Se YoonGi visse sua caixa de mensagens, provavelmente estariam entupidas com perguntas minhas.
"YoonGi, você está bem?"
"Me desculpe por hoje à tarde"
"YoonGi, converse comigo, por favor"
"Está ocupado?"
"YoonGi?"
A cada cinco minutos, eu olhava minha caixa de mensagens e mandava mais uma, porém não havia nenhum sinal dele. Já era noite, e eu havia acabado de jantar. Comecei a ficar preocupada e a me sentir culpada. Bem que a Amber havia me avisado que não era para deixar o passado estragar o meu futuro, mas eu me deixei levar pela cabeça e...
Andei de um lado para o outro no quarto, empurrando meus cabelos para trás toda vez que uma mecha caía em meus olhos. Meu coração batia rápido, e eu sentia minha respiração acelerar a cada passo que eu dava; eu estava muito preocupada, e acima de tudo me sentindo mais culpada do que nunca. E se YoonGi não quisesse mais conversar comigo? E se ele estivesse me odiando naquele exato momento, me xingando de todos os nomes possíveis e impossíveis?
De repente, vi o meu celular vibrar na cama e no mesmo instante, já estava verificando quem era que me ligava.
— Ah, Graças a Deus... YoonGi? — eu perguntei.
— Não, aqui é o NamJoon. E pelo visto, você não sabe onde ele está, não é mesmo? — ele indagou.
— Espera... O quê? Como assim?
— Yoongi desapareceu — ele explicou. — Ele não voltou desde que foi te acompanhar até o portão daqui. Sabe o que aconteceu?
— Não, eu... Ele chamou um táxi para mim e me mandou entrar, eu o fiz e depois o carro seguiu comigo até o hotel — expliquei. — Me conta exatamente o que aconteceu, por favor — eu pedi.
— É melhor você vir aqui. Daqui a quinze minutos um carro preto vai estacionar na frente do seu hotel, entre nele, quem vai estar dirigindo é um dos nossos seguranças, tudo bem? — ele perguntou, por fim.
— Tudo bem — foi a única coisa que pensei em responder. Ele desligou o telefone e fui me arrumar rapidamente. Depois de treze minutos, desci pelo elevador e cheguei à recepção; saí do hotel e fiquei esperando a van preta aparecer. Eu estava tão ansiosa, que quando o carro chegou e fui entrar, acabei batendo a cabeça na porta. Que desastrada que sou, mas de qualquer jeito, eu merecia isso, merecia isso por ter feito aquilo com YoonGi, merecia isso e muito mais. Fechei a porta depois que entrei, e o segurança começou a dirigir em alta velocidade, sem me esperar colocar o cinto, fazendo com que eu batesse o rosto no assento da frente. Eu merecia isso também.
Depois de vinte minutos de agonia e suspense, eu finalmente cheguei no dormitório do grupo. Assim que entrei na sala, vi os seis reunidos num círculo, sentados no chão. Eles conversavam concentrados, e nem perceberam a minha entrada.
— O que aconteceu com o YoonGi? — perguntei. Todos olharam para mim, surpresos e aliviados ao me ver. NamJoon deu batidinhas no chão ao lado dele, e lá, eu me sentei.
— Como eu te expliquei por telefone, ele sumiu depois que foi com você até a entrada da casa — disse NamJoon, e fui assentindo, para que ele continuasse a falar: — Ele deixou o celular, e estamos aqui, discutindo sobre um lugar em que ele possa estar.
— Chegaram a alguma conclusão? — indaguei. Todos eles negaram com a cabeça. — E vocês vão ficar aí, sem fazer nada?
— Eu estava querendo procurar ele por qualquer canto, mas NamJoon insistiu em pensar num possível lugar em que ele possa estar! — JiMin exclamou. Eu sabia NamJoon era o líder, portanto todos tinham que obedecê-lo, gostando ou não.
— Vou procurá-lo — falei, me levantando.
— A pé? — ouvi a voz de Tae.
— Sim, já que não tenho veículo — respondi. Minha mão alcançava a maçaneta da porta...
— Não — NamJoon interrompeu meu ato com sua voz autoritária. — Devemos ficar aqui e pensar mais um pouco.
— Eu vou procurá-lo, NamJoon — insisti, virando-me para ele.
— Fique! — ele se levantou e se aproximou alguns passos de mim. Sua voz era bem autoritária.
— Escuta aqui — eu comecei, sentindo as lágrimas tomarem conta dos meus olhos —, você pode ser o líder deles, mas não é o meu. Enquanto vocês estão usando a cabeça aqui, YoonGi está lá fora, desprotegido e sozinho; essa não é uma situação para usar a cabeça, mas sim, o coração. Desculpe.
Eu me curvei perante Kim NamJoon, mostrando respeito a ele, e que eu não desvalorizava sua atitude tomada, mas que eu apenas tive uma atitude diferente, e iria fazê-la agora. Abri a porta e saí do dormitório, correndo para qualquer canto, procurando em todos os lugares, onde estaria Min YoonGi. De repente, um carro preto enorme começou a andar ao meu lado, e quando a janela foi abaixada, pude ver NamJoon dirigindo.
— Entre — ele disse, e eu não esperei nem mais um segundo; entrei na van. O resto dos membros do grupo estavam ali, e me encaravam, curiosos.
