Encontro com o passado - MADE...

By aluisa_

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Encarei meu reflexo no espelho de corpo todo em uma das portas do armário, usando só a lingerie. Apesar dos m... More

Oi sumido
Sem tirar a roupa
Tchau falou
Ponta solta
Dois idiotas
Como é que larga desse trem?
Show completo
Melhor terminar
Traí sim
Coração infectado
Repertório de outro
Solidão é uma ressaca
É rolo
Bengala e crochê
Aí eu bebo
Lágrimas
Ligação de emergência
Fala a verdade
Veneno e remédio
Nem Tchum
Campo minado
Não abro mão
Certo pelo duvidoso
Libera ela
Te procurava de novo
Incomparável
Futuro
No dia do seu casamento
No dia do seu casamento II
Quase um casal
Nunca vai ser um adeus
Correntes e cadeados
Imagina
Cachorro de madame
Amores da minha vida
Só lamento
Medo bobo
A culpa é nossa
Ex de algúem
Presepada
Se olha no espelho
5 minutos ou 50 anos
Calma respira
Sem legenda
Jogo é jogo
Cuida bem dela
A pergunta
Felizes para sempre

Casalzinho butequeiro

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By aluisa_

Li a mensagem dele umas dez vezes, sem abrir. Toda vez que eu pensava no que responder, minha cabeça ia longe.

Eu era automaticamente transportada para duas noites atrás, no Rabo di Galo, um bar que ficava no hotel Rosewood, em São Paulo.

Era uma sexta-feira chuvosa, perto das onze da noite. O cabelo bem escovado e a maquiagem impecável entregavam que eu recém havia voltado de um ensaio fotográfico para uma campanha que eu faria com a minha irmã.

Apesar do dia cansativo, eu estava ligada no 220v. As noites em claro sempre foram minhas companheiras. E, naquele dia, não foi diferente.

Pedi um drink, sentada no balcão, observando a movimentação de fim de noite. Poucas mesas ainda estavam ocupadas. No bar, só havia eu e um homem mais velho, que, de vez em quando, me olhava de canto de olho.

Tamborilei os dedos no balcão, enquanto encarava a tela do meu celular. Eu estava morrendo de vontade de chamar o Henrique ali. Descontar um pouco da minha energia em um sexo bem feito. Cheguei a desbloquear o celular e abrir a conversa dele no WhatsApp, mas desisti.
Era o último dia da semana do Henrique em São Paulo com a família. Não era justo eu chamá-lo ali.

Suspirei, derrotada. Maiara estava certa. Eu precisava parar com aquilo.

Virei o resto do drink, convencida de que era hora de voltar para o quarto. Mas, quando fiz menção de levantar, uma mão firme e gelada tocou meu ombro descoberto.

- Maraisa? - senti meu corpo arrepiar inteiro quando escutei aquela voz cantarolando meu nome. Lá dentro, no meu subconsciente, aquela voz tinha despertado milhares de lembranças.

Eu, fingindo não estar abalada,  virei para a pessoa, sorrindo. Me virei apenas para confirmar o que eu já sabia.

Era ele. Wendell Vieira. Meu ex-noivo.

Fiquei alguns segundos perdida nos olhos dele. Aqueles olhos que eu conhecia tão bem.

- Wendell? - perguntei, me fingindo de sonsa, recuperando meus sentidos aos poucos. Eu tive a sensação de que tinha desaprendido a falar - o que diabos você faz aqui no Rosewood?

Wendell gargalhou, se encostando no balcão ao meu lado.

- Três anos ... Três anos sem trocar uma palavra sequer comigo. E a primeira coisa que você me pergunta é o que estou fazendo em um bar em uma sexta-feira. Não me conhece mais, é?

Eu revirei os olhos para ele, rindo.

- Conheço você suficientemente bem para saber que o bar do Rosewood não é bem o seu lugar... Que se você tivesse opção, estaria em um boteco barato na Vila Madalena bebendo uma Heineken bem gelada...

- Você também - ele se apressou em dizer - a gente era o típico casalzinho butequeiro...

