For You

By emyyoongi

1.1M 91.4K 78.9K

Emma é uma fotógrafa de 22 anos completamente apaixonada pelo que faz. Certo dia, seu chefe a manda ir para S... More

You Will Go To Seul
It's Alright, Min Yoongi
Room 9
Just Be Yourself
One Week
It's Korean
Working
Working pt. 2
I Will Not Answer That
What Happened?
It's A Long Story
He Dissapeared?
Let Me Know
Tomorrow
Leave Me Alone
As Well?
Pictures and Coffee
My Old Friend
Hold Me Tight
What's The Fun?
I Miss You
I'm Here For You
I'm Staying Here
We're With You
It Makes No Sense
Envy Is Dangerous
Knife and Green
Notas Finais
Perguntas Indiscretas
A Última Descendente

For You

34.8K 2.3K 2.9K
By emyyoongi

Último capítulo :c

Adivinhem quem está chorando!

Tenham uma boa leitura, e espero que gostem c:

P.s.: coloquem esta música! E QUANDO ACABAR COLOQUEM DE NOVO!

------------------------------------------------------------------------------------

     Uma semana depois...

     Acordei com meu celular tocando e vibrando debaixo do travesseiro. Senti YoonGi falar um hmatendeisso, e eu atendi a ligação:

     – Alô? – perguntei, sonolenta. Esfreguei os olhos e me sentei.

     A ligação era para avisar que meu primo, Charles, estava morto. Ele foi encontrado há algumas horas em sua cela, na prisão, sendo pendurado pelo pescoço por uma corda. Charles havia se enforcado, e se suicidado. Apesar de todas as coisas que ele fez comigo, fiquei surpresa, afinal de contas, nunca havia imaginado que ele seria capaz de fazer tamanho ato contra si mesmo. Aos seus pés, também havia sido encontrado uma carta, e eu precisaria buscá-la pessoalmente. Não estava com a menor vontade de ir à um presídio de segurança máxima, mas parece que era preciso, então eu teria mesmo que ir.

     Acordei YoonGi e contei para ele o que tinha acontecido. Não tive tempo de ver seu olhar surpreso. Levantei da cama e fui tomar um banho e escovar os dentes, quando voltei para o quarto, YoonGi me encarava, sorrindo, com os braços dobrados atrás da cabeça.

     – O que foi? – eu quis saber.

     – É só que... É difícil acreditar que tudo isso acabou. Não que o suicídio do seu primo seja algo bom, mas acabou – ele respondeu, levantando-se da cama e caminhando até mim, que estava somente com a toalha. Seus braços rodearam a minha cintura, e seus lábios encontraram os meus. A boca de Yoongi era tão suave, e os movimentos que sua língua fazia eram lentos e bons.

     – É – sorri. – É realmente um pouco difícil de acreditar mesmo. Agora vá se preparar para o café da manhã.

     – Hoje é o meu dia de cozinhar – ele falou. Lhe dei mais um selinho.

     – Então vá, Aprendiz de SeokJin.

     YoonGi gargalhou e entrou no banheiro, resmungando algo sobre prometer não queimar o ovo. Eu troquei de roupa, colocando uma calça jeans e uma blusa preta. Fiz um coque frouxo e andei para a cozinha, coloquei os pratos e copos na mesa e me sentei, esperando pelo coreano.

     Depois de alguns minutos, ele apareceu, vestindo apenas uma calça de moletom. Arqueei as sobrancelhas e sorri.

     – Mas o que é isso? Pensei que tivesse vergonha de ficar sem a camisa perto de mim – falei.

     – Perto de você eu perco a vergonha – seus cabelos agora estavam platinados, e isso ressaltava ainda mais sua cor pálida. Ele sorriu para mim e se aproximou, inclinando-se para me beijar. O abdômen de YoonGi era definido, mas com aquele toque suave. Muito branco também, assemelhado ao papel, sem brincadeira.

