Alfonso
Dias depois tomei café, troquei aquela camisola horrível por uma roupa mais adequada e fui até o quarto de Any. Quando cheguei lá sorri vendo que ela ainda dormia. Me aproximei da cama e sentei ao lado dela.
Antes que pudesse segurar as mãos dela ouvi passos e um rapaz entrou no quarto perguntando:
- É aqui que a Anahí está? - olhou pra cama. - Que bom que não errei o quarto! - sorriu ao vê-la deitada.
Poncho: Quem é você? - perguntei estreitando os olhos.
- Me chamo Kuno, sou um amigo da Anahí, como ela esta? - perguntou preocupado.
Poncho: Amigo? Como assim amigo? - estranhei, desde quando Any era amiga dele?!
Kuno: Nos conhecemos na faculdade, estranhei nunca mais ter visto ela lá, ai lembrei que o Derrick a conheci e fui falar com ele, quando me contou que ela estava internada aqui... Resolvi fazer uma visita. - deu de ombros.
Poncho: Conhece o Derrick? - perguntou unindo as sobrancelhas.
Kuno: Uhum... Você é amigo dele e da Any também?
Poncho: Sou amigo do Derrick sim, mas não sou amigo da Anahí... Sou namorado! - respondi sério e claramente.
Kuno: Ah... Foi mal cara! - respondeu sem jeito. - Não sabia que ela namorava.
Poncho: É, percebi! - resmunguei acariciando a mão dela.
Sabia que estava sendo grosso, mas pra um cara aparecer num hospital pra visitar uma garota com quem trombara apenas uma vez na faculdade só podia indicar uma coisa. Interesse!
Kuno: Bom eu... Eu volto outra hora, não quero atrapalhar. Pode dizer à ela que vim vê-la?
"Não!", pensei em responder, mas disse exatamente o contrário.
- Claro! - assenti.
Kuno: Obrigado! - respondeu sorrindo e se retirou ainda sem jeito.
Nunca pensei que uma pessoa poderia me incomodar tanto, agora eu sabia o que Any tinha sentido ao ver Renata. Agora eu estava com tanto ciúmes ou mais, mas uma coisa estava me incomodando. Por que ela não me contou que conheceu esse cara? Será que se trombaram só uma vez na facul ou se viram mais vezes?
Any suspirou e apertou minha mão despertando. O sorriso cheio de amor que me deu quase aplacou o que eu estava sentindo. Quase!
- Oi! - sorriu me olhando.
Poncho: Oi! - forcei um sorriso.
Any: O que você tem? - perguntou estreitando os olhos. - Aconteceu alguma coisa?
Poncho: É aconteceu. - respondi não aguentando esconder isso dela. - Apareceu um cara aqui, um tal de Kuno que veio te fazer uma visita, todo cheio de intimidade dizendo ser seu amigo.
Any: Kuno? - repetiu o nome confusa.
Poncho: Sim... Quem é esse cara? Por que ele disse ser seu amigo e por que veio aqui te ver? - perguntei sério, enciumado demais pra me conter, enciumado demais pra ir devagar.
Any: Espera, o nome não me é estranho. - respondeu estreitando os olhos, tentando lembrar. - Ah sim! - sorriu. - Trombei com ele na facul, no dia do trote, ele quis me pintar depois que descemos do palco.
Poncho: Hum... Foi só aquela vez que se viram? - a olhei sério tentando ser capaz de perceber caso ela mentisse.
Any: Ah ele trombou comigo aquela vez que fui ao shopping com as meninas, mas a gente nem se falou e eu nem lembrava dele. - deu de ombros. - Sério que ele veio aqui? - estranhou.
Poncho: Veio... Todo preocupado, não gostei do jeito dele! - respondi de mau humor.
Any: Ficou com ciúmes! - não perguntou, afirmou sorrindo.
Poncho: Claro que não! - neguei sabendo que mentia. - Só não gostei do jeito dele, Kuno!... Isso lá é nome de gente? - perguntei revirando os olhos.
Any começou a rir me surpreendendo, a alegria que vi no rosto dela me surpreendeu. Ela não ficava feliz assim há dias. Me perguntei, confuso e preocupado se ela ficara assim por minha causa ou por causa do Kuno?
- Ai meu amor, você não existe. - acariciou minha mão sorrindo com ternura. - Não precisa ficar com ciúmes dele, você sabe que eu só tenho olhos pra você não sabe? - me olhou atenta.
Poncho: Eu deveria saber disso? - a olhei confuso, na verdade brincando, feliz por ela estar feliz graças à MIM.
Any: É claro que deveria! - respondeu ficando séria.
Poncho: To brincando eu sei disso. - sorri levando a mão dela até meus lábios onde depositei um beijo. - Mas eu acho que ele ta interessado em você, se vocês se viram só duas vezes, ele não teria por que vir aqui te ver no hospital, uma praticamente desconhecida a não ser que estivesse interessado.
