A COR MAIS QUENTE | JIKOOK

By koopinky

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Na adolescência, Jimin e Jungkook eram como polos opostos e viviam brigando. O Park detinha as melhores notas... More

CAST
AVISOS
Prelúdio
[00] Prólogo
[01] Primeira vez
[02] Intimidante
[03] Audácia
[04] Amigo para todas as horas
[05] Romanov
[06] Romeu e Julieta
[07] Novos sentimentos
[08] Eu vejo, eu gosto, eu quero.
[09] Ataque descoberto
[10] Contar estrelas
[11] A paixão é cinza e efêmera
[12] Primícias duma aquarela: acromo
[13] Primícias duma aquarela: policromo
[14] Porsche Carmim
[16] O primeiro ato de coragem | 1
[17] Aniquilação de pretendentes| 2
[18] A porta vermelha.
[19] Cicatrizes deixam belos vestígios
[20] Gritos e Sussurros
[21] Sonhos de Infância
[22] La Vie En Rose

[15] A chama que nunca se apaga

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By koopinky

Depois de mil anos, olha quem apareceu? 

Não tenho o que falar hoje, apenas boa leitura!

Nós poderíamos ter tido tudo
Rolando nas profundezas
Você teve o meu coração na palma da sua mão
E você brincou com ele, no ritmo da música

- Rolling In The Deep


#JujubasEKingKong

usem a tag plmds eu to implorando :(

Sexta-feira

Dando uma rodada pelo salão enorme, vislumbrei o quão elegante e sofisticado era. A banda de jazz ao fundo servia de elegância e primor para o local rodeado de empresários e acompanhantes muito bem trajados.

As luzes esmaeceram morosamente, clareando apenas a encantadora escada forjada em dourado, por onde surgiu, das sombras à luz, sapatos elegantes de cor preta ornados com pequenos diamantes, e a cada passo, mais se podia ver o corpo forte e alto tomar forma pela iluminação. Ele trajava um terno vermelho bordô de corte italiano, delineando a cintura e acentuando suas curvas. Ao descer pela escada como um czar, dirigiu seus lumes de azeviche em minha direção, e com o costumeiro riso sagaz nos lábios estendeu-me a mão na frente de todos, convidando-me para uma dança ao som de Take Five.

Num impulso anormal, cedi ao convite e caminhei pelo salão até nossas mãos se encontrarem e os corpos unirem-se como pertencentes dali, seguindo ritmo próprio, a sincronia perfeita. Olhá-lo tão de perto era um pecado, observar cada detalhe dos lábios finos chegava ser tortura, principalmente com aquelas mãos me segurando pela cintura de modo tão firme e seguro.

Eu não iria conseguir resistir a Jeon Jungkook por muito mais tempo.

Aquela proximidade.

A música nos embalando numa atmosfera fascinantemente imprópria.

Os corpos colados.

Eram sensações demais para se suportar duma única vez.

Prestes a ter um colapso do que fazer ou não, Jungkook puxou meu rosto em sua direção delicadamente, e com um sorriso devasso desprendendo dos labros disse:

— Acorda. 

Como se tivesse sido premeditado, o despertador tocara pelo meu quarto estridentemente no mesmo instante, lembrando-me que aquilo não se passou de uma fantasia fabricada pelo meu cérebro.

Eu tenho cara de palhaço, senhor inconsciente?

Olhei o cômodo envolta com frustração por ter sonhado justamente com ele. Quanto mais eu tentava esquecer de Jungkook, sentia algo invisível me puxando para si novamente. Puta merda, eu quero seguir em frente, só que isso é impossível quando chego até sonhar com esse bendito!

Inferno.

Me sinto um idiota por ainda pensar nele quando o mesmo nem deve mais se lembrar da minha existência. Ele foi tão frio planejando todo um plano para me esquecer de vez que olha só, parece que deu certo, estamos separados pelo globo.

Pode soar peculiar o que irei dizer, porém, a única noite que tivemos juntos foi o suficiente para me marcar, foi épico.

Nunca gostei de coisas rasas, romances álgidos ou toques esquecíveis, e Jungkook pareceu ter desvendado isso muito fácil, porque tudo com ele foi intenso demais, e eu adorei cada momento, cada olhar, cada pegada, cada beijo, cada segundo do lado dele, quando comecei a conhecê-lo de verdade.

Poderíamos ter tido algo, tivemos um bom começo, só que agora tudo que consigo sentir é ressentimento e saudade de xingar ele, de provocá-lo, me irritar com suas ordens e de tê-lo por perto de segunda a sexta.

Entretanto, persistir pensando nele não ajudaria esquecer, por isso decidi afastar de vez aqueles pensamentos e calcei minha pantufa amarela, indo até a cortina cinza que pendia ao chão e a abri, deixando a claridade da manhã adentrar o quarto.

Olhei para o chão e sorri ao ver Yoongi dormindo com o corpo quase todo para fora do colchão em uma posição que fazia questionar seriamente se estava ou não confortável. Já Taehyung, estava embrulhado até a cabeça e dormindo de lado arrumadinho e quietinho. Enfim, o contraste.

Meu apartamento havia se tornado praticamente deles também, pois viviam dormindo aqui. Nunca me imaginei dizendo isso, mas éramos amigos inseparáveis. Trabalhamos juntos, saímos juntos, dormimos - às vezes - juntos. Um grude só.

Quem vê nem pensa que no ensino médio eu tinha pavor de amigos pegajosos, que grudam em você que nem carrapato, e se bobear não desgruda nem na hora do banho. O Park Jimin daquela época teria um arrepio só de pensar nisso, mas o de hoje anseia sempre por mais noites nossas juntinhos.

Eu ando meio brega ultimamente, deve ser a convivência com Tae, certeza.

Tratei de tomar meu banho da manhã e fazer todo o processo demorado de me ajeitar, porque sou muito indeciso para escolher uma roupa, maleta e acessórios. Fazia pouco tempo que tinha adquirido a mania de usar anéis de variados tamanhos nas mãos, porém, esteticamente, dão um brilho no visual, e se tem algo que eu gosto, é brilhar.

Faltava uma hora para dar o horário de ir trabalhar e os dois mosqueteiros não acordavam por nada. Eu nunca acordei ninguém, e a única referência que tenho é da minha mãe, mas acredito que não vai ser nada legal acordar eles batendo uma panela ou gritando. Foi aí que tive uma solução esplêndida!

Catei meu celular na cômoda e procurei pelo aplicativo a música da Barbie que vi eles dançarem semanas atrás na minha sala. Sorri arteiro e conectei o bluetooth na caixinha de som vermelha que tinha e coloquei entre os colchões, onde os dois dormiam tranquilamente. Creio não precisar dizer qual foi o próximo passo, não é?

Me debrucei na beirada da cama e fui curtindo a música "Aqui Estou" desde o início, até que é boazinha, e no volume máximo. Timão e Pumba ainda ressonavam baixinho com um sorrisinho de quem estava tendo um sono incrível.

Comecei a estranhar a chegada do refrão e nada deles acordarem. Estou começando achar que o tal do sono pesado é real.

— Acordem, caralho. — resmunguei.

