LILI REINHART
Você mergulha de cara naquela piscina que parecia ser funda mas que na verdade era rasa. Você bate a cabeça. Se machuca. Vai até o hospital, se recupera mas, as lembranças daquele dia nunca saem da sua cabeça. Elas te atormentam. Você entra em um caminho sem volta.
***
Hoje seria finalmente o dia da festa de Kj, que, para falar a verdade, eu estava bem ansiosa. Eu e Cole brigamos depois de um tempo em paz, sem nada nos incomodando. Espero poder conversar com ele e resolver tudo, eu realmente sinto sua falta.
Encaro a bermuda jeans em minhas pernas e penso bem antes de pegar uma bolsa de ombro e ir até a frente de casa e esperar Vanessa. Eu ainda lembro do dia em que Cole falou que me ensinaria a andar de carro. Passou tanto tempo...
Tomo um pequeno susto quando uma buzina soa. Levanto a cabeça e vejo o carro bonito de Nessa. Dou uma corridinha até lá e entro, respirando fundo quando sinto o ar gelado. Estávamos quase no outono, ventos fresquinhos de manhã e de noite começariam , leves chuvas aconteceriam mas isso não impede o verão de sair de vez do nosso cotidiano.
— Ei, Artista. — Sorrio quando percebo me chama pelo apelido. Desde que nos conhecemos me chama assim e o jeito me traz conforto. — Está gatinha.
Pisca o olho em minha direção. Reviro os olhos e lhe sopro um beijo.
— Só tenho olhos para Cole. — Falo sorrindo mas logo depois ele some quando lembro da situação atual do meu namoro.
— Hm, essa cara não foi muito boa. O que aconteceu? — Vanessa pergunta e nos próximos 20 minutos, o caminho da minha casa até a casa de Kj, explico tudo o que aconteceu para minha melhor amiga.
Assim que chegamos na casa de Kj descemos do carro e combinamos de não comentar sobre o que eu havia lhe explicado no carro. Hoje era dia para aproveitar e apenas na segunda-feira que conversaríamos sobre.
— Lil, antes de descer do carro e esquecer o assunto quero te dizer que independente do que Cole esteja aprontando você é maravilhosa do seu jeitinho. Não deixe que um jogador idiota de futebol te deixe magoada, tudo bem? — Vanessa fala antes de descermos do carro. Sorrio, agradecendo e pulo para fora. — Agora vamos!
Eu conseguia escutar a música escapar por qualquer simples buraquinho da casa de Kj antes mesmo de entrar. Sabia que seria algo pequeno, sem muita gente e muvuca mas meu conceito de "sem muvuca" é diferente do conceito de Kj. Eu e Nessa tocamos a campainha e vemos Camila abrir a porta sorridente.
— As margaridas que faltavam no meu jardim chegaram! — Camila fala animada. Nego com a cabeça me perguntando se já estava bebada ou era apenas animação em um nível extremo. — Não estou bebada e não pretendo ficar. Venham, venham.
— Achei que seria uma reunião pequena... — Sussurro e Camila ergue sua sobrancelha bem desenhada em minha direção.
— Temos menos de 30 pessoas aqui, Lil, acho que tem que sair um pouco mais. — Camila cutuca minha barriga. Eu e Nessa seguimos ela para dentro da casa. Cami parecia conhecer o lugar como a palma da sua mão e eu me perguntei quantas festas já foram feitas aqui. — Seu príncipe encantado ainda não chegou, diferente da bruxa que está aqui desde cedo.
Reviro os olhos mas sinto um pouco de alívio. Se Cole ainda não chegará e Tiera esteve aqui desde o inicinho da festa; talvez eu não tenha com o que me preocupar.
— Quem chegou? — Escuto a voz de Charles perguntar. O corpo grande e musculoso entra na cozinha e sorri para mim. — Lili! Vanessa!
— E aí, Melton? — Vanessa cumprimenta e vai até geladeira procurando algo para beber.
— Oi... — Falo baixinho e sorrio de leve. Charles sempre foi muito... atirado.
— Nada de novo? — Nego com a cabeça e Camila faz um movimento com a mão para ele sair.
