All Together Again - Reddie

By Keezzuu

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"Seria mesmo o fim da Coisa? Enfim estava acabado e os losers poderiam seguir suas vidas em paz novamente?"... More

Prólogo
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Um pequeno grande aviso S2
Capítulo XV
30 de Outubro
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Bônus: Especial de Halloween
Capítulo XIX

Capítulo XVI

182 14 72
By Keezzuu

SIM, É CAPÍTULO MEUS AMORES

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Os pequenos pontinhos de luz esverdeada dançavam lentamente por entre a brisa do campo, piscando de forma desarmonioza e lenta. A grama, um pouco úmida pelo orvalho, já não era mais um incômodo, alguns girassóis balançavam ao ritmo das folhagens espalhadas.

Um deles, entregue por Richie, estava perfeitamente encaixado na orelha de Eddie, este que deixava um delicado cafuné nos cabelos do homem deitado em seu colo. O comediante descansava no colo alheio, respirando devagar e com os olhos fechados, um conforto que sequer havia sentido alguma vez em sua vida.

Naquele momento, os corações batiam de forma calma, suas mentes estavam limpas de qualquer problema que os incomodava em suas vidas separadas, como um sonho perdido em um dos desvaneios do pequeno garoto boca suja.

Os olhos de Eddie desceram até o rosto sereno, deixando de observar a paisagem para observar o amante. Richie estava tranquilo, como se estivesse em um sono profundo há muito tempo. Seus dedos escorregaram dos fios escuros até a bochecha, deixando um carinho ali. O humorista soltou um pequeno sorriso com o toque, fazendo com que o outro suspirasse em resposta.

- "Eds"

- "Hum?"

- "Vem cá" - chamou, sem se mover ou abrir os olhos.

Eddie se abaixou um pouco, confuso, chegando mais perto do melhor amigo. Tozier aproveitou a deixa para roubar-lhe um beijo rápido. O analista se afastou por impulso, completamente vermelho.

- "Ora seu..." - Richie começou a rir, podia imaginar perfeitamente a careta torta que o outro estava fazendo.

Sorriu e abriu os olhos, apenas comprovando sua tese, Eddie o olhava como se estivesse indignado - "Eu te amo"

"..."

Kaspbrak cerrou os dentes, desviando o olhar. Queria poder dizer o mesmo, mas sequer sabia o que sentia, ele só...não podia.

Richie se levantou após alguns segundos, batendo as mãos no traseiro para tirar a sujeira. As roupas úmidas agora o incomodavam por conta do vento, mas nada muito perturbador.

Estendeu a mão para o homem, que aceitou de bom grado a ajuda para se levantar. Os dois seguiram em silêncio até o carro e partiram para o apartamento luxuoso do comediante, o caminho foi tranquilo, Eddie dirigia tranquilo, com uma mão apoiada no joelho alheio, enquanto Richie prestava atenção no caminho e reclamava sobre o quanto sua irmã vinha lhe enchendo o saco sobre sua mãe.

Desde que retortaram da última vez que estiveram em Derry, Richie conversou com sua família, esta que atualmente só era composta por sua mãe, sua irmã e seu sobrinho, sobre sua orientação sexual, foi bem aceito por todos, exceto pela matriarca da família, que o desprezou com os olhos, sem sequer dizer uma palavra.

Não a culpava, era uma senhora que foi criada por uma família de judeus extremamente conservadores, além de um marido ausente e um tanto manipulador. Mesmo sabendo da reprovação, ele amava a mulher, mesmo pelo pouco afeto recebido durante os 43 anos de sua existência.

Agora, sua mãe o cobrava sobre netos que ele não deu para ela, sobre só terem Zack, seu sobrinho, como descendente Tozier daquela parte da família e sobre a falta de companhia do filho. Richie achava apenas uma hipocrisia de sua velha mãe, já que, durante toda sua vida, ela sequer atendeu as necessidades de afeto do próprio filho, apenas por ele não ser uma menina, como ela queria.

- "Richie?" - acordou de seus próprios questionamentos quando ouviu a voz preocupada do melhor amigo, este que esperava o outro abrir a porta do apartamento - "Tudo bem?"

