𝐶ℎ𝑎𝑠𝑖𝑛𝑔

By ssunflowerssun

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• Livro 1 da Saga Chasing • "Todos nós temos os nossos demónios. É isso que recebemos pelas escolhas que fize... More

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By ssunflowerssun

"Vamos ser só nós?" 

Olho para a casa silenciosa. A manhã já vai longa mas as únicas duas pessoas acordadas sou eu e o Harry. 

"O teu ex namorado e a Danielle saíram cedo para correr. A Marie e o Max também saíram. Os outros devem estar de ressaca." Informa servindo-me o café que preparou, assim como todo o pequeno-almoço no jardim.

"Onde é que eles foram?"

"A Marie precisava ir ao shopping."

Balanço a cabeça observando a forma como devora o pequeno-almoço. O seu cabelo está uma confusão e os seus olhos inchados pelas horas dormidas a mais mas ainda assim parece mais bonito do que nunca. 

Não é justo. 

"Tenho alguma coisa na cara?"

Sorrio, desviando o olhar para o jardim. "Não."

"O que é que eu fiz?"

Reconheço a voz do Taylor de imediato, vinda do interior e pelo tom agudo que usa posso garantir que está aflito.

"Sorriste!"

O Harry e eu ficámos em silêncio, como se aqui não estivéssemos quando a Danielle sai para o alpendre. "E ficaste para ouvir o resto dos elogios."

"Como se já não soubesses que és–" Virando-se para ver o namorado sair, gesticula nervosamente para a sua figura. "Infernalmente gostoso."

Soltando uma risada nervosa que mistura confusão e humor, o Taylor coloca as mãos na cintura e olha diretamente para nós, enviando-nos um pedido de ajuda. 

"Ela apenas disse que tenho um bom físico, que tenho mesmo." Aponta constatando algo de que se orgulha. "O que era suposto fazer? Bater-lhe?"

"Não! É claro que não. Mas pelo menos fingias não ter gostado tanto dos elogios da Italiana!"

"Uhm, a nossa vizinha do lado." O Harry pressiona os lábios. "Não pode ver um homem."

"A sério?" Pergunto embora saiba o que me vai dizer de seguida. 

"Não dormi com ela, se é isso que estás a pensar."

"Não foi o que pensei."

Foi exatamente o que pensei. 

"O William já." Acrescenta esperando uma reação que não tenho. 

"Eu só agradeci, Dani. O que há de errado nisso?"

"Ela estava a fazer-se a ti, idiota."

"Ok e onde é que pareci estar interessado?" 

A sua pergunta faz a Danielle cruzar os braços e parar por um momento para perceber que talvez tenha exagerado um pouco. "Não pareceste interessado… mas não gostei."

"Compreendo e peço desculpa se te deixei desconfortável…"

"Ele sabe exatamente o que está a fazer." O Harry estreita o olhar. 

"Está na hora de entrarmos." Olho-o quando sinto que estamos a mais. 

Ele assente e eu sigo-o para o interior o mais discretamente possível, deixando-os a sós. 

Paro junto à ilha no meio da cozinha e salto quando sinto uma palmada forte no rabo.

"O que foi isso?" 

Encaro-o enquanto se senta no banco alto ao meu lado e puxa a ponta do meu vestido para me encaixar entre as suas pernas. 

Olho para o exterior com receio de que a Danielle e o Taylor entrem a qualquer momento, mas esse não é um problema para ele. 

"Não estamos sozinhos em casa." Murmuro sentindo os seus lábios no meu pescoço e as suas mãos debaixo do meu vestido. 

"Não me importa." 

"Olá! Está alguém em casa?"

Afasto o meu rosto do seu e apesar da sua relutância dou um passo atrás e arranjo o vestido, virando-me a tempo de ver a Marie e o Max entrarem. 

"Bom dia."

"Bom dia. Só cá estão vocês?" Colocando o saco de papel de uma relojoaria junto a mim, a Marie franze as sobrancelhas.

"Estão todos a dormir. Beberam demasiado. O Taylor e a Danielle estão lá fora a resolver um problema causado por uma Italiana."

"Italiana? Que Italiana?" O Max passa por mim, roubando uma maçã da fruteira. 

"Eles foram correr e aparentemente a minha vizinha ficou interessada." O Harry levanta-se, caminhando pela cozinha na direção da saída. 

"Em qual deles?"

"No Taylor." Respondemos ao mesmo tempo enquanto ele deixa a divisão. "Foi um mal entendido. Eles já estão a resolver-se. Então, foram ao Shopping?"

"Sim. Eu precisava comprar uma coisa." Informa sem grandes detalhes. "Nada importante–"

"Bom dia."

"Bom dia para quem? Porque para ti não é, com certeza." O Max contorce o rosto, imitando a expressão da Emma.

"Para vocês." Murmura massajando as têmporas enquanto se senta à mesa. "Tenho o estômago às voltas."