     YoonGi colocou um avental rosa de florzinhas que eu tinha, o colocou pela cabeça e amarrou na cintura, indo cozinhar. Fiquei o observando, com um sorriso bobo no rosto. Ele estava de costas, e cantava alguma música desconhecida por mim enquanto remexia os ovos na frigideira. YoonGi tinha a voz forte, mas suave, rouca e sedosa, assim ele cantava o rap, que eu reconheci imediatamente como seu:

     "A distância que nos separa
Sinto que a minha vontade de te ver hoje está maior que normal
A distância que nos separa
E a vontade de te ver não tem comparação
Fico preocupado por causa dos rumores,
O tempo não para,
E o número de suspiros só aumentam
Oh, menina, ainda posso sentir o seu sorriso
Mesmo separados,
Nossos sentimentos são iguais,
Estamos juntos sempre"

      – YoonGi! – exclamei. Ele parou de cozinhar, apagou o fogo e se virou para mim, parecendo assustado:

     – Olhe, eu sei que eu como vocal não sou lá o melhor, e o ovo aqui está intacto, mas... – ele começava a dizer, mas eu me levantei, e ele automaticamente parou de falar. – O que foi?

     – Quem canta essa música, são... Vocês, certo? – perguntei. Ele assentiu vagarosamente. – Qual o nome dessa música?

     – For You... Por quê? – ele quis saber, franzindo as sobrancelhas, formando uma fofa expressão confusa. Senti meus olhos se encherem de lágrimas e sorri. Meu sorriso era tão largo, que começou a virar risada, e quando as lágrimas caíram, os braços de YoonGi me envolveram. – Meu amor, por que está chorando? – ele beijou minha testa.

     – Essa música praticamente me salvou – respondi, e me afastei dele, olhando-o nos olhos. – Muito antes de ter essa intimidade com você, lá no hotel, eu havia saído para o café-da-manhã, e estava tocando essa música.

     – E ela... Te salvou?

     Sorri mais uma vez.

     – Eu acabei sendo atormentada pelas lembranças do passado, sabe? Essas coisas não acontecem com frequência. Mas a sua voz nessa música, sua voz cantando esses versos me salvou de mergulhar naquelas memórias ruins – respondi. YoonGi permaneceu me encarando por mais alguns segundos, e então sorriu. Eu o abracei.

     – Eu te amo, Emma – ele disse. E eu também o amava.

*

     Agora eu estava de frente para o presídio de segurança máxima. YoonGi também estava comigo, agora ele usava calça jeans e blusa branca.

     A prisão tinha o tamanho de cinco campos de futebol americano, e parecia mais um castelo do que um presídio de verdade. Tinha duas torres gigantes nas duas primeiras pontas dianteiras e traseiras, e em cima de cada ponta, dois guardas fortemente armados observavam tudo o que acontecia ali embaixo. No portão de ferro dianteiro, que parecia ser muito pesado, quatro policiais também fortemente armados, estavam ali para fiscalizar o que entrava e saía. Me aproximei, destemida, de um guarda, com YoonGi atrás de mim. Ao lado dele, havia uma porta de tamanho normal, e de ferro. O guarda tinha pele e olhos negros, era careca e tinha um porte físico bastante bombado.

     – Ligaram para mim daqui, dizendo que eu precisava ver algo. Meu nome é Emma  – falei. Pensei que o guarda havia fingido não me escutar, mas depois de dois segundos sem dizer nada, sua voz grossa invadiu meus ouvidos:

     – Me acompanhe – ele abriu a porta de ferro, e então entramos num corredor escuro, iluminado apenas em intervalos iguais com lâmpadas fluorescentes.

     O corredor se abriu numa sala enorme. Bem iluminada e movimentada, várias mesas tomavam conta do local, e vários policiais passavam daqui para lá, procurando coisas, e pessoas assinavam papeladas ou pesquisavam algo nos vários computadores. Mais atrás deles, pude ver várias salas, para onde alguns suspeitos eram levados e interrogados. Na maioria das vezes, nem sempre do jeito bom.

     – Com licença, detetive, esta garota disse que ligaram para ela, chamando-a para vir aqui – a voz do guarda me despertou dos pensamentos. Quando olhei para frente, ele estava falando com um homem, de aparentemente trinta anos, e este tinha o cabelo preto longo, de forma que o prendia num rabo de cavalo, uma barba espessa tomava conta de seu rosto, mas seus olhos azuis claros eram o destaque, iluminando o rosto que já tinha algumas rugas.

     O detetive olhou para mim e então semicerrou os olhos, como se tentasse relembrar algo.

     – A senhorita é...?

     – Emma Robinson – me apressei em responder.

     Ele sorriu, mostrando uma fileira de dentes brancos: – Obrigado, Max, agora pode ir.

     O policial Max se retirou, deixando nós três naquela sala movimentada.