Inconformado com aquilo, sobressaltei da cama e me agachei entre os colchões colocando a caixinha pertinho, e olha, foi uma ideia perfeita.

Ou nem tanto assim...

— QUE PORRA É ESSA?! — Yoongi sentou de supetão e de vistas exorbitantemente assustadas, varrendo cada canto do quarto até parar os olhos em mim agachado segurando uma caixinha de som vermelha e um riso frouxo amarelado no rosto.

— Bom dia! — lhe apertei o ombro e sorri amigável.

Melhor se fazer de sociável né, principalmente quando seu amigo te olha como se quisesse te queimar vivo e jogar os restos no mar.

— Bom dia?? — Questionou furioso — BOM DIA É O CARALHO! — diante sua fala, ri zombeteiro, pois Min Yoongi em plena manhã com a fuça amassada e de meia infantil é algo para se achar graça — Jimin, eu vou te caçar! Juro que eu vou, assim que sair daqui.

— Claro que vai. — ironizei, pronto para levantar, contudo, parei com barulhinhos de alguém resmungando, Taehyung.

— ... Isso é 'pra você aprender, Tae. O que adianta ser legal com as pessoas se na primeira oportunidade elas de tão dão uma facada dessas nas costas? — o bonitinho dizia com um biquinho nos lábios vermelhos, gesticulando em bronca para si mesmo. — Digo, no ouvido. Uma facada no meu ouvido com esse estrondo de música!

— Ainda não é época do Óscar, Tae. — dei risada, desligando a caixinha e levantando do chão.

— É assim que você acorda os seus amigos, Jimin? —  Yoongi me chamando de "Jimin" desde o momento que acordou não é um bom sinal.

— Deveriam me agradecer, eu poderia ter batido panela, jogado água na cara de vocês ou dar um chacoalhão, mas não! — parei tragicamente — Como o bom amigo que sou, coloquei a música que vocês mais gostam como despertador. Percebem a ingratidão? — toquei meu peito com um melodrama tão convincente que nem sabia ter aptidão para tal.

Meus caros, eu tenho um talento.

— Você fez muito pior! Não me chame de amigo. — TaeTae emburrou a cara para mim.

— Gente sério, temos uma hora para chegar na empresa, melhor irem se arrumar logo que o café já está pronto na mesa. — os dois levantaram depressa, sem nem pegar os chinelos, indo de meia pelo carpete até o banheiro.

Aproveitando meu momento sozinho, fui preguiçosamente até a cozinha e sentei-me na cadeira preta revestida de couro e por ali me pus a refletir, como já havia virado costume desde que comecei a terapia.

Yuna tocara num ponto muito sensível da minha personalidade nessa semana, me fez entender a barreira que criei em torno de mim mesmo para afastar as pessoas. Como esperado vindo da minha pessoa, lógico que de imediato discordei veemente, entretanto, ao chegar em casa e me deparar com as primeiras folhas do diário percebi como é, de fato, verdade.

Minha urgência em dizer que não precisava de ninguém, que todo mundo me odiava e tudo bem — nada bem —, que eu não me importava com nada. Não é uma atitude saudável, é um pensamento altamente destrutivo, infelizmente percebi isso tarde demais, depois de cometer tantas burradas.

Depois de destruir meu casamento.

Depois de destruir meu psicológico e saúde.

Depois de afastar toda e qualquer pessoa que sonhasse em se aproximar.

Depois de ser um monstro com muitas pessoas na JZ simplesmente porque eu me sentia o maioral.

A culpa me invadiu como nunca antes naquela sessão, e eu chorei de arrependimento na frente da médica, passei a sentir vergonha pelas minhas atitudes, atitudes tão imaturas e egocêntricas.

É desgraçadamente cômico a forma na qual vivemos e agimos de um jeito determinamos certo, passasse certo intervalo de tempo e tudo que conseguimos exprimir é vergonha desse passado, onde éramos tão deploráveis ao nosso ver atual. O pior é saber que o seu passado não é um tão distante assim, que é o meu caso.

Cair na real pode ser horrível, e foi para mim.

É uma droga não poder apagar o passado e refazer tudo.

Os seus erros, todos eles, vão te acompanhar como bagagem por toda a sua vida e não há como mudar, é imutável. O que resta é usar as falhas de aprendizado para uma próxima vez.

Divagando por isso, cheguei na conclusão de que talvez eu não mereça tanto a amizade de Taehyung e Yoongi, eles são bons demais para alguém como eu, todavia, sou muito egoísta para desistir dessa amizade, eles me fazem bem.

Notei a presença dos dois no recinto graças ao barulho da cadeira sendo arrastada e ambos sentarem em minha frente, Yoongi ria exageradamente de algo que Tae lhe disse e eu não fazia ideia do que poderia ser.

- Não sou dessas atitudes, mas juro por deus que qualquer hora eu dou um chute na canela daquele velho mesquinho! - o loiro, vulgo Taehyung, ditou com certa irritação na voz, cortando um pedaço do bolo de frutas vermelhas.

— De quem estão falando? — questionei aéreo, colocando café na xícara dos dois e leite de morango na minha.

— Sabe o Sr. Kang, chefe do jurídico? Pelo o que Tae diz, ele o explora no setor só por ser novato.

— Kang? — perguntei para mim mesmo, tentando lembrar quem seria o dito cujo.

— A reencarnação de satanás.

Pela cozinha reverberou o som de nossas risadas, e não importa quantas vezes eu diga, mas Kim Taehyung estressado é coisa mais fofinha do mundo inteirinho, e tenho dito.

— Pensando bem, coitado de Lúcifer, nem ele merece ser comparado com aquele homem carrancudo. — murmurou antes de comer mais uma colherada do bolo.

— Nem contei para vocês, mas comprei uma nova fantasia nova no Lovely, sabe? Aquele Sex Shop no centro.

— Ai eu quero ver!

— Dessa vez comprou de quê? Já me perdi no tanto de fantasias que você tem, Yoon. — Tae sorriu envergonhado, do mesmo jeito que ele sempre ficava quando o assunto envolvia relacionamentos ou sexo. Ele tem vergonha, MUITA vergonha.

— De gatinho. — contou animado — As cores são preto e branco, aí acabei comprando um plug que o cristal é preto, para combinar com a roupa.

— Você é um safadinho.

— E você parece um anjinho, Tae, todo vermelhinho desse jeito. — Yoongi sorriu — Parece.

— O que quer dizer? — o loiro arregalou os olhos, agitado.

— Que qualquer hora vai encontrar alguém que deixe seu rosto vermelho por outro motivo. — sorriu sugestivo e eu acompanhei.

Esses dois...

— Yoongi, seu pervertido! — tampou o rosto com as mãos de dedos longos, completamente sem jeito.

— Mudando de assunto, nem sei o porquê compro essas coisas, nem tenho com quem usar mais. — se debruçou na mesa muxoxo, apoiando a cabeça nas mãos pensando, quem sabe, em quando sua seca chegará ao fim.

— Eu já iria dar uma militada e dizer que você não precisa de ninguém, pode muito bem se vestir e se curtir sozinho, porém... — sorri como quem não quer nada, intercalando o olhar entre os dois — Tenho uma ideia muito melhor!

