NOVEMBRO

By vanessasmarine

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Amanda Horstmann foi expulsa do time de futebol da escola (sua maior paixão) e, entre esse acontecimento, des... More

:: PRIMEIRA TEMPORADA ::
1 - Expulsão
2 - Conclusões
3 - VHS Misteriosa
4 - Eleonor, Minha Mãe
5 - Uma Ideia
6 - Batalha de Bandas
7 - Destrancando Segredos
8 - Orvalho
9 - Desmosqueteiro
10 - A Ideia
11 - Admirando O Fracasso
12 - Correndo (Literalmente) Atrás
13 - A Proposta
14 - Segunda Tentativa
15 - Planejamento
16 - Vem, ônibus!
17 - Meu Namorado de Mentira
18 - Cara ou Coroa?
19 - Primeira Aula
20 - Palavras que Machucam
21 - Coisas de Garotas
22 - Novata #1
22 - Novata #2
23 - O dia Seguinte
24 - Amarga
25 - Gabriel Gostosão
26 - Expandindo o treino
27 - Amargo Jogo
28 - A Peneira
29 - Mais segredos
30 - O Diário
31 - Ajuda Inesperada
32 - Encontrados
33 - Banda de Última Hora
34 - Gabriel e os Outros
35 - Repertório
36 - O Show
37 - Presente Inesperado
EXTRA - GABRIEL (GOSTOSÃO) FERNANDES
38 - Itamira Café
39 - Açude
40 - A Caixa
41 - Cara a Cara
42 - Construindo Lembranças
43 - Admitindo Sentimentos
44 - Provas e Jogos
45 - Uma Vez FHS...
46 - A Final
47 - Explicações
48 - Precisamos Conversar
49 - 28 de novembro
50 - 281º dia
51 - Presentes
52 - Por Um Dia
EPÍLOGO - PARTE 1
EPÍLOGO - PARTE 2*
EXTRA - PEDRO (MOSQUETEIRO) FERNANDES
HISTÓRIA NOVA
NOVEMBRO, O LIVRO, E UM TEXTÃO DE ANVIERSÁRIO
::SEGUNDA TEMPORADA::
1 - O Que Aconteceu Em Porto Seguro
50% DE DESCONTO

EXTRA - [DOCE] FERNANDO AMARGO

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By vanessasmarine

 ATENÇÃO NOVOS LEITORES: temos um grupo no whatsapp (só mandar o número pelo meu inbox aqui) e outro no FACEBOOK (o nome é "Gabriel Gostosão"). Só chegar <3    

Texto betado pela também escritora VerenaBelfort. Conheça as histórias e os trabalho dela através de seu perfil! Se não fosse Vere eu não sei o que seria deste imenso capítulo! <3


Enjoy!

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Existiam apenas duas coisas que eu amava fazer neste mundo: irritar Jonathan e tocar guitarra com o amplificador ligado no último volume. Como a vida era muito boa comigo, conseguia fazer essas duas coisas ao mesmo tempo.

Sempre que ficava entediado, ligava o amplificador. Depois de 7 minutos, mais ou menos, Jonathan aparecia e começava a esmurrar a porta trancada do meu quarto, pedindo para eu parar de tocar guitarra. A melhor parte era que, por causa do volume alto da música, só conseguia ouvir os socos dele contra a porta, nunca seus gritos.

Era assim que eu me livrava do tédio, e digamos que naquele dia eu estivesse um pouco entediado.

Olhei para o relógio pendurado na parede. Havia exatos 5 minutos que eu estava tocando um solo de uma música qualquer do Metallica. Eu nem gostava de Metallica, mas os solos deles são tão barulhentos e distorcidos que o meu objetivo era alcançado com mais rapidez... Olhei para o relógio novamente. 7 minutos tocando e, então, os murros se iniciaram.

Parabéns, Jonathan! Sempre pontual!

Passei a tocar mais rápido e cantarolar baixinho, me divertindo. Fazia isso pelo menos cinco vezes por semana e nunca me cansava...

Porém fui obrigado a parar com a guitarra quando vi no visor do meu celular que a minha irmã estava me ligando. Ela nunca me ligava.

— Fala – atendi o telefone rapidamente, tentando ao mesmo tempo não transparecer que eu estava preocupado.

— Sou eu quem está socando a sua porta, imbecil – ouvi sua voz dizer tanto do parelho, quanto do lado de fora do meu quarto.

Respirei fundo, desligando o amplificador. Tirei a guitarra dos ombros e fui abrir a porta.

— O papai não está em casa, então todo esse esforço para irritá-lo é inútil. Acho bom saber.

Droga.

— Você não cansa disso? – ela continuou, entrando no quarto sem esperar minha permissão.

Eu a segui, depois de empurrar a porta com o pé para que fechasse.

— Não.

— Parece uma criança... Você já tem 18 anos, Fernando – lembrou – Está na hora de tomar vergonha na cara.

Fiz uma careta, parando em frente a ela e colocando a palma da mão no seu rosto, calando-a, igual eu fazia quando éramos crianças.

— Estou no meu momento, Alice. Não rouba a brisa.

Ela tirou a minha mão de seu rosto.

— É exatamente disso que estou falando – disse se referindo ao gesto. – Você precisa crescer.

Suspirei sem paciência.

— Fiquei preocupado com a sua ligação – mudei de assunto – Pensei que estivesse com problemas.

— Se eu não ligasse você nunca abriria a porta. Não sei como ainda não ficou surdo com tanto barulho.

