Já estávamos andando pela trilha já havia alguns minutos, uma trilha que não parecia ser uma trilha, o mais correto era dizer que andávamos pelo meio da floresta.
Eu estava um pouco mais na frente, ao lado do Embry e Jacob, eles estavam conversando sobre uma moto que precisava de conserto.
Retardo os meus passos esperando a Leah que estava por último.
— O Sam não quis vim? — Pergunto puxando assunto.
— Ele teve que fazer um trabalho na oficina, eu o chamei e ele vai aparecer lá quando acabar. — Ela responde enquanto desviava de alguns galhos quebrados no chão.
— Ah legal. Faz tempo que eu não o vejo, a oficina deve ocupar muito do tempo dele. — Falo e ela concorda.
— Ocupa, mas até que ele é bom em dividir o seu tempo. — responde dando um meio sorriso.
— E como está indo o casamento de vocês? Já pensam em ter um bebê ou você não quer? — pergunto e ela nega.
— Não quero, com certeza só mais pra frente. — ela afirma e rir. — Só que eu sei que ele é louco por um filho, nós já até decidimos os nomes.
— Sério? Quais são? — pergunto animada.
— Se for menina, seria Lydia e se for menino, vai ser Isaac. — responde.
— Eu achei fofo, são ótimos nomes. — Sorrio.
— Eu acho que estou morrendo, galera. Falta muito pra chegar? — Olho pro seth que estava ofegante, ele estava encostado em uma árvore.
— Falta mais alguns quilômetros, acredito que uns dois. — Quil responde um pouco alto, ele estava liderando a trilha lá na frente.
— Meu deus! Por que eu vim!? — Ele pergunta olhando pro céu e eu rio parando de andar também.
— Se você ficar reclamando vai demorar mais, Seth. — Leah avisa e o garoto faz uma careta.
— Deixa eu levar isso pra você, assim fica mais fácil. — Pego sua mochila que ele havia soltado em um tronco caído.
— Obrigado, eu realmente te amo, Liz. Você deveria aprender com ela, Leah. — Ele fala fazendo a mulher revirar os olhos.
— Tá, tá, vamos logo. — Leah diz e começamos a andar novamente, porém escuto um galho quebrar ao longe e viro a minha cabeça por reflexo na direção, olho procurando por algo, mas não encontrei nada, mesmo assim, sabia que estávamos sendo vigiados por alguém esse tempo todo.
Dou um passo na direção do barulho e vejo um vulto preto pelas árvores, dou mais dois passos na direção e seja o que era aquilo, já havia sumido.
— Está tudo bem? — Jake pergunta me olhando, percebi que havia ficado um pouco para trás já que não havia mais ninguém em nossa frente.
— Sim, pensei que havia visto algum animal, mas não deve ter sido nada. — Minto escondendo minha preocupação e vou para mais perto dele.
— Tudo bem, só toma cuidado. Quer que eu carregue? — Ele pergunta apontando para a mochila do Seth.
— Não precisa, está leve, vamos. — dou um sorriso reconfortante e o puxo para andarmos perto dos outros.
*****
Finalmente havíamos chegado ao topo do grande penhasco rochoso, o caminho foi mais longo por querermos ficar na maior altura e não em uma pedra mais baixa.
A vista era de tirar o fôlego de qualquer pessoa.
O céu nublado com alguns raios de sol presente iluminava todo o topo do penhasco, a sensação que eu tinha era como se fosse a primeira vez que eu realmente enxergasse, como se eu tirasse a minha visão do automático e parasse para ter a consciência de tudo a minha volta.
A imensidão oceânica em minha frente e o som das ondas se quebrando misturado ao barulho do vento gélido que ecoa em meus ouvidos é totalmente relaxante.
— Eu poderia beijar esse chão de tão feliz que estou. — Seth diz se deitando na pedra e suspirando fundo, reviro os olhos rindo.
— Você é muito sedentário, Seth. — reclamo indo analisar a altura do penhasco.
— Ei, sai de perto da borda. — Escuto a voz nervosa de Jacob.
— Relaxa, só estou vendo. — Digo olhando a grande altura, um pulo errado poderia ser fatal se a pessoa não se jogasse longe das rochas pontiagudas... mas a correnteza lá embaixo estava tranquila, seguindo um caminho reto para a praia e longe dos pedregulhos.
— Sai logo, liz, não quero me sentir culpada pela sua morte. — Leah concorda no mesmo tom.