— Ih... — Taehyung sussurrou, olhando de escanteio para Yoongi.

— Quando ele faz essa cara...

— Algo nada bom vem aí.

Isso é uma conspiração?

— O que querem dizer? — franzi o cenho, confuso. — Qual cara eu faço?

Os dois riram cúmplices, com as mãos na frente das faces, tal como se fosse uma brincadeira interna deles. Desde quando isso? Muito coisa de maria fi-fi, não gostei.

— Você puxa os lábios sugestivamente, o que salienta suas bochechas e deixa seus olhinhos espremidos, é fofo e perigoso ao mesmo tempo.

— Na minha opinião, é só perigoso. — Pucca Advogada murmurou, coçando a nuca.

— Enfim, o que estiver pensando em aprontar, desembucha de uma vez.

— Hoje vamos para a balada! — soltei a notícia jogando os braços para cima, animadíssimo com a ideia.

— Sim! — Yoongi se juntou a mim na comemoração.

— Não!

Espera, o quê?

— Não?! Por que não, Tae? — fiz biquinho.

— Ah vocês sabem... — deu de ombros, enrolando os dedos em sua própria camisa — Balada não faz o meu estilo.

— É, eu sei que entre as coisas que você gosta está livros, e... — fingi pensar — Livros! — arregalei os olhos ironicamente. — E também tem aquela outra lá... LIVROS!

— Não é bem assim, eu também gosto de pucca, violino, yakult, da Barbie e de jazz!

— Você é tão fofo que às vezes eu tenho vontade de te socar. — Min chegou perto dele e lhe apertou as bochechinhas coradas. — Chegar assim e meter um chute na costela. Você é tão fofo, vai se foder!

 O jeito que você demonstra afeto é diferente, para não dizer, meio psicopata. — falei. 

Em que mundo eu acho uma pessoa fofa e tenho vontade de dar um chute na costela dela? 

— Voltando para o assunto "Balada", vai ser bom para todos nós. — ganhei a atenção de ambos — Yoongi vai finalmente sair dessa seca braba e Tae, você pode acabar conhecendo um bookstan e viver um romance tipos os da Disney, sabe? Claro que sem a parte de morrer envenenado por uma maça, ficar preso numa torre ou no pior dos casos, viver e limpar o chão da casa de três narcisistas enquanto conversa com ratos.

Você sabe que a pessoa não está bem psicologicamente quando ela começa a bater papo com os ratinhos da cozinha. Cinderela, meu bem, você quer ajuda?

— Eu sou muito exigente, não basta ser bookstan. Tem que ser carinhoso, romântico e cavalheiro.

— O príncipe Eric da Ariel.

— É, tipo ele. Seria perfeito. — pensativo, apoiou os cotovelos na mesma e pendeu a cabeça nas mãos com a faceta mais sonhadora que eu já vi.

O período de acordar e tomar um recheado café da manhã com pessoas que te fazem bem, sem dúvidas, deixa o dia melhor. É incrível como a minha bateria social aumentou muito nesses últimos meses.

Mas fala sério, vocês já devem estar acostumados com as coisas dando erradíssimo na minha tortuosa vida. Então, por mais que eu queira por demais eternizar esses minutos de conversa, ainda existe uma empresa a ser gerida. 

Chamei a atenção dos dois para o horário e catamos nossas coisas, fechando a casa e pegando a avenida num sol matar.

— Tae. — o chamei, olhando pelo retrovisor — Se o Kang te encher hoje, me fala que eu tenho uma conversa com ele depois.

— Ih, vai macetar o velho cuspideiro! — Yoongi chiou debochado ao meu lado.

— Velho cuspideiro? - questionei.

— Sim, ele fala cuspindo na cara das pessoas, nunca notou? — Tae e Yoong gargalharam. — Sempre que preciso falar com ele para pedir informações, fico o mais distante possível. Imagina se ele solta aquela baba podre na minha cara? 'Aí nem produtos Ivone na causa!

— Ele é tão insignificante para mim que até hoje cedo nem sabia da existência dele. — proferi, refletindo nisso.

— Os sorrateiros são os piores. — Yoongi pontuou e Pucca Advogada, até então quieto, concordou.

De resto, o caminho fora preenchido de música para tirar o soninho da manhã e algumas balas de café, que pela fala de Yoongi, energizam; Porém, porra! Que doce ruim, parece que foi fabricado com o fogo do inferno e embalado pelas mãos do próprio diabo!

Rotineiramente, fiz todo o processo de guardar o carro no estacionamento da empresa e seguir em direção ao elevador para pegar o último andar e trabalhar, contudo, uma cena chamou minha atenção no hall, tanto que parei meu caminho para assistir. Consistia numa moça tatuada e de cabelo rosa conversando com as recepcionistas e lhes entregando um papel, o interessante nisso tudo é que assim que a mesma agradeceu e deu as costas para ir embora, as recepcionistas rasgaram a folha e jogaram fora. Pelo contexto, deveria ser um currículo.

Apertei o passo até a recepção e prontamente as duas mulheres me cumprimentaram educadamente, o que é engraçado, já que acabaram de tratar mal a moça que saiu instantes atrás.

— O que tinha naquele papel que jogaram fora? — como diria mamãe para mim agora, fui curto e grosso.

— Era apenas um currículo, Sr. Park. — a de óculos respondeu — Nada com que precise se preocupar.

— E pensar que ela acha que conseguiria trabalhar aqui. — a outra riu de lado, logo engolindo o riso ao ser encarada seriamente por mim.

O tom de desdém carregado em sua voz era sem dúvidas, a coisa mais horrorosa e escrota que já presenciei.

— E por que ela não trabalharia aqui? — questionei cruzando os braços, realmente curioso.

— Oras, com aquelas tatuagens e cabelo desleixado jamais conseguiria, além das roupas, com certeza não passa de uma pobretona.

Confesso ter sentido um nojo enorme de tudo que escutei, como alguém pode ser tão maldoso e desprezível assim? Chega deu náusea.

— Era desse jeito que pensava de mim quando entrei aqui, Ha-Yun? — a mesma se apavorou para contornar a situação, mas eu não estava com paciência para aquilo. — Não diga nada, apenas passe no RH e retire suas coisas até o meio-dia.

— Sr. Par-

— Não adianta ser bonita e bem apresentável se por dentro é tão repugnante quanto um esgoto. Apenas faça o que eu mandei, e você, senhorita Min-ji, se concorda com o comportamento da sua ex-colega de trabalho, me avise, por favor.

— Não, Sr. Park.

Eis a questão, medo de ser demitida também ou a verdade?

O dia havia começado extraordinariamente bem, como podemos ver, e com isso, minha paciência já havia evaporado que nem água fervendo na chaleira. Apenas afrouxei minha gravata e ignorei os pedidos de desculpas da outra, indo para o elevador.

Quando as portas douradas se abriram, o setor já fervia de tanto movimento em plena manhã, o dia de trabalho mal começado havia ainda. Passei por lá desejando um bom dia para todos e agradecendo Youngjae por trazer o meu capuccino. Sim, eu não gosto de café mas amo capuccino, procure lógica nisso e falhe miseravelmente.

