A Cor Púrpura de Teus Cabelos

Acolhida

– Professora Miranda? - Lola se surpreendeu.
– Entre no meu carro! - a professora abriu a porta de trás.
Lola entrou no carro.
– A senhora chegou na hora certa pra me salvar. Obrigada!
–Se metendo em confusão? Porquê você não foi ao passeio com a turma?
– Uma longa história... Meu pai iria me levar mas na hora me deu ''bolo''. Daí brigamos e eu resolvi vir para essa boate.
– Entendi... Que pena que não foi. Senti sua falta. - a professora deu um sorriso largo.- Então, onde você mora? Segue direto essa rua?
– Eu não quero ir para cara...
– Como não? Seu pai vai ficar preocupado.
– A senhora pode me levar para a casa de uma amiga, então?
– Não precisa me chamar de senhora. Pode me chamar de você. Qual amiga? Onde ela mora?
– Ih, esqueci. Era para a casa da Sofia mas ela ainda deve estar na boate.
– Bom, tive uma ideia... Se você quiser pode ir para minha casa. Lá você me conta oque houve e podemos ligar para o seu pai te buscar...
– Tudo bem. Posso ir para sua casa.
Chegando na entrada do apartamento onde morava Miranda, quando Lola saiu do carro com a ajuda da professora, deu um beijo em sua bochecha e agradeceu por ter a acolhida em sua casa.
O prédio era pintado com a cor verde água, janelas brancas e tinha cinco andares.
Entrando no prédio, elas foram recebidas pelo porteiro.
–Boa noite, Seu Zé! - cumprimentou Miranda.
– Noite! - respondeu Seu Zé.
Por dentro, o prédio era todo branco, com móveis em pátina, em cima do móvel havia um jarro com flores rosas. O local tinha um ar vintage meio retrô. Parecia casinha de boneca, tudo muito delicado. As duas entraram no elevador e Miranda apertou o botão de número 5.
Chegando no andar, Miranda tirou as chaves da bolsa e abriu a porta do apartamento de número 504.
– Pode entrar, meu anjo.
Lola entrou no apartamento, tirou suas botas na entrada. Estava exausta e com dor de cabeça. Reparou de leve no apartamento da professora. As paredes pintadas de branco, um papel de parede bege com um desenho geométrico. Uma tv de plasma, jarro com uma flor em cima do móvel onde havia diversas fotografias.
– Pode sentar, sinta-se em casa. Quer um copo d'água?
– Eu aceito, sim.
Enquanto a professora foi buscar água para Lola, a menina chegou perto do móvel onde havia as fotografias e as observou. Havia fotos da professora com o marido em um país supostamente frio. O marido de Miranda era alto, musculoso, olhos azuis, pele branca, cabelo castanho escuro ,tinha umas leves rugas perto dos olhos e aparentava ter uns 30 e poucos anos. A foto era bem bonita, os dois abraçados, com roupas de frio, com neve em volta deles e os dois sorriam. As outras fotos variavam dos dois separados felizes em lugares bonitos. Havia também fotos com outras pessoas que Lola julgou fazer parte da família de cada um. Mas uma foto que prendeu a atenção de Lola , foi uma em que a professora estava uns 15 anos mais nova, no auge de sua juventude, com um lindo sorriso no rosto, cabelos loiros ao vento e bem maiores que os de hoje em dia. Os olhos verdes a hipnotizavam através da fotografia. Ela era realmente muito bonito, na juventude mais ainda.
– Ah, você está vendo as fotos. - disse rindo a professora. Na mão trazia um copo de vidro azul com água potável.
– Era a senho... digo, você? - perguntou a menina, meio sem jeito por ter sido pega espiando no flagra.
– Sim. Ah, que saudade da minha juventude. - disse rindo.
– Você era linda. Ainda é... - disse com vergonha.
– Obrigada! Bom... você quer ligar pro seu pai? Dizer que você está bem?
– Não. Ele não se importa comigo.
– Claro que se importa! E sua mãe também deve estar aflita.
– Eu não tenho mãe. Ela morreu quando eu era pequena...
A professora ficou vermelha e sem jeito. Não sabia oque dizer. Então apenas abraçou a menina e a levou para sentar no sofá.
– Meus pêsames... - disse fazendo carinho no braço da garota.
A menina apenas sorriu e abaixou o rosto.
– Bom, se você quiser dormir aqui então...
– Muito obrigada, professora. Se não for incomodá-la...
– De maneira alguma!
As duas sorriram e Lola ficou olhando para a professora. Hipnotizada novamente pelos olhos de Miranda.