— Por quê? Vocês têm medo que eu caia? — Pergunto e entorto o meu pé fingindo um desequilíbrio, escuto o coração de todos falhar e logo acelerarem, rio saindo de perto. — Ops, foi mal.
Escuto xingamentos raivosos de todos e uma risada meio nervosa de Seth, sorrio me sentindo um pouco culpada.
— Tá, gente, já passou. — Aviso pegando duas das cestas de coisas para o piquenique que havíamos trago no chão.
— "Já passou" porquê não foi tu que quase teve um treco, sua maluca. — Embry diz me fazendo rir.
— Isso oficialmente foi o mais próximo que eu tive de uma parada cardíaca. — Quil diz tirando a mão do peito.
— A queda nem é tão alta assim, eu sobrevivo facilmente. — comento pegando o lençol acolchoado e estendo sobre o chão .
— Eu ainda estou em choque para te contrariar. — Jake fala se sentando sob o lençol, seu rosto parecia meio pálido.
— Acho que precisamos de uma música. — Seth diz tirando uma caixinha de som de sua mochila e botando em um rock, logo o clima inquieto deu o lugar para um leve e animado fazendo com que todos ajudassem a tirar as coisas das cestas.
Olho surpresa para dentro do isopor que Embry carregava.
— Cerveja? — pergunto sorrindo incrédula, me sentir inocente por acreditar que só havia coisas sem álcool.
— E refrigerante para a criança. — Ele completa.
— Ei! Eu não sou mais criança. — Seth nega emburrado. — A sua sorte é que eu não gosto disso.
— Nem se gostasse, pirralho. — Leah afirma fazendo o menor bufar.
Pego três latinhas do isopor e vou pro lado do Jacob e Quil que estavam sentados, entrego pra eles que aceitam.
— Se ele ficar porre não vou ajudar a carregar. — digo olhando para o Embry que misturava dois tipos de cerveja.
— Relaxa, a gente manda ele se jogar daqui de cima. — Jake brinca me fazendo rir.
— Na verdade até que pode dar certo. Só mandar alguém esperar ele lá embaixo. — Quil concorda com humor.
— Do jeito que ele é louco, certeza que ele pula sem nem pensar. — digo, olhando pro menino que virava o copo de 500 ml de cerveja misturada de uma vez, faço uma careta quando ele arrota e grita em comemoração.
— Levantem daí, seus bundas moles! — Embry grita fazendo Quil se levantar e ir pra cima dele na brincadeira.
Bebo um gole da minha cerveja sentindo o sabor amargo, eu não era muito fã de cerveja, com certeza preferia uísque ou até mesmo vodca.
Escuto três pessoas se aproximando de onde estávamos, e pela risada eram homens.
Depois de um tempo, vejo Sam sair de dentro da floresta pelo mesmo caminho que viemos, enquanto ele ia com um sorriso radiante em direção a Leah que pulou sobre ele o abraçando.
Desvio o olhar da cena romântica dos dois quando escuto Seth fingir vomitar, olho pro outro lado vendo dois caras sem camisa e eu posso dizer, eles são lindos.
— Ninguém merece! — escuto Jake murmurar entediado, olhando para os dois quileutes e, como se eles tivessem ouvido, começam a olhar para nós dois e se aproximam.
— Black, não vai apresentar sua amiga gata? — um deles pergunta provocativo, sua voz e tom me fazendo lembrar de alguém... era o Paul?
— E você nunca vai parar de se exibir, Lahote? — Jake pergunta em um tom impaciente, se levantando rapidamente.
Me surpreendi quando notei que os 1,92 metros do Jake não o fazia o mais alto dali, os outros dois meninos tinham no mínimo 2 metros.
Me levanto rápido para apartar qualquer briga que se formasse.
— Não acredito que vocês dois ainda possuem essa rivalidade. — Me meto no meio deles sorrindo ao perceber que minha desconfiança estava certa, era o Paul Lahote.
— Ah tá! É aquela amiguinha estressada dele de anos atrás. — Jared diz me fazendo revirar os olhos.
— Elizabeth Swan. — Paul afirma com reconhecimento.
— Eu não era estressada, vocês que eram endiabrados. — Retruco os fazendo darem lindos sorrisos travessos. — Vocês não sentem frio? Deve está no mínimo uns 15 graus aqui. — pergunto. — Ou vocês querem mostrar os shapes de vocês pra qualquer um que apareça?
Claro que o normal para Forks é uma temperatura negativa, mas andar só com a bermuda era bem irreal.