— Preciso da ajuda de vocês dois urgentemente, me acompanhem até sala. — apontei simultaneamente para Yoongi, que até então tentava organizar o setor, e Youngjae.

Só queria que a Coreia tivesse um clima frio, é péssimo ir trabalhar porque você precisa estar com roupas apresentáveis, e esse tipo de roupa acumula muito suor, e eu odeio ficar grudento ou fedido. Dá vontade de arrancar tudo do corpo, mas não dá, então só entrei na minha sala ligando o ar condicionado para aliviar o calor.

— Bom dia, Sr. Park! No que precisa de ajuda? — Youngjae se prontificou, com um caderninho embaixo do braço.

Enquanto fui abrindo todas as persianas, contei para ambos o ocorrido da recepção, explicando que quero dar um jeito de nunca mais algo parecido ocorrer, entretanto, o único empecilho nisso é que qualquer decisão minha precisa ser passada para os sócios, e eles nunca concordariam em dar emprego na JZ para pessoas consideradas fora do padrão que a empresa exige. Em outras palavras, eu preciso os convencer. Mas como?

Deu-se portanto, nós três sentados na poltronas ao centro da enorme sala, decorada em tons de vermelho e branco, pensando. Alguma ideia teria que sair dali, mas do jeito que está não fica.

Se formos pela lógica do nosso atual sistema, ele visa apenas uma única coisa, e esta é a premissa básica para tudo: o lucro.

No capitalismo, o lucro é a essência e prioridade, então, usaremos o jogo deles contra eles mesmos. Sentado no estofado pensei a coisa mais óbvia, ou nem tanto, de todas. Quem contratamos é a "cara" da empresa, de certa forma, por isso, se você contrata apenas um padrão específico de pessoas, você está marginalizando outras, logo, essas que são consideradas fora do padrão normativo, não se sentirão representadas para usufruir de marca X. Ou seja, menos lucro.

Para entender como isso funciona na prática é simples, pegue qualquer corporação gigante no mercado que apoia uma ou mais causas de minorias. Não fazem isso simplesmente porque querem solidariamente dar visibilidade, e sim, por dinheiro.

Claro que a minha intenção não é lucrar, e sim abranger todos os tipos de pessoas, mas se eu fizer uma reunião para dizer isso, todos vão rir da minha cara, — o que iria me deixar bem puto — por isso que o meu argumento terá a ver com o dinheiro que eles andam perdendo por preconceito, dando a entender que o foco não é a inclusão, e sim o retorno financeiro. Militância maquiada. Fala 'aí, eu sou um gênio.

— Marquem uma reunião de urgência com os acionistas para parte da tarde, 14h está bom. Tive uma ideia. — levantei do assento.

— Isso também é uma oportunidade perfeita para eles verem o seu trabalho, Sr. Park. Mostrar os avanços da empresa e como tudo está em ordem. — o mais novo se pronunciou.

Cada dia que passa, esse garoto me deixa mais impressionado com o profissionalismo, sem dúvidas está aprendendo tudo muito rápido e quem sabe um dia, não ganhe uma promoção. Porém, confiança se ganha aos poucos.

— Uma ideia apropriada, vou analisar.

Isso mesmo, Jimin, faz a linha do chefe durão! Argh!

Yoongi fechou a boca na hora para não rir, de longe negando com a cabeça.

Assim que saíram da sala tratei de iniciar meu ritual da manhã, que consistia em ligar uma música no fone e começar as tarefas, comendo uma jujuba ou outra enquanto não chegava o horário do almoço.

Felizmente hoje é um dia excelente para a vinda dos sócios, já que as reformas em minha sala  terminaram, o setor está organizado e tudo em seu devido lugar. Sabendo disso, meu humor melhorou espontaneamente e até o horário fluiu com agilidade, quando menos percebi já era hora de almoçar.

Desci com Yoongi no elevador e esperamos nossa Pucca Advogada no estacionamento, já dentro do carro.

— Já percebeu que temos uma rotina? Fazemos sempre as mesmas coisas todos os dias e mesmo assim nunca fica chato. — sorri, curvando as sobrancelhas em discernimento.

— Verdade, não é? E olha que eu tenho rotina desde sempre, mas elas me faziam mal. A de agora, não.

— Ah moranguinho, mas antes você nem de sair gostava, eu te chamava e você recusava tudo. — concordei de sorrisinho amarelo. — Eu te disse que fazer terapia resolveria maior parte dos seus problemas, deveria me ouvir mais vezes, sim?

— Não gosto de admitir que estou errado, mas é, você estava certo o tempo todo. — dei de ombros, admitindo que Min Yoongi estava coberto na razão.

Ele saiu matreiro, balançando os ombros todo pomposo com aquilo e no mesmo instante a porta detrás do carro foi aberta por um Kim Taehyung suado e de cabelo bagunçado, parecia que tinha corrido uma maratona.

— 'Tá tudo bem? — me virei, olhando para o mesmo em dúvida.

— Quase que não consigo descer para almoçar com vocês, Kang me deu várias tarefas extrajudiciais para analisar e depois contatar a outra empresa sobre. É muita coisa, e ele não me liberou até terminar. — fez um bico irritado.

— O pior é que ele não faz nada e reclama de tudo, esse velho futriqueiro que mete aquele nariz de batata até em setor que nem se diz respeito a ele! — Yoongi se alterou.

— Vou chamar ele na minha sala para conversar com depois. — falei, ligando o carro e dando partida até o restaurante na outra quadra.

— Eita que isso vai ser bom demais, não quero perder! — Yoongi bateu a mão no banco animado.

Oh bichinho fofoqueiro!

— Tae, se você chegar nele e perguntar "Não quer que eu limpe sua bunda com lencinho umedecido também?", eu passo pano. — comentei como quem não quer nada.

— Eu também passo! — Yoongi levantou a mão, rindo maldoso.

— Não tenho essa coragem. — o loiro respondeu — Só que vontade não falta.

— Deixa que eu falo por você então. — Taehyung arregalou os olhos — É brincadeira, calma. — ele relaxou a expressão apavorada — Ou talvez não.

— Jimin, não! — cutucou meu ombro com certo desespero.

Tadinho.

Não aguentei e dei risada, com isso o assunto morreu e após uns minutos chegamos no nosso restaurante queridinho, mortos de fome. Repensando a fala de Yoongi, fazíamos as mesmas coisas dia após dia, temos inclusive uma mesa específica para almoçar nesse estabelecimento. A mesa se localiza perto na janela que dá na calçada, é perfeita para aproveitar a vista e ser rapidamente atendido.

Tudo friamente calculado, como podem notar.

Sentei na ponta, Tae em minha frente e Yoongi na cadeira do lado. O local já estava lotado de pessoas, porém, incrivelmente o atendimento foi super rápido. Ao passo que a comida não chegava em nossa mesa, iniciamos uma futilidade de assuntos.

— Gente, eu tenho uma fofoca fortíssima 'pra contar. — Yoongi se aproximou mais da mesa, o que foi automático para mim e Tae imitarmos o gesto, preparando o ouvido e curiosidade para o que viria.