— Estamos conversando, com licença. — Charles levanta o dedo do meio para Camila e sai da cozinha, nos deixando sozinhas. — Eu te amo!
Cami grita e eu e Nessa rimos.
Passamos a próxima meia hora falando sobre nada até que a presença de mais alguém aparece na cozinha e nos atrapalha.
— Ei, gatinha... — A voz de Cole soa e eu sorrio, me virando e correndo em sua direção. Sinto seus braços apertarem o meu corpo. — Isso é saudade?
— Talvez, quem sabe? — Falo brincando e me separo. Cole cumprimenta as meninas e me puxa.
— Na festa passada vocês ficaram com ela, agora é minha vez. — Ele segura minha mão e me leva para sala. Vejo uns 10 jogadores de futebol e pelo menos 5 meninas que eu sei que são cheers sentadas. Como eu sei? Elas estão em volta de Tiera como se ela fosse uma deusa.
— Casal, fiquem aqui com a gente. — A voz de algum deles nos chama e Cole me olha como se pedisse minha permissão. Concordo com a cabeça e aperto sua mão, ele aperta a minha em resposta e sorri.
Conseguimos achar um lugarzinho no sofá. Acabei tendo que me sentar em uma das pernas de Cole pois espaço naquele sofá, já não muito grande, não existia mais. Tiera pelo canto do olho nos encarava com nojo e desprezo e eu só pude me sentir mais feliz.
— Sua mãe liberou o tal castigo? — Kj pergunta para Cole e eu franzo as sobrancelhas, estranhando esse repentino castigo.
— Meu padrasto e ela estão em Wooster vendo alguma coisa para a casa. — Cole atrás de mim da de ombros e aperta mais o braço que estava em volta da minha cintura. Sinto sua respiração em meu ouvido. — Não é nada de mais, apenas discuti com Gary e ele e minha mãe me deram um castigo de alguns dias.
Ele sussurra como se soubesse o que estava pensando. Viro minha cabeça em direção e sorrio.
— Como sabe que eu estava pensando sobre isso?
— Te conheço melhor do qualquer um... — Ele segura meu queixo e aproxima meu rosto do seu.
— Ah, é...? — Falo olhando para sua boca e depois sorrindo.
— Pode ter certeza... — Grudo minha boca na sua. Apesar de estarmos em uma rodinha com mais gente o beijo não deixa de ser quente. Seguro a nuca de Cole e tento aprofundar o beijo mesmo sabendo que seria impossível devido às circunstâncias.
— Arrumem um quarto! — Camila grita atrás de nós e eu envergonhada escondo meu rosto no pescoço de Cole. Ele aperta seu braço em volta minha cintura e ri.
— Demos um show. — Falo no ouvido. Cole ri.
— Podemos dar mais shows desses, não é? — Ele fala com a boca praticamente grudada na minha. Respiro fundo e passo a língua entre os lábios.
— É, pode ser...
***
Girlfriend estava tocando nas caixas de som. Puxo Cole para a pequena pista de dança improvisada e vejo ele se encostar na parede e me ver dançar.
— Hey, hey, you, you. I don't like your girlfriend! — Canto perto de Cole. Ele ri, erguendo as sobrancelhas. — No way, no way. I think you need a new one...
Dou de ombros e por cima do meu ombro eu dou uma olhadinha rápida em Tiera que ria de alguma coisa que suas amigas falavam. Assim, rindo, parecia ser uma garota normal.
— Hey, hey, you, you... — Cutuco o peito de Cole, que segura minha cintura. — I could be the girlfriend!
***
Muito tempo já tinha se passado. Eu já havia dançado muito com Cole, Cami e Nessa. Agora, eu e minhas amigas estávamos no quintal atrás da casa de Kj.
Eu tinha perdido Cole fazia uma meia hora e nunca o achava. Talvez ele tenha ido para casa e esqueceu de me avisar, ou pode estar no quarto de Kj descansando ou coisa do tipo, só sei que não preciso me preocupar.
— Eu realmente só estou vivendo pelas férias de inverno... — Camila reclama e toma um gole de sua cerveja. Concordo com a cabeça e olho rapidamente para dentro da casa, imaginando que Cole apareceria magicamente ali.
— Ei, vou procurar Cole, já volto...