Mordi o lábio, enquanto encarava os olhos escuros dele. Ficamos alguns segundos em silêncio. Era estranho, para mim, estar apreensiva perto dele. Mas, na verdade, não era nenhuma surpresa.

Wendell fora meu único ex que tinha terminado comigo. Todos os outros, era eu quem havia tomado a atitude. Tudo bem que eu colaborara para o término, mas, pela primeira vez, não tinha sido eu a colocar o ponto final. Talvez por isso ele ainda fazia meu coração errar um pouco as batidas.

- Vai querer beber alguma coisa, senhor? - a voz do garçom interrompeu meus pensamentos.

- Não, não - Wendell disse, se desencostando do balcão, como se tivesse levado um choque - já estou de saída.

- Deixa de frescura, Wendell - fiz sinal para ele se sentar - eu pago um para você.

Ele pareceu hesitar, mas riu em seguida.

- Você, oferecendo pagar algo? As coisas mudaram hein...

Revirei os olhos novamente, mas não escondi um sorriso.

- Ele quer um Negroni - falei para o barman - forte. Bastante vermute.

Wendell abriu um sorriso enorme.

- Você lembra... - ele sentou no banco alto ao lado do meu.

- Certas coisa não mudam....

Nos encaramos em silêncio por mais alguns segundos, antes de Wendell perguntar:

- Como você está? Pessoalmente, quero dizer... Profissionalmente eu já sei. Maiara e Maraisa estão voando...

- Anda me stalkeando, é? - Wendell fez menção de falar algo, mas eu interrompi - estou bem. Quer dizer... Sem muito tempo para pensar a respeito.

- Eu preciso te pedir desculpas - fui pega de surpresa com o comentário.

- Wendell, já passou... Nós dois tivemos culpa - tudo que eu menos queria naquele momento era discutir meu término com ele, três anos depois.

Ele sorriu por um momento, mas ficou sério logo em seguida.

- Não por isso - ele hesitou, mas continuou - mas por não ter te ligado quando a Lila morreu. Eu disquei seu número várias vezes, mas não tive coragem... Não sabia o que dizer, na verdade... Ainda não sei...

- Wendell - eu interrompi - esquece. Tá tudo bem.

Ele percebeu a mudança abrupta no meu semblante.

- Conheço você, Maraisa - ele colocou a mão em cima da minha, que estava repousada no balcão, fazendo, novamente, meu corpo inteiro arrepiar com o seu toque - eu sei como você lida com as coisas... Você simplesmente não lida.

Dei um suspiro, bebendo um longo gole do meu gin, até sobrar só o gelo. Minha vida, de fato, estava um caos. Mas eu não ia me mostrar vulnerável do lado do meu ex-noivo, depois de tanto tempo sem nos falarmos.

- Estou bem - repeti, enquanto fazia sinal para o garçom - me vê uma dose pura de uísque. Pouco gelo.

Wendell abriu um sorriso, ainda me encarando. Eu me sentia desnuda perto dele, como se aquele olhar conseguisse enxergar até o fundo da minha alma.

- De fato, certas coisas não mudam - ele apertou minha mão.

A tensão entre a gente estava clara. Eu estava nervosa, me sentindo vulnerável, como uma adolescente fica quando está perto do menino mais bonito do colégio.

Wendell ainda me encarava, um sorriso de canto de boca, parecendo observar cada detalhe do meu rosto.

- E você? - perguntei, quebrando o silêncio e tirando minha mão debaixo da dele - como está? Conversei com o Jorge esses tempos... Jorge e Mateus estão voando também, né?

Ele concordou com a cabeça.

- A vida profissional está ótima, não posso reclamar...

- E a pessoal? - me apressei em perguntar, e logo percebi que Wendell ficou um pouco desconfortável.

- Indo... - ele mordeu o lábio, pensativo - eu estou...

- Negroni? - o garçom interrompeu.

- É dele - apontei para Wendell.

Ele pegou o drink e deu um gole longo. Esperei Wendell continuar a falar, mas ele ficou em silêncio.

