Encontro com o passado - MADE...

By aluisa_

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Encarei meu reflexo no espelho de corpo todo em uma das portas do armário, usando só a lingerie. Apesar dos m... More

Casalzinho butequeiro
Sem tirar a roupa
Tchau falou
Ponta solta
Dois idiotas
Como é que larga desse trem?
Show completo
Melhor terminar
Traí sim
Coração infectado
Repertório de outro
Solidão é uma ressaca
É rolo
Bengala e crochê
Aí eu bebo
Lágrimas
Ligação de emergência
Fala a verdade
Veneno e remédio
Nem Tchum
Campo minado
Não abro mão
Certo pelo duvidoso
Libera ela
Te procurava de novo
Incomparável
Futuro
No dia do seu casamento
No dia do seu casamento II
Quase um casal
Nunca vai ser um adeus
Correntes e cadeados
Imagina
Cachorro de madame
Amores da minha vida
Só lamento
Medo bobo
A culpa é nossa
Ex de algúem
Presepada
Se olha no espelho
5 minutos ou 50 anos
Calma respira
Sem legenda
Jogo é jogo
Cuida bem dela
A pergunta
Felizes para sempre

Oi sumido

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By aluisa_

Acordei irrequieta, me remexendo na cama. No momento que abri um dos olhos, vi que o sol já estava entrando pela fresta da cortina parcialmente fechada. Depois de uma longa espreguiçada, levantei e caminhei até o closet, procurando alguma roupa para vestir.

Encarei meu reflexo no espelho de corpo todo em uma das portas do armário, usando só a lingerie. Apesar dos meus seios, pernas e bunda chamarem atenção, tinha algo ali que saltava nos meus olhos.

Uma marca que entregava a idiotice que eu havia feito duas noites atrás.

Ali, entre meu seio direito e o pescoço, uma marca roxa enorme repousava.

Passei a mão em cima do machucado, sem conseguir esconder um sorriso travesso. Apesar daquela marca significar a maior recaída da minha vida, eu não podia negar que a noite com ele havia sido maravilhosa.

Terminei de me vestir, sem conseguir mais tirar o sorriso do rosto. Peguei um pouco de base dentro da gaveta do banheiro e passei por cima da mancha, tentando disfarçar um pouco o roxo. Não que eu devesse satisfação de algo para alguém, mas não queria deixar exposta aquela marca. Talvez eu quisesse escondê-la até de mim mesma, para não ter que lidar com as consequências que poderiam vir.

Desci até o andar de baixo, meus pés descalços tocando o piso frio, sentindo o cheio de café vindo da cozinha.

- Achei que você já tinha ido - falei, encostada no batente da porta. O homem forte e alto que estava na cozinha, de imediato, virou e sorriu para mim.

Não era novidade que eu e Henrique transávamos esporadicamente. Não era nada sério, por motivos óbvios, mas nós tínhamos uma química fora do normal.

Eu não era o tipo de mulher que saía com homem comprometido. Mas o lance com o Henrique era algo que fugia totalmente do nosso controle. Ele era meu melhor amigo há anos, a pessoa que eu sempre recorria quando algo acontecia.

Eu também não era o tipo de mulher que tinha recaída com ex... Mesmo assim, duas noites atrás, eu estava na cama com quem não devia.

"É para você morder a língua, Maraisa" - pensei, suspirando.

- Resolvi fazer um café - Henrique disse, se justificando - já que a Maiara está fora e a Amanda foi viajar, pensei até em fazer um almoço pra gente hoje...

Me encostei na bancada, pegando a xícara de café que ele me oferecia. Maiara sabia dos meus casos esporádicos com o Henrique, mas, apesar de evitar verbalizar qualquer coisa sobre o assunto, eu tinha certeza que ela achava aquilo completamente errado.

E era. Henrique já era casado com a Amanda há quase três anos. Quando ele havia casado, decidimos parar de passar as noites na cama um do outro. Mas, há mais de um mês, eles passavam por uma fase complicada. E era na minha cama que Henrique vinha procurar consolo.

Ele se aproximou de mim pelas costas, mordendo minha nuca.

- Você está séria hoje. Desde ontem, na verdade. Aconteceu alguma coisa?

Fiz que não com a cabeça.

- Só cansada. A semana foi cheia... - respondi, bebendo um gole do café quente, mas sem convencê-lo.

Ele sorriu, se encostando no balcão do meu lado.

- Eu conheço você, Maraisa. Há anos. Quando você me ligou ontem de noite, me chamando para vir aqui, eu já sabia que tinha algo errado só pelo seu tom de voz.

Dei um suspiro longo, em sinal de derrota. Tirando a Maiara, Henrique era a pessoa no mundo que mais conseguia ler meus comportamentos. E eu sabia que não era fácil conseguir me interpretar.

- Inclusive - ele continuou, lambendo a ponta do dedo indicador e esfregando a região entre meu seio direito e o pescoço, exatamente onde repousava a marca roxa que eu tentara esconder minutos mais cedo - confesso que estou curioso para saber como isso aconteceu. Tenho certeza que não estava aí na última vez que "devolvi" você...