— Tranquilo, vamos entrar junto com você, está ficando frio. — Entramos na casa de Kj. Agora estava mais vazia, as pessoas realmente mais próximas que estavam presentes. A música estava baixinha e todo mundo estava sentado. Meu coração acelera por um segundo quando vou procurar Tiera e não a vejo no sofá. Ela deve ter ido embora.
Cami e Nessa se sentam no sofá.
— Ei, viram o Cole? — Pergunto para os poucos meninos que estavam lá. Alguns dão de ombros, olho para Kj esperando que me dissesse mas me assusto quando ele também nega, parecendo sério. — Posso subir? Ver se ele está nos quartos ou no banheiro?
— Sim, claro. Vá lá! — Kj ergue seu copo de cerveja e volta a conversar.
Timidamente subo as escadas. Mordo os lábios meio envergonhada e começo a entrar nas portas que tinham.
Primeiro entro em um banheiro totalmente sujo. Bato a porta rápido e fecho os olhos, com nojo.
A porta ao lado era o quarto, aparentemente de Kj, era assustadoramente arrumado e limpo. Imaginava aquilo uma zona. Dou de ombros e vou para a última porta do corredor. Trancada. Provavelmente o quarto dos pais de Kj.
Encaro uma última porta no outro lado. Ou Cole está aí dentro ou foi embora sem avisar.
Abro a porta e meu corpo congela. Meus olhos se arregalam. Minha respiração fica descompassada e eu sinto lágrimas em meus olhos.
Lá está ele, meu namorado, Cole Sprouse, deitado em uma cama ao lado de Tiera.
Puxo o ar com força, sentindo minha garganta se fechar. Lágrimas e mais lágrimas encharcavam meu rosto e eu só conseguia encarar a cena parada.
Cole Sprouse está deitado seminu com Tiera seminua. Cole Sprouse estava abraçado com uma Tiera seminua.
Quando vou sair acabo por tropeçar em algum móvel e faço um barulho altíssimo, que faz Cole e Tiera se levantarem assustados e virarem para mim. Sorrio sentindo minha garganta fechar e um dos piores sentimentos agarrarem meu coração
— Desculpa, não queria atrapalhar. — Saio meio resbalando do quarto de hóspedes e paro assim que me vejo em uma distância considerável do quarto que destruiu minha vida. Inspiro dificilmente, mais lágrimas desciam, mais sentimentos agarravam meu coração. Sei que eles não vão me soltar tao cedo.
Vejo minha vida daqui para frente destruida. Tinha praticamente todo o resto do meu último ano do colégio formulado na minha cabeça para no final ser destruído por um idiota. Mordo meu lábio com força, tentando controlar a dor no coração.
Respiro fundo, solto o ar pela boca, meu coração ainda doendo mas não o suficiente para me deixar largada no corredor. Desço as escadas correndo e peço desculpa ao pessoal que estava na sala, falando que havia acorrido um compromisso na hora e que eu teria que ir embora. Ninguém acreditou. Viram meu rosto vermelho, molhado. Viram dor em minha face, até porque era óbvio, e me pararam, falando que era melhor eu me acalmar.
— O que? Não, isso... isso é impossível, ele não faria isso... — Camila sussurra surpresa depois que termino de contar a fatídica noite. Ela e Nessa pediram para ficar a sós comigo. Estávamos no quarto se hóspedes do andar de baixo. Expliquei tudo e a cada vez que eu repetia mais lágrimas e mais falta de ar aparecia em meu corpo. Assim como eu, Cami e Nessa estavam chocadas, pensando em quem, como e quando Cole se tornou isso. Ele estava tão bem mais cedo, leve, tranquilo, brincalhão. Era tudo uma máscara, escondendo de mim quem ele realmente era.
— Me deixe entrar seu merda. — A voz de Cole grita irritada do outro lado da porta. Raiva assume meu corpo. Quem ele pensava que era para destruir assim minha vida? Quem ele era, na verdade, nunca tinha me perguntado isso. Eu sabia que ele era Cole Sprouse, galinha da escola e jogador de futebol. Eu ainda não conhecia seu caracter verdadeiro, bem, agora conheço. — Sai porra!