- O que você ia dizer? - perguntei, pegando minha dose de uísque da mão do barman.

- Nada - ele deu de ombros - só que estou bem também.

- Um brinde então - levantei meu copo - por estarmos bem.

Wendell encostou, de leve, seu copo no meu, sorrindo.

- O que te traz ao Rosewood? - ele perguntou, fingindo estar interessado no seu drink, mexendo o conteúdo do copo - achei que você e a Maiara estavam com uma casa em Mairinque...

- Estamos - falei, escondendo um sorriso. Para quem não falava comigo há três anos, ele estava sabendo bastante coisa da minha vida - mas tivemos um ensaio fotográfico até tarde hoje aqui em São Paulo. Eu e a Maiara vamos lançar um perfume... Achei que ficou muito tarde para pegar a estrada e ir para Mairinque. Então decidi pegar um avião para Goiânia direto daqui, amanhã cedo. Maiara foi para a casa do Fernando... Eu sobrei aqui, sozinha...

- Perfume? - ele pareceu surpreso - de fato, sempre achei seu cheiro muito bom...

Eu ri, fazendo com que Wendell corasse. Eu conhecia ele suficientemente bem para saber que o comentário havia sido solto sem querer.

- E você? - falei, fingindo naturalidade - digamos que aqui não é bem seu habitat...

- Tive uma reunião em São Paulo hoje. Ia voltar para Goiânia agora de noite. Voo foi cancelado, só volto amanhã cedo... Então pensei que, já que teria que ficar, merecia um pouco de luxo - ele sorriu, bebendo um gole longo do seu drink e pousando o copo vazio em cima do balcão.

Me peguei hipnotizada nos olhos dele por alguns instantes. Algo nele estava diferente do que da última vez que havíamos nos visto. Os olhos mais brilhantes, o sorriso mais sincero, espontâneo...

Era fato que eu e Wendell tínhamos muito em comum. O que havia ruído nosso relacionamento havia sido, sem dúvidas, nosso trabalho. Eu, recém estourada, aproveitando todas as oportunidades, fazendo show todos os dias da semana. Ele, recém contratado por uma gravadora em Orlando, o que fazia com que passasse a maior parte do tempo fora do país. Nós dois orgulhosos, teimosos e viciados em trabalho. Fora o combo perfeito para o fracasso do nosso noivado.

- Acho que eu devia subir... - falei, me levantando - amanhã viajo cedo...

Wendell riu.

- Isso nunca te impediu de encher a cara.

Eu ri também. Óbvio que não. Meu medo não era perder o voo. Meu medo era controlar todo o tesão que eu estava sentindo pelo meu ex-noivo naquele momento.

- Anda, Maraisa - ele fez sinal para que eu me sentasse de novo - preciso retribuir o drink que você pagou. Sabe-se lá deus quando vamos nos cruzar assim, do nada, de novo.

Suspirei, sentando novamente.

- Tá bom. Mais um só.

Ele concordou com a cabeça, chamando o barman.

- Me vê uma garrafa de vinho. Cobos Volturno. 2017. Tem?

Não consegui conter o riso.

- Sério? - falei, mordendo o lábio.

- Sabia que você ia lembrar... Ainda gosta desse? - Wendell deu um sorrisinho de canto de boca.

Fiz que sim com a cabeça. Era o vinho que havíamos tomado na nossa primeira viagem juntos, anos atrás.

- Era um drink, Wendell. Não uma garrafa de vinho toda.

Ele deu de ombros.

- Ninguém especificou nada...

Antes que eu pudesse contestar, o garçom já tinha voltado com duas taças e a garrafa. No minuto seguinte, serviu um fundo de taça e ofereceu para Wendell, que provou um gole e abriu um sorriso.

- Esse mesmo. Pode servir.

Peguei, contrariada, a taça cheia que Wendell me estendeu. No primeiro gole, me senti teletransportada para o chalé em que passamos um final de semana juntos, em 2017.

O final de semana que Wendell havia me pedido em namoro.