— Vai dizer logo o que veio fazer aqui?

Ela perdeu a postura autoritária e se sentou silenciosamente na cama, me encarando.

— Vim te ajudar com a lição de casa.

Franzi o cenho.

— Me ajudar com qual lição de casa? Estou um ano a sua frente, irmãzinha.

— Não estou falando da escola... Estou falando das lições de casa da Amanda.

Soltei uma risadinha, mas logo parei quando percebi que ela estava falando sério.

— Você realmente acha que eu sou um idiota, né? Não preciso de duas meninas me ensinando como jogar futebol. Uma só já basta.

— Não acho que é um idiota. Você é bastante inteligente – ela disse na defensiva – Mas os dois se comprometeram a dar lições de casa um para o outro, e eu só estou me disponibilizando a ajudar a treiná-lo, memorizar algumas coisas... Não estou querendo te ensinar nada, não. Até porque eu nem sei lá muita coisa sobre futebol...

— Ok.

— Você leu as coisas que ela já te passou?

— Claro que li – menti – Inclusive estão no criado-mudo, porque ando perdendo minhas noites de sono lendo tudo sobre o maravilho mundo do futebol.

Alice ignorou o meu tom irônico e se esticou para pegar os papéis na escrivaninha. Quando iniciou a leitura, revirei os olhos com impaciência porque percebi que pelo visto ela não sairia dali tão cedo. O que será que ela tinha? TPM ou algo do tipo? Arrumei a guitarra em seu suporte para passar o tempo enquanto minha irmã não se tocava e ia embora.

Ela começou a rir e eu me virei para encará-la e tentar descobrir qual era a graça. Ela estava lendo os tais papéis ainda, sorrindo a cada página que virava. Me segurei para não perguntar o que era tão engraçado; eu saberia se tivesse mesmo estudado os papéis, então não podia transparecer que na verdade não tinha lido porra nenhuma de papel nenhum.

— Eu não acredito que ela mesma escreveu todas essas coisas – minha irmã começou a falar, virando mais uma página – Quer dizer... Amanda poderia ter pegado alguns textos da internet mesmo, mas não... Ela mesma escreveu cada uma dessas 20 páginas pra você. Amei essa parte, olha só – Alice pigarreou antes de continuar com uma voz técnica – "Grande área: É aquele grande retângulo desenhado no campo de futebol. Serve para marcar o espaço onde o goleiro pode usar as mãos para defender seu território, e também onde faltas podem se tornar penalidade máxima (o famoso pênalti). Ore todas as noites pela penalidade máxima acontecer ao nosso favor. Ore também para que o idiota do treinador Amargo coloque o Pedro para cobrar o pênalti, porque ele nunca perde; é uma espécie de Rogério Ceni. OBS: Se você for ateu não precisa orar. Torcer bastante já basta. OBS 2:" desta vez, escrito à caneta... "Agora que percebi que chamei o seu pai de idiota. Esqueci que ele é o seu pai. Desculpa se te ofendi, mas no fim das contas é o que eu acho que ele é mesmo" e, escrito à caneta vermelha, temos um "OBS 3: Acho que meu pedido de desculpas anterior foi pior do que a própria ofensa em si. Estou sem branquinho para apagar e sem tempo para imprimir esse tanto de folha de novo sem as ofensas, porque vamos nos encontrar daqui a 1h para nossa primeira aula, então, agora sim, escrevo um pedido de desculpas de verdade e oficial: desculpas".

Quando dei por mim, estava em pé bem próximo da minha irmã para ver se aquilo estava escrito no papel mesmo. E estava.

— Por que ela está fazendo isso?

— Como assim? – perguntei.

— Essa garota odeia o nosso pai, e não é como se eu pudesse culpá-la por isso. O sonho dela era conseguir entrar no time. Quando finalmente conseguiu, logo depois foi expulsa... Como ela está conseguindo te ensinar a jogar futebol? Quer dizer... Ela está te ensinando e te treinando para que você possa substituí-la no time, exatamente na mesma posição em que jogava. Você, o filho da pessoa que ela provavelmente mais odeia no mundo... Como Amanda está conseguindo passar tudo o que aprendeu assim, praticamente de mão beijada?

Minha irmã suspirou, parando para refletir um pouco.

Me joguei em cima da poltrona circular, tentando não entrar na pilha de Alice e ficar pensando muito nessa situação da Amanda. Isso não era da minha conta, afinal.

— Por que Amanda quer aprender a tocar violão?

— Ela quer aprender a tocar uma música em específico – respondi prontamente, sem precisar pensar.

— De quem?

Dei de ombros, colocando os pés em cima do estofado, em frente ao meu corpo.

— É autoral... Não sei de quem é, mas não é de nenhuma artista famosa.

— Deve ser muito importante pra ela.

— Na verdade isso não me interessa, Alice, sério. O importante é que estamos fazendo essa troca e isso vai funcionar, certo? Cada um alcançará seus interesses e pronto. Não sei o porquê de você estar tão interessada no assunto... Desde quando virou fofoqueira?

Ela sorriu pra mim, devolvendo os papéis para o criado-mudo.

— Só estou curiosa para saber a motivação da garota, sei lá. Estou tentando entender de onde vem essa... De como ela pode ser tão...

— Esquisita?

— Não. Eu ia falar "determinada", mas não é bem essa a palavra também. Bom, enfim. Você não precisa da minha ajuda, então vou indo... Ah! Hoje terá uma festa na casa de Jéssica, um aniversário ou algo do tipo. Acabei de receber uma mensagem.