     – Então... – YoonGi começou –, você disse que havia uma carta, certo?

     – Desculpe... Mas quem é você? – o detetive indagou.

     – Meu namorado – respondi, o detetive arqueou as sobrancelhas. Meu namorado?

     – Ah – ele disse. – Então, respondendo a sua pergunta, sim, tem uma carta. Se importam de me acompanharem?

     Balancei a cabeça. O detetive sorriu, pegou uma apostila e andou para uma das salas ao fundo. Quando abriu a porta, a sala era iluminada e no centro, havia uma mesa de ferro e duas cadeiras. O detetive sentou-se numa cadeira de frente para mim e pediu para que eu sentasse na outra. YoonGi ficou em pé, mas colocou as mãos nos meus ombros, de alguma forma, me reconfortando naquela onda de ansiedade que se apoderava de mim.

     – Qual é o seu nome? – eu quis saber, enquanto o detetive abria a apostila.

     – Pode me chamar de Ismael – ele disse, e então ergueu os olhos para mim. Ele usava um distintivo da polícia, que pendia sob uma corrente longa de prata. Ismael usava uma blusa social branca e calça jeans surrada, tênis de alguma marca. Se não fosse pelo distintivo, não parecia alguém da polícia. – Sim, o mesmo nome do garotinho da bíblia.

     Assenti. Ismael pegou um papel e entregou para mim.

     – É esta a carta? – perguntei. Ele assentiu. Engoli em seco antes de começar a ler:

"Emma, quando ler esta carta, eu já estarei morto e pagando pelos meus crimes no inferno. Este é meu destino e irei cumpri-lo.
Sei que o que eu fiz com você foi errado, e eu sinto muito por tudo o que eu te fiz passar, desde quando você era criança, até agora. Sei que irei para o inferno, e estou bem com isso, afinal suicidas e estupradores não tem lugar no céu, não é mesmo? O céu é feito para criaturas angelicais, que passaram por momentos tristes aqui na terra, que foram envergonhados, humilhados e que são inocentes. Eu não sou um inocente.
Se está feliz com seu namorado, então eu fico feliz também, mas... No fundo, quero que você me perdoe, porque eu ainda amo você. Na última vez que nos vimos, vi refletido em seus olhos o mesmo sentimento que da primeira e única vez que lhe estuprei: medo.
Eu realmente te amava, e realmente te amo, espero que me perdoe.
De seu primo,
Charles."

     Coloquei a carta em cima da mesa e me debrucei sobre a mesma, sentindo meu abdômen querer tremer. Me segurei para não chorar, e então, endireitei a postura.

     – Era só isso? – perguntei.

     – Sim – Ismael respondeu. Assenti.

     – Eu posso ir embora? Já ligaram para os meus tios? 

     Ele assentiu.

     P. O. V. Amber

     Amber estava na sala de seu apartamento, assistindo algum programa local. Uma tigela enorme de pipoca jazia em sua perna, já pela metade. A loira pegou um copo de refrigerante e bebeu. Já havia recebido alta do hospital, e desde então, seus pais haviam cobrado dela uma alimentação saudável. Amber tinha comido tantas coisas saudáveis quanto podia, mas chegava uma hora que não aguentava mais, e esse tempo já tinha chegado. O câncer havia diminuído com as sessões de quimioterapia, e Amber fazia de tudo para cuidar do seu cabelo e tomar as medicações no horário certo. Infelizmente, era muito agressivo.

     Um filme passava agora na televisão. Alguma comédia romântica. Depois de meia hora assistindo o filme, Amber escutou a campainha tocar. Ela se perguntou quem era, afinal de contas, não esperava ninguém.

     Levantou-se do sofá e caminhou para a porta, abrindo-a e vendo uma figura com os cabelos platinados e raspados dos lados. O canto boca do coreano subiu, fazendo aparecer uma covinha que deixava Amber sem ar, afinal de contas, ele era seu ultimate. Embora ela não quisesse devido as circunstâncias, Amber agora sentia algo estranho vindo de NamJoon. O garoto não havia deixado de ir para o hospital visitá-la um dia sequer, e sempre quando Emma não podia ficar muito tempo por causa do trabalho, NamJoon fazia companhia a ela com a maior vontade do mundo. Além do mais, Emma iria para a Coreia do Sul depois de amanhã, e Amber estava cheia de ansiedade para surpreender a melhor amiga.

