All Together Again - Reddie

By Keezzuu

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"Seria mesmo o fim da Coisa? Enfim estava acabado e os losers poderiam seguir suas vidas em paz novamente?"... More

Prólogo
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Um pequeno grande aviso S2
Capítulo XV
Capítulo XVI
30 de Outubro
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Bônus: Especial de Halloween
Capítulo XIX

Capítulo IX

215 30 62
By Keezzuu

ATENÇÃO

Aviso de gatilhos neste capítulo

*Insinuação de sexo

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- "Você tem certeza que olhou em todo o Barrens?" - Ben perguntou.

- "Tenho, até o Memorial" - Bill garantiu.

Eles haviam se reunido no saguão da pousada novamente, arrumaram tudo e agora esperavam Eddie retornar de sua busca. Os quatro adultos estavam apreensivos, preocupados com o amigo, Mike balançava o joelho, inquieto com a situação, Beverly tragava um cigarro enquanto observava os homens, pareciam aflitos aos olhos dela e de certa forma, estavam.

A porta se abriu em um estrondo, o grupo se levantou em alerta com o barulho, seus olhos procuraram a figura magra e baixa de Eddie mas não foi o que encontraram. O homem alto adentrou o cômodo, arrumando seus óculos no rosto, ignorando ambas as presenças a sua volta e subindo as escadas da pousada, em direção ao seu quarto.

- "Richie!" - eles tentaram chamar, mas o citado parecia apressado em subir logo para o quarto.

Mike e Ben se apressaram em subir atrás do amigo e entenderem o que estava acontecendo com ele. Beverly e Bill se encararam, ambos confusos com toda a situação que estava rolando ali.

Seus olhos seguiram em direção ao barulho da porta batendo mais uma vez, agora, apoiando o corpo trêmulo do analista. Beverly se levantou rapidamente com Bill a seguindo e caminhou até o homem pálido.

- "Eddie...você está bem?" - perguntou da forma carinhosa que sempre a acompanhava quando o assunto eram seus amigos.

- "O que houve??" - Bill prosseguiu.

Eddie suspirou, beliscando a pele de cima das juntas de seus dedos, passou a língua entre os lábios secos algumas vezes, buscando umedece-los e, por fim, olhou para os dois amigos.

- "Ele..." - parou por um segundo e respirou fundo - "Ele me disse...me disse que...ele sempre gostou de mim...disse que me ama e...eu vi"

- "Viu?"

- "Vi...vi nossas iniciais na ponte do beijo" - Eddie voltou a encarar o chão.

Os dois se olharam por alguns segundos e decidiram levar o amigo até os sofás, Eddie ainda parecia estar em choque com tudo o que aconteceu naquele dia.

As vozes estridentes de Mike e Ben chamando por Richie se misturavam a voz irritadiça do comediante, chamando atenção dos três amigos até as escadas. Os passos pesados dos três rangiam de forma barulhenta devido a madeira velha do piso.

- "Richie, por favor, cara!" - Mike pediu, seguindo o amigo, junto a Ben.

- "Não e eu repito, não! Eu vou para casa!" - Disse sem nem mesmo se despedir ou olhar para algum deles.

Eddie observou o homem ir embora com a mala sem saber o que dizer. Poderia chamá-lo, mas o que diria depois? "Ah, desculpa Richie, por fazer você gostar de mim e não gostar da mesma fruta que você" que babaquice, pensou.

- "Richie!" - Beverly tentou chamar, mas já era tarde, a porta havia se fechado e conheciam o Tozier muito bem para saber que ele não voltaria atrás.

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O clima nos últimos dois dias em Derry havia ficado terrível de certa forma, Eddie estava sempre afastado, as vezes fingia brincar de volta com as piadas, mas preferia se isolar dos outros.

Por fim, decidiriam que não precisavam mais ficar ali e todos seguiram seus destinos para suas casas.

