Quando estávamos um pouco mais longe, na escada, aperto um pouco a mão de Jacob para chamar a sua atenção.
— Você está com ciúmes dele, não é? Relaxa, Jake. Noah não tem interesse na Bella. — digo, tentando o tranquilizar.
— E em você? — perguntou, fazendo eu franzir o cenho. Por que ele estava com tanta raiva assim do garoto?
— Somos amigos, mas o Noah é legal. Por que seria ruim ele ter interesse em mim? O que ele fez para você ter raiva dele? — pergunto, confusa.
— Nada, Liz. — respondeu, enquanto inspirava pela boca e desviava o olhar para o lado com um leve toque de impaciência, ele sempre fazia isso quando queria se controlar. — Só não confio nele.
— Então confie em mim — peço, parando de andar e fazendo-o olhar diretamente em meus olhos. — Você sabe que não sou amiga de gente em quem não confio e o Noah é realmente importante para mim, Jake — afirmo, segurando suas mãos, mas ele as solta como se tivesse se magoado com o que eu disse.
Suspiro, desviando o olhar para o banheiro, sem entender por que ele não gostava de Noah. Será que ele se sentiu trocado? Isso poderia explicar muita coisa, mas Jacob sabe que isso seria impossível, pelo menos deveria sentir assim.
Claro que ultimamente meu comportamento com ele não estava deixando isso muito claro, mas a culpa não era de Noah. Nos últimos dias, eu disse que marquei algo com meus amigos, sem especificar ninguém, ou que estava ocupada arrumando o meu quarto ou algo do tipo. Então talvez seja outra coisa, porque Jacob não parece ter raiva de mais ninguém do meu grupo de amigos.
— Vocês deveriam tentar ser amigos também. O Noah já até gosta de você e olha que vocês ainda nem tiveram uma conversa decente. — sugiro enquanto entro no banheiro para pegar a mochila do Noah que estava pendurada, achando que isso seria um boa alternativa para ele parar de não gostar do menino.
— Lamento, o único contato que quero ter é quando meu soco for na cara dele. — resmunga encostando-se na porta do banheiro, o que me faz arregalar os olhos de pura surpresa e indevidamente rir.
— Isso, com certeza, não é apenas desconfiança — falo, rindo um pouco. — Enfim, eu te asseguro que Noah nunca olhou para Bella com esses olhos, Jake. Na verdade, você deveria ter raiva do Mike Newton, não dele.
— O Newton? — ele faz uma careta. — Caramba. Tenho pena da sua irmã.
— Não é? Também tenho. A garota não tem sorte no amor. — digo, pensando que o Edward seria o mais aceitável se ele não tivesse agido como um babaca, porém, como um choque de realidade, me lembrei que Jacob também está interessado por ela. — Quer dizer, até tem, já que você está interessado por ela. — digo, passando por ele e voltando a andar pelo corredor.
— Você acha que eu aparento gostar da Bella, Lua? — ele perguntou andando ao meu lado, dessa vez dando ênfase em meu apelido e me fazendo sorrir. Eu pensei um pouco antes de responder.
— Não, você é bom em esconder isso na maioria das vezes. Mas parece muito intuitivo para quem te conhece de verdade. — respondo, encolhendo um pouco os ombros e ele dá um sorriso torto assentindo.
— Então, o que te faz acreditar que eu gosto dela? — perguntou. Fiz uma careta, parando de andar e olhando para o seu rosto. Ele parecia realmente se perguntar isso.
— Você me disse, Jake. — respondo com obviedade.
— Nunca disse isso. — Negou com a cabeça e eu suspirei.
— Tá bom, mas disse implicitamente. — insisto.
— E como eu fiz isso, Lua? — perguntou novamente, dando a ênfase. Eu o olho querendo saber onde ele queria chegar.
— Você nunca negou. Isso é resposta o suficiente para mim. — balanço a cabeça, começando a ficar nervosa com o rumo dessa conversa — Por que está perguntando essas coisas? Todos sabem que você gosta da Bella.
— Por nada. Só para confirmar uma coisa. — disse, dando de ombros, voltando a andar.
— Confirmar o quê? — pergunto, o seguindo.
— Você se esqueceu, Liz. Esqueceu o que seu apelido significa. — respondeu e eu franzi o cenho. Significa? Existe um significado?
— Você sempre me chamou assim, Jake. — digo para ele, mas ele não explicou e começava a descer as escadas. — Qual é o significado? — pergunto, descendo as escadas também, mas ele não me respondeu. — Jake, por favor! — suplico, querendo saber. Era importante para ele, mas eu não fazia a mínima ideia disso até alguns segundos atrás.
Ele parou no último degrau e me olhou, suspirando novamente.