— Você sempre tem. — Tae comentou e eu ri, pois é verdade.

— Que culpa eu tenho se sou bem informado? — arqueou a sobrancelha, mexendo os ombros despreocupado. — Enfim, fiquei sabendo que um herdeiro está aqui em Seul.

— Herdeiro?

— Lee Taemin. — contou.

— O que ele está fazendo aqui? — questionei.

— Pelo o que eu sei, veio passar um tempo com a família e cuidar de uns assuntos jurídicos em relação a herança do pai.

— A mídia já ficou sabendo?

— Ah, parece que não. — contou — Mas o melhor é que estão dizendo que ele mudou. — sorriu para mim.

— Está me olhando assim por quê? — me fiz de desentendido.

— Ah, para, Jimin! Nem vem com essa. — sorriu malicioso.

— Estou perdido aqui — Tae proferiu curioso.

— É uma história bem de fanfic mesmo, sabe? Taemin era filho do CEO da JZ, mas o homem morreu e quando o Lee assumiu o cargo por um curto período, rolou clima entre ele e o Ji uma ou duas vezes, mas nada sério.

— Sim, nada demais. — revirei os olhos.

— Pode até ser, mas vai que vocês não se esbarram por aí sem querer. — me olhou sugestivo. — Uma coisa mais novela mexicana, sabe? Você 'tá andando na rua, leva um trupicão e pá! Lee Taemin te ajuda a se levantar. 

— 'Aí nada, Taemin me agrada apenas fisicamente.

— Você nunca deu chance, e olha que coisa boa, os dois estão solteiros. — Yoon comentou e Tae assentiu tão animado quanto.

— Dei sim, eu trabalhava com ele o dia inteiro, tempo o suficiente para gostar ou não da personalidade, e a resposta é não. — relembrei daquele tempo — Ele é muito mole, capaz de eu mandá-lo ajoelhar e ele acatar. Odeio esse tipo de homem. — revirei os olhos.

— Jimin estou te empurrando para dar uns amassos nele, e não assinar em papel compromisso eterno! — gargalhamos os três.

E enquanto o papo sobre Taemin estar em Seul fervia como pipoca em minha mente, seguimos o papo e almoçamos confortavelmente, apreciando o sabor agradável da comida e preenchendo o silêncio com mais fofocas.

Uma hora passou-se tão rápido que logo precisamos pagar as refeições, voltar para a corporação e adiantar o serviço para quando os sócios chegassem. Minha ansiedade para que 14h chegue rápido está me matando!

Porém, sinceramente acho que já se tornou rotina dizer que algo deu errado na minha vida, porque sempre dá.

Jimin não é Jimin se alguma merda não acontecer.

Ao pisar os pés no meu setor todo sossegado e de barriguinha cheia, minha expressão murchou ao perceber todos facialmente apreensivos. E foi nesse instante que eu disse mentalmente:

"Jimin, agora você tomou muito no cu, e não é no bom sentido!"

Posteriormente inúmeros pensamentos precipitados de choro e sofrimento, decidi finalmente ir atrás de descobrir que tragédia havia acontecido para todo mundo estar com cara de quem deu o cu e não gostou.

— O que está acontecendo aqui? — pronunciei alto, e logo um segurança apareceu na minha frente.

— Sr. Park, as câmeras e alto-falantes da sala de monitoramento não estão funcionando desde que saímos para almoçar. — começou a explicar a situação ao passo que eu sentia minha pressão caindo — Não podemos abrir as portas para o público sem que as câmeras estejam funcionando perfeitamente.

Senhor, hoje eu vou surtar.

— E você me diz isso faltando nem uma hora para que os sócios cheguem?

— Estamos fazendo de tudo para resolver esse problema o mais rápido possível.

— Certo. — assenti, tentando me acalmar — Resolvam logo isso. 

— Sim, senhor.

— E o resto, ... — proferi alto para todo o setor ouvir — Tratem de organizar e rever se tudo está em seu devido lugar, quando os sócios chegarem eu não quero ver uma formiga fora de ordem.

Acaso não existe, mas destino para dar tudo de errado na minha vida existe, e hoje é só uma das milhares de provas disso.

Em passos rápidos, procurei um tampinha, vulgo Yoongi, pelo setor e mandei que ele seguisse os técnicos e seguranças, para supervisionar o serviço que seria feito.

Com o peito fervendo de preocupação e uma inquietude grotesca, procurei esperar, na sala, que tudo desse certo, só que é óbvio que eu não me aguentei e fui atrás.

Aquela ala continuava a mesma muvuca, todos unidos tentando resolver o mesmo problema, mas quando entrei na sala de monitoramento encontrei apenas Yoongi, ele estava sentado, como se esperasse algo, jazia ninguém ali além do próprio.

— Onde estão todos? — perguntei assim que fechei a porta, ele sobressaltou do lugar em susto.

— Ah, quando cheguei aqui não tinha mais ninguém, porém os técnicos foram dar um jeito na aparelhagem e eu resolvi ficar atento caso os equipamentos voltem a funcionar.

— Entendi. — concordei e me sentei perto dele — Vou ficar esperando também, não consegui conter minha ansiedade na sala.

— Eles foram faz uns minutos, logo tudo volta ao normal, Ji. — disse a fim de me tranquilizar.

— Eu espero.

Estiquei o braço e arregacei um pouco a manga da blusa, observando a hora se esvaindo mais rápido do que eu queria.

— Se continuar olhando para isso vai ter um colapso. — Yoongi falou com a mão sobre meu relógio. — Podemos conversar sobre algo.

— Acha que isso vai me distrair?

— Não faço a menor ideia. — deu de ombros e sorriu.

— E do que iremos falar? — me apoiei de vez na cadeira, relaxando os músculos.

— Bom, você pode contar como é Paris. Afinal, eu só a conheço por fotos da internet.

— Paris é linda e... — suspirei romanticamente — Fedorenta.

— Fedorenta?! — exclamou confuso.

— A não ser que curta cheiro de cigarro, a cidade fede.

— Você acabou de destruir os meus sonhos, obrigado por isso. — debochou.

— Quer que eu minta? — arqueei a sobrancelha, sorrindo.

— Ah, certo... E o que mais?

— A culinária é impecável, a arquitetura, o idioma, a Torre Eiffel... — recordei de cada detalhe ao detalhar — São todos perfeitos.

— Nossa, eu tinha me esquecido! Você jantou com Jungkook dentro da Torre Eiffel, isso é inacreditável! Deve ter sido muito incrível ver lá de cima. — sorri de lado ao ver os olhinhos do meu amigo reluzirem ao que falava.

Ele sempre diz que seu maior sonho é conhecer o mundo inteiro.

— Foi incrível sim. — olhei minhas mãos com o pensamento vagando naquela noite — Ele me deixou confortável, conversamos tanto, confessamos tantos segredos, não tinha como ter sido melhor. — pensei em Jungkook, porém, antes que continuasse recobrei a razão.

Me ajeitei no assento do jeito certo e levei minha atenção para Yoongi, que me encarava quieto.

— Desculpa fazer você se lembrar dele. — murmurou.

