[Louis' POV]
Harry sempre está na minha mente, e muitas vezes eu desejo que ele não estivesse. Ele é simplesmente tão perfeito, até mesmo suas falhas são maravilhosas, mesmo que às vezes deixe tudo um pouco mais complicado. Como, por exemplo, sua falta de atenção e inocência, a maneira como ele não enxerga o mal nas pessoas. Mas isso também significa que ele consegue enxergar o bom no meio de todo o mal do mundo.
Algumas vezes chego a me perguntar o que ele viu em Ty, eu não acho que ele seja um cara malvado, mas eu não consigo gostar dele. Eu nunca nem conversei com ele então não posso dizer muitas coisas. Mas, eu o vejo por aí e acho que ele é de outro país, provavelmente da Austrália ou sei lá.
Eu me pergunto como Harry não consegue enxergar que eu o amo mais do que Ty jamais conseguiria.
Isso tudo é minha culpa também, eu continuo mentindo e dizendo o quanto ele e Ty são um ótimo casal. Eu não entendo por quê continuar dizendo isso, mas talvez seja para vê-lo feliz e, bem, ele gosta mesmo do garoto.
E às vezes é necessário arriscar sua própria felicidade pelas pessoas que nós amamos.
"Ei cara, você 'tá bem?" O gerente perguntou, me ajudando a colocar os filmes nas prateleiras corretas. Seu nome é Ed, ele é um pouco pequeno comparado à mim mas são poucos centímetros. Ele tem um cabelo irado laranja fogoso, bem avermelhado e, é, ele é adorável. Obviamente, ele é mais velho mas eu não sei sua idade exata.
Eu o olhei, dando de ombros e disse tristemente, "Só um pouco solitário."
"Tenho certeza que todos já estivemos solitários em algum momento de nossas vidas, especialmente no ensino médio," Ele disse, sempre sendo otimista e pensando no bom da vida com suas palavras poéticas.
Eu admiro sua atitude, ele não é nada parecido comigo. Enquanto eu choramingo sobre tudo e odeio a vida, ele está constantemente feliz com pequenas coisas como quando viu uma garota pedindo sua namorada em casamento com um anel de doce, o que eu tive de concordar que foi fofo.
Eu complementei, "Yeah, bem, tem esse garoto que eu gosto, ele usa maquiagem e saias, mas eu fui estúpido e disse que deveríamos continuar amigos para que eu não perdesse sua amizade e agora ele está namorando um cara estrangeiro qualquer e depois disso que eu estou o perdendo mesmo. Sem contar que eles estão sempre de mimimi nos corredores, e dói para caralho os ver se beijando porque eu que deveria estar o beijando e não um atleta de meia tigela, infelizmente bem bonito, que não gosta de Harry o tanto quanto eu."
Uma expressão de choque estava estampada no rosto de Ed, sem palavras depois de eu ter desabafado e colocado tudo para fora. Mordi meu piercing, apertando o filme em minhas mãos e fechei meus olhos à procura de calma. Depois de alguns segundos, balancei a cabeça e saí dali indo fazer alguma outra coisa, sem querer conversar mais sobre isso.
Inspira, um, expira, dois.
Depois de me acalmar, fui arrumar alguns CDs e tentei ignorar a dor no meu peito quando imagens de Ty e Harry apareceram em minha mente. As imagens não param, continuam repetindo.
O pensamento de que Ty pode beijar Harry quando e onde quiser, pode tocá-lo e até mesmo ter sexo com o mesmo enquanto eu estou aqui, preso na friendzone só porque fiquei com medo de dar um passo à frente.
Enquanto estava andando pela parte dos DVDs musicais, eu escutei um garoto com sotaque americano dizer, "Yeah, ele delira muito. Quando que a aposta vai acabar, cara? É muito irritante ter que ficar com ele toda hora, a única coisa boa é que ele pelo menos beija bem."