— Bom pra ela.

— Eu vou.

— Bom pra você.

— E você também vai. Papai me emprestou o carro para você poder me levar.

Passei as duas mãos pelo rosto, impaciente.

— Não fode, Alice! – sussurrei.

Não era como se eu pudesse não levá-la aonde ela quisesse ir. O fato de eu ter repetido de ano acabou com a minha vida não só porque iria ter de ficar mais um ano frequentando aquela maldita escola, mas porque como castigo eu tinha de "andar mais" com a minha irmã. Quer dizer, nós éramos bem próximos um do outro. Sempre saíamos juntos, bebíamos juntos... Eu até encobria as noites que ela precisava passar fora sem meus pais saberem e vice versa. Sempre fomos parceiros. Então quando digo que meu castigo naquele ano era "andar mais" ela, significa que nossos pais me obrigaram a ir com a Alice inclusive aos eventos que envolvem os outros idiotas da nossa escola, as "festinhas" e tudo mais.

Repeti o ano por falta, não por nota. Eu era o segundo melhor aluno da turma naquele ano (sem colar), o que causava um estranhamento nos professores novatos quando corrigiam as minhas provas. Amavam as respostas, mas mal reconheciam o meu rosto ou sabiam o meu nome completo. Não me orgulhava disso, porém ninguém acreditava. Para a família inteira eu reprovei para provocá-los, pra ser o rebelde sem causa que veste camiseta de banda e mata aula para me aparecer para as garotas. Entretanto não fiz o que fiz para chamar a atenção de ninguém. Não vacilei com a minha banda até o ponto de ser expulso dela porque quis. Fiz tudo isso porque... Eu... Eu não sei.

Essa é a real. Não sei. Eu só fiz.

Como consequência, reprovei; como castigo, minha irmã ficou encarregada de me enturmar com outros alunos da escola, pois, me enturmando, eles acreditavam que eu arranjaria motivos para querer ir à escola e parar de matar aula... O que era uma idiotice, já que tive de parar de faltar de qualquer jeito mesmo. Com essa merda toda de time de futebol, meu limite de faltas era menor ainda do que para os outros alunos, e caso quisesse entrar mesmo naquele time (não queria) e ganhar o carro de Jonathan (queria pra caralho) eu precisava desperdiçar meu tempo dentro da sala de aula.

Ou seja, eu não teria apenas de levar a minha irmã à festa, teria de ficar e participar também. Nem tinha como escapar, porque naquele ano Alice estava do lado dos meus pais em prol da minha formatura. Não iria descansar até me ver formado e me deduraria para os eles "para o meu próprio bem" se eu continuasse matando aula, coisa que ela, em qualquer situação, não faria... Se bem que acho que mesmo nessa situação Alice não seria capaz de me dedurar; nenhum de nós dois estava realmente disposto a por em risco a nossa cumplicidade. Porém pelo bem da nação eu estava tentando ser mais obediente.

Repeti de ano, errei, então não tinha muito como contra argumentar com meus pais, Por isso eu nem cogitava em deixar de ir à essas festas – mas isso não significa que eu não reclamava.

— Estamos fechando garrafas de Jägermeister... – Alice cantarolou.

— Tudo bem então.

— Fernando, eu prometo que é só esse ano. Depois juro que nós voltamos a ter a nossa relação de sempre, com nossos rolezinhos de sempre.

— Só não sei por que você está tão preocupada.

Ela não respondeu nada.

— Eu acho tudo isso um exagero – continuei, apoiando os braços em nos joelhos.

— Você tá se perdendo, Fernando.

E encarei por alguns minutos até que ficou intimidada e desviou o olhar, como a maioria das pessoas sempre faz. Respirei fundo, passando os olhos pelo o meu amplificador.

— Todo mundo tá perdido – eu disse quase num sussurro.

Ela assentiu, se levantando e caminhando para sair do meu quarto.

— Te encontro às 19h00 aqui no seu quarto. Vá com uma roupa decente pra não me fazer passar vergonha – revirei os olhos ouvindo todo seu discurso forçado. – E, ah... É "forte" – disse antes de por a mão na maçaneta da porta.

— Hã?


— "Forte" é a palavra que eu estava procurando pra descrever a garota – ela disse por cima do ombro – A Amanda é forte.


Alice saiu do quarto, fechando a porta atrás de si.


Me levantei e fui em direção ao criado-mudo, pegando os papéis que Amanda havia escrito e os folheando pela primeira vez.

***


— Pra quem não queria nem ter vindo, você dirigiu muito rápido – disse tirando o cinto de segurança.

Ela estava sendo irônica. Odiava que eu dirigisse muito rápido, cortando os carros, mas nós vivíamos em São Paulo. Ou a gente faz isso ou perde duas horas da sua vida no trânsito, mesmo que o destino seja o próximo quarteirão... E nós não poderíamos perder esse tempo todo naquele dia, pois estávamos atrasados – como sempre.

— De nada – eu disse dando um sorriso forçado, desligando o carro e tirando a chave.

— A verdade é que você reclama dessas festas, mas adora vir, né? – ela provocou, dando um soquinho no meu braço.

— Amo.

— Ah, qual é!

— O quê? Eu já disse que amo.

Ela fez uma careta.

— Por que você é tão reclamão?

— Porque eu sou eu. A reclamação veio pré-instalada em mim.

