Cachorro de madame

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- Quanto você quer para me dizer? - perguntei, dando um sorriso travesso para o Bruno.

Ele me olhou, torcendo o nariz, deitado na espreguiçadeira ao lado da minha.

- Maiara... Se eu te contar a Paulinha me mata... - ele tirou o óculos de sol do rosto, me encarando - e você sabe disso.

Rolei os olhos, sentando na espreguiçadeira e também tirando meu óculos de sol.

- Se ela não ficar sabendo...

- Sabendo o quê? - Paulinha se aproximou por trás de mim, sentando na borda da piscina, segurando uma latinha de Guaraná, me encarando, séria.

Bufei, levantando da cadeira e caminhando até a churrasqueira. Me encostei no balcão, irritada, roubando da tábua um pedaço de linguiça e colocando na boca.

- Qual é o motivo do mau humor, cunhada? - escutei a voz do Wendell perguntar. Me virei e só então percebi que ele e Maraisa estavam sentados no sofá da varanda, abraçados.

Eu sorri, esquecendo, por alguns segundos, o motivo de eu estar irritada. Nas últimas semanas, desde o casamento sabotado do Wendell, ele e a Maraisa estavam em lua de mel. Para mim, era um alívio enorme assistir a minha irmã tão leve e feliz depois de todo o começo conturbado e traumático da gravidez.

- Ninguém quer me contar o sexo do meu sobrinho! - rosnei, sentando ao lado deles no sofá, terminando de mastigar o pedaço de linguiça com farofa.

Os dois riram, claramente se divertindo com minha irritação.

- O chá revelação é final de semana que vem, irmã. Aguenta firme.

Revirei mais uma vez os olhos, colocando a mão na barriga da Maraisa, que estava à mostra, em razão do biquíni branco que ela usava.

- Eu ainda não entendi como você continua tão magra - soltei, acariciando o ventre dela - não tem nada aqui! Eu já devo ter engordado uns cinco quilos... - reclamei, colocando minha outra mão na minha própria barriga, coberta pelo meu maiô.

- Maraisa anda comendo pouco - Wendell disse, encarando a Maraisa, o olhar sério - a médica já mandou ela comer mais...

- Você não deixa meu sobrinho passar fome! - soltei, levantando e pegando a tábua de carnes e linguiças, colocando na frente da minha irmã - anda, come!

Maraisa torceu o nariz, mas pegou um pedaço de carne e colocou na boca, visivelmente contrariada.

- Pronto, vão me deixar em paz agora?

Wendell sorriu, satisfeito, enquanto continuava a passar a mão nos cabelos dela.

- E o meu sobrinho, como está? - Maraisa me perguntou, bebendo um gole longo da garrafa de água que estava em sua mão.

- Faminto - respondi, pegando um pedaço de carne da tábua - essa criança está fazendo eu comer dez vezes mais, né, Gu?

Gustavo, que estava cuidando da churrasqueira, se virou na nossa direção, sorrindo.

- Tá difícil alimentar esses dois, viu? - ele deu uma piscadela para mim, voltando a mexer nos espetos.

- Não se preocupem, trouxe mais carne! - a voz do Jorge invadiu a área externa, fazendo com que todos se virassem o olhar para a porta de vidro da sala. Ele e Mateus estavam chegando com várias sacolas e engradados de cerveja, sorridentes.

Pulei do sofá, quicando, me pendurando no pescoço do Jorge assim que ele largou todas as sacolas em cima da bancada. Ele me rodopiou alguns segundos, antes de me devolver no chão e colocar uma das mãos na minha barriga.

Encontro com o passado - MADELLWhere stories live. Discover now