Eddie foi recebido por uma chuva de beijos e surras leves de sua esposa, Myra o xingava por ter saído de casa e não ter escutado quando ela pediu para não ir, mas estava feliz em ter o marido em casa.

Os dias de Eddie se tornaram monótonos, devido ao afastamento de seu trabalho, e a convivência com sua esposa só tornava tudo mais insuportável.

Antes de retornar a Derry, ele tinha certeza que a amava, mas agora, ele não podia nem mesmo usar o banheiro sozinho sem que ela estivesse em cima dele para averiguar que ele não escorregaria e bateria a cabeça no vaso. Não podia fazer nada além de sentar e ver televisão e só os canais escolhidos pela mulher.

- "Eddie, o jantar está pronto" - a voz irritante de Myra chiou no ouvido de Eddie, que contorceu o rosto em resposta.

Se sentou na cama e encarou a antiga bombinha que usava, ainda estava ao lado de sua cama, como deixou da última vez que esteve ali.

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Eddie balançou a bombinha e a apertou em sua boca, sugando o ar que o aparelho liberou. Tomou coragem e entrou no banheiro da farmácia, se amaldiçoando por não ter ido em casa.

Foi até um dos mictórios e desceu seus shorts o suficiente para urinar sem molhar suas roupas. Tombou a cabeça para trás em puro alívio, podia sentir sua bexiga esvaziando aos poucos.

Voltou a olhar para o que estava fazendo e se limpou, subindo seus shorts novamente e seguindo até uma das pias. Tomou um susto quando uma das cabines começou a balançar de forma bruta, causando grandes estrondos no banheiro, sua respiração acelerou, assustado e só piorou quando escutou uma voz grotesca chamando seu nome.

As paredes da cabine desmoronaram no chão e um homem velho, nu e cheio de feridas e bolhas pelo corpo o encarou. Eddie estava em choque, com a boca entreaberta em espanto, teve tempo o suficiente para poder identificar que aquelas feridas eram sintomas de sífilis e aquilo só piorou o seu pânico.

- "Eddie" - o homem sorriu em sua direção, tocando a própria genitália em gestos obcenos.

O garoto procurou qualquer forma de sair dali, mas o homem prendia sua atenção, não queria perder nenhum movimento que ele fizesse para o machucar.

- "Eddie, vem cá me ajudar com uma coisinha, vem...tenho certeza que essa boquinha não serve só para falar" - o homem sorriu, aumentando os movimentos de sua mão em sincronia, enquanto se aproximava do menino.

- "VAI SE FODER, SAI DE PERTO DE MIM, SEU NOJENTO!" - Eddie se alertou, colando suas costas nos azulejos frios do banheiro.

- "O que foi Eds? Tem medo de outro homem encostar em você?"

A voz do maldito palhaço ecoava na mente do menino, Eddie estava apavorado demais para pensar na ilusão em sua frente, aquele homem estava muito próximo de si, fazendo coisas obscenas e nojentas.

Eddie sentia seus joelhos fraquejarem, pareciam querer desistir de sustentar o restante do corpo do menino, o homem demonstrava reações de deleito, causando ânsias na criança. As mãos trêmulas de Eddie se agarraram em um ferro gélido debaixo da pia, o qual identificou ser um cano solto.

O homem se aproximou o bastante para sua genital quase tocar o rosto do menino, Eddie segurou firme no cano atrás de si e acertou a jugular do homem, se afastando dele com pressa.

Se virou novamente para onde estava e encontrou apenas o vazio, havia sumido, aquela coisa havia sumido. Seu coração quase saltou pela boca quando sentiu algo escorrendo em seu ombro, se virou lentamente e pode ver o palhaço salivando atrás de si.

- "Vem brincar comigo, Eddie!"

O garoto gritou e saiu correndo dali o mais rápido que podia, ouvindo a risada do palhaço ressoar do banheiro. Ele havia se decidido, nunca deixaria um homem chegar perto de si assim novamente.