     – NamJoon! – Amber exclamou, surpresa. Ela estava surpresa, só não sabia se aquilo era algo bom ou ruim.

     – Não era para eu ter vindo aqui sem avisar, não é? – ele mordeu o lábio, nervoso. Amber acompanhou seus movimentos. – Te atrapalhei em algo?

     – Não – ela deu espaço para que ele entrasse. – Entre, você nunca atrapalha.

     Namjoon estremeceu um pouco, mas entrou. Amber odiava falar as coisas quando estava nervosa. Agora pareceu que ela estava descaradamente dando em cima dele!

     – Está com frio? – ela perguntou, repreendedno a si mesma mentalmente logo em seguida. Namjoon balançou a cabeça de um lado para o outro. Claro que ele não estava com frio, ele estava provavelmente com medo dela agora.

     Amber andou até o sofá e sentou-se no mesmo, voltando a comer pipoca. Estava usando uma calça de moletom preta e uma blusa branca cropped de mangas curtas, deixando boa visão da barriga à mostra. Antes de ir fazer a pipoca, Amber estava treinando alguns passos de Hate, da 4Minute.  NamJoon usava calça jeans e uma blusa branca de mangas longas. Ele não devia mesmo estar com frio.

     – Senta aí – ela falou, tentando parecer despreocupada e dando batidinhas no assento ao seu lado. NamJoon permaneceu em pé, encarando-a de braços cruzados. – O que foi?

     – Você não devia estar comendo isso – ele disse.

     – Eu sei, mas eu estava comendo muita coisa saudável e... – antes que ela terminasse, NamJoon foi rápido como um raio e pegou a tigela de pipoca e o refrigerante e os levou para a cozinha. – Ei! – Amber seguiu atrás dele, dando pulinhos para tentar pegar de volta a tigela ou o refrigerante, mas era algo falho, NamJoon era muito alto. – Devolva meu lanche!

       – Você não pode comer coisas desse tipo – ele disse, colocando a tigela e o refrigerante na pia. Amber tentou pegá-los de volta, mas NamJoon se pôs a frente dos alimentos e segurou os braços da garota, impedindo-a de se mexer.

     – Você veio para o meu apartamento me dizer alguma coisa ou me mostrar o que eu devo ou não fazer? – ela contestou. NamJoon aproximou seus rostos. Eles estavam perto, e Amber estava furiosa.

     – Eu me preocupo com você.

     Aquela frase fez Amber parar e arquear as sobrancelhas. Como assim, ele se preocupava com ela? Várias hipóteses passaram por sua cabeça, mas ela excluiu todas. Claro que NamJoon estava preocupado com ela, ela era uma A.R.M.Y! NamJoon não sentia nada mais por ela do que uma simples amizade e amor fraternal. Era apenas isso.

     – De qualquer forma – ela continuou –, eu... Você não deveria... Ah, quer saber? Esquece!

     Amber tentou se soltar dos braços de NamJoon, mas não conseguiu. Ele era forte demais para ela, e estava segurando-a muito perto de si. A garota engoliu em seco, e tentou ao máximo evitar olhar para a boca do mais alto. O que era aquilo que ela sentia? NamJoon pareceu entender o que estava acontecendo, e então a soltou. Amber deu dois passos largos para trás, involuntariamente. O loiro passou a mão pelos cabelos, e então disse:

     – Eu vou preparar algo saudável para você.

     – Você não sabe cozinhar – ela argumentou.

     – Sabe de uma coisa... – ele começou a vasculhar os armários e a geladeira dela. – Eu não revelo toda a minha vida para a mídia.

     Amber cruzou os braços e sentou-se à mesa enquanto observava NamJoon pegar algumas verduras e cortá-las silenciosamente. Em seguida, o loiro pegou uma panela média e colocou tudo dentro, depois encheu com água pela metade e acrescentou alguns temperos. Ele colocou a panela no fogão e começou a mexer.

     Em poucos minutos, um aroma delicioso invadiu as narinas da garota. Ela teve de se aproximar de NamJoon, curiosa sobre a comida que ele estava preparando. O loiro deu um passo para o lado, para que ela pudesse ter uma boa visão daquele cozido.

     – Parece estar bom – ela disse.