Any: Ok, mesmo que sua teoria esteja correta, se te conheço vc fez questão de declarar que é meu namorado.
Poncho: Claro! Ele vem todo cheio de graça dizendo que é seu amigo, perguntando se eu era também, eu tinha que demarcar muito bem meu território. - respondi ultrajado.
Any: Demarcar território? Que coisa mais pré-histórica, meu amor. - sorriu fazendo uma careta.
Poncho: Pode ser, mas serviu pra ele se colocar no lugar dele e sair de fininho daqui. - rebati orgulhoso.
Any: Então não tem com o que se preocupar, você já falou que é meu namorado, ele deve saber que só tenho olhos pra você e se tinha algum interesse em mim, você destruiu todos.
Poncho: Acho bom que tenha destruído mesmo. - resmunguei.
Any: Bobo... Por que você não para de resmungar como um velho e me da um beijo? - sorriu.
Poncho: Ta tirando onda com a minha cara? - perguntei me fazendo de ofendido.
Any: Não! To aproveitando tudo isso... É muito bom pra mim, saber que você tem ciúmes de mim. - sorriu.
Poncho: Até parece que não vou sentir ciúmes da garota mais linda da cidade. - sorri.
Any: Te amo! - sorriu acariciando meu rosto.
Poncho: Também te amo. - respondi aproximando meus lábios dos dela e a beijei.
Anahí
Eu estava tão absorta desfrutando dos lábios dele, sentindo o coração transbordar de felicidade por saber que ele ficara com ciúmes de mim que não reparei quando uma pessoa entrou no quarto.
- Run! Run! - manifestou-se e Poncho se afastou de mim.
Poncho: Oi mãe! - sorriu sem jeito.
Any: Oi Manu! - sorri sem jeito, tentando me sentar e prontamente Poncho me ajudou.
O puxei pela mão até que sentasse na cama bem ao meu lado. De forma que eu pudesse encostar minha cabeça no ombro dele se quisesse. Sorrindo ele beijou minha testa antes de se virar pra mãe perguntando:
- Aconteceu alguma coisa?
Manuela: Tenho uma novidade para os dois! - sorriu e a encaramos sem entender. - Vocês dois receberam alta e faço questão Any que você fique em casa por uns dias.
Any: Não Manu, eu não posso aceitar. - respondi sem graça abaixando a cabeça.
Poncho: Por que não Any? Por causa do meu pai? - perguntou me estudando com seus olhos esverdeados.
Any: Não só por causa dele, mas também porque não quero dar trabalho pra vocês, não quero incomodar ninguém. - confessei incapaz de mentir pra ele me olhando daquele jeito.
Manuela: E quem disse que vai incomodar?
Poncho: É mesmo, de onde tirou essa besteira? - perguntou me olhando sério.
Any: Gente, de verdade, eu agradeço a ajuda, mas não posso aceitar.
Manuela: Se você gosta de nós e Carlos não é problema, você tem que aceitar. - insistiu.
Any: Mas...
Poncho: Esta decidido, você vem pra casa comigo certo? - me olhou sorrindo e não tive como negar.
Any: Certo! - respondi dando-me por vencida, era impossível negar algo pra eles me olhando como estavam.
Poncho: Aeh! - comemorou me abraçando.
Alfonso
Chegamos em casa e tanto eu quanto Any nos recusamos a entrar em casa na cadeira de rodas.
- Mãe não é necessário. - insistimos.
Manuela: Ok seus teimosos... Vão em frente então com as próprias pernas, se ficarem tontos e me assustarem eu bato nos dois.
Any: Ta tudo bem Manu. - sorriu.
Manuela: Run, vou pegar a mala de vocês dois, Poncho o quarto da Any é ao lado do seu mostra pra ela onde fica.
Poncho: Pode deixar! - sorri a olhando e lhe dei um beijo no rosto.
Porém quando entramos em casa esperávamos qualquer coisa, menos o que encontramos.
Renata: Poncho! - sorriu ao me ver chegar na sala.
Poncho: O que ela faz aqui? - perguntei sério encarando meu pai.
Carlos: Pensei que gostaria de revê-la. - deu de ombros.
Suspirei tentando manter a calma, senti quando Any apertou minha mão. Eu não entendo como ela suporta isso quando eu ficara tão furioso e enciumado com a visita de Kuno, que dissera ser apenas um amigo-conhecido.
- Não, você sabe perfeitamente que não, ta fazendo isso de propósito. - respondi furioso.
- O que aconteceu pra já estarem brigando? - a voz de minha mãe sôo se aproximando. - O que ela faz aqui? - perguntou chegando na sala.
Carlos: Ela veio comigo, estavamos esperando ele... Apenas ele! - respondeu sério e fuzilou Anahí.
Poncho: Ah é? Pois fico muito feliz em ter estragado seus planos, porque Any não só veio comigo como também vai ficar aqui porque eu a mãe pedimos... É melhor voltar pros seus plantões porque ninguém aqui precisa de você. - respondi furioso e puxei Anahí dando as costas.
