𝐶ℎ𝑎𝑠𝑖𝑛𝑔

By ssunflowerssun

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• Livro 1 da Saga Chasing • "Todos nós temos os nossos demónios. É isso que recebemos pelas escolhas que fize... More

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By ssunflowerssun

"Não vais tomar o pequeno-almoço?"

Faço uma pausa na preparação do meu pequeno-almoço, observando o Niall da mesma forma que ele me observa. Está sentado à minha frente há dez minutos e ainda não disse nada para além de um bom dia. 

"Vou tomar o pequeno-almoço no bar." Informa mordendo o lábio inferior, deixando várias reticências no ar. 

"Ok." Retomo a tarefa ciente do seu olhar em mim. Está a tornar-se ligeiramente incomodativo e espero que saiba disso. 

"Com a Emma." Acrescenta rapidamente. 

"Não precisavas dizer-me." Seguro uma risada. 

"Precisava sim. Ela é tua prima e sinto-me na obrigação de te dizer que as minhas intenções são as melhores."

Podia abraçá-lo só de ouvir as suas palavras. Não é possível alguém ser tão adorável. 

"Eu sei, confio em ti." Balanço a cabeça. "Mas se, eventualmente, a magoares," Pouso a faca da manteiga antes de continuar. Não quero que tenha um ataque cardíaco sem que termine de ouvir o meu aviso. 

"Tate. Eu sei." Afirma achando que era ele quem eu ia usar como arma. 

"Esquece o Tate. Vais ter que ajustar contas comigo." Aponto para mim mesma. "Sou bem pior que ele."

"És demasiado baixinha para conseguires ser assustadora." Desculpa-se com um encolher de ombros.

"É exatamente isso. As pessoas subestimam-me por causa da minha altura." 

"Com frequência?"

"Muita. Agora que já me disseste o que querias, podes ir. Não deixes a Emma à espera." 

"Antes disso… estás bem?"

"Ótima."

"Estás abatida, Anna. Não sei, não me pareces bem."

"Mas estou bem." Insisto sacudindo os ombros. 

"Mal dormes, estás pálida, quieta… ontem, o Harry disse que vocês se cruzaram no Shopping e jantaram juntos antes de vir para cá. Foi realmente isso que aconteceu?" 

"Não acreditas no Harry?" Testo num gesto brincalhão. "Sim, foi o que aconteceu."

"O Harry não costuma mentir." Diz sacudindo os ombros. "Mas também não costuma ir ao Shopping." 

"Cruzamo-nos, jantamos e eu aproveitei a boleia para casa." Utilizo a desculpa do Harry. "Mais nada. Não deixes a minha prima à espera."

Ponho a mesa só para mim e sento-me. Verifico o meu telemóvel enquanto saboreio a minha torrada mas a minha atenção acaba presa nas quatro caixas de medicamentos, todos eles diferentes e sem qualquer informação.  

Giro a cabeça na direção da porta e por alguma razão não me surpreende ver o Harry entrar. 

"O Niall acabou de sair." Informo na esperança de o ver virar as costas e ir embora. 

A cada situação constrangedora, fica mais difícil olhar para ele. Primeiro beijo-o, depois choro. O que acontecerá da próxima vez? Quem sabe, neste preciso momento. 

"Tão cedo? " Inquire franzindo as sobrancelhas. 

"Sim. Tinha coisas combinadas." Encolho os ombros, bebendo um pouco de sumo. 

"Como te sentes?" A porta fecha-se e vejo-me obrigada a observá-lo para ter a certeza de que não se trata de mais uma onda de sarcasmo. 

"Melhor. Obrigada por perguntares. " Pouso o olhar na medicação novamente. "Preciso da tua ajuda, na verdade. Eu não sei se devo seguir uma ordem ou horário–" 

"Antes do pequeno-almoço, almoço, jantar e antes de te deitares." Explica apontando para cada uma das caixas. 

"Obrigada."

"Preciso de um café." Suspira, passando para o outro lado do balcão para se servir. "E precisamos chegar a um consenso." Acrescenta ao sentar-se ao meu lado. 