— Para onde vamos, NamJoon? — Jin perguntou.
— Eu ainda não sei, mas vamos encontrá-lo, eu prometo — ele assegurou, e eu pude sentir que, de alguma forma, era um peso para ele. Ele era o líder do grupo, e precisava deixar as coisas em ordem, ou pelo menos, ele tentava. Eu via que NamJoon se esforçava até os ossos para que tudo ocorresse bem, e isso me fez admirá-lo ainda mais. — Emma, você sabe de algum lugar em que ele possa estar?
Pensei.
— Não, eu não... ESPERE! — gritei, e ele parou aquela van preta gigante rapidamente, fazendo com que eu quase voasse para o assento da frente. — Vamos para a N Seul Tower.
— É sério? — escutei JiMin perguntar.
— JiMin hyung, o que foi? — JungKook perguntou.
— Teremos que ir ao teleférico? — ele perguntou para mim.
— Não. Deixem essa parte comigo — eu disse, e JiMin suspirou de alívio.
— Isso é bom — ele disse.
— Não fique assim, Jiminnie — JungKook acariciou seu cabelo. — Eu estou aqui, tudo bem?
JiMin sorriu enquanto NamJoon continuava a dirigir.
*
Quando chegamos àquele ponto turístico, eu não perdi tempo e desci da van, fechando rapidamente a porta e correndo para o teleférico. Eu não sabia se naquele momento, os fotógrafos já sabiam de tudo e já haviam publicado fotos comprometedoras na internet, mas eu não ligava para isso, minha vida... Eu iria me culpar pelo resto dos meus dias se alguma coisa acontecesse com YoonGi. A culpa era toda e inteiramente minha; eu estava desesperada por qualquer sinal dele, eu o ansiava, eu precisava dele urgentemente, precisava saber se ele estava bem, se havia se machucado, se...
Eu procurava um ser de cabelos azuis pela multidão, mas não encontrei nenhum. Me espremi entre as pessoas, trombando em algumas, tropeçando em outras, levando e dando cotoveladas não propositais... Como cabe tanta gente na Coreia?
Quando cheguei onde ficava o teleférico, incrivelmente, não havia ninguém lá. O veículo estava parado no topo da montanha, e dois seguranças estavam parados em frente a ele. Não havia ninguém por perto, a não ser uma fina neblina que começava a encobrir meus pés. O que era aquilo, coincidência ou... Destino?
Ofegante, me aproximei do teleférico, que ainda não havia ido fazer seu caminho para a N Seul Tower. Os seguranças se colocaram à frente da entrada, bloqueando a minha passagem.
— Me deixem entrar! — falei, tentando afastá-los, mas era a mesma coisa que abrir caminho por uma parede.
— Não temos permissão para isso — um deles anunciou. Estavam usando terno e gravata, calça e sapatos sociais. Os dois estavam com óculos escuros e com as mãos para trás do corpo, com o rosto impassível também.
— É o YoonGi, não é? — eu quis saber, mas eles não responderam. — YoonGi! YoonGi, por favor, me escuta! Eu preciso falar com você! YOONGI!
Desabei no chão, sentada, em frente aos seguranças. Meu abdômen tremia violentamente com os meus soluços, e as lágrimas tomaram conta dos meus olhos, embaçando a vista. Era tudo culpa minha. Eu não merecia aquilo, eu só fazia porcaria, não merecia o amor de YoonGi ou até mesmo, sua amizade. Era esse o meu destino quando envelhecesse, viver como uma velha carrancuda, tricotando meias e com a casa explodindo de gatos. Lambi os lábios, salgados das lágrimas, e fiquei ali. Eu precisava ao menos pedir desculpas a ele, e depois disso, ele não precisaria mais saber de mim.
— Deixem-na entrar — eu ouvi uma voz rouca. Os seguranças se moveram para o lado, me permitindo ver YoonGi, sentado no chão do teleférico, com a cabeça baixa, e seus fios azuis escorrendo por ela. Assim que ele levantou a cabeça, pude perceber que ele também estava chorando.
Aquilo me doeu mais do que facadas no meu peito, ou em qualquer lugar do meu corpo. Meu coração bateu mais rápido, e à mesma medida, eu sentia pequenas agulhinhas sendo enterradas nele. Eu não podia perder tempo.
Levantei-me dali o mais depressa possível, e quando cheguei até YoonGi, o abracei. Não sei como ele não caiu comigo, porque o impacto que nossos corpos tiveram foi muito forte. Eu estava aliviada demais, era como se algum peso estivesse saído das minhas costas; acariciei o cabelo sedoso dele, e o apertei mais contra mim. Yoongi teve a mesma reação de antes, quando ele me deixou na porta do hotel: ele demorou para me abraçar, mas me abraçou. Sentir seus braços em volta da minha cintura, foi como um cobertor quente me envolvendo numa noite fria: era aconchegante e seguro. Inalei seu cheiro, e suspirei, ignorando as lágrimas e permitindo que meu abdômen tremesse novamente.
— Te encontrei, Yoongi — sussurrei em seu ouvido. — Te encontrei.
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Tudo bem com vocês? O que acharam do capítulo? ^-^
Beijocas ♥