— Já estamos acostumados, então não é tão frio assim. — Jared respondeu.
— Mas até que eu não me importo de você ver o meu corpo, se quiser pode chegar até mais perto. — Propõe com um sorriso malicioso e eu reviro os olhos sorrindo.
— Só me faltava essa. — Jake resmunga e o dar um empurrão enquanto passa pelo nosso meio, indo de encontro com o Quill e Embry que também pareciam ter raiva dos meninos, pelo visto, nada mudou.
— Nós viemos pular do penhasco, então, no fim das contas uma camisa não mudaria nada. — Sam diz aparecendo ao nosso lado abraçado a Leah, os passos dele eram extremamente silenciosos, mas o coração denunciava a aproximação.
— Legal! Eu estou louca pra pular daqui também, é tão alto. — Digo animada e escuto Jared e Paul rirem com escárnio. — O que foi? — pergunto com uma ponta de irritação.
— Você pular? Conta outra. — O Lahote debocha fazendo eu revirar os olhos.
— Querido, fique sabendo que eu já pulei de alturas mais perigosas que essa. — Comento afrontosa.
— Então vamos apostar! — afirma, sorrindo, nesse momento todos já estavam prestando atenção na nossa conversa ao longe. — Se você pular eu faço o que você pedir, mas se amarelar vai ter que me dar um beijo. — Ele propõe e eu rio. Voltamos pro ensino fundamental e eu não estou sabendo?
— Impressionante como você sempre quis um beijo meu, Paul. Pena que não vai conseguir dessa vez. — Pisco um olho para ele e me afasto sorrindo.
— É brincadeira dele, Liza. Não precisa pular. — Sam afirma compreensivo e eu bufo.
— Eu sou uma Swan, não tenho medo de nada, Uley. — Digo séria e vejo todos os meus amigos me olhando apreensivos, Jake estava com os olhos esbugalhados e eu só sorrir tentando passar credibilidade e confiança.
Tiro o moletom do Jake ficando só de sutiã e retiro o short, escuto um assobio do Paul e Jared, então mandei o dedo do meio para eles.
Me aproximo da borda e nem penso antes de dar um pulo perfeito, a adrenalina corria em mim e a sensação era ótima. Por orgulho, não gritei enquanto caia. Logo sinto a superfície da água com os pés e afundo naquele gelo.
Nado até a superfície e dou um grito animado para eles saberem que eu estava bem, pude escutar os suspiros aliviados de alguns deles.
— Que droga! — Paul grunhiu o que me fez rir e logo em seguida vi ele se jogando lá de cima e afundando ao meu lado.
— Você não devia ter feito a aposta. — Sorrio provocativa e o vejo revirar os olhos.
— Você até que é corajosa, Swan. O que vai querer? — pergunta passando a mão pelo cabelo molhado.
— Só não duvide mais das minhas capacidades que pra mim já é o suficiente. — Mando e o puxo para o meu lado quando escuto Embry pular lá de cima.
O solto quando sinto sua pele quente, como se o mesmo tivesse com febre, não pude perguntar se ele estava bem já que o Embry nadou até a gente com um sorriso iluminado.
— Você é doido por ter se jogado, Em. — rio o empurrando.
— Não é só você que não tem medo de nada, gnomo. E você ainda nem viu todo o espetáculo. — Ele olha para cima e eu acompanho o seu olhar e vejo Jared, Jake, Quill, Leah com o Sam e Seth por último, parecia uma chuva de meteoros com eles pulando um por um.
Olho um pouco preocupada vendo se todos haviam voltados para a superfície e dou um sorriso aliviado ao perceber que sim.
— Isso foi incrível! Vamos pular de novo? — Seth pergunta e Leah o olha indignada.
— Eu mandei você não pular! — Leah diz com raiva.
— Eu não ia ficar sozinho lá encima. — reclama e sorrir travesso, ele mergulha começando a nadar e joga água na cara dela.
Uma pequena guerra de água começou e agora todos já estavam jogando água em todo mundo, mergulho e nado por debaixo deles indo até o outro lado onde Jacob estava.
Volto para a superfície parando em sua frente e sinto ele arremessando água na minha cara e risadas do Quill, Embry e Seth atrás de mim.
Percebo ele me olhando assustado e logo depois solta uma gargalhada muito alta da minha cara surpresa.
— Oh, mas isso não vai ficar assim! — Digo e começo a arremessar água no rosto de todo mundo que ria enquanto eles jogavam em mim.
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