All Together Again - Reddie

By Keezzuu

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"Seria mesmo o fim da Coisa? Enfim estava acabado e os losers poderiam seguir suas vidas em paz novamente?"... More

Prólogo
Capítulo I
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Um pequeno grande aviso S2
Capítulo XV
Capítulo XVI
30 de Outubro
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Bônus: Especial de Halloween
Capítulo XIX

Capítulo II

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By Keezzuu

   Eddie respirou fundo, tossindo algumas vezes pela dor. Não sabia que conseguia segurar a respiração por tanto tempo, só precisava de tempo o suficiente para seus amigos fugirem.

   Ele queria sim sair vivo dali, seria hipocrisia sua dizer que não, mas também sabia que seria egoísmo fazer seus amigos tentarem levá-lo junto e acabar os matando na tentativa. Por isso preferiu fingir sua morte e salvar todos eles.

   Retirou seu casaco as pressas enquanto ouvia os destroços caindo e o enrolou em seu tronco, amarrando com força, fazendo um torniquete, lembraria de agradecer no túmulo de sua mãe ao menos por ter lhe ensinado algo útil alguma vez. Se levantou com dificuldades e respirou fundo, iniciou uma contagem em sua mente e  segurou a respiração para diminuir a dor, disparando á correr até a entrada do covil o mais rápido que podia, desviando de pedregulhos, pedaços de madeira e da poeira que começava a subir.

   Gemeu alto quando escalou até os esgotos, sentia seu peito queimar como o inferno, agradeceu a qualquer deus que apareceu em sua mente e olhou em volta, a passagem de onde vieram estava fechada, não poderia sair por ali. Não tinha muito tempo para pensar, assim que escutou o barulho das madeiras quebrando á cima de sua cabeça, começou a correr novamente.

   A casa estava desabando em cima de si, olhou para a passagem mais perto e entrou, sendo arrastado pela água quando as madeiras alcançaram o chão do esgoto. Ele gemia pela dor em seu peito, mas agradecia por aquele palhaço idiota não ter acertado nenhum de seus órgãos e isso era uma  "vantagem".

   Sentiu seu corpo ser arrastado em meio á bagunça de água, lixo, folhas e destroços. Apoiou a mão no torniquete, com medo que ele soltasse enquanto tentava respirar. Eddie era arrastado abaixo de Derry pelos esgotos, estava quase vomitando, mas lutava por sua vida. Após um bom tempo, sentiu suas costas baterem contra barras geladas de ferro, fazendo-o soltar um gemido de dor.

   - "Ah que merda" - Xingou enquanto espalmava as mãos nas barras de ferro do túnel, precisava pensar.

   Não era tão magro para passar por entre as barras e nem tão forte para tentar entortar uma delas. Procurou qualquer pé de cabra ou pedaço de ferro atrás de si, não obtendo resposta além dos tremores da casa desabando e o aumento de destroços na água, estava ferrado.

   - "P-Pensa Eddie!" - Bateu em sua própria cabeça tentando pensar - "O que o Bill faria?"

   Se lembrou de ter escutado Greta comentando uma vez, com uma amiga, sobre ladrões que se escondiam nos esgotos e abriam passagens discretas entre eles para não chamar atenção e logo seus olhos caíram sobre as barras novamente.

   - "Vamos lá...por favor" - Forçou as barras, tentando encontrar uma resposta, até que percebeu uma mais bamba que as outras, que estavam firmes no chão - "Isso!" - respirou fundo e colocou todas as suas forças para desencaixar a barra e a empurrar para o lado, tendo espaço o suficiente pra passar.

   Eddie fez uma mini comemoração desacreditado, tomou um susto com o barulho da água aumentando, tratando de passar rapidamente pelo espaço que liberou e, em seguida, colocando no lugar novamente, evitando que os destroços o seguissem.

   Forçou suas pernas e voltou a correr, sentia que seus pulmões iriam parar caso não fizesse. Olhou em volta e se encontrou perdido em um labirinto de esgotos, não sabia certo por qual caminho seguir, mas a água atrás dele o forçava á escolher.

   Olhou mais uma vez e decidiu correr para a direita, suas pernas doíam, seus sapatos estavam encharcados, seu tronco ardia como o inferno e a perda de sangue o deixava meio zonzo, sentia que não conseguiria sair dessa vivo.