- "Tá sim" - sorriu fraco e adentrou o imovel, sendo recebido pela alegre bolinha de pelos e seus pulinhos de animação - "Oi carinha"

- "Stan!" - Eddie se apressou em pegar o cachorrinho no colo e o acomodar em seus braços, havia pegado um afeto gigantesco pelo animalzinho...bom...e pelo dono dele também.

Tozier sorriu fraco e caminhou até seu quarto. Vestiu seu conjunto pijama e tratou de levar a calça de pijama emprestada pro melhor amigo. Richie havia descoberto recentemente que Eddie detestava dormir com camisas pois, na visão dele, o incomodava.

- "Suck my Duck?" - Edward leu o enunciado na camisa de pijama, juntamente com a imagem de um patinho swag. Havia uma palavra riscada, que Eddie entendeu ser "Dick" e "Duck" estava escrito em vermelho logo embaixo  - "Jura?"

- "Que foi? É um pijama legal" - Richie se defendeu.

O analista negou risonho, se levantou do sofá e pegou a peça de roupas, seguindo até o banheiro para se vestir. Richard pegou duas taças, a caixa de chocolates e a garrafa de champanhe que o mais velho havia trazido mais cedo. Colocou tudo em cima da mesinha de centro e preparou um cafofo no carpete em frente ao sofá, com almofadas e cobertores.

Minutos depois, Eddie voltou até a sala, com o peito desnudo e cabelo molhado, a gigantesca cicatriz estava presente no centro de seu tórax, algo que Eddie levava como um troféu pela derrota da Coisa, mas achava extremamente horrível e isso lhe causava certas quedas de autoestima as vezes.

O humorista, por outro lado, faltava babar de tão surpreso que estava. Seu corpo respondeu com vibrações quentes em algumas partes, principalmente seu rosto. Eddie não era nada musculoso, mas também não era magro, tinha um belo corpo natural, ombros pequenos pela baixa estatura, um tanquinho nada malhado, cicatrizes e até mesmo algumas pequenas estrias nas laterais do quadril.

Era como admirar uma pintura realista, onde cada pintinha, espalhadas pela pele branquela, formavam uma constelação diferente. Na visão de Richie, o real sempre seria melhor do que qualquer modelo ou ator pornô em algum filme erótico.

- "Para de me encarar, porra" - Eddie repetiu pela segunda vez, tirando o amante de seus pensamentos intensos.

Os olhos irritadiços seguiram até as coisas dispostas na mesinha e logo sua expressão se suavizou, tornando-se surpresa. Seus músculos relaxaram e logo voltaram a se tensionar quando sentiu os braços firmes e um tanto peludos abraçarem sua cintura nua. O queixo robusto se encaixou na curva de seu pescoço, causando algumas cócegas pelas falhas da barba recém feita, mas nada que o incomodasse.

Sentiu a respiração quente do melhor amigo atingir sua clavícula e todos os seus pelos responderam aquilo, se enriçando e causando arrepios no analista. Acordaram de seu transe quando Stan acidentalmente chamou a atenção dos dois adultos, latindo e rodando.

Eles riram e se soltaram do abraço, se aconchegando no pequeno cafofo preparado por Richie. O comediante havia colocado um filme e Eddie quis o xingar, um musical teen que ele havia enjoado de tantas vezes ter sido atazanado por Richard para assistirem aquilo. High School Musical.

Eles passaram um bom tempo rindo de qualquer besteira que acontecia ou criticando os atores pela péssima atuação. Isso até Richie inventar de pegar a antiga guitarra de sua adolescência e solar de forma enferrujada todas as músicas que começavam a tocar.

Após o filme, os dois homens continuaram ouvindo a música que Tozier tocava, o instrumento pontudo, apropriado para um metaleiro, combinava com o estilo do humorista na adolescência.

Eddie o observava de forma tranquila, apreciando o quão focado seu amante estava em dedilhar as cordas. Stan dormia no cantinho de um dos sofás e sequer prestava atenção em seus donos, a televisão sugeria alguns filmes, completamente abandonada pelos dois e Richie se desfrutava do som que estava produzindo.