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O homem suspirou, seu coração doía pela lembrança de infância, seus sentimentos pareciam pregar uma peça em si, como um jogo que já acontecia há muitos anos.

- "Eddie!"

Piscou algumas vezes, saindo de seus desvaneios e pôde finalmente encarar a esposa, nada contente, em sua frente. A mulher batia o pé no chão impaciente, com uma careta emburrada e os braços cruzados em desaprovação.

- "Myra..."

- "Já faz dez minutos que eu te chamei Eddie, você tem que vir na hora que eu mandar" - ela disparou a falar - "Sério, quantas vezes eu preciso dizer que você tem a hora certa pra comer? Se você engordar pode aumentar seu colesterol"

- "O que? Que colesterol? Myra, que porra você ta falando?" - Eddie se levantou, confuso e cansado de ouvir a voz da esposa, sempre reclamando de algo.

- "Ora essa, o seu colesterol, a sua asma só vai piorar com a gordura nos pulmões, precisamos cuidar de suas doenças querido" - disse como se fosse óbvio.

- "Doenças?" - Eddie se revoltou, se lembrava de sua mãe perfeitamente e agora, não parecia Myra em sua frente - "Eu não tenho doença nenhuma, nem mesmo tenho asma!"

- "Esses remédios devem estar mexendo com a sua cabeça, vem logo comer Eddie, antes que..." - Myra tentou entregar uma das embalagens de remédios, mas foram arremessados no chão por Eddie.

A mulher olhou para ele sem acreditar no que estava presenciando, seu Eddie não era assim.

- "Você some e é dado como morto por dois meses e é assim que me retribui???" - esbravejou.

- "Eu preferia estar morto, do que aguentar mais um dia com você!" - Eddie rebateu. Myra fez uma expressão desacreditada e saiu do quarto irritada.

Eddie se sentou na cama, bufando, suas mãos se esfregaram algumas vezes por seu rosto e em seguida subiram pelo cabelo, as prendendo ali. O homem procurou seu celular com os olhos e logo o encontrou.

Seus dedos discaram um dos números escritos em um cartão e logo a chamada se iniciou.

- "Ben Hanscom? Oi...é o Eddie...preciso de alguns conselhos"

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A mulher observava o namorado conversar com seu amigo, ao longe, no telefone. Suas unhas batucavam na tela do celular, onde o contato "Boca Suja" estava aberto, enquanto tomava seu chá.

Beverly se levantou, posicionando a xícara de volta no pires, com o celular nas mãos. Caminhou até o quarto e iniciou a chamada.

Tu...tu...tu...

Um barulho frequente ecoava pelo quarto, seguido após um tempo por uma voz robótica indicando a caixa postal. Bev tentou diversas vezes conversar com o amigo, mas este havia se isolado e não falava com ninguém á dias.

Suspirou, cansada pelas tentativas falhas, respirou fundo mais uma vez e tentou novamente.

Tu...tu...tu...

"Alô"

A mulher se levantou em um pulo de surpresa, não podia acreditar que finalmente havia conseguido. Estava aliviada por ouvir a voz marcante do comediante.

- "Richie, Richie, Oi, é a Bev, você está bem?" - perguntou acelerada, colocando uma das mechas de cabelo para trás de sua orelha.

"Tô...eu acho...melhor do que achei que ficaria com essa bosta toda"

Beverly notou o tom de voz desanimado do amigo, ele não parecia bem.

- "Richie...eu sinto muito..." - lamentou.

"Não sinta, não é como se eu imaginasse que tudo seria como um conto de fadas, que ele aceitaria tudo numa boa, me beijaria ao som de Celine Dion com direito a vagalumes, fogos de artifício ou qualquer merda relacionada a qualquer filme clichê que você já assistiu"

A voz do comediante ecoava risonha no telefone, mas Beverly sabia que, por mais que o homem estivesse brincando, no fundo, era tudo o que ele queria.