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   Logo após o desabamento completo da casa e o banho no lago, os losers decidiram voltar para a pousada onde estavam instalados para trocar suas roupas, tomar um banho descente e cuidar de seus ferimentos. Um por um, foram seguindo para seus quartos, exceto Beverly e Richie.

  O homem se aproximou da porta do quarto onde Eddie havia se instalado e encarou o batente por vários segundos que, para ele, pareciam horas.

   - "Ele te chamaria de "um bunda mole chorão" se te visse agora" - Pôde escutar a voz de sua amiga se aproximando de si, em seguida recebendo um leve aperto em seu ombro. Em hesito, seus olhos encontraram o sorriso acolhedor que ela oferecia em sua direção, como se quisesse confortá-lo e suspirou em resposta - "Richie...nós não podíamos ter feito nada por ele...eu sinto muito"

O moreno sentiu seu corpo tremer, respirando entre os dentes, apertando os punhos e apertando os olhos em uma tentativa falha de segurar o choro. Realmente poderia ser um "bunda mole chorão", era como se sentia agora, mas não podia evitar.

A mulher segurou seus ombros com carinho e o virou para si, abraçando seu corpo trêmulo, deixando um carinho em sua nuca com a outra mão. Foi o suficiente para Richie desatar a chorar e soluçar novamente, apertando o corpo da ruiva em seus braços, buscando alguma forma de acalmar a dor em seu coração. Se sentia um idiota por estar tão fragilizado assim, chorando como um verdadeiro "bebêzinho".

O nó em sua garganta apenas se intensificou, sentia que suas cordas vocais se arrebentariam pela dor pulsante. Bev não pode controlar as lágrimas silenciosas que desceram em seu rosto, sentindo o quanto Tozier estava destruído pela perda do amigo.

   - "Vem Richie..." - ditou baixo, desfazendo do aperto e começando a puxar com calma o homem pela mão, que limpava os olhos por debaixo dos óculos, tentando parar seus soluços.

   O guiou até o saguão da pousada e sairam do lugar. Sentaram-se nas escadas do lado de fora, um ao lado do outro. Richie encarava seus pés, fungando algumas vezes pelo choro recente e Beverly observava a paisagem florestal ao longe. O homem mais uma vez limpou seus olhos e logo avistou um cigarro em sua frente, olhou para a amiga que o oferecia com um na boca e aceitou de bom grado, deixando ela acender a ponta e tragando uma boa parte, antes de expelir em seguida.

  Há anos, Richie e Beverly se encontravam para desabafar sobre a vida e sempre dividiam cigarros, eram muito próximos, Richie sentia como se tivesse 13 anos novamente, reclamando da vida e dando risada com a amiga enquanto fumavam no ferro velho de Derry.

   - "Ei...Bev..." - chamou baixo e logo conseguiu a atenção da mulher para si - "Acha que ele teria me odiado?"

   A mais velha do grupo sorriu terna, lembrava de ter tido uma conversa estranha com Richie em um de seus encontros quando crianças.

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   - "Ei! Richie!" - A garota o alcançou com sua bicicleta, sorridente, mas seu sorriso logo morreu ao ver que seu amigo limpava o rosto rapidamente com sua aproximação - "Ei...o que houve?"

   - "Ah....Oi Bev" - tentou sorrir de volta, mas acabou fazendo uma careta na tentativa - "Como assim "o que houve"? Já está chorando e ainda nem perdeu pra mim?" - acelerou sua bike, começando uma corrida com a amiga, dando risada, quebrando o clima ruim que havia se instalado em si.

   A menina não entendeu direito, mas preferiu deixar aquele assunto de lado por um momento, correndo atrás de Richie á toda velocidade. Conhecia o menino e sabia que ele não era de falar sobre seus problemas e sempre tentava animar todo mundo.

   Na rua, as pessoas gritavam para eles terem cuidado e irem mais devagar, as vezes os xingavam, mas eles não se importavam, apenas aproveitavam a adrenalina do vento batendo em seus rostos e de querer chegar primeiro.

   Beverly freiou sua bike, deslizando com o pneu na terra, parando no meio do ferro velho, tendo Richie chegando logo em seguida, fazendo o mesmo que ela.