Tirei o cinto e saímos do carro.

— O André já está aqui?

— Vai chegar mais tarde.

André era um colega nosso do colégio. Ele não podia beber por "questões sérias de saúde", mas frequentava todas as festas do pessoal da escola. Nos últimos meses se pré-dispôs a dirigir pra gente no nosso carro para que eu pudesse beber a vontade – sem meus pais desconfiarem que eu andava bebendo com frequência, e sem que eu precisasse dirigir bêbado depois, evitando a morte (minha e/ou de alguma outra pessoa).

Lógico que ele não fazia isso só porque era uma boa pessoa. André era louco por Alice e acreditava que me bajulando, principalmente na frente dela, iria conseguir algo com a minha irmã. Mal sabia que Alice é tão sem coração quanto eu quando o assunto é relacionamentos. Nosso sobrenome era Amargo não por um acaso.

Dei a volta no carro e começamos a caminhar juntos em direção a casa em que a festa aconteceria.

— Não sei como ele aguenta essas festas estando sóbrio – eu disse ainda me referindo a André – Eu não aguento nem enchendo a cara.

— É porque ele quer usufruir deste lindo corpo que vos fala.

— Que nojo.

Paramos em frente à casa, e Alice tocou a campainha.

— É nesse sobradinho que a festa vai acontecer? – eu perguntei medindo o lugar com os olhos, através do portão que o cercava.

— A Ana disse que a parte dos fundos é maior.

Balancei a cabeça lentamente, concordando.

— Quem mora aqui mesmo?

— Jéssica Santiago.

Fiz uma careta.

— O que foi? Ela é bem a fim de você – Alice piscou lentamente um dos olhos, teatralmente.

— Ela é louca por atenção. Está rondando essas tribos ridículas da escola como se fosse um gato no cio, esperando para fazer parte de uma delas.

— Como você sabe?

— Agora que eu preciso frequentar a escola, sou obrigado a me deparar com as idiotices do Ensino Médio.

— Uau, que perspicaz – debochou.

— Estou falando sério. Aposto que hoje ela vai fazer alguma idiotice pra chamar a atenção de vez. Ninguém arranja uma festa assim de última hora.

No momento em que eu terminei minha frase, alguém apareceu para nos receber, encerrando a conversa. Não era Jéssica, a dona da casa, mas sim um garoto.

— Ora, ora, os irmãos Amargo chegaram! – ele disse girando a chave no portão para que pudéssemos entrar. – Pontuais como sempre – falou com ironia.

— Nossa marca registrada – respondeu Alice no mesmo tom.

O garoto abriu passagem para entrar, e no mesmo instante que passei por ele senti o cheiro de álcool emanando do seu corpo. Estava bêbado.

— Grande Fernando! – o cara disse me dando um abraço e tapinhas nas costas.

Me desvencilhei tão rápido o quanto pude. Não sabia o nome dele, nem reconhecia o seu rosto, mas não precisava de muito para deduzir que era um dos jogadores que Jonathan treinava. Eu nunca sabia quem eles eram, mas eles sempre sabiam quem eu era e ficavam puxando o saco.

— Grande Matheus Amorim! Pupilo do nosso pai! – Alice disse, confirmando minhas suspeitas, e deu um tapinha nas costas de Matheus para desviar a atenção dele de mim. – Aliás, meu pai sabe que você está bebendo?

— Ah, que isso! Olha aí o Adriano Imperador como exemplo – ele soltou uma risadinha etílica. – Mas isso pode perfeitamente ficar só entre a gente, não é? – completou tentando sussurrar, sem sucesso.

Me segurei para não rir. Alice sempre fazia isso com os jogadores de Jonathan. Sempre ameaçava em tom de brincadeira, e todos ficavam desesperados. Isso porque sabiam que Alice era mesmo capaz de dedurar algum jogador para Jonathan. Ela vivia fazendo isso quando era mais nova.

— Onde está a cerveja? – eu perguntei.

— Lá nos fundos! – Matheus respondeu com alegria pela mudança de assunto.

Assim que recebi informação, comecei a andar pelo longo corredor, fugindo dele e tentando encontrar a bebida.

— Onde está Jéssica? – minha irmã, que vinha logo atrás de mim, perguntou a Matheus, que vinha logo atrás dela.

— Sabe que eu não sei? Ela ainda não apareceu, só pediu pra uma colega receber a gente na casa. Estamos aqui há uma hora e meia e parece que daqui a pouco ela vai fazer uma apresentação surpresa pra gente com algumas outras meninas.

Encarei Alice por cima do ombro dizendo "eu avisei" com os olhos. Minha irmã me deu um empurrãozinho para eu andar mais rápido.

Chegamos a um quintal, e sem dizermos nada um para o outro, Alice e eu automaticamente saímos de perto do tal Matheus.

A casa era mesmo grande, como Ana disse para Alice. Estávamos nos fundos e o quintal minimalista, porém luxuoso e enorme com um gramado bem tratado – melhor do que o da minha casa até; minha mãe ficaria louca se soubesse. Tinha muita gente ali, e ninguém estava comendo nada, só bebendo. Vários coolers térmicos estavam espalhados pelo quintal – imaginava que cada um com uma bebida alcoólica diferente dentro. Todo mundo falava sem parar, e aquela cacofonia humana já estava me irritando, e não fazia nem 5 minutos que estávamos ali. Não tinha música, o que era estranho e piorava toda a situação.