Escondi um sorriso travesso, colocando a caneca na frente da boca, mordendo o lábio.

- Não é da sua conta - falei, desencostando do balcão e indo encher novamente a caneca.

Henrique revirou os olhos, me seguindo.

- Desde quando a gente esconde as coisas um do outro? - permaneci em silêncio, fechando a garrafa térmica, enquanto sentia ele me abraçar por trás novamente - anda, você sabe que eu sou curioso... - ele sussurrou no meu ouvido, fazendo eu me arrepiar inteira.

- Você vai me julgar horrores - falei, virando e encarando-o nos olhos - eu já estou me julgando horrores...

- Pela sua cara de travessa quando eu perguntei, você não está nem um pouco arrependida... Muito pelo contrário. Era sua carinha de "apaixonadinha".

Revirei os olhos, me desvencilhando dele, pegando uma maçã na mesa e caminhando em direção à sala.

- Maraisa! - ele chamou, vindo atrás de mim - isso não é justo... Eu sempre conto as coisas para você...

Abri a porta de vidro da varanda e sentei no sofá, observando o sol da manhã refletir na piscina. Ele sentou do meu lado, me encarando, os olhos brilhando de curiosidade.

Eu não podia negar que Henrique era um homem maravilhoso. Bonito, inteligente, sensível... Nosso relacionamento tinha começado com intenções completamente diferentes. Mas ele reatou o noivado meses depois e acabamos virando bons amigos. Bons amigos que dividiam a cama por algumas vezes, mas esse detalhe a gente tentava não comentar muito sobre. Apenas deixávamos a vida nos levar.

Maiara sempre me dizia que aquilo não acabaria bem e que tínhamos que resolver, de alguma forma. Eu sabia que ela estava certa, mas vivia ignorando o conselho.

- Transei com um ex meu duas noites atrás - falei, rápido e baixo, mas ele entendeu perfeitamente.

- Puta que pariu - Henrique falou, surpreso - logo você, tendo recaída? Achei que só a Maiara sofria desse problema - ele riu - quem foi?

- Adivinha - eu disse, encarando-o.

Henrique franziu o cenho, pensativo, mas logo fechou a cara.

- Se foi o Fabrício, eu juro que eu te mato...

- Não! - respondi, rápido, torcendo o nariz - eu sou louca, mas nem tanto.

- Bil Araújo? - ele soltou, sorrindo - a última vez que vocês se encontraram rolou uma troca intensa de olhares...

- Você anda reparando muito nas coisas, hein? - eu disse, um olhar malicioso invadindo meu rosto - mas não. Não foi o Bil. Não dessa vez.

Ele ficou me encarando, sério, como quem está se esforçando para buscar algo na memória.

- Você vai fazer eu chutar toda a lista enorme dos seus ex? - Henrique franziu o cenho, risonho.

Dei um tapa no braço dele, fingindo irritação.

- Não são tantos assim... - dei de ombros - mas você está focando no tipo de ex errado... - percebi que Henrique ficou confuso - não é ex namorado - fiz uma pausa dramática - é ex noivo.

Ele me olhou, perplexo.

- Maraisa... Você transou com o... Wendell? - ele parecia ter dificuldade em falar o nome dele.

Concordei com a cabeça, mordendo a maçã.

- Como foi isso? Você simplesmente mandou um "oi, sumido" depois de três anos?

Revirei os olhos, impaciente.

- Você acha mesmo que eu iria desenterrar ele do nada?

- Se você estivesse sozinha, bêbada, com o celular na mão e com tesão, sem poder ligar para mim? - Henrique me encarou, segurando o riso - acho.

Torci o nariz, enquanto Henrique gargalhava, terminando de tomar sua xícara de café.

- Está esperando o quê para me contar como esse absurdo aconteceu?

Respirei fundo, pronta para começar a contar o caos que tinha sido aquela noite, quando escutei uma voz conhecida ecoar pela sala.

- Metade! - Maiara veio na minha direção, deixando um beijo na minha bochecha, abraçando Henrique em seguida.

- - eu soltei, enquanto Maiara sentava no braço do sofá - achei que você ia ficar na fazenda com o Fernando até amanhã...

- Percebi que você achou que eu não voltaria - minha irmã riu, fazendo sinal com a cabeça na direção do Henrique.

Dei um sorrisinho culpado.

- Inclusive, já estou de saída - ele disse, pulando do sofá, beijando meu rosto - te ligo mais tarde, Maraisa... Você me deve o resto da fofoca.

Assisti ao Henrique entrar em casa, pegar as chaves do carro e sair pela porta da frente. Assim que ela se fechou, Maiara me encarou, séria.

- Maraisa, Maraisa... - ela começou.

- Não me venha com lição de moral logo cedo - levantei do sofá, entrando em casa e indo em direção à cozinha - eu sei que estou fazendo merda.