Carlos: Alfonso volta aqui! - o ouvir chamar furioso.
Renata: Deixa tio, tudo bem, eu vou embora. - respondeu com calma e a vi de relance ao subir a escada.
Manuela: Você também provoca né? - ouvi minha mãe dizer antes de virar o corredor e tudo ficar silencioso.
Anahí
Alfonso bateu a porta do próprio quarto com força me assustando.
- Idiota! - foi até a cômoda dando um murro na mesma.
Any: Poncho! - chamei me levantando e fui pra perto dele. - Tudo bem pelo que houve, a culpa não é sua.
Poncho: Não é isso Any, ele sabia que vc vinha, que era importante pra mim que vc se sentisse a vontade aqui e ele faz isso? - se virou me olhando com raiva.
Any: Poncho não briga com seu pai.
Poncho: Mas Any não é justo ele te tratar assim. - respondeu furioso.
Any: Não importa, ele faz isso porque te ama... Eu queria que meus pais me amassem assim também, mas olha o que aconteceu, Patricia me deu pra Marichello e pro Henrique quando nasci sem se importar com o que me aconteceria, o namoradinho dela sumiu sem se importar comigo ou com ela.
Poncho: Mas Henrique te amava Any.
Any: Ele tava fazendo um favor pra irmã, no fundo eles nunca me amaram ou ligaram pra mim. O seu pai não, ele ama você, ele sabe o cara que você é, e é claro que não vai querer você com qualquer garota, menos ainda com uma que tentou se matar enquanto o filho dele tava num hospital precisando de um transplante de coração. - desabafei, os olhos marejando. - Eu queria que meus pais se importassem comigo assim também.
Alfonso suspirou me abraçando com força. Mordi os lábios não querendo chorar e retribui o abraço.
- Por favor, me diz que você não vai embora... Me diz que vai ficar aqui como te pedimos.
O soltei e assenti dizendo:
- Eu vou ficar, afinal alguém tem que cuidar de você né? - brinquei sorrindo.
Poncho: Eu te amo! - declarou sorrindo, uma mão acariciando meu rosto.
Any: Eu te amo! - devolvi sorrindo e o beijei.
Naquele momento não me importava se Carlos me odiava por "N" motivos e estivesse tentando jogar Renata pra cima do filho. A única coisa que me importava e me alegrava era saber que ele me amava, com todas as minhas falhas e qualidades, com todo meu passado mentiroso e desastroso, com todos meus erros e acertos. E eu só podia retribuir à esse amor incondicional de um jeito. Amando-o incondicionalmente também.
Alfonso
Depois de arrumarmos as coisas no quarto onde Any ficaria, ficamos os dois, conversando, namorando e vendo tv pelo resto da tarde. Desci pra sala quando Any acabou dormindo e sem sono resolvi deixá-la descansar.
- Cadê meu pai?! - perguntei sério ao ver minha mãe.
Manuela: Foi pro plantão... Subiu pra pegar umas coisas, depois que você e a Any subiram e saiu... E a Any cadê?
Poncho: Acabou dormindo, to sem sono então resolvi descer... Eu não acredito no que ele fez! - sentei no sofá.
Manuela: Concordo com vc querido, seu pai passou dos limites... O que ele quer? Te forçar a ficar com a Renata?
Poncho: Às vezes acho que o que ele quer é apenas me afastar da Any, como uma forma de teste, provocar, forçar situações que minem o nosso namoro de tal forma que a Any se canse uma hora e me deixe.
Manuela: Ela não vai fazer isso... Nota-se a distância o quanto vocês se amam.
Poncho: Eu queria que ela se sentisse a vontade aqui, que se sentisse bem, mas pelo jeito vai ser impossível com o pai fazendo isso... Será que ele não vê que ta arruinando as coisas pra mim?
Manuela: Eu vou conversar com ele seriamente sobre isso, mas quanto à parte de Any se sentir a vontade, acho que sei como posso te ajudar. - sorriu, um sorriso que ela só dava quando estava aprontando alguma coisa.
Poncho: No que ta pensando? - sorri entrando na dela.
Próximo Capítulo:
- O... O que é isso? Pra onde vamos com você vestido assim? - perguntou surpresa descendo as escadas, uma imagem perfeita que eu fazia questão de deixar muito bem registrada pra nunca mais esquecer.
Poncho: Onde pensa que vamos pra ter se vestido assim? - sorri e estendi a flor pra ela.
Any sorriu pegando a flor e aproximou do rosto respondendo:
- Eu não sei, mas olhandopra nós dois agora, parece que será pra um lugar muito bonito e elegante.
Poncho: Tenho uma surpresa pra você. - declarei com carinho.
Any: Qual surpresa? - me olhou sem desconfiar de nada.
Poncho: Vem comigo. - estendi a mão pra ela, um sorriso brincando em meuslábios.
Não Percam!