𝐶ℎ𝑎𝑠𝑖𝑛𝑔

By ssunflowerssun

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• Livro 1 da Saga Chasing • "Todos nós temos os nossos demónios. É isso que recebemos pelas escolhas que fize... More

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By ssunflowerssun


"Anna."

Antes que eu possa dizer alguma coisa, o Niall levanta as mãos em sinal de paz, caminhando delicadamente até mim. 

"Não tens que falar se não quiseres mas, por favor, não me peças para ir embora."

Ele não devia estar aqui. 

Não agora.  

"Eu sei o que estás a pensar…" Murmuro atenta aos seus movimentos. 

"Não, não sabes." Sussurra sentando-se ao meu lado na berma do lago. "Sim, acho estranho o facto de que não quereres visitar a tua mãe num momento como este mas não julgo."

"Ela não é minha mãe."

Foco-me no movimento sereno da água. Não posso perder a cabeça e descarregar a minha raiva nele. Ele não me conhece. Não a conhece. Ele não sabe. 

"Se há algo que aquela mulher não sabe, é o que é ser mãe."

"Eu não sei o que aconteceu e não quero dizer nenhum disparate mas, embora possa não ter sido a melhor mãe, ainda é a pessoa que te trouxe ao mundo."

"Não é." Nego vigorosamente. "Ela não é nada."

"Estás a assustar-me, Anna." Admite, talvez perplexo com as palavras ou a falta de emoção. "Nem sequer pareces tu."

"Não me conheces, Niall." 

Balanço a cabeça negativamente. Que forma triste escolheu para me conhecer realmente. Que momento terrível escolheu. 

"Ela deixou-me assim."

Ela fez isto comigo. 

Destruiu-me até não sobrar nada. Destruiu a minha vida, cada momento, cada minuto de cada hora até ao fim dos meus dias porque nada apaga as memórias, nada afasta a dor. 

"Assim, como?"

"Destruída."

"Essa é de longe a imagem que tenho de ti." A sua mão cai sobre a minha, desesperada por dar-me algum conforto. 

"Não me conheces." 

"Conheço. Posso não saber muito sobre ti mas vivemos juntos há sete meses, falamos todos os dias, eu vi como cuidaste dos teus amigos quando eles mais precisaram, estiveste do meu lado quando eu precisei enquanto também tu precisavas de apoio e nunca pediste nada em troca. Mantiveste-te firme e forte. Essa é a Anna que conheço e não acho que esteja destruída."

"Mas estou."

"Isso não define quem és. Eu vou voltar para dentro e deixar-te espairecer mas não te quero ver sozinha por muito tempo, ok?" Colocando o meu cabelo atrás da orelha, inclina-se para beijar a minha bochecha. 

"Ok." Concordo vendo-o afastar-se pelo canto do olho. 

Fecho os olhos por um momento. Bastou cinco minutos, uma frase e eu viro um monstro sem sentimentos, sem culpa. Apenas raiva.

Levanto o olhar quando me apercebo de que há alguém de pé ao meu lado e recomponho-me, levantando-me enquanto o Harry começa a falar. 

"Defendes a porra da minha família toda, vens com a conversa de me terem criado…" Vejo-o cerrar o maxilar quando começo a afastar-me, ignorando-o. "Não me vires as costas. É um pouco hipócrita da tua parte, sabias?" Insistindo, segue-me para nem eu sei onde. 

Eu só quero estar sozinha e não ter esta conversa. 

"Criticaste-me pela forma como os trato mas, quando se trata da tua mãe, só está a ter o que merece?" Murmura fazendo um esforço para não aumentar o tom de voz. "Sabes o que era capaz de fazer para ter um momento, uma oportunidade para me despedir da minha mãe?"

O seu corpo coloca-se em frente ao meu, obrigando-me a parar e ouvi-lo. 

"Sabes o quanto—"

"Não, não sei. Assim como tu não sabes. Eu não quero despedir-me dela. É uma escolha minha e não fui hipócrita—"

"Foste." Interrompe com uma risada seca. 

"Pensa o que quiseres. Discutir isto não vai levar-me a lado nenhum." Murmuro passando por ele, dirigindo-me para a casa. 

"É a tua mãe, porra!"

"Ela não é minha mãe!" Grito fazendo-me ouvir, olhando-o uma última vez antes de entrar pela janela de correr da sala de estar onde felizmente ninguém se encontra. 

Atravesso-a, percorrendo o corredor em busca de um lugar mais calmo, o mais longe possível. Ao final do corredor, abro a porta do escritório do Diretor e escondo-me na mesma sem saber o que fazer. 

Não posso simplesmente voltar para a cozinha e fingir que nada aconteceu. 

Ando pela divisão com o lábio preso entre os dentes tão presa nos meus pensamentos que só quando me viro para outra direção, noto a presença dos quatro rostos familiares junto à porta. 

