As duas estavam muito próximas fisicamente e apesar de não terem feiti nada de mais, o coração de ambas dispararam pela chegada inesperada de Henrique.
- Chegou cedo porquê? - questionou Miranda enquanto se afastava de Lola e voltava o corpo em direção ao seu marido.
- O cliente resolveu tudo bem rápido. Mas porque a pergunta? Afinal, não está feliz em me ver? - perguntou com um sorriso no rosto.
A tensão tomou conta do local.
Antes mesmo de Miranda ter oportunidade ara responder, Lola levantou do sofá, ainda encabulada, pegou a mochila e foi em direção à porta onde Henrique ainda estava parado.
- Bom... Eu vou indo.
Miranda olhou para ela e depois desviou o olhar para o marido que analisava as duas.
- Bom, por hoje está bom, não é mesmo? Na próxima aula retomamos as análises das figuras de linguagem e a diferença de cada uma delas. Peço que estude em casa para chegar aqui já ssbendo por alto, ok?
Lola logo compreendeu o que aquilo queria dizer. Aquilo significava que Miranda não tinha desistido de dar aulas para ela. A menina não sabia o que responder, então simplesmente disse "ok" e sorriu, se despedindo do casal e indo embora do apartamento.
Quando a jovem deixou o casal sozinho no apartamento, Henrique fechou a porta atrás de si e se sentou no sofá.
- A aula foi boa? - perguntou, pegando sua esposa de surpresa.
- Foi ótima.
- Eu só não entendo uma coisa...
A gargantas de Miranda secou na hora em que ouviu tais palavras.
- Não entendeu o que? - questionou ela enquanto levava as mãos à cintura e fazia cara de desentendida.
- Você não havia preparado a mesa para estudarem?
- Sim, porquê?
- Bom, então porquê estavam estudando no sofá?
Miranda sentiu as palmas de sua mão ficarem molhadas de suor.
- Estudamos na mesa mas depois sentamos no sofá para conversar.
O rosto de Henrique se iluminou ao compreender o que havia questionado antes.
- Conversaram? Sobre o que?
Miranda se encomodou pelo marido ser tão evasivo mas o respondeu mesmo assim:
- Conversei sobre o comportamento dela.
- Ela se comportou mal? - Henrique se aproximou de Miranda e pegou em sua mão com carinho.
- Ela é meio rebelde mas não ao ponto de me desestabilizar por completo. Já tive alunos piores, você sabe...
- Amor, tem certeza que dar aulas aqui em casa é realmente necessário?
- Sim, amor. Está tudo sob controle e além do mais eu dei a minha palavra ao pai dela e ele estava desesperado por ajuda e então não vi mal algum em ajudá-lo.
- Eu entendo e sei do seu bom coração, mas há certas coisas que não valem o sacrifício, não é mesmo?
- Pode ficar tranquilo. Eu estou no controle da situação.
- Confio em sua palavra mas saiba que qualquer problema que tiver é só contar para mim, ouviu?
- Eu sei disso, amor.
Miranda sorriu sem graça e olhou para baixo onde suas mãos se encontravam acima do seu colo e seus dedos entrelaçados com os de Henrique e seu coração se apertou, pois no fundo ela sabia que estava traindo sua confiança ao fingir que tudo estava bem.
Henrique levou os dedos da mão ao queixo da mulher e levantou sua cabeça. Olhou no fundo dos olhos dela e disse, antes de beijá-la:
- Eu sei que me preocupo muito com você mas isso é porque eu te amo e não consiguiria viver sem ti.
A professora ficou sem palavras e foi surpreendida por um beijo doce e delicado do marido. Ela retribui o beijo e enquanto o beijava sua cabeça ia à mil e a imagem de Lola, com seus cabelos longos e roxos ao vento, invadiram sua mente. Seu corpo estava naquele lugar junto ao de Henrique mas sua cabeça vagava para bem longe em direção à bela e encantadora Dolores.
*******
Ao chegar em casa, Lola tomou um banho quente, colocou um pijama confortável e foi para a cama antes das nove da noite, fazendo com que seu pai estranhasse seu comportamento.
- Boa noite, pai. - despediu-se Lola antes de ir para o quarto e deitar.
- Já vai dormir?
- Sim.
- Mas tão cedo? Quer dizer, você costuma dormir bem tarde e eu preciso brigar com você e tal...
- Estou cansada.