"Um consenso?"

"Da primeira vez que nos vimos, divertimos-nos imenso." Relembra abrindo um sorriso travesso. "Na segunda, foste rude ao recusar fazer-me companhia e na terceira, sentiste-te mal e acabaste a chorar porque gritei contigo. Vai acontecer alguma coisa deste tipo sempre que nos virmos? Porque–"

"Eu não chorei porque gritaste comigo." Interrompo sentindo-me levemente envergonhada. "Não gosto de hospitais, ok? Deixam-me nervosa e gritar comigo não ajuda em nada."

"Gritei contigo porque a ida ao hospital podia ter sido evitada se fosses mais responsável."

"Podias muito bem tê-lo dito neste tom." Constato referindo-me ao tom descontraído com que acabou de falar. 

"Podias não ter ido ao hospital." Insiste sorrindo forçadamente. 

"Mas fui e já agradeci pela ajuda. Podemos seguir em frente e fingir que não aconteceu?" Sugiro dando o pequeno-almoço como terminado. 

"Não vais acabar de comer?" O seu olhar fixa-se no meu prato quando o levanto da mesa. 

"Não." Murmuro vendo-o prestes a retaliar, sendo interrompido pelo meu telemóvel. Pego no mesmo e atendo a chamada da Danielle. "Bom dia."

"Bom dia, Anna. Estás ocupada?"

"Não. Porque perguntas?"

"Estou no bar a sentir-me um pouco sozinha." Informa brincando com o assunto. "Queres vir ter comigo?"

"Vou já para ai." Aproximo-me do sofá e pego nas minhas coisas. "Até já." Despeço-me e termino a chamada, focando-me no Harry. "Vais ficar por aqui?"

"Sim."

"Ok. Até logo."

"Estão a ter uma espécie de encontro?" A Perrie franze as sobrancelhas, observando a minha prima e o Niall sem tentar ser discreta enquanto o faz. "A esta hora da manhã?"

"É original." A Danielle encolhe os ombros, soltando uma risada. "Falo por mim, nunca tive um encontro de manhã."

"Ninguém teve."

"Não é um encontro. Estão só a tomar o pequeno-almoço juntos."

"Já viste a forma como olham um para o outro?" Erguendo a sobrancelha, a Perrie estala a língua. "É um encontro, Anna. " Insiste desviando a sua atenção para nós. "Estás bem? Ontem, quando te foste embora estavas... estranha."

"Continuas pálida."

"Eu sou pálida, Danielle."

"Eu sei mas nota-se perfeitamente que não estás bem."

"Queres comer alguma coisa?"

"Não. Tomei o pequeno-almoço antes de vir para aqui. Estou bem, não se preocupem." Sorrio em agradecimento pela preocupação de ambas. 

"Precisamos de alguma coisa para nos distrairmos." Após alguns minutos em silêncio, a Perrie descansa o rosto entre as mãos e suspira. "Eu preciso urgentemente de me distrair."

"O que queres fazer?"

"Podíamos ir a uma festa." Sugere fazendo um esforço para parecer animada. 

"Que festa?"

"É sexta-feira, Danielle. Com certeza haverá uma festa no armazém."

"Estás com cabeça para ir a uma?"

"Não vou ficar fechada no quarto a chorar enquanto eles os dois andam por aí como se nada tivesse acontecido. Preciso seguir em frente."

"Já falaste com eles?" Mordo o lábio, sem saber se devo tocar no assunto. "Com o Zayn e a Marie?"

"Não falei, nem vou falar." Nega imediatamente. "Não quero sequer olhar para a cara deles. O que é que me dizem? Vamos à festa ou não?"

Acabo por aceitar os planos da Perrie para esta noite. Ela precisa distrair-se e eu deixei-me levar pela onda arrastando a Danielle comigo. 

Não presto muita atenção às aulas durante a manhã. O Richard não fala de outra coisa que não seja o rapaz que conheceu na fila para as fotocópias e eu dou por mim a pensar no Zayn e no que andará a fazer. 