"Queres que te faça um chá?" Ofereço. 

"Não te importas?"

"Não." Sacudo os ombros, virando-me no instante em que o casal regressa ao interior. "Está resolvido?"

"Para que fique claro, eu estava certa." A Danielle abre um sorriso. "Vou tomar um banho. Até já."

"Vais fazer o almoço, outra vez?" O Taylor aproxima-se para servir-se de um copo de água. 

"Não. Vou fazer um chá para a Emma."

Ele esboça uma leve careta quando analisa o seu estado. 

"Quanto ao almoço, não sei o que vamos fazer. Não sei se vão sair da cama sequer." 

"Sobrevivemos com umas sandes."

Preparo o chá para a Emma e assim como todos eles, arranjo algo para fazer enquanto a casa continua significativamente calma. 

Ando pelo jardim para uma, não tão pequena assim, caminhada. 

A propriedade é bem maior do que imaginei mas isso não me impede de concluir. 

Quando regresso, tudo continua quieto. Encontro a Marie na sala de estar, com o Max adormecido ao seu lado e o Harry a vaguear pelo andar de baixo antes de me dirigir para o meu quarto. 

Sento-me na cama e ligo a televisão, procurando algo interessante para ver quando batem à porta. 

"Sim?" Desvio o olhar. 

O Harry espreita o interior do quarto e entra, fechando a porta atrás de si. "Posso ficar aqui contigo?"

Assinto, arrastando-me na cama para que possa sentar-se ao meu lado. Subindo, deita-se de barriga para cima e descansa a cabeça nas minhas pernas. 

"O que estás a fazer?" Inquire num tom aborrecido, olhando para a televisão. "Friends?"

"Algum problema?"

"Não. Na verdade, é uma das minhas séries favoritas." Admite relaxando quando a minha mão massaja o seu cabelo. 

"Ainda bem. Caso contrário, teria que te expulsar do quarto." Brinco com uma risada suave. 

"Posso fazer-te algumas perguntas?" Inquire do nada, fazendo-me unir as sobrancelhas. 

"Depende."

"De?"

"Da minha capacidade de resposta."

"Não tens que responder se não quiseres." Murmura observando o teto. "Mas vou perguntar de qualquer forma. Tu, os teus amigos e a Emma... estavam todos na mesma instituição que o Tate?"

Franzo as sobrancelhas automaticamente. De onde tirou essa ideia? 

"Não. Nenhum de nós esteve numa instituição para além do Tate."

"Então todos têm família?"

"Sim." Continuo a passar as mãos pelo seu cabelo, vendo o seu olhar preso no teto do quarto, suponho que em busca de uma pergunta para fazer de seguida. "O Tate também tinha, algures…"

"Os pais dele abandonaram-no?"

"Sim." Balanço a cabeça para mim mesma. 

"Porquê?"

"Tinham problemas com drogas, roubos... esse tipo de coisas." Umedeço os lábios. "Porquê esse súbito interesse em nós?"

"Eu faço as perguntas." Repreende, procurando o meu olhar. "Como é que se conheceram? Todos vocês."

"Eu e o Zayn conhecemo-nos desde o infantário. A Emma sempre esteve lá porque éramos inseparáveis." Encolho os ombros. "Conheci o Taylor quando fomos colocados na mesma turma e ele era amigo do Max que era amigo do Tate... Não é uma história muito interessante." Acrescento desviando o olhar para a televisão. 

"Não quando deixas os detalhes de fora." Murmura prendendo a minha atenção novamente. "Não estás a ajudar-me, Anna. Eu não sei nada sobre ti."

"Também não sei muito sobre ti."

"Sabes que a minha mãe e a minha irmã morreram, conheces o meu pai e a Melissa, sabes que odeio o William e que não devias perder o teu tempo comigo mas estás aqui então, quero algo em troca."

"Uma coisa que deves saber sobre mim é que odeio falar sobre mim mesma."

"Eu já sei que é mau." Afastando-se do meu colo, senta-se de frente para mim certificando-se de que fica em frente à televisão para que não me possa distrair. "Mas, o quão mau pode ser exatamente?"

"Porque achas que é mau?" 

"Pela forma como ages e a forma como os teus amigos agem em relação a ti."

"E que forma é essa?"

"Eles preocupam-se imenso contigo e não gostas disso, no entanto, fazes o mesmo com eles."

"Porque são meus amigos. É óbvio que me preocupo com eles. Com quem mais me iria preocupar?"

"Com os teus pais? A tua família?" 

"Os meus avós morreram quando eu tinha seis anos, o pai da Emma morreu alguns anos depois. A única pessoa com quem preciso preocupar-me é a Emma e a mãe dela."

"E os teus pais? O resto da família?"

Sacudo os ombros. Essa é a resposta para ambas as perguntas. 

"Esclarecedor." Torcendo os lábios, volta a deitar a cabeça no meu colo. 

"Fico feliz por ter ajudado."

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