— Está tudo bem, não é como se fosse um assunto proibido. — relaxei novamente — Como eu disse, foi bom, mas acabou. Assim como tudo na vida, nada dura eternamente.

— Foi bom é? — um sorriso nada puritano beirava seus lábios.

— Claro que sim, já viu as tatuagens dele, a mandíbula bem traçada, a bunda marcada no terno, o sotaque francês... — mordi os lábios pensando na tentação que é Jeon Jungkook.

— Do que adianta tudo isso se é todo sério? — resmungou do outro lado.

— Quem disse? — questionei indignado.

— Nem precisa, todo mundo percebia.— falou como se fosse óbvio — Certo, Jungkook sempre foi mais gentil e educado que o Sr. Lee e Taemin juntos, mas o homem não tem senso de humor, nunca teve.

— Nada a ver, ele tinha comigo. É um senso de humor irritante? Sim, mas ainda é um senso de humor, oras...

— Com você, apenas com você. — pontuou — O que não dá para negar mesmo é a inteligência do Jeon.

— Realmente. — concordei.

— Fora isso, ele é sem graça.

— Não acho.

— Jimin, eu preciso de um homem que me leve para sair e me faça rir tanto, mais tanto, que quando eu menos perceber já vou estar na cama pronto para o abate. — gargalhei com a mão sobre a boca, não acreditando que ele disse aquilo.

Cansado de estar sentado, levantei da cadeira e espreguicei o corpo, me encostando, em seguida, na mesa das câmeras e alto-falantes, na qual Yoongi se juntou ao meu lado.

— Imaginei uma coisa engraçada agora. — ele riu sozinho.

— O quê?

— Será que Jungkook fode sério também? Super imagino ele fazendo só papai e mamãe. Algo bem homem reservado e de família, quase um vô. — e pela segunda vez, eu gargalhei muito.

— Jurou, não é?

— Meu deus vocês chegaram nos finalmentes, passado! — abriu a boca em choque — Me conta tudo.

Ainda rindo um pouco, virei meu corpo de lado e estiquei a mão na mesa como apoio.

— Ah, não tem como dizer sem ficar com vergonha. — sorri embaraçado pelas lembranças que agora me deixavam envergonhado.

Me encostei melhor na mesa e pensei que era apenas sexo, não precisa ter vergonha, é a coisa mais normal do mundo e todos fazem, ou quase todos. 

— A verdade é que Jungkook não transa bem, ele só deixa todas as outras pessoas que fui pra cama no chinelo, e olha que não foram poucas. — fui sincero. 

Falar isso foi o estopim perfeito para engatarmos de vez nesse assunto, e rendeu tanto que quando ao menos notei já tinha contado nos detalhes. Yoongi ficou surpreso em saber que o Jungkook fora do trabalho era completamente diferente do que aparentava. 

— Com isso, podemos concluir que... — fingi um timbre sério na voz — Jeon Jungkook fode bem demais, e tenho dito! — despencamos a rir que nem idiotas. 

Existe uma singularidade hilária na minha inexistente sorte, e a maior prova disso é o que eu não percebi ter feito, como sempre. O que delatou a mim mesmo que fiz, ou melhor, falei merda, foi olhar para Yoongi e vê-lo espantado encarando onde minha mão estava apoiada. 

Ele empurrou minha mão de cima do botão rapidamente e o desligou no mesmo instante. Eu sabia que algo havia acontecido, mas não sabia o quê. 

— Jimin... — sussurrou paralisado olhando para minha cara.

— O que foi? — questionei tranquilo.

— Parece que os equipamentos voltaram a funcionar e você estava com a mão em cima do botão de alto-falante. — colocou uma mão sobre a boca, visivelmente preocupado.

— E o que tem, Yoongi? Isso é ótimo, as coisas voltaram a funcionar. 

— Jimin, você não está entendendo...

— Então me explica!

— Jimin, a empresa inteira escutou você dizer com todas as letras que Jeon Jungkook fode bem! Tem noção disso?! — levantou as mãos para o ar, exclamando sua preocupação. 

Não, não, não. 

Por que alguém não me joga pela janela?

Eu não tenho sorte!

Eu não tenho mais esperança!

Eu não tenho o povo!

E eu não aguento mais tanto King Kong na minha vida!

— Mas que caralho de vida eu tenho... — suspirei desacreditado. 

Então, a ficha pareceu cair. 

— CARALHO, ME ESCUTARAM DIZER QUE JEON JUNGKOOK FODE BEM! YOONGI, É O FIM DA MINHA CARREIRA, SOCORRO! — levantei postura de supetão, pouco me importando se estava gritando — EU NÃO TENHO TALENTO PARA VENDER ARTE NA PRAIA, O QUE SERÁ DE MIM, SENHOR?! 

— Se dependêssemos do seu desespero estaríamos fodidos, mas felizmente, não é o caso. 

— Me esculachar não vai te dar nada além de uma medalha de "melhor" amigo do ano.  — resmunguei nervoso, eu podia sentir meus nervos explodindo dentro da cabeça.

— Jimin. — parou em minha frente.

— Oi? 

— Ninguém sabe que estamos aqui. — disse e seu rosto iluminou-se — NINGUÉM SABE QUE ESTAMOS AQUI! 

— TÁ GRITANDO POR QUÊ? 

— Ji, não percebe?! Não sabem que estamos aqui, não sabem de quem é voz, qualquer pessoa pode ter entrado aqui e falado isso. Quando eu cheguei, não tinha ninguém e também não te viram entrar. — disse eufórico, com os olhos tão estatelados que chega me assustou. 

Contudo, ele tinha razão. Não estou dizendo? Yoongi é um amigo muito bom, o melhor de todos, e se um dia eu disse o contrário, não estava bem, com certeza. 

Os próximos passos foi uma coisa bem filme de ação. Após checar que tudo realmente estava desligado e tomando fé que logo os técnicos entrariam por aquela porta para checar se tudo estava em ordem, saímos de lá como dois bons espiões. 

Antes de tudo, nunca se esqueça de abrir a porta BEM devagarinho e observar cautelosamente se não tem algum intrometido na espreita, e então, chegamos no segundo e último passo, corra como se sua vida dependesse disso. Imagine que quanto mais rápido você correr, mais perto ficará da linha de chegada, esta que tem um prato do seu bolo favorito lhe aguardando. Um ótimo incentivo, não é? Eu sei, pode admitir. 

— Será que alguém nos viu? — sussurrei.

— Por que está sussurrando dentro da sua própria sala? 

Boa pergunta. Por que estou falando baixo se já chegamos na minha sala? 

— Ah... Nem sei. — Yoongi negou veemente, rindo baixo. 

Enfim, missão concluída.

— E se descobrirem que a voz é minha? 

— Difícil. Primeiro porque você tem fuça de hétero e segundo que quando se empolga com um assunto, sua voz afina um pouco. Podem achar que foi uma mulher. — deu de ombros. 

— Já imagino a fofoca pelos corredores. — ciciei, ainda em choque com o que aconteceu. 

— Ah, pois certeza que já começou o bafafá, o que mais tem nessa empresa é gente fofoqueira, começando por mim, lógico. — sorriu ladino. — Porém... — olhou a hora em seu pulso — É melhor se recompor, a reunião começa em cinco minutos, e pelo visto, os problemas na sala de monitoramento já não mais existem, pois você teve a honra de fazer o teste drive.