- Ao menos você admite... - Maiara me seguiu até o aposento, se encostando no balcão - mas eu estou é mais curiosa para saber da fofoca que você ia contar para o Henrique...

- Nada demais - abri a geladeira para procurar o leite. Percebi, na hora, que Maiara não havia se convencido - e você? O que faz em casa antes da hora? - mudei de assunto, sentando na mesa e enchendo minha xícara.

Vi que Maiara deu um suspiro demorado antes de sentar do meu lado.

- Fernando foi chamado de última hora para um evento - ela pegou uma bolacha do pacote que estava em cima da mesa e começou a mordiscar, distraída.

- E você não parece muito feliz com isso.

- Tínhamos combinado que esse final de semana era nosso... Mas tudo bem, coisas do trabalho... - eu sentia na voz da minha irmã que ela estava tentando fingir que não se importava, mas a verdade era outra.

- Maiara... Você devia falar com ele. Você vai deixar para expor suas insatisfações quando? Depois que casarem?

Ela se remexeu na cadeira, visivelmente incomodada.

- Tá tudo bem, Maraisa. Nosso trabalho é assim mesmo... A gente tem que se acostumar.

Dei de ombros, mas concordei logo em seguida. Eu sabia que quando o assunto era o Fernando, não adiantava eu tentar comprar briga com a Maiara. E, no fim das contas, minha vida amorosa estava desastrosa demais para eu ter moral para dar conselho para quem quer que fosse.

- Meu deus, Maraisa - percebi que Maiara encarava meus seios - você e o Henrique podiam pelo menos ser mais discretos... Olha o tamanho desse chupão...

Eu fiz menção de rir e quase soltei um "não foi o Henrique", mas mudei de ideia no mesmo segundo. Não era uma boa ideia eu contar para a Maiara que eu havia saído com o Wendell duas noites atrás.

Não que ela não gostasse dele. Muito pelo contrário, o problema era esse. Se Maiara sonhasse que eu e Wendell havíamos nos reencontrado - e, pior de tudo, transado -, ela ia ser a primeira a querer programar a festa de casamento que havia sido cancelada três anos atrás.

Mas, apesar do remember, eu não podia negar que estava um pouco decepcionada. Já fazia mais de vinte e quatro horas e Wendell sequer havia mandado uma mensagem desde a manhã de ontem, quando tínhamos nos separado.

Nunca havia sido o forte dele ser sensível e romântico. Talvez por isso a gente sempre se dera tão bem. E era infantilidade da minha parte esperar que ele mandasse algo. Afinal, tinha sido só uma noite, depois de uns drinks e uma conversa jogada fora no restaurante de um hotel em São Paulo.

Minha cabeça voou longe, lembrando do momento em que eu senti a mão dele pousar no meu ombro, enquanto eu estava sentada no bar do Rosewood, sozinha, bebendo uma taça de gin depois de voltar de um ensaio fotográfico.

Aquela mão firme perto da minha nuca, seguida por aquela voz rouca falando baixinho, com surpresa, meu nome, tinha me arrepiado inteira.

- Maraisa? - a voz da Maiara interrompeu meus pensamentos - você está bem? Parecia que estava em transe...

Balancei a cabeça, voltando à realidade.

- Estou cansada só - falei, terminado de beber o conteúdo da minha xícara.

- Óbvio, duvido que você e o Henrique tenham dormido noite passada - Maiara deu um sorriso malicioso.

Dei um tapa de leve no ombro dela, mas não consegui esconder o sorriso. Ela não estava errada, afinal.

Minha gêmea levantou, dizendo que precisava desfazer as malas, me deixando sozinha na cozinha, perdida novamente nas lembranças de duas noites atrás.

Eu precisava esquecer. Era óbvio que tinha sido um deslize de ambas as partes. E Wendell estava deixando claro, pelo silêncio, que havia sido um erro que não se repetiria.

Involuntariamente, passei a mão pela marca roxa que ele havia deixado próximo à minha nuca. Não consegui, mais uma vez, esconder o sorriso de satisfação, lembrando dos lábios dele grudados no meu pescoço.

"Esquece, Maraisa. Foi uma recaída de uma noite só".

No segundo seguinte, meu celular vibrou em cima da mesa. Meu coração errou as batidas quando li o remetente e, principalmente, o conteúdo da mensagem.

"Estou lutando desde ontem, quando você foi embora sem falar nada e deixou a cama vazia, pensando se mandava algo ou não. Você me conhece bem. Sabe que eu estar mandando mensagem falando isso é algo raríssimo vindo de mim. Mas eu também conheço você. Sei que, mesmo querendo, não vai dar o braço a torcer e pedir para nos vermos de novo. Então, eu vou dizer: preciso te ver de novo. Quando você quiser, como você quiser, onde você quiser".

Óbvio que não segurei o sorriso bobo.

____________________

Espero que gostem do primeiro capítulo :)

Curtam e comentem bastante, conforme eu for me "empolgando", vou liberando os próximos!

Beijos! ❤️

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