Kaspbrak engoliu em seco, tomado pelo desespero de seus desejos, não conseguia sequer parar de olhar pro amigo. Em um ato repentino, se aproximou do comediante, ficando por cima dele, este que o encarou em confusão, e o beijou lentamente, como uma tortura pessoal para o pobre Tozier.

Richie abraçou o outro de forma desajeitada pelo instrumento entre eles, era como se tudo ao seu redor parasse e os dois flutuassem como nuvens em um paraíso cor de rosa, por mais inconveniente que essa sensação parecesse.

Os dois se ocuparam com chamegos e beijinhos tímidos, um carinho que nunca haviam sentido antes e queriam aproveitar a cada minuto. Sequer viram o tempo passar, já era bem tarde quando ambos desligaram tudo, colocaram o cachorrinho na caminha e foram pro quarto, um tanto chique, de Richie. Se deitaram em silêncio e logo adormeceram, com Richie tomando um belo chute nas costas quando tentou agarrar o outro em uma brincadeira de cócegas.

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A respiração ofegante e um tanta engasgada, acabou despertando o humorista de seu sono. Eddie estava sentado, com a respiração completamente desregulada, o coração quase saindo pela garganta e os dedos quase rasgando o edredom. Sua mente estava o pregando uma peça, só poderia ser isso, não era possível.

- "Eddie? Você está bem? O que foi?" - o toque singelo em seu pulso, assustou o rapaz, fazendo com que Richie recuasse - "Ei..."

O homem reparou que seu amante estava prestes a ter um ataque de pânico. Se apressou em ir até a cozinha e preparar um chá rápido, de maracujá e camomila, antes de voltar para o quarto com um calmante. Durante o tempo que esteve na cozinha, pensou no que poderia ter acontecido, ele estava bem há algumas horas, estava com medo de si novamente? Com medo que ele o tocasse de forma não consensual.

Entrou no cômodo e encontrou o amigo encolhido na cama, abraçado aos próprios joelhos e com a testa apoiada neles. Se aproximou com calma e tocou de leve seu braço, chamando a atenção do outro. Devagar, o analista engoliu o remédio e bebericou da xícara com o líquido quente e suas substâncias calmantes.

Tozier esperou o homem se acalmar por alguns minutos, completamente em silêncio. Em seguida, se pronunciou - "Você quer conversar? O que você viu?"

Os dedos trêmulos apertaram a porcelana em suas mãos, comprimiu os lábios e respirou fundo.

- "Eu...prefiro acreditar que foi apenas um sonho...eu quero mesmo acreditar que foi só um sonho...mas parecia...parecia tão real...era como voltar pra lá..." - as palavras confusas e desconexas confundiram o artista, acabando por fazer uma careta em sua confusão.

- "Eds...do que você..." - acabou sendo cortado por Kaspbrak.

- "Derry...eu estava em Derry...de novo...na porra da Derry" - encarou seu reflexo no chá, os dentes cerrados e os olhos marejados, refletindo sua amargura - "Eu vi...vi os malditos balões...eu os vi...pelos esgotos, pelas ruas, pela escola, pelo parque, em todos os lugares...mas...eu também vi...ovos"

A revelação fez Richie se espantar, sabia que aquilo não era só uma conhecidencia, mas tinha que ser, tinha que ser só uma conhecidencia.

- "Tinham muitos...muitos desses ovos espalhados por todos os lugares, onde jamais pensariamos em procurar...ovos com uma gosma preta, como teias, eclodindo como bombas de pus..." - o homem soluçou - "Richie...nós o matamos...nós o matamos, não pode ser verdade..."

- "Ei, olha pra mim" - usou seus dedos para virar o rosto do analista para si, pegando a xícara com a outra mão e a colocando no criado-mudo - "Nós estamos bem, todos nós, nada vai acontecer, eu prometo pra você. Nós matamos aquele desgraçado, já fazem anos, confie em mim, nada vai acontecer."

O comediante beijou a testa enrugada, trazendo certo conforto com suas palavras para o homem amedrontado ao seu lado. Se deitou com o amante e o abraçou, dessa vez, tendo a permissão de Eddie.

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A fumaça tóxica se enrolava entre os dedos delicados, as unhas feitas eram apenas um charme a mais. A ruiva sequer notou que a chama já havia se apegado e sobrára apenas o restante do cigarro.