— Engraçadinho. — proferi sem, de fato, humor. 

O tempo é uma fração irregular. Quando estamos numa situação de nervosismo, ele passa como uma lesma, porém, quando nada se espera, ele é célere. Pergunta séria, ou nem tanto: O tempo é debochado ou é só impressão minha? 

Ignorei meus pensamentos esquisitos e fui para a sala de reunião esperar, e comprovando minha análise ultra mega científica, pareceu ser uma eternidade a minha espera, mas que calculando no relógio foram apenas doze minutos até que passasse pelas portas de vidro fumê homens e mulheres excelentemente trajados e impecáveis, com uma expressão de quem não queria estar aqui. 

Hoje eu vou ser amassado. 

A recepção clássica e formal foi dada e respondida, e logo, todos sentados em seus devidos lugares me olhavam a espera de algo. 

— Antes de tudo, quero agradecer a presença de todos. O motivo dessa reunião inesperada é fruto de uma análise feita por mim que pode interessar todos vocês.

— E o que seria, Park? — Do-Yun, um senhor de idade completamente chato, questionou. 

— A falta de inclusão nessa empresa está nos dando menos lucro que o imaginado.

— Impossível, a empresa fatura cada vez mais. — uma mulher disse.

— O Iate que comprei semana passada é prova disso. — Do-Yun gargalhou junto dos outros presentes.

Quase revirei os olhos. Quase.

— Certo, prestem atenção nesse levantamento dos nossos concorrentes. — parece que finalmente ganhei a atenção de todos — Nunca se questionaram o motivo de estarmos em terceiro lugar no mercado tecnológico enquanto nossa maior inimiga, que não sem fundamento, apoia diversas causas, está em primeiro? 

— Prossiga no raciocínio, rapaz. — Do-Yun proferiu, agora verdadeiramente intrigado. 

— Contratamos apenas um padrão de pessoas e nossas propagandas são sempre feitas por esse mesmo padrão,  tudo isso cria uma barreira de distanciamento com quem está fora dele, fazendo com que, automaticamente, prefiram comprar seus produtos com marcas que valorizam o todo de uma sociedade.

— Tem como provar isso, Sr. Park? 

— Claro. — passei com o controle em mãos, os gráficos que comprovam em estatísticas que nosso maior público consumidor tem o mesmo padrão das pessoas que aparecem em nossa publicidade; O próximo definia os números conquistados pelo concorrente, comparando a diversidade do público consumidor que era idêntica as pessoas da propaganda. 

— O que sugere para ultrapassarmos o concorrente? — a única mulher na sala, questionou-se virando para mim. 

O óbvio né, minha filha?!

— Em primeiro lugar, contratar pessoas por suas qualificações profissionais e não estética padrão, e por fim, modificar as pessoas que atuam no marketing das propagandas televisivas. 

— Quer que contratemos qualquer tipo de pessoa?! — Do-Yun atropelou minha fala. 

— Imagina que vamos diminuir o nível de prestígio da nossa corporação com certos tipos de seres!

— O que te importa mais, o lucro ou o preconceito? — eu já estava começando a me estressar, mas por fora continuava com a expressão pacífica. 

Escutei dezenas de absurdos, pareciam irredutíveis em suas intolerâncias, contudo, eu nunca desisti fácil das coisas na minha vida. Passei por cima de absolutamente todas as objeções com argumentos que não queria usar, mas usei para conseguir o que eu queria, afinal, aqueles imbecis não estariam na empresa diariamente para ver minhas mudanças, vão estar ocupados demais com suas vidas superficiais. 

Nunca foi tão difícil convencer alguém, pois não se trata apenas de dinheiro, mas do padrão coreano enraizado em nossa cultura, seja padrão de pele, corpo, altura e tudo mais que se pode imaginar. A única coisa que me difere de ter o mesmo pensamento deles é o estudo. Quando descobri, na adolescência, paixão por conhecimento eu nunca mais parei, tanto que quando tive oportunidade de conhecer outras culturas, como a do Ocidente, minha mente se amplificou para diversos assuntos. Como Albert Einstein citara certa vez, a mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original.

Porém, voltando ao que dizia antes, nitidamente não me esforcei a convencê-los simplesmente porque quero ver mais dinheiro indo para o bolso desses putos, no entanto, os deixarei pensar assim. 

Mal acreditei ter conseguido o voto positivo da maioria ao acabar a votação, conseguindo, portanto, passe-livre para mudanças. Sair daquela sala foi como se um peso de cem caminhões houvessem saído de mim, um alívio. De tão eufórico internamente, nem percebi quando cada um veio se despedir, menos ainda sei como cheguei na minha sala. 

Escutei duas batidas na porta e autorizei a entrada, vendo Yoongi e Youngjae me olhando em expectativa. 

— Conseguimos. — sorri mínimo, muito profissional. 

— Meu deus, é sério, Sr. Park? — o mais novo questionou, sorrindo por detrás da agenda em seu rosto. 

— Não acredito que convenceu eles. — Yoongi disse perplexo.

— Nem eu... — o outro continuou, mas logo me encarou — N-não que e-eu duvide da sua capacidade, Sr. Park! Só estou dizendo q-que-

— Está tudo bem, garoto. — me permiti sorrir — Eu entendi. 

— Ah, trouxe novas informações para o senhor sobre a festa de comemoração da empresa, finalmente a diretoria decidiu. — Youngjae falou, abrindo sua agenda. 

— Estou ansioso, ano passado foi nos Estados Unidos. — contei, contidamente feliz. 

— Bom, como decisão unânime, esse ano o aniversário da empresa será na filial de Paris, na França, que é liderada pelo Sr. Jeon.

Porra. 

— Jeon Jungkook?! — exclamei em alto som, não é possível que isso está acontecendo. Não é. 

Destino, eu ODEIO você!

— Sim, o Sr. Jeon, lembra? — começou — Alto, sério, francês, educad-

— Eu sei quem é, Youngjae.

— Ah...

Não posso acreditar nisso. 

Não posso acreditar que o verei novamente. 

Foram três meses, será que ele ainda se lembra de mim?

Não, Jimin! Isso não importa, ele não importa mais! Ele te magoou, não é digno da sua preocupação. 

— Youngjae, será que poderia nos deixar a sós, por gentileza? — ouvi Yoongi o pedir, segundos depois escutando a porta sendo fechada. — Jimin...

— Não. — neguei — Eu não vou. Não quero ver ele, eu não vou para Paris. 

— Você é o CEO da matriz, Jimin. Não é questão de querer, é uma obrigação sua. 

— Preciso falar com alguém. Agora.

— Pode falar comigo. — chegou mais perto, tocando meu ombro. 

— Sinto muito, Yoon, mas preciso de uma outra perspectiva. — O contornei, pegando a chave do carro em cima da mesa. 

— Onde vai? — me acompanhou pasmo pelo o que disse.

— Falar com a Yuna. 

— Mas Jimin, nem é dia de consulta 'pra voc- — fechei a porta, não me importando com o horário ou qualquer coisa, eu só preciso dela para conversar. 

