péssima, aquela merda ardia como o inferno! Eu gritei e vi a butterfly de John acertar a língua daquela coisa, separando o chicote vermelho do resto do corpo. A língua sumiu, mas a dor em meu braço ainda estava ali. John finalmente conseguiu sair e, como esperado, deu cobertura para que nós saíssemos daquele inferno. Fui o último, dando cobertura por trás e atirando naquilo que John não conseguia. Stanley estava com dificuldade de se arrastar por causa da perna machucada.

Eu não conseguia me apoiar no braço esquerdo, então girei o corpo, com a cabeça na direção da saída e me empurrei pela lama usando a força das pernas. Funcionou bem, mas senti a cueca cheia de lama quando John me pôs de pé.

- Não fale nada - eu disse vendo o sorriso que brotava no rosto de John, louco para soltar alguma piadinha, eu só não sabia se era sobre a butterfly ou minha bunda cheia de barro.

- Eu não ia, juro - ele sorria - Mas seria bom trocar a fralda, meu filho pode te emprestar uma - eu tentei dar um tapa na cabeça de John, mas o braço dolorido não permitia. Quando olhei pra ver o estrago, vi que a língua do bicho havia deixado pequenos espinhos em meu braço. Puxei o ar e prendi a respiração antes de puxar aquilo do braço. O alivio veio quando consegui tirar o quarto espinho.

- Que merda. Stanley tem isso na perna? - John perguntou.

- Tem, precisamos tirar - Eu o encarei, ele olhava assustado - Senta aí - Eu o forcei pelo ombro e ajeitei sua calça. A perna dele estava pior que meu braço, contei sete espinhos bem enterrados na carne.

- Vai doer - eu avisei - vocês dois segurem ele.

Quando puxei o primeiro espinho Stanley tentou dar escandalo, xingou e cuspiu enquanto eu retirava aquela coisa de sua perna.

Quando cheguei no sexto ele havia perdido a força até para gritar. O sétimo saiu sem dificuldade e eu senti Stanley relaxar.

- Pronto. Vamos lavar isso - Eu usei metade de um cantil para limpar a perna dele que estava cheia de lama como o restante do corpo e John e Pinkham o coloracam de pé.

- Consegue andar? - Perguntei porque sentia o braço latejando, provavelmente a perna dele estaria do mesmo jeito.

- Sim, vamos continuar, já perdemos muito tempo - ele saiu mancando, indo em frente.

Dei de ombros e evitei qualquer peso no braço machucado. Pelas minhas contas, devíamos estar próximos de onde os reféns estavam e consequentemente o outro time devia estar perto também. Descemos por um vale aberto por quase quinze minutos, a paisagem começou a mudar e nós, que estávamos cobertos de lama, nos camuflamos fácil no pântano que surgiu a nossa frente. A areia aos nossos pés havia se transformado em lama fofa, o mato era alto e o barulho dos bichos em volta era constante. Era assustador a mudança de cenário ser tão brusca, mas aliviou o calor que estávamos sentindo e com certeza nos deixou alerta para qualquer ameaça que surgisse.

- Não esqueçam, precisamos colocar o pessoal do outro time pra dormir e resgatar nossos reféns. Vamos avançar com cuidado e terminar logo isso, vocês precisam de um banho, estão fedendo - nós sorrimos. Faltava pouco


- LUCY!

- GABE!

- ELIAS!

- DARIO! - ouvimos vozes chamando de longe, sabíamos que estávamos perto.

Avançamos pelo mato, devagar e alerta, aproveitando a paisagem para nos esconder.

- JOHN!

- EZRA!

- LIAM!

- MARCOS! - Vozes aleatórias chamavam nossos nomes e fizeram o grupo parar.

- Não pode ser - John havia congelado no lugar - É a voz de Daya.


Eu sabia, a voz da garota problema também gritava.

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