- Ah sim, a aula extra deve ter sugado suas energias. Compreendo.
Lola revirou os olhos sem o pai perceber em desagrado.
- Tchau! - a menima disse secamente.
- Boa noite, meu amor. Depois me conte como foi a primeira aula.
Lola virou as costas e foi em direção ao seu quarto deixando o próprio pai sozinho na sala assistindo televisão.
Ela deitou-se na cama mas antes apagou a luz do quarto. Se acomodou abaixo dos lençóis e pegou o celular e logou em uma rede social.
Depois de conferir as novidades postados pelos amigos na rede, a menina resolveu procurar pela segunda vez o perfil de Miranda e clicou em sua foto e foi redirecionada para a página da professora.
A foto do perfil era diferente da última vez em que Lola tinha fuxicado, agora se envontrava uma foto de Miranda com os cabelos ondulados e loiros, na altura dos ombros, ao vento e seu marido a abraçando por trás com a cabeça apoiada em um dos ombros dela.
Lola ampliou a foto, que estava em modo público para visualização e percebeu que mais de 70 pessoas haviam "curtido" a imagem e ainda havia comentários de pessoas elogiando o casal, como: " Casal lindo!" , "Foram feitos um para o outro", "Que Deus abençoe esra união sempre e sempre!" e outros cometários com emoticons (carinhas virtuais que expressam sentimentos).
Ler tais comentários e ver a imagem do casal unudo e feliz, deixou Lola pensativa e cheia de dúvidas.
NARRAÇÃO DE LOLA
Será que eu realmente gostava de Miranda ou apenas a admirava como pessoa e eu havia confundido as coisas?
É claro que os beijos que tivemos mexeram comigo e medeixaram mais alucinada por ela e a cada dia mais ainda. Parecia algum tipo de droga ou até mesmo um doce, pelo qual quanto mais se prova mais a pessoa fica dependente daquilo e era assim que eu me sentia perante à ela. Quanto mais eu a tinha por perto, mais eu a queria em minha vida. Miranda era como o Sol no universo e seu efeito era ser o centro dos outros planetas, ela era assim, o centro das atenções voltasse à ela, por onde passava ela iluminava à todos à sua volta e ficavam encantados por ela.
Pude perceber no olhor de Henrique, naquela tarde, o quanto ele a amava. O brilho no olhar dele não conseguia esconder tamanho amor.
Longe dela, agora, posso analisar racionalmente a situação. Olhando esta foto deles juntos fez meu coração se apertar e me sentir culpada.
Me senti como as terríveis amantes que seduzem o marido de outras mulherrs casadas e pela falta de caráter do homem e fidelidade, acaba conseguindo encantar o homem casado.
Eu abominava este tipo de atitude e achava grotedco alguém querer destruir um casamento alheio e agora me encontro no lugar de quase-amante, desejando algo que não me pertence.
Depois do dia de hoje eu poderia desistir das aulas particulares mas meu pai já havia feito um acordo com ela e ele me questionaria até os fins dos tempos para saber o porquê da minha desistência em ter aulas com ela, então resolvi continuar indi às aulas.
Ao ver a foto do casal na rede social, eu pude entender que quem estava sobrando era eu. Miranda deixou claro que ama Henrique e não há nada que eu possa fazer para que ela "mude de ideia" . Os olhos azuis de Henrique eram profundos e quando me olhou parecia que tentava decifrar a minha alma e meus segredos mais profundos e isto me fez perceber que edtava errada. Eu era a intrusa no ninho. Era o pássaro sem rumo tentando invadir um ninho de amor do casal. Eu não queria ser essa pessoa que destroi a felicidade alheia.
Ao colocar a cabeça no travesseiro e desligar o celular, pude perceber que tudo estava claro em minha mente: eu deveria parar de seduzir Miranda pois não merecia seu amor, não como mulher. Ela mesma havia havia deixado isso bem claro, mas eu, cabeça dura que sou, insisti até me dar por conta de tamanha loucura.
Ali, em cima da cama, com os olhos fechados e esperando o sono chegar, prometi à mim mesma que não desejaria mais ela como amante e sim apenas como amiga ou talvez até mesmo algo mais forte como isto, eu a respeitaria e amaria como se fosse a minha mãe. Como ela mesma havia falado antes, nutriria por ela a partir de agora um amor sem desejo carnal, apenas sentimental como de mãe e filha.