     – Quer mexer um pouco? – ele perguntou. Amber assentiu e segurou a colher, mexendo meio sem jeito. – Assim, Amber... – NamJoon segurou sua mão e a mostrou o jeito certo de mexer. Tinha que mover os pedaços das verduras também, não apenas o caldo.

     Mas apenas aquele toque fez com que Amber tivesse um misto de reações em seu corpo, mas o principal de tudo era o estômago, que havia entrado numa fase já conhecida por ela: as famosas borboletinhas intrusas e bipolares. A respiração da garota descompassou um pouco. Namjoon desceu a outra mão para a cintura de Amber, assim, ficando atrás dela.

     Amber soltou a colher rapidamente e se afastou de NamJoon. Eles trocaram olhares e faíscas quase podiam ser vistas entre eles. Pareciam saber exatamente o que estava acontecendo. NamJoon deu um passo para perto dela, e Amber recuou, engolindo em seco. Ela não queria aquilo, ela não sabia o que queria. Coisas haviam acontecido em sua vida, coisas fortes, e o fato de NamJoon estar ali tornava tudo muito grande para assimilar.

     Ela não saberia se iria conseguir imaginar o resto de sua vida sem Mathew, mesmo com seu corpo em confusão, querendo outra coisa.

     P. O. V. Emma

     Assim que estacionei na frente do meu apartamento, desliguei o carro e me curvei sobre o volante, deixando, finalmente, as lágrimas descerem.

     Por mais que eu tentasse, de verdade, ter ódio do meu primo, eu não conseguia mais. Não conseguia mesmo. Ele se suicidou porque não aguentava a própria culpa que carregava nas costas, e ainda por cima se desculpou comigo por meio de uma carta! Ele dizia que me amava, mesmo que eu soubesse que aquilo era longe de ser amor.

     Senti uma mão alisar minhas costas e dar batidinhas nas mesmas. Era quase hora do almoço, e eu estava planejando fazer algo em família, mas... Depois dessa notícia e do fato ocorrido, acho que não daria muito certo.

     – Vamos continuar com aquele almoço, não é? – YoonGi indagou, como se estivesse lendo meus pensamentos. – Emma, eu sinto muito, mas não se deixe abater. Além do mais, não seria nada legal desmarcar tudo em cima da hora.

     – Não estou nem um pouco a fim de entrar numa briga com minhas primas por que ficaram dando em cima de você – argumentei, sentando ereta no assento e limpando as lágrimas, com a voz um pouco rouca e o sorriso estampado na cara. – Mas você tem razão, não seria legal desmarcar agora, e também porque hoje e amanhã são meus últimos dias aqui.

     YoonGi depositou um beijo doce em minha bochecha e desceu do carro, rodeando a frente dele apenas para abrir a porta do motorista, para que eu também descesse.

     Sorri e desci do carro. Juntos, subimos até o meu apartamento.

*

     – O que foi? – YoonGi perguntou.

     O cenário agora havia mudado completamente. Estávamos em frente a casa dos meus pais, uma residência de dois andares e com o telhado em um "v" de cabeça para baixo. Vários carros estavam estacionados na rua, perto da casa, dentre eles, a SUV dos Sonyeodan. Sim, eles também estavam convidados para o almoço, afinal de contas, serão minha nova família em breve.

     Assim que entrei na casa, percebi o quanto sentia falta daquele lugar. As mesmas paredes pintadas de amarelo, e as mesmas marcas feitas com caneta pelo meu pai, marcando a minha altura. Num rápido flashback, imaginei meu pai me medindo com três anos, em seguida, com cinco, e depois, com doze. Sorri.

     – Filha, como você está grande! – minha mãe exclamou, caminhando até mim e me abraçando.

     – Mãe, ficamos sem nos ver apenas por dois meses – falei. – Mas fiquei com saudades.

     Ela se afastou de mim, com o sorriso radiante e segurou meu rosto.

     – Eu tenho tanto orgulho de você, meu bem – ela sorriu, e sorriu ainda mais quando seus olhos pararam em Yoongi. – Esse é o meu genro? Ah, que fofo! – e então ela falou num inglês bem lento. – O-l-á. C-o-m-o v-a-i?

     – Mãe, pelo amor de Deus – tampei o rosto com as mãos. YoonGi sorriu docemente, pegou uma das mãos de minha mãe e a beijou.