Afastada de sua própria realidade, perdida em seus próprios pensamentos, sequer notou a aproximação do noivo atrás de si. Ben já estava observando a futura esposa há alguns minutos, parada em frente ao grande paredão de vidro, observando a calmaria da madrugada.

Os braços repletos de músculos trabalhados, mas não exagerados, abraçaram a cintura magra da companheira, que balançou a cabeça em um pico de realidade. Levou a mão para trás de sua cabeça e acariciou a nuca alheia, suspirando devagar.

- "O que está te atormentando?"

- "Nada demais, meu amor. Só...estou ansiosa para o nosso grande dia" - tentou disfarçar, uma desculpa que não colou nem um pouco com o Hanscom.

- "Bev, conheço você...está com aquela expressão" - O homem se recordava de quando descobriram sobre Stan. Beverly sabia antes de todos eles e, naquele momento, estava com a mesma expressão daquele dia.

A ruiva se virou de frente para o futuro esposo, rodeando seu pescoço com os braços e com um sorriso tranquilo nos lábios.

- "Está tudo bem, querido. Eu te contaria se fosse algo importante" - selou os lábios secos em um selinho estalado - "Vem, vamos dormir, amanhã é um longo dia" - prolongou a pronúncia do primeiro "o" do "longo" de forma cansada, como se já soubesse que não seria nada fácil para os dois.

- "Tem razão, é melhor mesmo" - Ben sorriu para ela e seguiram até o quarto, mesmo que, no fundo, aquilo tivesse perturbado um pouco a mente do engenheiro.

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- "Mas que merda, Stan!" - Eddie gritou, tentando falhamente cobrir o rosto com as mãos, em uma tentativa de se proteger da água.

A risada de Tozier ecoava pelo banheiro, o garoto, tão ensopado quanto os outros dois, estava com dores no abdômen de tanto que ria.

As sete crianças haviam se metido na enrascada de tentar consertar a torneira da banheira de Ben, isso após as pernas de Mike e Beverly se enrolarem e os dois acabarem caindo dentro do lugar. O braço do menino acertou em cheio a torneira, já bamba, e foi ai que a bagunça começou.

Mas o que diabos estavam os sete fazendo no banheiro? Seria uma pergunta bem constrangedora de responder, já que todos eles estavam com os cabelos lotados de creme, touquinhas, máscaras faciais e, agora, com as roupas complemente ensopadas. Ideia de Beverly.

A ruiva segurou um pano contra o buraco do cano, impedindo a saída dos jatos de água. Richie tomou um belo peteleco na testa, dado por Bill.

- "P-Pre-Pre-P-Precisamos fazer a-al-a-alguma coisa!"

- "Mas o que está acontecendo aqui?" - a voz masculina, e bem grave, ecoou da porta do cômodo.

As crianças engoliram em seco, virando as cabeças em direção a porta e encontrando o homem gigante. Senhor Hanscom, o brutamontes, colocou a mão na testa ao ver todas os sete em uma situação nada favorável, pensando em como reagir.

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- "Obrigada, sr. Hanscom" - a ruiva se pronunciou, assim que o homem terminou de instalar a nova torneira.

Todos já estavam com os rostos limpos e com os cabelos lavados e penteados de forma estranha por conta da umidade dos fios. O brutamontes se levantou, tirando o suor da testa com o braço e sorriu.

- "Não tem problema, essa coisa velha já precisava ser trocada de qualquer forma"

- "Me desculpa, pai..." - Ben se aproximou do pai, cabisbaixo.

O homem apoiou a mão gorda na cabeça do filho e bagunçou seus cabelo.

- "Só continue sendo um bom garoto, Ben. Bom, eu tenho que ir, divirtam-se crianças com...seja lá o que estão fazendo"

O homem barbudo saiu do banheiro, deixando um silêncio absurdo entre o grupo de amigos.

- "Cara, ele era calvo!" - Richie proferiu, chocado.

- "Ah..." - os amigos suspiraram.

- "Cala boca, idiota!" - Stan o beliscou, recebendo um gemido dolorido como resposta e um soco no braço.