— O que estamos esperando para encontrar a cerveja perfeita? – Alice me perguntou.

Sem responder, coloquei uma das mãos nas suas costas – para guiá-la no meio dessa gente toda – e voltamos a andar.

Por mais que a casa fosse grande o suficiente para receber aquela quantidade toda de pessoas, o fato da maioria já estar bêbada, dificultava a nossa caminhada até algum cooler. Toda hora nós tínhamos de desviar de um cara que ria de mais, dançava demais (mesmo sem música), tropeçava demais...

Alice puxou a minha camiseta enquanto andávamos, falando algo que não entendi. Virei o rosto em direção a ela para ouvi-la, e foi nesse exato momento que eu embarrei em alguém com o corpo inteiro, me obrigando a parar.

— Opa, desculpa – disse antes de encarar a pessoa. Quando o fiz, me deparei com o esbarrado: Pedro Fernandes.

Pedro era o goleiro do time do Jonathan, mas não o conhecia por conta disso, e sim porque sabia que ele era amigo da Amanda.

— Não foi nada – ele disse com um sorriso amistoso.

Respondi com um aceno na cabeça.

O bom de ser homem é que você pode não dizer nada ou ser monossilábico que ainda sim estará sendo educado. Quer dizer... Não sei se isso é uma vantagem de ser homem ou de ser filho de quem eu era...

— Oi, Gabriel!

— E aí, Alice!

Gabriel (namorado da Amanda e irmão do Pedro) estava lá também. Tinha aparecido de repente do lado do irmão e agora cumprimentava Alice todo sorridente. Eles se conheciam bem, porque faziam parte de um grupo musical da escola que só tocavam instrumentos clássicos chatos. Claro que eu não dizia isso para ela (da chatice e tudo mais), pois não queria desmotivá-la na música. Aliás, só estava esperando o momento certo para apresentá-la ao lado rock'n'roll da Força.

Percebi que os Fernandes estavam com uma lata de refrigerante nas mãos. Nem conseguia imaginar como arranjaram refrigerante nesse lugar... Acho que só eu e Pedro tínhamos mais de 18 anos, mas essas festas sempre eram regadas a álcool. Cair de porre aos 15 anos era normal mesmo entre os jovens "de família". Arranjar bebida alcoólica sendo menor de idade nunca foi um problema para ninguém ali.

— Parece que hoje é dia dos primogênitos levarem os irmãos mais novos pra balada, hein?

Toda fez que eu via Gabriel falando com alguém ele tentava fazer uma dessas piadinhas sem graça nenhuma. Não duvidaria nada que em 20 anos ele se tornasse o tio do "é pavê ou pra comê?". Ele vivia sorrindo também. Como é que pode uma pessoa ser sempre tão feliz assim?

Dei um sorrisinho simpático em resposta à piada (ou pelo menos tentei) e saí dali alcançando o cooler mais próximo, deixando que Alice ficasse conversando com eles, sendo simpática e rindo das eventuais gracinhas que Gabriel certamente faria.

Não tinha nada contra os dois, eu só não era muito sociável mesmo. E com esse lance todo com a Amanda, me sentia um pouco desconfortável perto deles, ainda mais por achar que Pedro e Gabriel desconfiavam das aulas de futebol/música, e não queria que isso acontecesse. Não por ser um idiota popular com amigos igualmente idiotas populares, ou querer "preservar" a minha imagem – como Amanda imaginava, já que eu pedi segredo e discrição sobre o nosso trato –, só não queria que pentelhassem a minha vida.

Se alguém soubesse das aulas, iriam encher a porra do meu saco com perguntas/comentários/piadinhas, e eu só queria ficar na minha até a formatura chegar. Se Jonathan descobrisse então... Seria o meu inferno, e não era como se eu estivesse muito confortável no purgatório em que vivia com ele, se quer saber. Ele não iria deixar de me por no time e me dar o carro se soubesse que eu não sabia jogar futebol, claro, mas faria um discurso de 89 horas, então prefiro evitar.

Para Amanda seria pior ainda. Todo mundo já a zoava na escola por conta do time. Se desconfiassem que ela estava dando aulas e futebol para o filho de seu ex-treinador para que ele (no caso eu) pudesse ficar com a posição dela... Não queria nem imaginar. Ainda mais porque não eu não tinha qualificação nenhuma para estar concorrendo à vaga de atacante. A única coisa que tenho e a Amanda não é um pinto, porém pelo visto isso contava muito para Jonathan, já que ele a tirou do time só por ser uma garota, e me colocaria no lugar só por eu ser o seu filho homem.

Seria um inferno sem tamanho para Amanda se soubessem, sim, mas ela era muito burra para entender e acabou me achando um escroto por conta do meu pedido. Eu até poderia explicar tudo isso para ela, mas na moral? Todo mundo já me acha um escroto mesmo, então dane-se.

Por falar na Amanda... Será que estava ali?

Ela nunca frequentava as festas do pessoal da escola. Muito menos seu amigo e namorado, Pedro e Gabriel, frequentavam, mas já que eles estão aqui bebendo coca-cola, por que ela também não estaria?