Não nos falamos desde o dia em que disse a todo o grupo o que aconteceu entre ele e a Marie. O Max disse-me que ele se distanciou um pouco deles e que tem andado com outras companhias, que penso incluírem o Harry. Vi-os conversar no bar ontem. 

"A Marie vem almoçar connosco. Tudo bem com vocês?"

"Sim." Murmuro ainda refém dos meus pensamentos. 

Se há algo que não existe entre nós, é espaço. Nós não sabemos separar-nos uns dos outros e ver o Zayn faze-lo é estranho. 

"Claro." A Emma concorda comigo antes de ficarmos em silêncio novamente. 

Pensei que teria novidades para me contar sobre o Niall mas a sua mente parece estar em outro lugar. Não me parece muito animada. 

"Eu posso almoçar com ela em outra mesa."

"O quê?" Desperto, vendo o Richard encolher os ombros. "Não. A Marie pode almoçar connosco."

"Vocês não parecem muito animadas com a ideia, então…"

"Não é pela Marie. Desculpa, estou só um pouco distraída com os meus pensamentos."

"E eu estou preocupada com algo." A Emma sorri, pedindo desculpa pelo nosso comportamento. 

"Com o quê?"

"Com o Zayn, contigo…" Declara pressionando levemente os lábios numa linha fina. "A lista não termina."

"Comigo?" Aponto para mim mesma. "Porquê?"

"Ontem, saíste de repente e não foste as aulas durante a tarde." Declara carrancuda. "Como é que sei? O Tate tem olhos e ouvidos por toda a Universidade." Informa cruzando os braços em cima da mesa. "O que andaste a fazer, Anna?"

"Não tens nada haver com isso, Emma." Franzo as sobrancelhas abrindo um sorriso. "Andas a controlar-me?"

"Não." Ela balança a cabeça negativamente. "Sabes que não o faço. Mas não me pareces muito bem e estou preocupada."

"És a quinta pessoa que me diz isso hoje mas estou bem. Só um pouco cansada."

"Tens-te alimentado bem?" Inquire ignorando a chegada da Marie. 

"Almoçamos e jantamos juntas praticamente todos os dias." Aponto desviando o olhar para a Marie à espera que diga alguma coisa que desvie as atenções para outra pessoa que não eu. "Olá, Marie. Tudo bem?" Inquiro mesmo vendo na sua expressão que não está à vontade para falar. 

"Olá." Murmura olhando para ambas. "A destruidora de relacionamentos chegou." Anuncia com sarcasmo. 

"Nós não achámos que sejas isso, Marie." A Emma suspira. "Aconteceu, é uma situação chata mas não foste a única que errou. Não eras tu que estavas num relacionamento."

A Marie não consegue disfarçar a surpresa ao ouvir as palavras da Emma.  

"Vês? Nem toda a gente te odeia." O Richard deita a cabeça no seu ombro e abre um sorriso. 

"Não disse que alguém me odiava. Bom, a Perrie certamente odeia." Afirma suspirando. "Mas sei que o que fiz não está certo, estando bêbada ou não."

"A culpa é do Zayn por ser... ele." O Richard balança as sobrancelhas sugestivamente. "Quem consegue resistir?" 

"Eu!" A Emma e eu dizemos ao mesmo tempo, causando gargalhadas entre nós.  

"Mas, apesar de tudo, espero que tenha valido a pena. Sempre ouvi dizer que o Zayn é bom na cama." A Emma solta uma gargalhada, lembrando-se certamente de uma das antigas amigas do Zayn que tinha o hábito de nos dar relatórios completos sobre o que acontecia entre eles. 

"É?"

"Sim, é." A Marie responde à dúvida do Richard. 

"Quão bom?" 

"Prefiro manter os detalhes para mim."

"Obrigada." Agradeço desviando o olhar para ver quem a Emma cumprimenta com um sorriso. O Harry cumprimenta-nos com um sorriso inocente e simpático enquanto passa pela nossa mesa, caminhando pelo bar como se o mundo lhe pertencesse.

"Vocês conhecem o Harry?" A Marie parece muito interessada no assunto. 