"Só vai acabar quando vocês transarem," Outro garoto disse e quando eu me virei, os dois já haviam ido embora antes que eu pudesse ver quem eram os idiotas.
Uma carranca cobriu meu rosto, eu odeio quando garotos fazem esse tipo de coisa. Não é justo mexer com o sentimento dos outros, especialmente quando se é tão difícil achar alguém que se possa realmente confiar.
Garotos podem ser bem nojentos às vezes, assim como garotas também. Talvez seja por isso que eu odeio pessoas em geral.
Exceto Harry, claro.
Fiquei parado olhando para o local onde aquelas pessoas estavam, me perguntando quem eram e suspirando tristemente quando percebi que isso estava mesmo acontecendo e que alguém estava sendo usado por sexo e terá um coração quebrado em breve, não é justo.
Seja quem for, espero que perceba o idiota com quem está lidando antes que seja tarde demais.
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Não demorou muito até que o horário do meu trabalho acabasse e eu pudesse sair da loja. Eu resmunguei quando percebi que ainda estava usando meu uniforme, fica horrível em mim e eu odeio ter de usá-lo. Especialmente por ter que tirar meus piercings, menos o do lábio que eu deixo para não ficar tão limpo.
"Roupa legal."
Eu dei um pulo, me virando e ri ao ver Zayn. Ele é o primeiro 'amigo' que eu tenho, já que considero Harry mais. Zayn e eu temos conversado mais depois de termos almoçado juntos, eu o julguei muito e acabei batendo a cara no chão, ele é muito engraçado e dócil, um pouco amostrado e tal mas não está nem aí para a sexualidade das pessoas e não se importa com meu jeito de ser e nem com o de Harry, ele aceita todos do jeito que são e acabou ganhando todo o meu respeito.
Eu bufei, o olhando, "Cala a boca, é meu uniforme do trabalho."
"Claro, já que você diz," Ele riu e eu fiz o mesmo enquanto começávamos a andar. "Você quer sair comigo? Já que nós dois estamos, você sabe, solitários e essa merda toda."
Eu o olhei com uma sobrancelha erguida, "Você quer dizer tipo um encontro?"
"Oh, definitivamente não! Eca, nojento," Seu rosto se formou em uma expressão de nojo.
"Não sei se devo ficar ofendido ou aliviado," Eu disse confuso, colocando as mãos nos bolsos com ele andando ao meu lado e rindo.
Zayn explicou, "Desculpe, eu só gosto de garotas. Muito. E mais, você não faz meu tipo, se eu fosse gay eu não iria querer um twink. Há, eu disse twink. Isso foi estranho."
"Você é estranho. Mas, claro, podemos sair," Eu dei de ombros, indo até meu carro sabendo que ele não dirige e provavelmente veio andando.
Nós decidimos ir para sua casa, considerando que ele mora sozinho e eu não perguntei o motivo, não é da minha conta. O endereço é no lado perigoso da cidade e eu tentei não julgar, nem todos podem ser ricos e viver em uma casa grande como eu ou Harry vivemos.
Quando entramos, eu segurei a vontade de franzir a testa ao ver quão pequeno é seu apartamento com um tapete e sofá torto.
Zayn viu minha expressão e corou um pouco, "Desculpe pelo... Tudo."
"Não, tudo bem. Eu gosto da sua... mesa," Eu mexi a mão na direção da pequena mesa de madeira, ignorando os livros embaixo de uma das pernas quebradas.
Nós ficamos conversando e rindo por um tempo. Eu nunca fiquei assim com um cara antes, como amigos, então é tudo muito novo para mim e eu estava gostando de ficar conversando sobre coisas estúpidas como futebol e filmes que odiamos, nos assustando por sempre concordar nas coisas.
Quando já estávamos ficando em silêncio, Zayn perguntou, "Então, como vai a vida amorosa?"
"Er, um pouco paralisada. E você? Alguma garota à vista?" Eu o cutuquei com o cotovelo dando um sorrisinho.