Olhei para as pessoas ao redor e parecia que todo o Ensino Médio estava ali dentro daquela casa, até a galera mais nerd... Olhando melhor, de fato todo o Ensino Médio estava mesmo naquela casa. Tinha os novatos do primeiro ano, que são um saco quando bebem. Eles vomitam, gritam, se pegam sem parar, ficam fumando sem saber tragar... Resumindo: são os adolescentes que mais falam do que fazem e quando fazem alguma coisa, só passam vergonha. Ninguém do segundo ou terceiro ano gosta de andar com gente do primeiro, porque são insuportáveis, no entanto, ali estavam eles. Até os mais certinhos que não pararam um minuto de estudar para o pré-vestibular estavam no lugar... Que tipo de festa maluca era essa e como essa gente toda foi convencida a ir para lá? Além de tudo sem música?

Foda-se. Tendo cerveja de graça é o que importa.

Puxei a tampa do cooler e, finalmente, peguei uma long neck.

— OI, GENTE!

Uma garota gritou com um megafone, me dando um susto na hora com o barulho, e quando digo barulho, me refiro não só a altura do "oi, gente", como também ao tom extremamente irritante da voz que disse o "oi, gente". Quando reparei melhor, vi que quem estava falando era a Andressa.

Abri novamente a tampa do cooler e peguei mais uma long neck. Iria precisar para aguentar o resto da noite.

— Como todos, de uma maneira ou de outra, sabem, Jéssica Santiago e suas futuras melhores amigas prepararam uma surpresa para vocês nesta noite!

— Caguei – murmurei enquanto fechava a tampa.

— Mas para que isso aconteça eu vou pedir para que façam silêncio nos próximos 3 minutinhos. Depois teremos muita bebida e música! Um brinde a hoje – Andressa ergueu sua lata de cerveja e todo mundo fez o mesmo com a própria bebida para "brindar" com ela (exceto eu que estava, como já disse, cagando para tudo isso, e procurando uma parede sem gente por perto para me encostar).

Todo mundo ficou no mais absoluto silêncio, assim como Andressa tinha pedido. As pessoas a obedeciam, porque era a filha do diretor e uma das "líderes" dessas tribos idiotas que existem há décadas no Francisco Henrique Sampaio. Além disso, ela tinha "nome", e isso contava muito no FHS.

Encostado já num canto da parede, olhei para o celular buscando saber a hora. Eram 20h40. Quando devolvi o aparelho para o bolso da calça, fiz contato visual com a minha irmã por acidente. Alice ainda estava do lado dos Fernandes e também tinha uma long neck na mão, da mesma marca de cerveja que a minha. Ela ergueu a sua, num brinde silencioso (não em obediência a Andressa, mas porque essa era uma das nossas manias antigas) e fiz o mesmo. Ela fez um gesto com as mãos para que eu me aproximasse deles, mas desviei o olhar no mesmo instante, fingindo que não tinha visto.

Coloquei uma garrafa entre meus pés e abri a outra com as mãos. No mesmo instante algo aconteceu. Senti uma tensão no ar e um burburinho se iniciou. Me ergui para ver o que estava acontecendo.

A porta que levava ao interior da casa estava aberta, e lá estava Jéssica, suas amigas e... Amanda. Isso mesmo, a Amanda do futebol estava ali ao lado daquele bando de esquisitas do colégio e com um... Vestido preto justo? Camisola? Uma camisola transparente?

Mas que porra é essa?

Forcei a vista para enxergar melhor e vi que ela estava sim vestindo uma camisola "sensual" e com uma faixa cobrindo seus olhos. No mesmo instante que comecei a entender o que estava acontecendo, Jéssica empurrou a Amanda, fazendo com que caísse de frente, na grama. Ela se levantou imediatamente, tirando a venda dos olhos.

Me desencostei do muro e tentei me aproximar da cena, deixando a minha segunda cerveja esquecida no chão, e foi aí que eu vi que Jéssica estava segurando uma mangueira em direção a Amanda, molhando a garota que ainda estava em choque, sem conseguir fazer nada, como a maioria de nós. A medida que a água foi tocando seu corpo, a camisola foi ficando transparente e agarrada à pele.

Parei de andar.

Ela olhou para as pessoas que estavam ali a encarando, sem saber direito o que estava acontecendo, incluindo eu. Amanda me olhou. Sussurrou alguma coisa pra si mesma que não consegui entender. Alguém assoviou como se aquilo fosse um show sexy.

Era um show? Não era? Que porra é essa?

Eu não conseguia me mexer e um turbilhão de pensamentos estava correndo na minha cabeça.

— Amanda! – alguém gritou.

Foi Gabriel quem gritou, se aproximando, mas ela fez um gesto para que não continuasse, e ele acabou obedecendo.

Ouvi risadas. Ouvi burburinhos. Ouvi comentários maldosos. E tive certeza que Amanda também escutou. Ela estava encarando toda aquela gente, e de repente sorriu (ela sorriu) e começou a acenar com uma mão, de cabeça erguida, e com a outra levantou o dedo do meio para as pessoas. Logo em seguida, virou as costas e entrou de volta para a casa. As meninas não impediram a passagem da Amanda, mas também não a seguiram ou pareceram se importar com o que acabou de acontecer – só Jéssica, que largou a mangueira ainda ligada e foi atrás dela no interior da casa.

A oferta, claro.

Amanda havia acabado de ser ofertada.

Passei os dedos entre os cabelos e comecei a olhar ao redor. Vi pessoas se movimentando; algumas saindo dali para ir embora, e outras abrindo os coolers para pegar mais bebidas e dar início à festa. Vi Pedro e Gabriel indo em direção à saída também, correndo entre as pessoas.