"Sim. Ele é amigo do Niall, o meu companheiro de apartamento. Também o conheces?"

"Quem não conhece?" Declara como se fosse óbvio. "Já olhaste bem para ele?"

Sim, mais vezes do que pretendia.

"É meio idiota mas isso não parece afastar as pessoas dele."

"Entendo porquê." A Emma assente em concordância. "Mas achei-o simpático."

"Achas toda a gente simpática, Emma." Constato. 

"Uma de nós tem que o fazer!"


"Vou buscar bebidas!"

A Perrie abandona-nos assim que pisamos o interior do armazém. A festa assemelha-se a todas as outras, música alta, corpos suados, fumo e álcool. 

E eu não devia estar aqui. 

"Precisamos ficar de olho nela." A Danielle aproxima-se até ficar entre mim e a Emma, colocando as mãos nos nossos ombros de forma protetora. 

"Sim. Ela vai beber e pelo que sei, o Zayn e a Marie estão cá." A Emma faz-se ouvir. "Não quero confusões."

"Juntos?"

"Não!" Ela balança a cabeça antes do regresso da Perrie com as bebidas. 

Aceito a minha, embora não esteja com disposição para beber e sigo-as até aos já habituais sofás longe da confusão.  

"Vamos dançar?" Após largar os seus pertences ao meu lado, a loira abre um sorriso expectante, esperando que uma de nós lhe faça companhia. 

"Vamos a isso." A Danielle oferece-se para dançar com ela e eu sento-me, verificando a bebida da Emma em busca de alguma coisa que me agrade. 

"Não vais beber nada?" A Emma coloca o telemóvel em cima da mesa e foca a sua atenção em mim. "É impressão minha ou viemos para tomar conta da Perrie?"

"Viemos fazer-lhe companhia. Eu não tomo conta de ninguém."

"Ok." Concorda encolhendo ligeiramente os ombros. "Eu não quis trazer o assunto para a mesa durante o jantar porque estávamos justamente a falar sobre ele e sobre o quão não tão boa pessoa ele é, mas como é que estão as coisas entre ti e o Harry?"

Inclino a cabeça. Uma de nós está muito confusa neste momento e não sou eu. 

"Que coisas, Emma?"

"O Niall disse-me que jantaram juntos ontem e que chegaste a casa estranha. Tens andado muito estranha." Aponta semicerrando o olhar. "Há alguma coisa que me queiras contar, Anna Campbell?"

"Sim, há. Não há coisas a acontecer entre mim e o Harry. Encontramos-nos por acaso no Shopping, jantamos juntos e ele deu-me boleia para cá."

"Faltas-te às aulas para ir ao Shopping? " Ela está novamente confusa e desta vez com razão. 

É por isto que odeio mentiras. As coisas deixam de fazer sentido muito rapidamente.

"Tive que ir fazer umas coisas." Explico sem muitos pormenores, balançando a cabeça. "O que importa é saberes que não há nada entre mim e o Harry. Mal o conheço."

"Não fiques na defensiva, Anna. Só perguntei porque vocês beijaram-se e nunca se sabe."

"Não estou na defensiva, apenas não quero que fiques com uma ideia errada. Não tenho nada contra ele, tirando o facto de que é um pouco irritante, mas não aconteceu mais nada para além daquele beijo na casa de banho."

"Porque ele não quis ou porque tu não quiseste?"

"Porque não." Encolho os ombros. "O que aconteceu na casa de banho aconteceu porque… não sei. Ele provavelmente estava bêbedo ou aborrecido."

"Não fales como se fosses uma escapatória para o seu aborrecimento. És uma mulher deslumbrante e bêbedo ou não, tenho a certeza de que reparou nisso." 

"O que estão duas mulheres bonitas como vocês a fazer sozinhas?" 

"Vejam só, que simpático que ele está hoje." A Emma sorri perante a abordagem do Taylor. 

"Sou sempre simpático." Estabelece sentando-se ao meu lado. "Não querem vir para perto de nós? O Tate está de mau humor e já não o suporto."