A porta é aberta com toda a força e eu vejo cole com o rosto molhado e vermelho na minha frente. Ele havia chorado. Chorado por que tinha me traido? Ele tinha me traído... estive em um relacionamento que acabou em traição. Engulo o gosto ruim que aparece em minha boca e viro o rosto na direção contrária, agarrando o copo d'agua em minha mão com força.
— Lil, por favor...
— Sai daqui. — A voz autoritária de Vanessa fala. — Saia daqui antes que eu mate você. Seu idiota! Sai!
— Não, por favor, deixa... deixa eu... — A voz de Cole diz chorosa. Enxugo meus olhos com força e viro meu rosto em sua direção. Kj por trás segurava Cole e o impedia de fazer qualquer bobagem. — Por favor...
Ele implora com os olhos presos nos meus. Nego com a cabeça, a última coisa que eu queria era ver sua cara outra vez.
— Lili, pelo amor de Deus.
— Não! Não! Não! E não! — Grito me levantando. — Você já ferrou com a minha vida o suficiente! Vá procurar outra pessoa para aguentar seu mau caráter! Traição, Sprouse? Isso é sério?! Anda mentindo para mim a quanto tempo? Um mês, dois? Sai daqui.
Grito apontando o dedo em seu rosto, sempre sentindo lágrimas em meu rosto. A dor era tanta que eu não tinha controle sobre isso.
— Eu odeio você. Odeio tanto, tanto... — Falo abaixando a cabeça, sentindo aquela dor apertar meu coração pela milésima vez. Passo a língua pelos lábios, rindo. — Eu nunca, nunca imaginaria que você ia fazer isso... você é um covarde! Isso sim! Um covarde que eu infelizmente tive que amar! Mas tive a sorte de descobrir seu mau caráter antes, graças a Deus. Não sei se suportaria continuar ao seu lado.
Me aproximo mais. Cami segura minha mão, tentando me impedir de me aproximar.
— Não quero ver sua cara nunca mais. — Falo um pouco perto de mais dele. Agora eu conseguia ver seus olhos extremamente vermelhos transbordarem lágrimas. — Eu tenho nojo de você.
— Lili, por favor... — Ele implora. Respiro fundo e olho para qualquer direção menos para onde Cole estava. — Me desculpa, me desculpa. Juro que tudo tem uma explicação mas não me deixe, por favor...
Fecho os olhos, com dor.
— Não. Não tem explicação. — Falo secamente. — E por favor digo eu. Saia daqui! Vá procurar Tiera, Madelaine e mais quem você quiser, menos eu! Eu NUNCA mais vou ver sua cara. Esqueça de mim!
Grito sentindo minha garganta arder e depois se fechar. Cambaleio para trás, batendo no corpo congelado de Camila. Agarro sua mão, sentindo tudo girar.
— Cara, vamos... — Consigo escutar Kj dizer. — Sua cota de merdas por dia já esgotou hoje. Deixe ela.
— Não, você não entende, eu preciso...
— Realmente não entendo, mas não quero explicações. Vamos. — Escuto a porta ser fechada. Sento no chão, o mundo ao meu redor desabando. Encolho as pernas junto ao peito e enfio a cabeça entre as mãos.
Um grito desesperado sai de minha garganta. A ficha finalmente caindo.
— Não, não, não, não... — Sussurro com dor. Vanessa e Camila me abraçam, cada uma de um lado. Ergo o rosto para Camila. —Tira essa dor de mim. Por favor.
Quem se envolve com o amor em sua essência não tem chances de voltar. Esse sentimento é envolvente e cativante, vicia o corpo e a mente em suas artimanhas. Os encontros, as conversas e o simples pensar na pessoa amada traz sensações de um caminho sem volta.
Os perigos são presentes e o sofrimento também, mas nada faz com que o envolvido arrependa-se de amar. De forma incontrolável, segue no caminho e se entrega cada vez mais.
O tombo pode ser grande no final, mas o que o amor proporciona no caminho vale a pena.
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NÃO DESISTAM DA HISTÓRIA
sei que tem muita gente que não suporta plot com traição (eu odeio por exemplo) mas por favor não larguem Storm, tem tanta coisa pra acontecer sksjsjk