Fiquei em silêncio, bebericando o vinho, deixando um sorriso escapar pelos lábios enquanto lembrava daquele final de semana. Eu tinha certeza que a cena que se passava na minha cabeça também estava passando na de Wendell, pois ele estava com o mesmo sorriso de canto de boca que eu. E era óbvio que essa tinha sido a intenção dele ao pedir aquele vinho.

Ele me encarava, os olhos sedentos pairando nos meus lábios. Eu tinha a sensação que, em qualquer momento, ele iria me puxar pelo pescoço e acabar com os trinta centímetros de distância que separavam nossos rostos.

Wendell pousou a mão na minha coxa, que estava parcialmente desnuda, pois o vestido preto e justo que eu usava tinha subido alguns centímetros depois que eu me sentara novamente. Mais uma vez, o toque dele fez eu ferver por dentro.

- Pessoal, desculpa - minhas lembranças foram interrompidas pela voz do garçom, do outro lado do balcão - vamos fechar em cinco minutos.

Ele tirou a mão da minha perna, claramente desapontado, enquanto eu consultava o relógio na tela do meu celular. De fato, era meia noite e cinco.

- Acho que agora precisamos ir - falei, levantando, virando o resto da taça de vinho na boca de uma vez só.

Wendell mordeu o lábio e concordou com a cabeça, pegando a garrafa de vinho de cima do balcão e caminhando do meu lado em direção à porta. Não contive o riso, enquanto ele me olhava, dando um sorriso travesso.

- Tá rindo do que? Você sabe quanto custa essa garrafa? Achou que eu ia deixar lá, dando sopa? No mínimo vou virar ela direto na boca antes de dormir...

Eu sorri, enquanto entrávamos de novo no hall do hotel. Quando chegamos na frente do elevador, ele apertou o botão e se virou para mim, me encarando, sério.

- O que foi? - perguntei, franzindo o cenho.

Wendell suspirou, segurando minha mão.

- Você sempre foi bonita. Mas eu sou obrigada a dizer que os últimos três anos fizeram muito bem para você.

Fiquei claramente sem jeito. Eu nunca fora muito boa em receber elogios, ainda mais naquela situação. O máximo que consegui fazer foi sorrir, baixando a cabeça e o olhar em direção ao chão, rezando para que o elevador chegasse logo.

Wendell notou meu desconforto e sorriu de volta, colocando a mão no meu queixo e levantando meu rosto, fazendo com que nossos olhos se encarassem novamente. Em um gesto delicado, ele passou o polegar pelos meus lábios, devagar, limpando uma gota roxa do vinho que sujava o canto da minha boca.

No segundo seguinte, ele lambeu o dedo, devagar, como se estivesse, de fato, degustando uma taça de vinho. Confesso que me arrepiei inteira, com vontade de me atracar nos lábios dele ali mesmo.

- Esse vinho é muito caro para desperdiçar uma gota sequer. Ainda mais vinda da sua boca...

Naquele instante, senti que eu havia entregue os pontos. Coloquei a mão no peito dele, pronta para puxar seu rosto para perto do meu, quando o elevador abriu. Wendell me puxou para dentro, em um gesto rápido, uma mão segurando a garrafa de vinho e a outra a minha cintura.

Nos encaramos, nossos rostos a poucos centímetros um do outro, enquanto a porta do elevador se fechava. Ele sorriu, antes de me perguntar:

- No meu quarto ou no seu?

Mordi o lábio, apertando o botão do décimo andar.

- Meu.

Wendell riu, mordendo minha orelha enquanto sussurrava:

- Você continua mandona...

- Certas coisas não mudam - sussurrei de volta, empurrando ele contra a parede do elevador, deixando minha boca invadir aqueles lábios que, há três anos, eu sentia falta.

____________________

Não se acostumem, não vai ter capítulo todo dia haha

Estou pensando em deixar o dia fixo para publicar nas quartas (meio de semana é sempre triste, então um capítulo novo sempre anima, né?)

Me contem o que preferem e comentem bastante 🥰

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