Percebi que enquanto aquilo acontecia, minha audição tinha parado de funcionar direito, porque, de repente, eu passei a ouvir as pessoas falando mais alto, como se minha cabeça fosse um aparelho de som e tivessem aumentado o volume do mínimo ao máximo em um segundo.

No momento em que comecei a caminhar (ainda sem saber o que fazer ou para onde ir ou quem procurar) escutei um garoto rindo do que havia acabado de acontecer. Rindo.

— O quê que é, meu irmão? Você tá maluco? O quê que tem de tão engraçado aqui?

Quando percebi, eu já estava empurrando o cara, ainda com a long neck aberta na mão, fazendo com que a cerveja respingasse na sua camiseta e rosto.

— Calma aí, velho...

— Calma aí o caralho! achando engraçado o que fizeram com a garota, seu otário?

O garoto saiu do estado de surpresa para ira, e começou a querer me intimidar também. Falou alguma coisa que eu não entendi; tentou dar um soco, mas me desviei e devolvi com um chute certeiro no meio de seu estomago. Ele caiu no chão, de costas. Senti várias mãos começarem a me segurar, uma delas tirando a garrafa de cerveja que ainda estava na minha mão.

O garoto se levantou, cheio de ódio tentando vir para cima de mim, mas várias pessoas o seguraram também.

— Fernando! – ouvi minha irmã gritar, mas não conseguia parar para ver onde ela estava, pois meu foco era o imbecil à frente.

— Eu vou arrebentar sua cara, moleque! – ele disse, tentando se desvencilhar das pessoas e vir me bater. – Aí você vai ver que é o otário.

— Renan fica suave, mano – um amigo dele que o estava segurando falou. – Esse aí é o Fernando Amargo.

No mesmo instante em que o garoto ouviu o meu nome, parou de tentar se soltar dos amigos para me dar uma surra.

Comecei a rir sem humor.

— Fernando Amargo um cassete! – eu disse ainda me debatendo para ficar livre. – Vira homem, mano! Pra dar rir da mina você tem culhão, agora pra bater num "Amargo", tem medo?

— Fernando, para! – ouvi minha irmã pedir, agora ela estava perto de mim, com a mão segurando um dos meus braços.

O tal Renan não se sentiu provocado com o comentário. O peso do meu sobrenome era muito maior do que a vontade que ele tinha de revidar o chute. Otário. Otários. Ali só tinha gente imbecil.

— Vamos embora. Não vale a pena ficar aqui. – Alice pediu sussurrando em meu ouvido, e percebi o medo em sua voz. Eu nunca tinha me metido numa briga na frente dela.

Parei de me debater e quem estava ao redor deixou de me segurar com força. Puxei o braço para me soltar de vez.

— Fica esperto que eu vou quebrar a sua cara se você aparecer na minha frente de novo. – eu disse me aproximando do garoto, apontando o dedo no rosto dele. – Vou quebrar a sua cara independente do sobrenome que você tenha.

Alice me puxou com força e eu cedi. Começamos a caminhar para fora daquela casa.

***

A entrada do lugar estava cheia de estudantes com um pingo de bom senso para não continuar ali depois do ocorrido. Se Amanda tinha ido embora, nem eu nem ninguém teríamos percebido por conta do número de pessoas reunidas ali. Além disso, ela era pequena e com cara de todo mundo, seria difícil encontra-la. Tentei reparar se tinha alguém de cabelo molhado, mas não vi ninguém.

— Porra – murmurei e comecei a caminhar em direção à esquina.

— Aonde você vai? – minha irmã disse num tom baixo, porém firme para chamar apenas a minha atenção.

Não parei de andar e antes que pudesse respondê-la, meu celular começou a vibrar no bolso da calça. Era André.

— Alô.

Fala, velho! Já chegou?

— Não. A gente não veio à festa nenhuma e nem vamos precisar da sua carona, tchau.

Desliguei o celular.

— Fernando... – Alice me chamou mais uma fez.

Só parei de andar quando estávamos longe o suficiente da casa. Guardei o celular de volta no bolso e me virei para encarar minha irmã, colocando as mãos nos bolsos da jeans.

— Que merda foi essa, Alice?

— Não sei.

— Você sabia disso?

— Claro que não! Eu nunca participei ou participaria disso.

Respirei fundo batendo um dos pés repetitivamente contra o chão.

— Eu sei – suspirei com culpa.

Nós dois ficamos em silêncio, então, sem nos encarar por um tempo.

Ninguém tinha ido tão longe antes nessa merda de "oferta". Lógico que todas as anteriores tinham exposição e humilhação, de certa forma, mas nunca física. Nunca assim... E teve gente que achou engraçado.

— Olha a merda que a gente faz.

— Nós não somos responsáveis por isso – Alice respondeu num tom áspero.

— Claro que a gente é. Somos todos um bando de mimados que não sabem o que fazer com o dinheiro dos pais. O futuro de 90% dessa gente já está garantido independente da faculdade que faça ou deixe de fazer... E com o que desperdiçamos o nosso tempo e nosso dinheiro... digo, o dinheiro dos nossos pais – corrigi – já que o futuro não é uma preocupação? Com essas merdas de grupinhos populares! Tudo pra criar uma hierarquia! Como todo mundo aqui tem o cu lotado de dinheiro, ser superior monetariamente é quase impossível, então vamos lá criar grupinhos que fazem trote com qualquer pessoa que não faça parte do grupo para disputarmos quem de nós é o mais babaca...

— Nós não somos assim.

