All Together Again - Reddie

By Keezzuu

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"Seria mesmo o fim da Coisa? Enfim estava acabado e os losers poderiam seguir suas vidas em paz novamente?"... More

Prólogo
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Um pequeno grande aviso S2
Capítulo XV
Capítulo XVI
30 de Outubro
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX

Bônus: Especial de Halloween

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By Keezzuu

31 de Outubro, 1980 - Derry, Maine.

- "MAS QUE PORRA EU JÁ FALEI PRA VOCÊ? A MERDA DO SEU FILHO ESTAVA INCOMODANDO O ARROMBADO DO CHARLES DE NOVO!" - a voz masculina, alta e grosseira ecoava por toda a casa, assim como o barulho de algo quebrando vindo da cozinha.

- "E VOCÊ ACHA QUE EU TENHO CULPA? COMO EU IRIA SABER QUE ELE ESTAVA COM A FILHA DELE?" - a outra voz, feminina porém tão irritadiça quanto, gritou de volta.

Uma discussão havia se iniciado na casa da família Tozier, isso após o vizinho, Charles Harden, vir reclamar com o casal sobre ter pego o filho caçula da família no quarto de sua filha, todo maquiado e brincando com as bonecas dela. O homem chegou irado, cobrando os ensinamentos que foram passados para o menino e isso acabou enfurecendo senhor Tozier, este que gritava com sua esposa na cozinha, desde que entraram.

Por outro lado, no andar de cima, Melinda Tozier, esta que o garotinho apelidou carinhosamente de Linda, arrumava a fantasia de seu irmãozinho com todo o cuidado do mundo. Richie se lembrava de pedir a fantasia em seu aniversário, mas sua mãe negou dizendo que não era algo que Deus se agradaria. O menino passou o resto da semana murchinho e Linda não aguentou em gastar o próprio salário na fantasia e presentear o irmão caçula.

A família Tozier era composta por 4 pessoas: Wentworth Tozier, o pai, Maggie Tozier, a mãe, Melinda Tozier, a filha mais velha e Richard Tozier, o caçula renegado. Sim, renegado, sua mãe não o queria.

Aquela família já foi uma família feliz um dia, até senhor Tozier ser promovido, a senhora Tozier se sentia bem sozinha pois sua filha já havia completado 15 anos e estava ocupada demais saindo com amigas e se preocupando com os últimos anos do colégio.

Foi uma enorme alegria para a família quando a mulher se descobriu grávida,  o casal já havia enraizado na cabeça que sua "filha" viria saudável, enquanto Linda não se importava com como essa criança viria, faria de tudo para fazê-lo feliz. Mas foi com a desgraça que se banhou o clima no dia 07 de Março de 1976, o enxoval feminino já estava completamente pronto, mas o desgosto nos olhos do homem e o choro de repúdio da mulher eram completamente visíveis, tudo por conta de um sexo não esperado por eles. Nas primeiras semanas, nenhum dos dois queriam olhar pro menino e até mesmo cogitaram colocá-lo na adoção.

Foi a adolescente que enfrentou seus pais e implorou para ficarem com o menino, sendo praticamente criado por ela desde que nasceu, já que seus pais eram ocupados demais para notar sua presença. Agora estava ali, chateado por mais uma vez tentar chamar a atenção dos adultos e eles estarem brigando por suas ações ao ponto de insultá-lo.

- "Ei...por que essa carinha?" - a voz dócil alcançou seus ouvidos, juntamente ao sorriso gentil que sua irmã lhe oferecia.

- "Eu...aprontei de novo" - o menino confessou, chateado. Tinha apenas quatro anos e o sonho de ter a atenção dos pais.

- "Você não fez nada demais, bobão" - a outra sorriu, ajeitando as mangas da camiseta rasgada - "Não deixe eles dizerem o que é certo ou não, só faça o que você gosta e seja bom, Chee"

O menininho sorriu fraco, não era sua intenção causar aquela bagunça e apenas queria brincar com Margaret, a filha do vizinho, e suas bonecas legais.