     – Eu vou bem, e a senhora? Agora eu vejo de onde Emma tirou a beleza da família – ele disse, me encarando. Me limitei a revirar os olhos e sorrir timidamente, mas minha mãe fez um escândalo.

     – Ah, nossa, que fofo! Meu Deus do céu, menino, pare – e então ela tampou as bochechas, obviamente corada. YoonGi riu ainda mais. – Venham, andem, o almoço está pronto. Ah, e por falar em comida, gostei do tal de Jin, ele me deu umas receitas coreanas bem interessantes.

     E então, Jin apareceu da cozinha, com uma blusa branca e calça jeans. Ele veio até mim e me abraçou.

     – Emma! – ele sorriu. – Como vai?

     – Vou bem, e você?

     – Vou ótimo – ele sorriu. – Essa cozinha é um paraíso.

     Depois de cumprimentar meu pai – por incrível que pareça, ele e YoonGi se deram muito bem –, e o resto da família e os meninos, fui cumprimentar minha tia e tio.

     – Eu sinto muito – foi a primeira coisa que eu disse.

     – Nós que sentimos muito – meu tio respondeu, e me abraçou.

     – Mas não vamos falar sobre coisas ruins – minha tia avisou. – Vamos falar de coisas boas, para assim, você ter boas lembranças desse dia enquanto estiver na Coreia!

     Thalita, minha prima, por incrível que pareça, estava um tanto comportada. Parecia até um anjinho. Lyandra também. Pareciam dois anjinhos. Só pareciam. Elas sorriram para mim, mas eu conhecia aquilo muito bem.

     Quando todos estavam sentados à mesa – eu, YoonGi e os meninos, minha família, Scott e Amber –, Thalita começou a lançar olhares sedutores para JungKook. O mesmo levantou a sobrancelha, como se estivesse confuso e falou algo com JiMin. Senti algo roçar em minha perna, e quando ergui a cabeça do prato para ver quem era, peguei Lyandra olhando para YoonGi com cara de prazer. Ainda bem que YoonGi estava concentrado na comida.

     Ainda bem.

     Limpei a garganta.

     – Lyandra – chamei seu nome, tentando soar baixo. Ela olhou para mim, mas ainda assim continuou a roçar seu sapato na minha perna, pensando que era a do YoonGi. – Quando for tentar seduzir um homem, certifique de que ele não tenha dona, e de que seja a perna certa que você esteja roçando.

     – Lyandra! – minha tia puxou a orelha dela. – Que coisa feia.

     Lyandra ficou vermelha como um tomate, e voltou a comer a lasanha. YoonGi sussurrou no meu ouvido:

     – O que houve?

     – Nada – respondi. – A lasanha está boa, não está?

     Quando voltei a comer, com o canto do olho, vi Thalita olhando agora, para NamJoon. Será possível que essas garotas só olhem para caras comprometidos? Quer dizer... Não que ele e Amber estejam tendo alguma coisa, é que... Bem, o jeito que eles vem se tratando ultimamente, ou pelo menos o jeito que NamJoon vem tratando ela, queria sugerir alguma coisa.

     – Desculpa, Thalita – Amber começou a falar –, mas você tem algum problema com a sua boca?

     – O quê? – ela perguntou. – Por quê?

Scott deu algumas risadinhas, ao lado de YoonGi. Eu também. Sabia o que estava por vir.

     – É porque se você continuar mordendo-a desse jeito, vai acabar cortando – ela respondeu. Não era a resposta que eu esperava que fosse, isso significava que Amber estava aprendendo a controlar as emoções. Ou, que algo interno estava acontecendo.

     – Eu não estava mordendo – Thalita negou.

     – Ah não? Meus novos olhos viram outra coisa – ela inclinou a cabeça para o lado. – Eu sugiro que você coma seu pedaço de lasanha, e se eu pegar você olhando ou se insinuando para qualquer um dos garotos aqui, eu arranco a sua língua fora.

     Arregalei os olhos. Essa era a Amber.

     – Você não é uma espécie de protetora de nenhum deles – Thalita revidou. 

     – Ah, é? Você já viu algum deles te dar atenção?

     – Chega! – meu pai interviu. – Parecem duas crianças birrentas.

*

     Depois do almoço, meus tios foram embora, afinal de contas, eles precisavam visitar o corpo de Charles e acertar tudo para o enterro. As horas se passaram, e quando me dei conta, já era de noite. Fiquei conversando com Amber sobre algumas baboseiras, e ela acabou me contando um segredo absurdo:

     – Eu vou para a Coreia com você depois de amanhã.