Ben balançou a cabeça rindo, com aqueles seis, se metia em furadas que sequer pensou que aconteceriam algum dia. Mas não se arrependia por nenhum segundo de ter se juntado com aqueles otários.

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- "Foi um bom filme" - o comediante riu com a careta indignada do parceiro.

- "Bom??? Bom é um elogio muito forte pra um filme daqueles"

Os dois haviam acabado de sair de uma sessão de cinema e estavam seguindo rumo ao centro de alimentação do shopping. Eddie estava de folga naquele dia e Richie teria um show apenas durante a noite.

O celular do analista tocou pela quinta vez em apenas duas horas que estavam no shopping, incomodando os dois homens. O nome "Myra" indicava de quem era a ligação inconveniente, Eddie suspirou e desligou mais uma vez, desligou o celular, guardando o aparelho e surrou as mãos nos bolsos da jaqueta.

Richie queria segurar sua mão, mas não sabia qual seria a reação de Eddie se fizesse isso em um local lotado, então apenas manteu sua mão caída ao lado do corpo.

- "Por que não bloqueia o número e o excluí de um vez?"

- "E você acha que eu já não tentei?" - suspirou cansado - "Da última vez que eu fiz isso, ela não me deixou dormir a noite inteira, ficou batendo na porta do meu apartamento e me ligando de outros números"

- "E mudar de número?"

- "Também já tentei, ela tem contatos que descobrem o meu telefone apenas por estar cadastrado no meu nome na minha operadora"

- "Puta que pariu..." - Richie respirou fundo, que mulher doente - "Olha, nós vamos comprar outro chip pra você, mas dessa vez no meu nome, okay?"

O outro assentiu, sem muitas opções para retrucar. Fizeram seus pedidos e se sentaram em uma mesa para esperar.

- "O casamento da Bev e do Ben está chegando" - Eddie soltou.

- "Verdade, é em alguns meses certo?" - o outro se interessou pelo assunto, ajeitando a postura. Eddie assentiu.

- "Dois meses"

- "Quem diria que esses dois acabariam juntos" - riu - "E olha que eu enchia o saco do Ben quando éramos crianças"

- "Bom, quando éramos crianças, se falassem para mim que no futuro, eu estaria tentando ter um relacionamento com Richard Tozier, eu não acreditaria, nem morto" - os dois riram - "Eu provavelmente chamaria-o de lunático e provavelmente ficaria puto"

- "Maldito pôster do Elvis Presley" - brincou, reclamando de dor logo em seguida, com os pelos de seu braço foram puxados pelo companheiro - "Ai! É verdade!"

Eddie sorriu após desfazer a careta zangada.

- "Eu sempre tive curiosidade, como você, Richie, o boca suja "pintudo" entre várias aspas, se descobriu gay?"

Richie nem mesmo precisou pensar para responder aquilo, rindo um pouco pela curiosidade.

- "Bom, não foi muito difícil descobrir" - sorriu um pouco bobo - "Não acredito em amor a primeira vista, mas acho que eu me apaixonei no momento que vi um vampirinho minúsculo me defender de seis garotos muito maiores que ele. Mesmo sendo menosprezado, não abaixou a cabeça e fez eles irem embora."

- "Ah...nós só tínhamos quatro anos, aqueles moleques não quiseram perder o tempo deles com outro tampinha"

- "Não importa o que eles pensaram ou não. O que importa foi como eu me senti e a sua coragem pra me defender, não teve medo de enfrentá-los" - Richie disse tranquilamente.

Eddie sorriu fraco, meio sem jeito por algo bobo daqueles, que foi o motivo para se tornarem amigos na época.

- "Claro, eu não sabia disso na época, mas aos poucos eu fui descobrindo e eu me odiava por isso" - suspirou - "Você lembra daquele dia na pedreira? Verão de 1989, quando incluímos o Ben e a Bev no grupo"

- "Ah, lembro, ela pulou da pedreira sem pensar duas vezes" - Kaspbrak se relembrou da loucura da amiga e do quanto se sentiram humilhados.