— Está tudo bem. Você não precisa saber. Não deve ser nada demais, já que se esqueceu. — disse, e mesmo as palavras soando duras, pareceram ser verdadeiras quando ele deu um mínimo sorriso e se virou novamente, indo até a mesa. Todos já estavam sentados e ele se sentou ao lado do tio Billy.
Eu não me lembrava qual era o significado, mas não deveria ser tão importante, não é? Provavelmente era algo simples, já que éramos crianças. Droga, eu não sei qual é. Eu sou a sua lua... Merda, ele sempre disse isso, como eu pude me esquecer?
Sento-me na cadeira ao lado de Noah, já que era o único lugar disponível, deixando a sua mochila no chão e me sentindo culpada, tentando me lembrar do significado em minhas memórias enquanto olhava para Jacob, que estava sentado em minha frente, mas não havia nada que respondesse, nem em minhas lembranças, nem em sua expressão.
— 'Tá tudo bem? — Noah perguntou baixo enquanto se servia e eu o olho, querendo dizer que não, mas faço que sim para não ter que explicar ainda.
Não sentia vontade nenhuma de comer agora, mas Noah botou em meu prato comida para mim, me fazendo murmurar um agradecimento.
O almoço aconteceu com conversas entre meu pai e Billy sobre o jogo que assistiram, enquanto Noah e Bella conversavam sobre as banalidades da escola. Eu e Jake comíamos nos olhando, ele dava pequenos sorrisos divertidos quando eu fazia caretas por estar quase quebrando a cabeça para tentar me lembrar.
— Não tem graça. — resmungo quando ele dá outro sorriso, dessa vez maior. Eu estava me sentindo péssima por isso. Por que ele só não podia me lembrar do significado?
— Tem um pouco, sim. — murmura, rindo baixo.
— É porque "Liz" tem três letras e começa com "L"? — pergunto, baixo e meio desesperada.
— Muito fútil. Você consegue ser melhor do que isso. — nega, me fazendo pôr outra careta.
— Vamos, Jake, não deve ser nada demais, não é? Éramos crianças, provavelmente deve ser algo tosco. — Digo, implorando, mas percebo seu olhar perder o brilho antes que assuma uma expressão mais fria. — Eu sei que não é tosco, desculpe.
— Não, você tem razão, é tosco. Então vou parar de te chamar assim. Nós éramos somente crianças mesmo. — Disse, nunca havia o escutado sendo tão frio comigo e a culpa se intensificou em mim.
— Você não vai mais me chamar de Lua? — Pergunto, incrédula com o que eu escutei, nossa conversa sussurrada já havia acabado.
— E você gosta quando eu te chamo assim? Nem ao menos se lembra do que quer dizer, Liza. — Disse, irritado.
— Você está exagerando, Jake. Tínhamos, sei lá, sete anos? Você mesmo disse que estava tudo bem eu não me lembrar. — falo, ficando estressada, chamando a atenção dos outros na mesa pelo meu tom de voz.
— É claro que não está tudo bem, você se esqueceu. Esqueceu uma das coisas mais importantes, Elizabeth.
— Você deve ter se esquecido também, já que não quer falar o que significa. — Ele solta um riso de escárnio, com raiva.
— Você sabe que não vou cair nisso!
— Crianças. — Papai diz, tentando apartar a briga, mas o ignoro.
— Pelo amor de Deus, Jacob! É só um apelido! Não acredito que a gente tá brigando só por isso.
— Só por isso? Fala sério. Se fosse só pela droga desse apelido não estaríamos brigando, Elizabeth.
— Jacob! — Billy tenta chamá-lo.
— Ah, claro! Tinha que ser. O que mais te incomodou, hein? Fale agora a sua lista de reclamações.
— Desde quando eu já reclamei com você?
— Desde sempre! Você estava irritado só porque eu saio com os meus outros amigos. Quer até dar um soco na cara do Noah.
— Quero dá mesmo. Mas porque ele é um grande idiota!
— Está vendo! Você ainda é agressivo. Ele é meu amigo, você pelo menos poderia ser legal com ele!
— Galera...
— Cala a boca, Noah! — Nós dois dizemos juntos para o garoto, que se encolhe na cadeira, e nos olhamos irritados.
— E eu não fico irritada quando você dá atenção para outras garotas.
— Eu nunca dei atenção para outras garotas!
— Tá, não no plural, mas quer ficar com a sua paixãozinha de infância o tempo todo, nem consegue superar ela.
— “Paixãozinha de infância”!? Você que inventou essa palhaçada.
— Eu que inventei? VOCÊ é um cara de pau, Jacob Black!
— E VOCÊ ESTÁ SE AFASTANDO, ELIZABETH SWAN. — Grita, me fazendo estremecer.