- "Pronto" - proferiu por fim, colocando a máscara na cabeça do caçula - "Consegue me ver?"

O menino assentiu - "Ótimo, agora me dê um beijo e vá se divertir, o Bill vai com você?"

- "Aham, ele chamou dois meninos pra brincar também" - revelou todo sorridente.

Desde que entrou na creche seu único amigo era William Denbrough, um menininho gago e isolado. Os dois se deram bem logo de cara, excluídos pelas outras crianças, um por mal conseguir falar pelo nervosismo e o outro por ser o quatro olhos gigantes e estranho.

- "Ah não, beijo não!" - o menino resmungou, achava aquilo uma bobeira.

- "Ah, beijo não é? Vem aqui" - a mulher pegou a criança risonha, o colocando em seu colo e enchendo de cócegas e beijinhos no rosto.

- "Linda!" - reclamou manhoso.

A moça sorriu e soltou o menino, ganhando um beijinho envergonhado na bochecha - "Vá pirralho, traga muitos doces para sua querida irmãzona"

Richie deu a língua e saiu do quarto. Passou depressa pela sala, evitando acabar entrando na discussão de seus pais sobre si, realmente não gostaria de escutar sua mãe o menosprezando mais uma vez, e saiu.

O menino olhou em volta, todas as casas decoradas com o tema arrepiante, diversas crianças passeavam pela rua e com certeza o centro estaria lotado e movimentado. Havia combinado de se encontrar com Bill em frente a estátua bizarra do lenhador que não se lembrava o nome. Os dois garotos o apelidaram de Bob, por mais que não fosse o verdadeiro nome do homenageado...ele tinha cara de Bob.

O mini lobisomem caminhava animado em direção ao local de encontro, vez ou outra batendo nas casas mais decoradas para pedir doces com sua cestinha. Já podia ver a grande estátua quando foi bruscamente empurrado contra a guia, o potinho foi arremessado um pouco longe de si e sua costela doía pelo impacto.

- "Ai..." - resmungou, levantando a máscara para ajeitar seus óculos.

- "Ah olha só quem é, Richard Tozier"

Levantou seus olhos assustado, encontrando uma máscara bizarra de palhaço sorridente.

- "Não, o mariquinha Tozier" - um outro palhaço provocou.

- "Boo!"

Richard tomou um belo susto, se levantou apressado e tentou correr, mas acabou sendo cercado por mais três palhaços risonhos.

- "Que foi bichinha? Está com medo?" - um outro perguntou.

O medo fazia suas pernas tremerem, um arrepio subia por sua espinha, não tinha como fugir, não dava para correr. A risada dos palhaços ecoava por seus ouvidos, um pânico atingia o seu interior e ele não teve outra saída ao se agachar. Suas pernas tremiam, as mãos tapavam os ouvidos com força e os olhinhos marejados encaravam seus sapatos, apavorado.

- "Não é real...não é real..." - sussurrou repetidas vezes para si mesmo, como sua irmã ensinou.

"Droga Richard, quatro anos e chorando igual um bebezinho?" pensou, mas era impossível, seu medo era muito maior do que qualquer coragem que ele arrumasse agora.

- "Ei, deixem ele em paz" - a voz aguda foi ouvida pelo menino ao longe.

Os olhinhos vermelhos encontraram um garoto baixinho e irritadiço, fantasiado de vampiro, este que se intrometeu no meio dos outros garotos, muito mais velhos que eles dois.

- "Cai fora, tampinha"

- "Sai daqui, Henry. Ou vai precisar que eu chame o papaizinho ali?" - o garotinho apontou para o carro de polícia estacionado na praça.

O outro rio, parecia piada - "Como se ele me assustasse, vam'bora galera" - passou pelo menino, trombando e derrubando-o propositalmente no chão. Não demorou muito para restarem apenas os dois meninos na rua.