"Quando é que ele não está?" O olhar da Emma investiga as pessoas que o acompanham, sendo uma delas a Marie. "Agradeço o convite mas estamos com a Perrie."

"E então? O problema é entre elas as duas, não nós." 

"Não acho seguro juntar as duas."

"Anna?" O moreno olha-me em busca da minha opinião. 

"Concordo contigo e concordo com a Emma. Podes mandar o Tate para aqui, se quiseres. Eu cuido dele." Ofereço erguendo o olhar. "Boa noite, Niall."

"Boa noite. Não sabias que vinhas." Diz, aproximando-se da mesa para que possamos ouvir-nos de forma apropriada. 

"Viemos fazer companhia a uma amiga."

"Não parecem estar a divertir-se." Constata com um sorriso. 

"Não estamos." A Emma balança a cabeça. "Queres fazer-nos companhia?"

"Estou com alguns amigos." Informa olhando para trás, em busca deles. "Mas tenho tempo para uma bebida." Afirma olhando para os dois copos em cima da mesa. "Têm preferência?"

"Oh, não." Balanço a cabeça negativamente. "Estou bem, obrigada."

"Eu também." O Taylor balança a cabeça, abrindo um sorriso. "Obrigado." 

"Eu vou aceitar." A Emma abandona o seu lugar ao meu lado. "Volto já."

"Não tenho pressa." Garanto pouco antes de ambos se afastarem. 

"Perdi alguma coisa?" O Taylor olha para mim, que me afundo no sofá e sorrio. 

"Nada confirmado."

"E vais passar a noite sentada e sozinha?" Os seus lábios formam uma linha reta. "Arranjaste-te toda para isto?" 

"Podia ter vindo de pijama. Não ia sair deste sofá de qualquer forma."

"Sim, mas não estás de pijama. Estás com um dos teus vestidos favoritos e demasiado bonita para ficar sentada a noite inteira." 

"Tu também estás muito bonito. Demasiado bonito para estares a perder o teu tempo comigo, Taylor." Inspiro quando o vejo fazer o mesmo. "Vai divertir-te. Eu fico bem."

"Porque tens que ser sempre tão teimosa?" Refila arregalando os olhos. "Não vou deixar-te aqui sozinha."

"Não estou sozinha. A Emma vai voltar daqui a nada." 

"Perdi a Perrie." A Danielle aborda-nos com uma expressão alarmada, como se tivesse cometido um crime. "Onde está a Emma?"

"Está com o Niall." 

"Ok," Balançando a cabeça, passa as mãos pelo cabelo, afastando-o do rosto. "O que fazemos quanto à Perrie?"

"Vêm para a nossa mesa." O moreno ao meu lado sugere. "Não há Perrie, não há problema"  

Acabo por ceder ao pedido do Taylor e decido juntar-me aos meus amigos. Envio uma mensagem à Emma para avisá-la da mudança de planos e que perdemos a Perrie antes de prestar toda a minha atenção à conversa. 

"Não estás a divertir-te, Anna?"

"Parece-te que está?" O Tate responde por mim, fazendo a Marie erguer ambas as sobrancelhas perante o seu tom. "E a culpa é de quem?" 

"Minha?" Inquire com um pequeno sorriso. 

"Sim. Tua e do idiota que não consegue manter o brinquedo dentro das calças. É por vossa culpa que está cada um para seu lado." 

"Eu escolhi vir com a Perrie, Tate. Calma." Murmuro pedindo que corte na atitude. 

"Só estou a dizer o que toda a gente pensa." Declara encolhendo os ombros com total desinteresse. 

"Agradecemos a honestidade." A Marie sorri mostrando que não se ofendeu nem um pouco com as suas palavras. "És sempre tão... desagradável porque faz parte de ti ou é só um mecanismo de defesa?"

"Eu gosto de ser desagradável." Afirma com um sorriso venenoso. 

"Ele não sabe ser de outra forma." Acrescenta o Max. "Nem que tente."

"Eu não acho que gostes. Acho que és assim para manteres as pessoas afastadas de ti."