— ...Essa menina nunca fez mal a ninguém. Ninguém a conhecia até o ano passado e agora ela está sendo humilhada de mil formas diferentes todos os dias e ninguém sabe o porquê.

— Nós não somos assim.

— Claro que somos! – finalmente respondi, tirando as mãos dos bolsos. – aqui nas nossas veias, Alice! Nesta merda de sangue Amargo! – eu disse dando tapas no meu braço. – Ninguém tem coragem de meter a mão na minha cara por causa da nossa "linhagem" mesmo que eu dê um chute no estômago da pessoa, você tem noção disso? Nós crescemos no FHS aprendendo a chamar as pessoas pelo nome e sobrenome, porque é o que importa para eles! A gente é tão podre quanto essa gente, Alice, nós fazemos parte disso.

— Fernando...

— Eu não aguento mais ver isso, Alice. Eu não quero fazer parte disso. Não quero estar com essa gente... Não quero ser fadado a ser um merda por conta da nossa família e da nossa classe social... classe social dos nossos pais, droga! – corrigi no mesmo instante.

Respirei fundo depois de tanto falar, e Alice se aproximou.

— Nós não somos assim. – ela insistiu, pousando uma das mãos no meu ombro e apertando de leve. – Amanda não é assim, nem Pedro, nem Gabriel e nem toda essa gente que está indo de volta para casa inconformada... Agora vamos. Vamos pegar o carro e tentar achar a garota e levá-la pra casa dela.

Voltamos para o carro, dando voltas no quarteirão procurando por Amanda. Finalmente a encontramos minutos depois, em pé em uma rua próxima da casa, ainda com o cabelo molhado, chorando abraçada com o Pedro e Gabriel ao lado. Achei melhor não descer do carro e me intrometer entre os três. Os irmãos Fernandes eram muito próximos dela, portanto as pessoas ideais para acalmá-la.

Ouvi Alice começar a soluçar, e quando a encarei, vi lágrimas descendo pelo seu rosto.

Ela não tinha tido tempo para assimilar o que havia acontecido na casa. Foi tudo muito rápido, em seguida teve de evitar que eu saísse na porrada com um cara, e depois teve de ouvir meus gritos. Agora que tudo tinha passado, ela começou a reagir ao que aconteceu.

Passei uma das mãos em sua cabeça, fazendo carinho nos cabelos.

— Ela vai ficar bem. – eu disse – A Amanda é forte, lembra?

Alice assentiu, soltando um sorrisinho triste enquanto ainda chorava.

Voltei a encarar e vi que Amanda já tinha começado a caminhar para casa ao lado dos amigos. Acelerei o carro e Alice e eu voltamos para casa.

------------------------

AS FAMIGERADAS NOTAS FINAIS ESPECIAIS DE DOUBLE ANIVERSÁRIO:

QUER CAPÍTULO? ENTÃO TOMA!!!!!!!111

As senhoras são muito das exigentes mesmo, viu? Me mandaram até mensagem de fumaça me cobrando capítulo! hahahaha Amei! DESCULPEM O ATRASO, mas tive problemas psicológicos causados por Fernando Amargo! Ele me sugou até a alma com esse capítulo, Jesus, não parava de falar na minha cabeça (parece espírito, mas sou só eu no processo de escrita)!!!!! Por favor, me digam o que acharam do capítulo REAL.

Mas, olha, um capítulo com mais de 6 mil palavras merece milhões de votos já que os outros normalmente só tem mil palavras..............

ANNNND hoje é o aniversário da Amanda Horstmann! Nossa menininha mais linda da galáxia toda! Ah, e por sinal, hoje é o meu aniversário também! 

Obrigada a todas do grupo do whatsapp que já me deram os parabéns e fizeram um vídeo lindo (que eu ainda não pude ver, porque estou no trabalho e só vou poder assistir daqui meia hora, SOCORRO). Sério! Comentarei minhas reações aqui neste trechinho e lá no grupo <3333333

Falando em grupo no whatsapp, na última postagem eu falei que ainda tinha vagas para quem quisesse entrar (e ainda tem), mas muitas pessoas mandaram o número por comentário, então acredito que alguns eu não adicionei. Eu fui bem atenta, mas o wattpad às vezes "come" comentário e eu não consigo ler. Se eu não te adicionei mesmo você tendo me mandando o número, não fica triste! Eu posso não ter visto. Pra não ter erro, mande o telefone pelo inbox daqui. Mas já aviso que o grupo tem 80 pessoas e a gente não cala a boca um segundo <3 hahahaha

CARACA, 100K de leituras!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Ainda não consegui fazer um post especial de 100K, mas muito obrigada!!!!! Se não fosse você lendo, indicando prazamiga e votando, eu nem sei se a história conseguiria chegar aqui em PLENO MÊS DE NOVEMBRO! Me siga no instagram que logo logo eu vou fazer textão emocionada: /vanessaSmarine.

Só tenho a agradecer hoje!!!!!! 

E Feliz Aniversário, Amanda Horstmann! Muitos chamam seus personagens de filhos, mas pra mim você é e sempre foi minha amiga. Obrigada por me dar voz e me ensinar a ser tão determinada. Através de você eu conheci pessoas incríveis lá em 2009 e esse fenômeno se repete hoje em 2016. Continue ganhando o mundo, garota, com a sua história que ainda me dá arrepios até hoje <3

Beijos! Nos vemos no Extra do Gabriel Gostosão Fernandes!

Marine.

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