- "Eu sei...me conta, como vão os shows? Ben e eu vamos assistir o de Nova Iorque..."

"Vão estar na primeira fileira"

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- "Não acho que seja isso" - Bill suspirou em resposta.

Mike havia ligado há alguns minutos, preocupada com a situação estranha que ocorreu em Derry.

"Não tem a ver com as brigas idiotas que eles sempre tiveram?" - Perguntou.

- "Não...não deveria ser eu a te contar isso, Mike"

"Tá tudo bem se não quiser me contar, Bill"

O homem suspirou, batucando os dedos na lateral de seu notebook, este que estava aberto no capítulo novo que estava escrevendo para seu livro, antes de atender a chamada.

- "Confio em você...sei que Richie também confia"

Do outro lado da linha, Mike se ajeitou na poltrona onde estava sentado, prestando atenção em cada palavra dita por Bill, não estava surpreso ou nada do tipo, não tinha motivos para isso. Para ele, não mudava nada qualquer coisa que Richie decidisse para sua vida, desde que não o prejudicasse.

"Entendi. Então o Eddie sabe disso agora e ambos estão sem conversar um com o outro?"

- "Pelo que a Bev me disse..."

Mike suspirou e olhou para a janela, podendo ver um casal gay passear livremente com as mãos unidas em uma praça, pareciam estar tendo uma conversa divertida. Por um segundo, pode visualizar perfeitamente os dois amigos daquela mesma forma.

- "Sinceramente, espero que eles possam resolver isso sem se machucarem no final" - disse por fim, podendo ouvir outro suspiro vindo do escritor em meio a chamada.

"É...eu também"

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A noite tardou em tomar o céu naquele dia. Já eram cerca de quase nove horas da noite, mas o céu estava claro como um fim de tarde.

O homem encarava o pequeno shot de Run que estava em sua frente, pensando em tudo o que aconteceu no último ano.

O ronco de sua esposa ecoava de forma abafada pela casa, devido a porta fechada do quarto. Suspirou, tombou sua cabeça para trás e fechou os olhos, sua conversa com Ben havia-o feito refletir em seus atos.

Não deveria ter estourado com Richie daquela forma, sabendo que ele estava bêbado e mesmo depois de ter passado os últimos dois meses com a companhia diária do amigo.

Seus medos de infância pareciam invadir sua mente e a imagem do garoto zombeteiro, boca suja e lentes grossas sempre o salvavam dos pesadelos que andava tendo.

Sua cabeça doía, as lembranças pareciam voltar em sua mente aos poucos, desde seus medos mais sombrios, até seus sentimentos mais obscuros, esquecidos dentro de si pelos anos que se passaram.

Sua atenção se prendeu novamente no copo de Run e no aparelho eletrônico ao lado dele. Queria socar a si mesmo por estar pensando tanto naquilo.

- "Foda-se"

Pegou o copo e o virou rapidamente, deixando o líquido queimar em sua garganta. Fez uma careta dolorida pelo desconforto e pegou o aparelho celular, se levantando do balcão e caminhando até a sacada do prédio.

Se lembrou de fechar as cortinas e as portas de vidro atrás de si e se apoiou na sacada, encarando o celular em suas mãos.

Retirou o cartão das "Indústrias Hanscom" de seu bolso e leu o verso, procurando o nome que queria. Guardou novamente e digitou o número no aparelho, apertando o botão de chamada e o posicionando em seu ouvido.

Olhou para a lua bonita que se fazia presente no céu e esperou em silêncio, alguns carros faziam barulho abaixo de si, mas nada que fosse um incômodo devido a altura.

"Olá, aqui é Richard Tozier, se eu não atendi é porque estou ocupado comendo a sua mãe, não deixe a sua mensagem, bip"

Eddie riu baixo, aquela caixa postal era bem a cara de seu amigo mesmo. Respirou fundo, seu corpo se negava, mas sabia que precisava fazer aquilo.

- "Oi Richie...é o Eddie..."

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