"Não vim à festa para ouvir merdas sobre psicologia. Já me chega a Emma." Aborrecido, o Tate pousa a sua bebida e levanta-se. "Vou divertir-me para outro lado."

"Alguém ficou ofendido." A Marie volta a sorrir após o ver afastar-se. "Não era a minha intenção."

"Isto passa-lhe." Garante o Taylor, encolhendo ligeiramente os ombros. "Ele não gosta que lhe façam observações ou perguntas."

"Ele é estranho."

Discordo das palavras do Richard mas não chego a dizê-lo em voz alta. O Tate não dá explicações a ninguém e não cabe a mim fazê-lo. A história pertence-lhe, assim como a explicação e a razão pela qual é diferente, tão reservado e duro com as pessoas. 

"Não, ele não é estranho." A Marie acaba por discordar. "Pelo contrário, acho que é uma pessoa muito interessante até."

Depois de algum tempo sem sinal da Perrie e sem o regresso da Emma ou do Tate decido ir à procura de pelo menos um deles mas acabo na casa de banho mais uma vez apenas para me refrescar um pouco. 

E mais uma vez, o Harry cruza o meu caminho. Mas desta vez, não está sozinho. 

Ele deixa a cabine e ainda dentro, consigo ver através do espelho uma rapariga a tentar desesperadamente recompor-se enquanto ele sai da casa de banho sem mesmo esperar por ela. Que cavalheiro. 

"Os homens são uns idiotas." A rapariga reclama, suponho que para mim porque não está mais ninguém aqui. 

"Sim, são." 

Não sei ao que se refere mas só posso concordar. 

"Não todos, no entanto." Acrescento.  

"Os que queremos sempre são." 

"São porque sabem que os queremos."

"É, faz sentido." Concorda, chegando-se à frente para retocar o seu batom. 

"Ainda bem que te encontro." O Tate entra na casa de banho de cigarro na boca, um copo com uma bebida escura na outra mão. "Quero ir embora mas toda a gente insiste em ficar."

"Eu não." 

"Eu sei. Por isso é que andava à tua procura. Vens?" 

"Sim, por favor." Quase imploro, seguindo-o para fora da casa de banho e em direção ao mar de corpos. "Eu conduzo." 

"Porquê?" 

"Porque bebeste e eu não."

"Ainda assim, conduzo melhor do que tu." Rebate segurando a minha mão. 

"Chaves, Tate." 

"Era uma piada."

"Não é uma piada quando é verdade." Digo inspirando o ar fresco do exterior assim que piso o chão de terra batida. "E tu não sabes fazer piadas."

"Amo-te mas não és a melhor a conduzir, Nana." Segreda puxando-me para um abraço desajeitado. 

"Eu também te amo mas não vais conduzir bêbedo." 

"Não devíamos ter vindo." Resmunga entregando-me as chaves assim que chegamos ao seu carro. "Esta noite foi uma perda de tempo."

"Preciso concordar." Assinto saltando para o interior do carro. 

"Não te divertiste?" 

"Claro que não, Tate. Quando me divirto?" A pergunta é retórica, ainda assim a resposta é nunca. 

Não sou a pessoa que sabe divertir-se, tal e qual ele. 

"Perdemos a Perrie, o Zayn nem se aproxima de nós… pelo menos, ainda bebes para fazer o tempo passar. Eu nem isso." 

"O Zayn não se aproxima por causa da Perrie ou da Marie. Seja quem for." Refila esfregando o rosto. "Isto tudo começou porque decidiram que tínhamos que ser amigos–"

"Não foi bem assim."

"Eles nem sequer são… não precisamos deles." Constata do seu jeito assertivo. "O Richard é irritante, a Marie é um poço de problemas que acha que me conhece."

"A Marie não é um poço de problemas. Cometeu um erro, assim como o Zayn. E o Richard não é irritante. É uma pessoa positiva e nós devíamos ser mais como ele." 

"Foi a outra armada em psicóloga que te meteu isso na cabeça?" Murmura com descrença. "Não somos como eles, Anna." 