"Só queremos saber se estás bem." O Zayn umedece os lábios, preocupado mas sereno. 

"Não vou vê-la."

"Ninguém vai obrigar-te a ir." O Max encosta-se à parede com as mãos atrás das costas. "Só queremos que saibas que, se quiseres, vamos contigo."

"Não tens que o fazer." O Zayn sublinha. "Ela não merece, de qualquer forma."

"Não merece…" A Emma começa, repreendendo o Zayn com o olhar antes de se focar em mim. "E não tens que o fazer mas quero que penses nisso." Pede tendo o apoio do Taylor. "Quem sabe não está na hora de colocar um ponto final nisto, nesta raiva que sentes sempre que pensas ou falas sobre o passado. Perdoar é difícil mas às vezes ajuda." 

"Nunca a vou perdoar."

Não sei porque o digo em voz alta. Sabe tão bem quanto eu que não sou capaz. 

"Não podes viver assim para sempre." Murmura olhando bem no fundo dos meus olhos, unindo as sobrancelhas. "O que ela te fez pensar que eras, não é a pessoa que és hoje e nunca foi."

"Nós sabemos que consegues fazer isto. Por ti." O Max abre um sorriso reconfortante e convicto. "Sem pressão, é claro. Tens algum tempo para pensar no que queres fazer."

"Vou pensar. Prometo." 

"Podemos voltar para a cozinha? O Liam e a Sophia já chegaram e estão preocupados contigo. O Richard até já chorou." O Zayn solta uma risada. 

"Não quero voltar." Pressiono os lábios sentindo-me profundamente envergonhada apenas com o pensamento de encarar alguém novamente. "Eles devem achar que sou louca." 

"E?" O Max revira os olhos. "Não damos a mínima para o que os outros pensam. O teu presente está lá, à tua espera–"

"Provei um," Colocando as mãos na cintura, o Taylor torce ligeiramente o nariz olhando-me com inocência. "Só para saberes."

"Provaste o quê?"

"Um pouco do presente…" Engolindo em seco, coça a parte de trás do pescoço. "É de comer."

"Abriste o meu presente?"

"O ambiente estava tenso, eu não sabia o que fazer... São bombons com sabores e recheios diferentes. Coisa da boa."

"Estás a falar a sério?"

"Sim. Só comi um, prometo." Esclarece mordendo o lábio. "Mas o de menta parece ser delicioso." 

"Eu avisei-o para não o fazer."

"Também querias abrir e saber o que era!" Refila ultrajado com a acusação do Zayn. 

"Saber e provar são coisas diferentes." 

"Porque é que estás a fugir de mim?" Semicerro o olhar quando o vejo dar leves passos para trás. 

"Porque tenho amor à vida." Declara sendo interrompido por duas batidas na porta. 

Afastando-se para poder abri-la, a Emma revela a figura da Danielle no exterior. 

Com um sorriso tímido, entra. "Espero não estar a interromper nada."

"A Anna estava prestes a matar o teu namorado por ter aberto o presente. Nada demais."

"Não posso argumentar a favor dele." Declara sacudindo levemente os ombros. "Estás mais calma?" Ela dirige-se a mim sem rodeios ou julgamentos.  

"Duvidas das nossas capacidades?"

"Honestamente sim, Zayn." Admite rindo-se, aproximando-se para segurar a minha mão. 

"Devo-te um pedido de desculpas pelo meu comportamento—"

"Não deves." Interrompe, negando. "Tomas as tuas decisões e não deves justificações a ninguém. Só não quero que tomes essas decisões de cabeça quente. O que quer que tenha acontecido, não deve impedir-te de te despedires da tua mãe—"

"Não lhe chamamos isso." 

Todos viramos o rosto para questionar o Max perante o seu refilo. 

"Mãe." Esclarece encolhendo os ombros. "Desculpem mas é estranho."

"Não achas que sou maluca?"

"A atura-los?" Inquire inclinando a cabeça na direção dos quatro. "É claro que acho." Declara com humor, balançando a cabeça. "Não, não acho que és maluca. Como disse, tomas as tuas decisões e ninguém tem nada haver com isso."

"Tenho a melhor namorada do mundo, não tenho?" Com as suas mãos nos ombros da Danielle, o Taylor abre um sorriso orgulhoso e adorável. 

"Eu não era assim tão má." Brinco, revirando os olhos com humor. 

"Tenho a certeza que não." A Danielle solta um suspiro cínico. "Ele só está a tentar remediar o que aconteceu com a Italiana com recurso a elogios."

"Outra vez essa conversa?"

"Quem é a Italiana?" O Zayn olha para ambos, confuso. 

"A vizinha do lado." Começa o Max. "Aparentemente…"

Ficamos no escritório por mais algum tempo para ouvir a história novamente, com mais detalhes e isso dá-me alguns minutos de preparação para voltar a encarar toda a gente. 

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