O vampirinho se levantou, batendo as mãos na calça e na capa para tirar qualquer cisco e se voltou em direção ao outro menino, estendendo a mão.

- "Você está bem?"

Richie nem sequer percebeu que estava encarando demais o menininho, mas conseguiu mover a cabeça levemente em confirmação e segurar a mão do outro para se levantar.

- "Não liga para aqueles babacas, são apenas garotos em uma fantasia ridícula" - pegou a cestinha e entregou para ele.

Richie mais uma vez assentiu, meio sem jeito - "Obrigado..."

- "Por nada" - sorriu e analisou melhor - "Ei, você é amigo do Bill Denbrough?" - o menino perguntou e ele assentiu em concordância - "Que legal! Eu também. Meu nome é Edward Kaspbrak, mas pode me chamar de Eddie"

- "Richard Tozier" - respondeu com um meio sorriso sem graça - "Richie"

- "Bom, Richie, quer vir comigo pegar alguns doces? Meu melhor amigo ia vim, mas o pai dele impediu ele, disse que isso é uma festa demoníaca e que não é aceita na cultura judia e blablabla. Eu disse pro Stan sair escondido, mas ele não me escutou, dá pra acreditar? Você sabia que tem mais bactérias em sua boca do que pessoas no planeta? Imagina quantas delas poderiam...olha, o que e aquilo? Será que é um novo conjunto de doentes psicológicos que..."

Richie se sentiu zonzo, o "vampirinho" não parava de falar nenhum segundo e sempre arrumava algum assunto diferente para voltar a falar, muitos deles que ele nem mesmo compreendia os significados das palavras.

- "...mas os ogros não podiam ajudá-lo já que...Ah, oi Bill" - Eddie sorriu e correu até o amigo.

Tozier observou o vampirinho correr até o garoto vestido de Frankenstein e um outro vestido de múmia, que mais parecia ter sido uma fantasia improvisada de última hora.

- "Stan! Você veio!" - correu e abraçou o tal "Stan".

- "É...consegui vir com a vovó"

- "E-Ei...R-Richie, vem cá" - Bill, o único amigo de Richie, chamou animado.

Os quatro se reuniram sentados na grama, em uma espécie de roda com as cestinhas no meio.

- "T-Tá, Richie, esses s-são Sta-Stanley e o Eddie v-você já co-co-conheceu."

- "É, o Eddie é um papagaio humano" - Stan concluiu, tomando um beliscão do menino citado.

Richard riu baixo, não sabia como uma criança tão pequena conseguia ser tão brava, como cabia??

- "Enfim, podemos ir pegar doces agora?" - Kaspbrak resmungou impaciente, tendo a confirmação dos amigos risonhos.

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- "DOCES OU TRAVESSURAS"

- "Aaah! Oh meu Deus, vocês me assustaram!" - a senhorinha fingiu surpresa, já com uma bacia lotada de doces nas mãos. Os olhinhos dos quatro meninos brilharam com aquilo e cada um deles recebeu uma quantia de balinhas nas cestinhas.

Os quatro caminharam até um dos bancos da pracinha e se juntaram para ver quantos doces receberam.

- "N-Nossa, que le-legal! Doces para a s-s-semana toda!" - Bill apontou animado.

- "Nós podemos dividir eles amanhã, o que acham?" - Richie sugeriu.

- "Está doido? Se a mamãe me ver com esse monte de doces, ela me mata, eu quero só metade, ai eu dou uns pro papai" - Eddie se justificou, sabia que sua mãe não gostava que ele ingerisse muitos doces, mas permitia.

- "Seu pai está melhor? Meu pai me contou que ele começou um tratamento" - o pequeno judeu perguntou.

- "Está...mamãe diz que ele vai ficar bem, que logo logo ele vai sarar"

Bill sorriu fraco e bagunçou o cabelo do outro. Isso despertou certa curiosidade em Richard, o que o pai de seu novo amigo tinha?