"Não sabes isso." Contraponho conduzindo lentamente pelo parque de estacionamento em busca de um lugar. "Todos temos problemas."

"Nós somos problemas. Não os temos."  

"Sim, e é por isso que afastamos as pessoas. Especialmente tu."

"Eu não afasto as pessoas. Mantenho uma distância de segurança." Diz antes de abrir a porta do carro, demorando o seu tempo a sair. 

"Coisas completamente diferentes." Digo com sarcasmo enquanto tranco o carro e me aproximo dele, entrelaçando os nossos braços.

"Vou levar-te ao apartamento. É tarde e não é seguro andares sozinha. Sem discussão."

"Vês? És um bom amigo. É uma pena que não mostres essa parte de ti a mais ninguém além de mim."

"Que merda é aquela que a Emma sempre diz? Sobre expectativas? Não interessa. É mais fácil ser do jeito que sou." Desculpa-se encolhendo os ombros. "E tu sabes melhor do que ninguém como sou então nunca vais ser apanhada de surpresa. Não preciso de mais amigos, tenho-vos a vocês que são a minha família. Isso chega-me."

Suspiro, frustrada porque não posso discordar. Penso exatamente da mesma forma. 

"Tu entendes-me." Continua, acredito que incentivado pelo álcool porque num dia normal, teria que ser eu a incentivá-lo. "Eu não preciso explicar-te nada porque sei que me entendes sem que precise falar. Posso ser um idiota contigo e ainda assim vais entender porque sei que por vezes sentes as mesmas coisas que eu."

"Não és um idiota, Tate."

"Sou."

"Se fosses um idiota, não éramos amigos. Sabes disso. Queres entrar?" Convido assim que chegámos ao prédio. 

Está bêbedo, ligeiramente fora de si e aborrecido com toda a conversa. Não me sinto bem em deixá-lo ir embora sem que antes fique um pouco sóbrio. 

"Eu faço café." Ofereço com um sorriso. 

"Vês? Não preciso de mais ninguém." Afirma com um sorriso, aceitando o meu convite. 

Tiro o casaco e os sapatos assim que entro no ambiente quente de casa. Verifico se a porta do quarto do Niall está fechada mas vejo-a aberta, o que significa que ainda não chegou. 

"O Niall ainda não chegou." Volto para a sala, vendo-o observar a mesma com atenção. 

"Alguém anda a viver bem." Comenta pressionando os lábios num gesto impressionado. 

"Pelo menos tenho uma porta no quarto." Constato fazendo uma piada de mau gosto que apenas com ele pode funcionar.

"A sério? Estou impressionado. Qual é a sensação?"

"Fantástica."

"Então e o Neal? Como se está a portar?"

"O Niall é muito simpático." Confirmo enfatizando o seu nome. 

"Estive com ele na festa." Informa. "Vai ser ainda mais simpático a partir de agora."  

"O que lhe disseste?" Ergo o olhar, quase despejando o café no lugar errado. 

"Estou com fome. Tens alguma coisa que se coma?" Desconversa. 

"Tate."

"Apontei-lhe uma arma e disse-lhe que a uso se fizer algo estúpido contigo ou com a Emma." Diz levantando-se para investigar por si mesmo o que há para comer. "O que é que se passa entre ele e a Emma, exatamente?" 

"Estão a conhecer-se, até onde sei."

"Estou a ver que vamos ter que integrar a loira no grupo." Resmunga revirando os olhos para si mesmo. "Não vou com a cara dele."

"Tate!" Solto uma gargalhada, dando-lhe uma leve cotovelada. "Não sejas assim. O Niall é super boa pessoa e se acontecer alguma coisa entre eles, vou ficar muito feliz. A Emma vai estar bem entregue."

"Bem precisa. Depois do Ryan–"

"Bryan."

"Ryan." Insiste com um olhar duvidoso.

"Ryan? Não sei, não soa bem. É Bryan."

"Monte de merda. Encaixa melhor. Não vai ser difícil para a loira superar esse, vamos ser honestos."

"Não vais ter que te preocupar com o Niall nesse sentido."

"Espero que não."

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