Para minha surpresa, seu rosto ficou vermelho e admitiu timidamente, "Tem uma garota, mas acho que ela está tomada. É a, uh, Perrie. Você sabe, a que está em uma peça com Liam Payne. Mas, eu acho que eles estão juntos, então..."
Eu quase dei uma gargalhada mas tentei me segurar e disse, "Fala sério, cara, Liam é muito gay. Ou pelo menos bissexual, ele está tendo alguma coisa com Niall Horan, não tá na cara? Então, ela pode ser toda sua e eu estou um pouco surpreso por você gostar de alguém. Quero dizer, pensei que não fosse dessa de namorar."
"É tudo uma máscara, eu tenho sentimentos. Tenho essa imagem de badboy para as pessoas não tentarem se intrometer comigo," Ele explicou, e eu assenti porque sou exatamente a mesma coisa, mas eu realmente gosto do jeito que me visto e definitivamente não é uma 'máscara' para mim.
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Minha mãe não ficou nada feliz quando eu disse que sou amigo de Zayn. Aparentemente, ela já o viu por aí e assumiu que eu vou "piorar ainda mais" se ficar andando com ele, mas claro que eu expliquei do meu jeito muito carinhoso de ser que eu não mudo por pessoas e que vou sempre continuar sendo o que sou e ela disse que odeia a maneira como estou agindo.
Para variar, acabamos em uma grande briga e eu bati minha porta com força enquanto ela gritava para que eu parasse de trancar a porta enquanto minhas irmãs se escondiam em seus quartos ou assistiam à cena, se divertindo.
E agora, cá estou eu em um dos corredores da escola assistindo Harry sorrir para algo que Ty disse. Ele estava usando uma cropped azul apertada e um casaco vermelho que fica lindo em seu corpo juntamente com skinny jeans, botas e flores em seus cabelos.
Eu o amo tanto, esse sendo o motivo pelo qual eu tive de dizer não para o nosso encontro. Mas não foi justo deixa-lo tão triste e agora o carma está dando tapas na minha cabeça por ter feito isso.
E, do nada, Ty pressionou seus lábios nos de Harry e ele sorriu, fazendo meus olhos se encherem de água e eu queria olhar para outro lugar mas não conseguia. Ele está tão feliz enquanto eu estou com o coração partido em pedacinhos. Quando eles separaram os lábios uns dos outros, Harry deu uma risadinha e eu pisquei meus olhos rapidamente porque chorar é pra fracotes e eu sou mais forte que isso.
Fui até meu armário, mudando os livros e vi Harry passando direto até seu armário, sem nem olhar para mim.
Eu suspirei, decidindo que deveria ir perguntar se ele quer sair comigo. Talvez possamos assistir a um filme, eu posso tentar provar que sou o melhor para ele.
Eu respirei fundo, fechando meu armário e caminhei até ele tentando me mostrar confiante. Ele me olhou, sorrindo, quando eu disse, "Oi, cupcake."
"Olá, bolinho," Ele riu, sendo um bobo como sempre e eu sorri, revirando os olhos.
"Você quer sair depois da escola? Podemos ir ao cinema."
"Ah, eu, hum... Ty vai até minha casa hoje, ele quer passar mais tempo comigo," Harry disse com a testa franzida, culpa evidente em sua voz. Eu assenti tristemente, mas ele disse, "Eu posso cancelar se você quiser?"
"Não, tudo bem. Divirta-se." Eu menti, dando um sorriso falso.
E antes que ele pudesse responder, eu saí porque é assim que eu lido com as coisas. Eu ando para longe dos meus problemas, eu minto para fazer os outros felizes.
Eu faço coisas estúpidas, na esperança de ajudar alguém no processo, porque eu sou mesmo um idiota apaixonado e às vezes eu desejo com todas as minhas forças contar a verdade mas, é claro, isso nunca acontece.
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AMO VOCÊS, ATÉ A PRÓXIMA!!