- "C-Certo, então vamos repartir...amanhã levamos alguns na creche" - Denbrough jogou todas as balinhas no centro e foram repartindo as preferências de cada um e por fim na quantidade.

- "Já está tarde, acho melhor eu ir..." - Eddie pegou seus doces e abraçou seus amigos, um por vez, demorando um pouquinho mais em Tozier - "Tchau, foi muito legal te conhecer menino, até amanhã" - sorriu para ele e correu para casa, mal tendo tempo de deixar o outro responder.

- "...Até" - Richie se despediu meio zonzo.

Não demorou muito para Stanley precisar ir embora com sua avó também, sobrando apenas os dois meninos.

- "Você t-tem certeza que não que-quer dormir lá em casa?"

O menino assentiu, ajeitando os óculos no rosto - "Tenho, prometi levar alguns doces pra Linda"

- "T-Tu-Tu...Tudo bem, até amanhã, R-Richie."

William se despediu do melhor amigo e ambos caminharam em direções opostas.

Um suspiro calmo foi solto pelo pequeno lobisomem, por mais que as coisas não fossem tão legais em sua casa, agora tinha seus dois novos amigos, Stanley e Edward...ou melhor, Stan e Eddie, o tagarela.

Richie havia gostado de como ele soltava a língua e falava mais palavras do que a própria boca conseguia pronunciar, queria ouvi-lo falar novamente.

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31 de Outubro, 2022 - Nova Iorque, NY

O silêncio das ruas indicava o quão tarde era, alguns carros vagavam de forma silenciosa pelas ruas da grande cidade.

As mãos firmes apertaram com certa força o volante, havia se atrasado mais uma vez e, no fundo, estava se xingando por ter quebrado mais uma de suas promessas. Odiaria ver as carinhas tristes de Luca e Helena quando chegasse, ou até mesmo o olhar reprovador de seu marido por ter chateado as crianças. Mesmo que não tivesse culpa e mesmo que soubesse que seu cônjuge o entendia e não faria isso, ele tinha certo receio.

As sacolas, no banco ao seu lado, abrigavam diversos doces, dois sacos de ração médios, um vinho, um bolo e algumas camisinhas e lubrificante. Vai que...né? Haviam acabado e estava com saudades de seu marido, quem sabe hoje poderiam aproveitar um pouco?

Estacionou na vaga costumeira, ao lado do carro de seu marido. Desceu com as sacolas na mão e caminhou até o saguão, apertando o botão do elevador com certa pressa. A impaciência o fazia bater o pé no chão com frequência, se o elevador já demorou tanto assim para descer, imagina para subir? Aah ele teria um ataque de nervos em breve por conta da ansiedade.

Pegou as chaves de forma desajeitada de seu bolso por conta das sacolas, encaixou na fechadura e logo entrou em casa, estranhando o silêncio.

- "Richie?" - chamou pelo marido enquanto deixava as sacolas no balcão - "Meu amor? Estou em casa"

Os latidos alcançaram suas pernas e logo duas bolas de pelo médias e caramelo pularam em si, um vestido de anjinho e a outra de diabinha.

- "Ei" - Eddie se abaixou sorridente, recebendo os dois cãeszinhos - "Oi Stan! Oi Cacau! Cadê o papai?"

Cacau, a fêmea, rodou no lugar, tentando chamar a atenção de seu dono para a sala.

O homem se levantou e caminhou até a cadelinha, encontrando a tv da sala ligada em um filme sobre monstros e um hotel. No sofá, encontrou o homem adormecido, roncando, com a boca aberta e três crianças dormindo, duas de cada lado do seu peito e uma no carrinho ao seu lado.

Sorriu abobalhado ao encontrar sua família ali, meio chateado por chegar atrasado em casa, mas feliz por saber que estavam bem.

Andou devagar até o esposo e beijou sua bochecha com ternura. O outro homem acabou acordando com o ato de afeto, olhando surpreso para ele.