   - "UHUL, PERDEU MARICA!" - comemorou enquanto soltava a bike no chão e fazia uma dancinha boba.

   O garoto apenas ria daquela tentativa de comemoração, enquanto soltava a bicicleta e caminhava em direção ao capô de uma caminhonete, pronto pra uma rodada do jogo de "frases ruins" que costumavam fazer.

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   - "Como assim um "abacaxi cadeirante bebendo suco de melancia", Richie??? Não vale!" - a menina reclamou da derrota, pois não conseguira pensar em uma frase mais ridícula do que aquela.

   - "Ah qual é, você disse "um pato que botava ovos de chocolate para o coelho da Páscoa" - zombou aos risos, tragando o cigarro em seus dedos e logo o passando para a amiga.

  A ruiva colocou o cigarro na boca e observou o amigo, este que ainda parecia atormentado com algo. Sabia que não adiantaria forçá-lo a dizer o que estava acontecendo, então apenas esperou ele começar a falar.

   - "Bev..." - chamou baixo, seus dedos tremiam enquanto esfregavam-se uns nos outros, sinal de seu nervosismo. Recebeu um "hum?" vindo da menina e respirou fundo, parecia que as palavras o engasgavam - "Você já sentiu como...se estive fazendo algo proibido?"

   - "Várias vezes" - deu risada - "Qual é, estamos fumando em um local privado da prefeitura, não deveríamos estar aqui e muito menos..." - Richie a interrompeu.

   - "Não! Não assim..." - Tentou pensar nas palavras corretas para usar - "É como...o filhote de uma vaca com um cachorro, é proibido e impossível, não é?"

   A menina piscou algumas vezes, sem entender o rumo daquela conversa, mas apenas assentiu em concordância, com uma careta desconfiada.

   - "Eu...venho me sentindo assim á algum tempo..." - declarou, arrumando a armação com lentes grossas em seu rosto - "Me sinto como esse filhote...como um erro abominável e que nunca deveria ter acontecido..."

   Beverly não entendia aquelas metáforas esquisitas e nem por que seu amigo estava assim.

   - "Seja lá qual for o problema, não acho que você seja um filhote de vaca com um cachorro." - sua mão tocou o rosto do menino e o fez finalmente olhar para ela - "O que eu acho, é que você é uma pessoa maravilhosa, atenciosa, corajosa e boca suja" - bangunçou os cabelos do mais novo, que riu baixo com o carinho - "Sabe, Richie? A graça de estarmos vivos é podermos viver intensamente, sem ligar para a opinião dos outros, sem se importar se o que fazemos é errado ou não aos olhos das pessoas...viver cada dia como se fosse o nosso último"

   O garoto olhou para a amiga, sentia que ela poderia ser seu porto seguro, sentia que ela não o apedrejaria por ser um "monstro". Apertou o capô em seus dedos e rodeou a ruiva com seus braços, a apertando em um abraço tão necessitado por si. Bev sorriu, jogou o cigarro no chão e aconchegou o garoto, fazendo um leve cafuné em seu cabelo, eles estavam juntos e era isso que importava, sua amizade.

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   - "Não acho que ele teria te odiado" - Respondeu enquanto voltava a olhar para a paisagem - "Eu não entendi quando você me disse isso quando crianças, mas agora eu posso compreender...Richie" - Chamou o homem que a encarou esperançoso - "Você nunca foi aquele filhote e o Eddie nunca teria te odiado, ele poderia ficar surpreso, mas te odiado não" - sorriu para ele - "A dor de perder um grande amor, eu nem posso imaginar..."

   Richie sorriu fraco, voltando a encarar seus pés, se sentia acalentado pela melhor amiga de infância e agradecia por ter ela ali naquele momento.

   - "É...dói pra caralho" - soltou por fim, causando risos nos dois, não estavam felizes, mas aliviados por poderem se apoiar no momento em que a dor estava presente em seus corações.

   Eles nunca foram de discursos ou melancolia, mas aquele momento foi especial para ambos, foi um desabafo e um abraço, mesmo ambos estando á um metro de distância, sem nem mesmo se tocarem. Richie sorriu fraco, a dor em seu coração seria eterna, ele sabia, mas aprenderia a lidar com ela e com a culpa por nunca ter aceitado a si mesmo antes.

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