     – O quê? – indaguei. – Não, mentira.

     – Sério – ela respondeu. – Meu chefe disse que eu seria correspondente lá. E escreveria os artigos e mandaria por e-mail, receberia o meu salário normalmente... Enfim.

     Não pude evitar. Gritei de felicidade. A abracei com todas as minhas forças e de repente, comecei a chorar. Pelo menos eu não ficaria sozinha em um país estrangeiro. Claro que, de qualquer jeito, eu não ficaria sozinha, afinal eu tinha os meninos e YoonGi, mas Amber era diferente.

     Ela era minha melhor amiga.

     Depois de algum tempo jogando video-game com o BTS – eu ainda venceria Park JiMin, um dia eu o venceria, escutem o que eu digo –, resolvi mostrar algo a YoonGi.

     – Vem cá – sussurrei em seu ouvido, e, saímos de fininho da sala.

     Subimos as escadas e mais outro pequeno lance, até chegar no sótão. A última vez que eu havia pisado aqui, estava todo empoeirado, talvez minha mãe tivesse feito uma faxina por aqui. As paredes pintadas de marrom deixavam o local envelhecido, e caixas de papelão preenchiam o lugar aqui e ali. Me aproximei da única janela contida no local e a abri. Passei por ela e então pisei no telhado da casa. YoonGi fez a mesma coisa, e sentou ao meu lado. Ficamos quietos por um tempo, observando o céu e a rua vazia.

     – Eu costumava vir aqui quando era pequena e estava triste com algo – falei, olhando para o céu estrelado. – Eu perguntava a minha vó porque as estrelas morriam, e ela sempre me dizia: "meu bem, as estrelas morrem porque elas pegam nosso fardo para si".

     YoonGi me encarou.

     – Sua vó dizia isso?

     Assenti.

     – Ela dizia que as estrelas na verdade eram seres vivos, e não suportavam a nossa tristeza. Portanto, toda vez que fazíamos um pedido para uma estrela cadente, sem saber, na verdade era para uma estrela. E a mesma realizava o nosso pedido em troca de um fardo nosso – expliquei. – Ela dizia que as vezes o fardo era tão pesado, que extinguia o brilho das estrelas, e então elas morriam. Eu perguntava "e as estrelas bebês?" – ri com a lembrança. – Ela respondia "minha querida, as estrelas bebês nasciam com o nosso pedido". Ou seja, quando fazíamos um novo pedido, uma estrela nascia.

     – É uma história legal – YoonGi sorriu.

     – Ela dizia que quanto maior o brilho da estrela, maior ainda era sua capacidade de pegar os fardos – falei. Olhei YoonGi, e pude ver em suas órbitas negras as estrelas refletidas. Seus olhos brilhavam.

      – Se eu pudesse, eu pegaria todos os que você carrega – ele agora me encarava. Sorri fechado.

     – Não tenho nenhum fardo agora – respondi.

     – Mas de qualquer jeito, eu faria isso – ele disse. – Faria por você. Faria qualquer coisa por você. Você é muito mais do que eu poderia imaginar algum dia, e é só minha – ele me beijou. Um beijo calmo, lento e suave. – E eu te amo.

     Sorri para ele. Nos deitamos no telhado e ficamos observando as estrelas. Estava ansiosa para a viagem para a Coreia, e ansiosa sobre como minha vida seria quando eu morasse lá, mas ao mesmo tempo, estava tranquila.

     Porque, afinal de contas, eu tinha ele.

     Min YoonGi.

Continue Reading

You'll Also Like

2.6M 273K 65
Quem nunca teve um crush por aquele garoto lindo da escola, alguns anos mais velho? Jungkook fez o que a maioria das pessoas não teriam coragem de fa...
8.7M 3.1K 11
Malu foi criada por um família humilde do interior, apesar disso, sempre valorizou e aproveitou a sua liberdade. Tem uma tia que mora na capital,ent...
19.3M 914K 73
você é meu clichê favorito, aquele que eu não me importaria de ler todos os dias.
713K 44.9K 80
_OIÊ, VAMOS SER AMIGOS QUE SE BEIJAM E QUE SE PEGAM TAMBÉM? CHAMA-SE AMIZADE COLORIDA SE É QUE VOCÊ ME INTENDE!