- "Quando ela estava tomando sol, enquanto todos vocês estavam olhando pros peitos e pra calcinha dela, imaginando-a sem aquelas peças por ser a única garota que já se sentiu confortável pra estar perto de nós, ainda mais daquela forma, eu até tentei fazer a mesma coisa que vocês, mas não conseguia. Eu só conseguia olhar pra você e aquela cueca que mais parecia uma fralda geriatrica horrível"

Os dois dispararam a rir, a infância deles, por mais que perturbada, causou diversas memórias divertidas para ambos, estavam felizes.

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- "Duas de baunilha, por favor" - o humorista passou seu cartão de débito e após alguns minutos, caminhou com as duas casquinhas até onde o amante o esperava, dedilhando algo no celular.

Eddie enviou a mensagem e guardou o aparelho assim que percebeu a aproximação de Tozier. Pegou seu sorvete agradecendo e caminharam até a praça principal do local, onde estava tendo uma enorme exposição de Claude Monet.

Os dois adentraram o lugar escuro e se depararam com diversas telas projetando as magníficas pinturas do artistas. Uma pequena lâmpada se acendeu na mente de Richie, ele queria ver Eddie sorrindo de novo, mais do que já estava.

Se afastou do amigo, correndo até as pinturas. O analista o observou confuso, não entendeu aquela movimentação repentina. O homem começou a fazer poses perto das pinturas, caretas, posando em paisagens, com donzelas e até mesmo sozinho.

Eddie tapou a boca, tentando segurar a boca, mas foi inevitável quando Richie fez uma simulação de estar caindo de uma ponte, para dentro de um lago. A risada era como um musical para os ouvidos de Richie, havia conseguido o que queria.

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Os dois homens passaram mais um dia inteiro juntos, mas logo deu o horário para irem embora, Richie ainda teria que trabalhar naquela noite.

Deixou o humorista em casa e se despediram com alguns...tudo bem...com vários beijos e um abraço demorado, com a certeza que se veriam ainda naquela noite.

As mãos trêmulas suavam no volante, os pensamentos diversos sobre a noite passada, sobre seu sonho, estavam o perturbando. Precisou parar o carro quando foi atingido por uma forte dor de cabeça. Encostou a testa do volante e ofegou, o que estava acontecendo?

Sua mente o pregava peças, como um pedido de socorros, gritos de crianças se faziam presentes, grunhidos de algo não identificável, algo...vermelho? Sangue? Não...era...algo diferente...estourado...feito de...látex?

- "Mas...mas o que?" - os dedos se prenderam nos cabelos, fechando os olhos com força.

Um forte cheiro invadiu suas narinas, o esgoto. Um nome piscava em sua mente, como uma imagem borrada. Ao fundo, alguém chamava seu nome, mas que porra estava acontecendo com ele?

Seu corpo esquentou, o suor frio escorria de sua nuca para suas costas,  arrepio percorreu sua espinha. Cerrou os dentes com força, batendo na própria cabeça, tentando parar aquilo.

Uma falta de ar o atingiu em cheio, sua bombinha, precisava da bombinha! Levou a mão rapidamente até a frente de seu abdômen, onde estava?? Não estava ali, onde estava sua pochete?

- "Mas que porra!" - grunhiu, um grande chiado em sua mente o deixava zonzo, uma musiquinha tocava ao fundo, com um coral de vozes infantis.

Sua cabeça parecia querer explodir todos os seus miolos para fora de seu crânio, seu corpo estava pegando fogo em uma febre sobre-humana, seu maxilar doía pela força em seus dentes.

Soltou um grito horrível, do fundo de sua garganta, em uma amargura sem fim, uma dor que nunca havia sentido antes em sua vida. Um desespero que parecia estar durando anos dentro daquele veículo.

De repente, dois toques no vidro o despertarem de seu desespero. Olhou no mesmo momento para onde veio o barulho, se deparando com um fiscal de trânsito, Eddie abaixou o vidro, apavorado, suando e com a respiração ofegante.

- "Senhor, está tudo bem? O senhor quer que eu chame os bombeiros?" - perguntou preocupado.

O analista negou rapidamente - "N-Não...estou bem...me dê um minuto..."

O homem assentiu e se afastou, Eddie encarou as próprias mãos no volante, assustado, confuso...que merda havia acontecido consigo?

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