- "Você chegou?!" - sorriu fraco.

- "Cheguei" - ajeitou os óculos de seu homem no rosto e aproveitou para o beijar. Um selinho demorado e carinhoso - "Desculpa por ter atrasado, sei que eu prometi, mas o Diego..."

- "Shiii, tudo bem, querido" - Richie riu baixo, sabia perfeitamente que Eddie sempre tentava sair mais cedo, mas Diego, um de seus funcionários, sempre o atrasava de alguma forma.

- "Agora, eu posso saber por que os cachorros estão com asinhas, chifrinhos e auréolas?" - riu baixo.

O humorista ajeitou os dois meninos no colo - "Bom, nossos cinco filhos queriam assustar o papai, mas acabaram dormindo enquanto esperavam"

Agora sim, Eddie estava se xingando, estragou a surpresa de seus filhos. Foi ai que percebeu a dupla de crianças fantasiadas no colo alheio e o bebêzinho no carrinho. Luca estava vestido igualzinho o personagem de mesmo nome da Disney, um monstro marinho; Já Helena, era uma verdadeira bruxinha no colo do papai e Ellie, fazia uma duplinha com seu papai Shrek, estando vestida de Felicia.

- "Merda...que droga de pai eu sou...?" - suspirou.

Richie novamente deu risada, seu esposo era mesmo um bobão - "Anda, vai lá fora e espera, vou acordá-los e você finge que não sabia de nada"

Kaspbrak assentiu e correu para fora de casa, quase sendo perseguido pelas patinhas apressadas. Não demorou muito até ouvir as vozes baixas, que tanto amava, dizendo coisas como: "O papai chegou?", "Mesmo? Vamos fazer boo?", "Ta bom...shiiiu Nana", "Quietinhos, ele vai entrar".

Ouviu a voz de seu marido e se preparou para entrar como havia feito anteriormente, abrindo a porta e chamando pelo parceiro.

A duplinha de mini seres humanos segurava a risada atrás do sofá, junto com o pai bobão, que sempre participava das travessuras dos filhos.

- "Amor? Crianças?" - Eddie atuou, como se não soubesse onde os filhos estavam.

De repente, dois monstrinhos apareceram, pulando no sofá e gritando um "boo" bem alto, os dois cãeszinhos foram soltos por Richie e correram até o outro dono, enquanto Eddie levava a mão ao peito, fingindo um susto, bem ruim por sinal.

- "Oh meu...santo Jesus, vocês querem me matar de susto??"

- "Papai!" - os dois pestinhas correram até o pai, o abraçando com todo o carinho e saudade que poderiam oferecer.

Kaspbrak se abaixou para receber as crianças em seus braços, beijando a testa de cada um, como tinham costume de fazer quando chegassem. Os dois gargalhavam com o carinho recebido de seu pai e com as patinhas batendo em suas pernas, tentando chamar a atenção dos três. O humorista observava-os contente, um pouco afastado dos três e com a caçula no colo.

- "Papai! Papai! Olha! Eu sou o Luca, a Nana é uma bruxa e a Li é uma ogrinha, igual o papai Richie!" - o menino contou animado, mostrando as fantasias que seu pai havia comprado quando os buscou na escola.

- "Olha só! Estão assustadores, nossa!" - Eddie demonstrou surpresa, vendo os olhinhos dos filhos brilharem em resposta.

- "Não vale! O papai não ta de monstrinho" - Helena apontou e tinha razão.

Eddie havia acabado de chegar de seu trabalho, estava perfeitamente bem vestido em seu terno escuro, com os cabelos bem alinhados. Ou como Richie gostava de dizer: Um verdadeiro homão da porra.

- "Ah isso não é um problema"

Richard tirou um pouquinho de farinha  do pote da cozinha e, antes que o marido pudesse reagir, atingiu seu rosto com tudo. As crianças dispararam a rir com a palhaçada dos pais, Eddie começou a tossir, tão surpreso quando elas.