Culpada da acusação.
— Está vendo? Nem consegue dizer que não. A cada dia que passa, você se afasta ainda mais. Primeiro se afastou dos meus toques, depois tentou me jogar para ela e agora fica inventando desculpas para não ir na reserva. Qual será a próxima coisa, Liza? Vai parar de falar comigo? Vai embora da cidade?
Sim, Jake. Vou parar de falar com você, depois irei embora da cidade e vou morrer para todos.
— Você não quer falar sobre isso. — digo, meu coração ficando acelerado, minha respiração ofegante e eu me levanto da cadeira, indo para sala pra tentar me controlar. Está errado, não era para ser assim.
— Quero. Vamos falar sobre isso. — ele se levanta também e me segue — Por que está me afastando? Elizabeth, por quê? Vamos, me responda. Você tinha tanto a dizer antes e agora vai ficar calada?
— Caramba, Jacob. Para de fazer tempestade em um copo d'água. “Lua”? Você me chama de lua porque ela é bonita. Pronto. Deve ser isso. Satisfeito? — tento voltar a discussão antiga e ele ri, negando incrédulo, fechando sua expressão.
— Não estaria nem se acertasse. Quer saber, já que você quer se afastar. Vamos nos afastar. — decide e eu seguro minha cabeça com as duas mãos.
— Eu não quero me afastar de você! Nós somos melhores amigos. — digo e ele nega, revirando os olhos.
— Pelo visto não somos mais. — diz, me fazendo engolir a seco enquanto o pânico parecia ferver em minhas veias.
— Como assim não somos mais? — pergunto, minha voz saindo histérica.
— Está tudo bem, você tem o Noah, seu amiguinho de todas as horas.
— Para de ser ridículo! Isso não tem graça nenhuma. Não quero me afastar! Será que não entende? Não quero. Não quero. Não quero. Não quero. Por favor, pare com isso. — imploro.
— Se você realmente não quer se afastar, Liza, por que já está se afastando? — pergunta, mas eu não podia falar, não queria falar.
O que eu poderia dizer?
"Porque eu não quero que você sofra com a minha ausência quando eu realmente for embora"? "Porque eu não quero que você tenha medo de mim"? "Porque eu morri há dois anos atrás e me transformei no monstro sanguinário que seu pai odeia"? "Porque eu te amo"?
— Já chega. Vocês dois, podem parar com essa briga nessa casa! — papai aparece na sala, se pronunciando. — Onde já se viu? Vocês dois são amigos há anos. Peçam desculpas um para o outro. Agora. — disse, fazendo eu baixar a cabeça e fechar os olhos, estava muito nervosa — Eliza.
— Não somos mais crianças para nos obrigar a fazer algo que não queremos, Charlie. Te espero do lado de fora, pai. — ele disse, indo até a porta da frente e abrindo, meu coração ficando apertado por saber que ele iria embora, olho para os outros que encaravam a cena.
Bella estava com os olhos arregalados, Noah com uma expressão nervosa, papai desconcertado e tio Billy sério.
Respiro fundo e vou até a porta da frente, seguindo o mesmo caminho de Jacob, e vejo abrindo a porta do carro.
— O que você quer que eu faça, então? — pergunto alto, chamando a sua atenção antes que ele entrasse no carro. Ele me olha, fechando a porta. — Não está me dando escolha para resolver isso, Jacob. — digo, me aproximando um pouco mais dele. Não poderia me afastar dele se estivéssemos brigados. — Me desculpe por ter passado essa semana longe, estive ocupada. Não quero me afastar, tá legal? Fiquei te incentivando a ficar com a Bella antes porque quero que você encontre alguém que te mereça. Quero que você seja feliz. Fugir de seus abraços porque percebi que ficamos muito colados. Até o papai e o tio Billy acham isso. Você é o meu amigo e não quero que ninguém de fora crie expectativa nessa história. Sinto muito por ter me esquecido do significado do meu apelido. Sei que é importante porque foi você quem criou. E eu não acho que você reclame, só estava irritada, mas, realmente, Noah é uma pessoa legal e queria que vocês dois se dessem bem também. Mas, eu nunca te obrigaria a isso, Jake. Sinto muito se você não gostou das minhas últimas atitudes. Pensei que estava fazendo o certo. Não queria te chatear. Me desculpe.
Ele suspira parecendo cansado, e eu estendo os braços pedindo um abraço. Ele demora seis segundos para me puxar e passar os braços em minha volta.
— Sinto muito por brigar com você, Liz. Realmente não me importa se você não se lembra do significado. O importante é que você sempre será minha Lua. E desculpe por dizer que queria dar um soco na cara do seu amigo. Ele me irrita. — disse, me fazendo sorrir, embora ele não pudesse ver.