- "Richard Tozier, mas que porra..."

- "Ei, olha a boca amor" - corrigiu-o e tirou o delineador do bolso, bagunçando o cabelo do outro e colorindo seu rosto com preto. Eddie faltava matar o homem ali na frente dos filhos de tão irritado que estava - "Pronto, agora o papai ta de fantasma ou de Jack..."

- "Uhuul" - os dois malandrinhos comemoraram.

- "Vem, vamos comer doces! A vovó mandou" - Luca correu até a mesinha de centro da sala, onde um pote cheio os aguardava.

O humorista sorriu para eles, até encontrar a careta irritada do marido, que lhe fritava pelos olhos de tanta raiva.

- "Eu mato você..."

- "Ah meu amor, foi só pra participar da brincadeira, vai" - tentou abraçar o amado de lado, mas tomou um belo de um vácuo quando ele saiu andando até o sofá.

Richie sabia que Eddie se irritava com qualquer coisinha, desde criança, e sempre atentava o marido com alguma gracinha, mas sabia perfeitamente como contorna-lo.

Colocou a caçula de volta no carrinho e se aproximou do marido, o abraçando um pouco contra a vontade dele e o enchendo de beijinhos, não se incomodando com a farinha ressecando seus lábios.

- "Para, sai fora" - tentou afastar o esposo, mas era meio impossível, Richie era mais forte que ele e sempre ganhava nos "duelos" de força.

- "Vai ficar emburradinho agora, Eds?" - provocou, sabendo que os filhos estavam distraídos demais pra prestar atenção nos dois.

- "Vai se foder" - resmungou, parando de relutar e aceitando os beijos em seu pescoço.

- "Tudo bem, eu vou" - sorriu fraco e nada inocente - "Mas eu vou se você vier comigo"

Kaspbrak sentiu um arrepio na nuca pela respiração quente de seu esposo estar atingindo o local e pela frase que este soltou em seu ouvido. Richie sabia ser um belo de um safado e na maioria das vezes que o mais baixo ficava irritado com ele, eles acabavam resolvendo na cama. Claro, haviam desavenças que eles resolviam conversando, mas sempre que era algo "bobo", com certeza a cama era uma opção bem vinda.

- "Não, não vamos hoje, as crianças estão bem ali" - ditou firme.

- "Nós esperamos elas dormirem e podemos testar aquelas camisinhas que você trouxe" - apertou o quadril alheio - "Acha que eu não vi aquelas sacolas?"

Os dois estavam em um diálogo baixo e discreto entre eles, seus filhos enchiam as bochechas com chocolates e mantiam os olhinhos focados na protagonista "Mavis" e no par romântico "Johnny".

- "O que você acha?" - beslicou o mamilo por cima da camiseta, causando um grito no marido.

- "RICHARD TOZIER, SEU IMBECIL" - estapeou o amado que caiu na gargalhada, chamando a atenção de seus filhos.

Não sabiam o que estava acontecendo, mas amavam seus pais e sabiam que eles eram malucos e escandalosos, então mal ligavam para aquelas loucuras.

Helena, ou Nana, como o irmão e os pais chamavam, pegou dois chocolates de palhacinhos e entregou pros pais. Ambos sorriram e agradeceram a filha que saiu toda risonha indo se sentar no tapete, eles encararam os doces e depois se encararam, um pouco surpresos.

- "Que ironia, não?"

Eddie negou, em um riso nasal fraco, encostando no peito do homem que amava e relaxando os músculos ao digerir o doce. Era aquilo que ele sonhou, uma família querida que ele pudesse cuidar, alguém que o amasse e que cuidasse dele como ele mesmo faz com o esposo. Estava em paz, enfim.

- "Feliz Halloween, Eds" - desejou, recebendo a mesma frase em resposta - "Mas...ainda vamos, né?"

- "Richie"

- "O que??"

- "Cala a boca, querido"

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