— Podemos voltar a ser melhores amigos agora? — pergunto, minha voz saindo um pouco baixa.
— Só se você parar de ficar longe. Você não deveria ligar para o que esses velhos falam. Eles já estão caducando, Liz.
— Não vou mais ligar, Jacob. E qual é a chance de você voltar a me chamar de Lua? Mesmo não sabendo o significado, eu amo quando você me chama assim.
— Só quando você se lembrar do significado. Não é muito elaborado, você conseguirá descobrir. — disse, e eu o empurrei levemente para trás, estreitando os olhos ao olhar seu rosto.
— Isso é cruel, mas se é a sua condição, tudo bem. — concordo, olhando para a janela da casa quando ouço suspiros de alívio, vendo todos eles espionando nós dois. Todos se escondem rapidamente quando percebem que eu os olho.
— Seus pés não estão queimando? — ouço Jake perguntar, e eu desvio os olhos para os meus pés. Eu estava descalça na calçada congelada. Estava muito gelado, mas não me incomodava.
— Sim, estão — minto, porque seria estranho se não estivessem. Ele arregala os olhos e me carrega como se eu pesasse o mesmo que uma pena, me fazendo soltar um riso pela surpresa. — Estava tolerável, Jake — aviso quando ele anda até a batente da porta e me deixa lá. Era bem morno devido ao aquecedor de chão também estar instalado ali. — Obrigada.
— Sem problemas, Lu... Liz — disse, se interrompendo, nos fazendo sorrir. — Suas chances são de oitenta por cento — confessa, me fazendo rir e o abraço de novo.
— Senti sua falta, Jake — digo novamente, e ele concorda.
— Também senti, Liz... Tenho mais uma condição, bem pequena — ele faz o sinal de pequeno com a mão, e eu o olho, esperando que continuasse. — Não tente mais me juntar com a Bella. Tudo bem? — pede, me deixando surpresa.
— Ah... Tudo bem. Desculpa ter agido como uma chata casamenteira, devo ter irritado — concordo, e a porta da casa se abre, com papai empurrando tio Billy pela cadeira de rodas, com ambos fingindo que não estava espiando.
— Ah! Vocês já se acertaram? Isso é ótimo — papai disse, fingindo surpresa.
— Eu te disse. Eles se amam, não tem como evitar por muito tempo — Tio Billy disse com um sorriso convencido para o meu pai.
— Pai!
— Tio Billy! — repreendemos.
— Como amigos. Vocês que pensaram de outro jeito — se defendeu, fazendo eu abaixar a cabeça suspirando, e Jake revirar os olhos, enquanto assumia a cadeira de rodas dele da mão do meu pai e empurrava.
Calço uma pantufa que ficava ali do lado e ando junto com eles.
— Obrigado pelo almoço, Charlie, estava muito bom, como sempre. — Tio Billy dizia conforme nos aproximamos do carro dele.
— Sem problemas, Billy, vocês sempre serão bem vindos. — papai acenou, indiferente.
Quando tio Billy já estava no banco de passageiro do carro, meu pai voltou para dentro de casa, enquanto eu esperava perto da porta do motorista, pelo menos para dar um último abraço em Jacob. Estava me sentindo mal pela briga que tivemos, especialmente porque não era nada comum brigarmos. Nós sempre estávamos em sintonia e nunca brigávamos um com o outro.
O abraço mais uma vez assim que ele dá a volta, não me importando se Billy estava nos observando, foi um abraço forte, necessitado e que demonstrasse toda a minha saudade e dor por ter ficado distante propositalmente.
— Eu te amo infinitamente, Jacob Black. — sussurro, mesmo achando improvável ele conseguir ouvir, e dou alguns passos para trás. — Até outro dia, Jake. — digo com um sorriso e me viro para voltar para casa.
Agora eu entendia que tinha sido uma ideia idiota me manter afastada dele, mesmo que por um bom motivo. Jacob deveria ter percebido assim que neguei o primeiro contato com ele, porque nós éramos assim, afinal. Sempre perceberíamos essas coisas sobre o outro. E se for para permanecer com essa ideia, vamos brigar de novo e isso é a última coisa que quero. Só conseguirei ir embora se tiver certeza de que Jacob não ficará com raiva de mim, pelo menos não enquanto eu estiver na cidade.
A hipnose sempre será uma opção...
Mas, por enquanto, vou procurar um meio em que eu possa ser um pouco mais egoísta para usar com ele.
Olá, gente! Espero que tenham gostado desse capítulo. Peço desculpa por possíveis erros gramaticais ou ortográficos.
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Amo vcs!