Dirigir pelas ruas de Seul e refletir na última informação que recebi, foi o meu passatempo até o consultório da psicóloga.

Meus pensamentos eram voláteis e ansiosos, as imagens de Jungkook na minha cabeça não me ajudavam a focar, e eu preciso de foco para ter controle sobre mim. 

A rua tão bela de árvores com folhagens coloridas logo foi avistada e meu carro estacionado numa das vagas públicas da rua. Passei ligeiro pela recepção, agradecendo por não ver ninguém esperando por uma consulta. Ignorei o chamado da recepcionista e entrei no elevador, os pés batendo quase como música no chão, tamanha a minha tensão. 

Após uma batida concisa na porta da sala de Yuna, a mesma foi aberta instantes depois, e ali ela me encarou sem nada compreender. 

— Jimin? 

— Boa tarde, doutora. — tentei sorrir. 

— Boa tarde, o que houve? Hoje nem é seu dia de sessão. — abriu a porta para mim entrar, indicando o sofá, agradeci internamente. 

— É que eu precisava muito conversar...

— O que te incomoda? 

— Verei Jungkook novamente, mas não sei se estou pronto. — contei amuado — Na verdade, tenho certeza que não estou pronto. 

— Jungkook é o seu ex-chefe, certo? — questionou, cruzando as pernas. 

— Exato. — confirmei — Saber que o verei depois desses meses me deixa de coração acelerado, ansioso e estranhamente feliz. Eu não deveria estar sentindo nada disso, não depois do que houve. Eu o perdoei, mas ainda não consigo esquecer. 

 — Defina "perdão". 

— Significa que eu perdoo a pessoa, mas não a ponto de confiar que nem antes, isso jamais. 

— Você ainda gosta dele mas não o perdoo, é isso? — opinou na certa. 

— Pelo o que parece, sim, e isso é frustrante. — revirei os olhos, brincando com meus dedos a fim de evitar pensar nele. — Eu não queria ter que ir, mas são assuntos da empresa, minha obrigação. 

— O que acha que pode acontecer?

— Esse é o problema, doutora. Eu não sei. Não sei de nada. Nem como agir, se devo falar com ele, o que falar, eu me sinto impotente. 

— Você quer falar com ele? 

Vamos lá, Jimin, admita para si mesmo.

— Sim. — confessei. 

Eu sou idiota, pode concordar. Eu sei. 

— Se quer conselho, deveria ser apenas educado e cumprimentar, se ele resolver tomar alguma iniciativa, seja de desculpas ou conversa, pense se vale a pena tal. O que ele te fez deve servir de aprendizado, e não ódio. 

— Meus amigos que trabalham comigo vão também, acho que agora me sinto mais calmo. Não tem motivo para eu ter tido essa reação tão exagerada. — me culpei, afinal, eu sempre excedo as situações. 

— Se autodepreciar não é a solução dos seus problemas, e isso não é besteira. Você gosta desse Jungkook, é natural o sentimento estranho e nervosismo, como também é normal ter raiva pelo o que ocorreu entre vocês. Respeite os seus sentimentos e procure entendê-los, Jimin. 

É gostoso e acolhedor conversar com Yuna, o melhor é que ficamos quase uma hora conversando, com ela me acalmando e destruindo o monstro de sete cabeças que eu mesmo criei estando nervoso, pensando nesse reencontro cabuloso. Yuna não me cobrou um centavo, mesmo que eu tenha insistido muito, ela recusou veemente. 

No final, peguei meu carro e, diferente de quando cheguei, me sinto mais aliviado, ainda agitado, entretanto, sabendo como irei agir. Liguei a rádio e me distrai com o locutor, quando o sinal parou mandei uma mensagem rápida no grupo de mensagens, avisando Tae e Yoongi que iria para meu apartamento e os esperaria mais tarde para nos arrumarmos, pois a noite promete diversão. 

O lado bom de ser o chefe é que você entra e sai do serviço quando quiser. Gratidão. 

Cheguei em casa todo relaxado, jogando minhas coisas de qualquer jeito e indo tomar um banho quentinho. É tão bom chegar em casa, a sensação de lar e pertencimento, até respirar é melhor. Eu amo meu apartamento.

Murmurando uma música, fui até meu quarto tirar as roupas e pegar os sais de banho com aroma de morango na gaveta. Ao entrar na água perfumada e vaporizada da banheira, encostei minha cabeça no estofado e fechei os olhos, era como se nuvens estivessem me carregando, e eu não pretendia sair dali tão cedo. 

Talvez, como já esperado, meus pensamentos me traíram e navegaram para alguém que eu nunca penso, quase nunca mesmo: Jeon Jungkook. 

A ideia de revê-lo ainda é fresca na cabeça, quase sinto borboletinhas no estômago pela ansiedade, porém, tento controlar meus sentimentos caóticos antes que surte que nem mais cedo. 

É bobo pensar que poderíamos ter tido tudo e simplesmente não aconteceu? 

Só preciso esquecê-lo de uma vez por todas, três meses não foram o bastante. 

Jungkook brincou comigo como se eu fosse mais uma peça do seu tabuleiro de xadrez, penso nisso às vezes.

Sinceramente, não importa se a intenção era boa, machucou. 

Determinado a descansar e abandonar tais raciocínios, afundei o corpo na banheira e permaneci ali até o ar faltar, faço isso sempre que posso. 

Pela janela observei o sol se pondo e a água esfriando, deduzi ter passado muito tempo refletindo sobre Jungkook, sobre meu sonho com Jungkook e droga, tudo é Jungkook! Hoje é um ultimato, eu vou esquecer dele de uma vez. 

Assim que passei do quarto para a sala vestido num roupão e secando o cabelo com a toalha, meus amigos chegaram e os vi na porta, pois eu sempre deixo uma chave reserva embaixo do tapete da entrada. 

— Decidiu tirar a tarde de folga, foi? — Pucca Advogada disse, colocando sua maleta no sofá. 

— Ele é o chefe, pode tudo. — Yoon o respondeu e eu apenas ri. 

— Queria eu isso. Meu dia foi resumido em dor de cabeça, literalmente. — Taehyung falou e pegou um copo de água na cozinha. 

— Depois desse dia, não há dúvidas que precisamos de uma balada. — olhei esperançoso para Tae, ele suspirou vencido.

— Só vou concordar com isso porquê realmente preciso beber. 

—  Você não vai se arrepender! — comemorei — O banheiro é de vocês, eu acabei de tomar banho e agora vou escolher minha roupa. 

Liguei a televisão e coloquei uma playlist de pop, afinal de contas, esse momento precisa ter estilo e música. A preguiça é tanta, quero apenas me divertir, por isso não caprichei muito no visual. Escolhi uma camiseta curta da Gucci, uma jaqueta de couro e calça do mesmo tecido, adornei o pescoço com uma corrente delicada de prata e calcei meus costumeiros sapatos sociais, também de couro. 

Já escutei por aí que fico bem em couro

Parei a arrumação e comi um lanchinho, pois beber de barriga vazia nunca é uma boa ideia, galera. Conferi nas redes sociais o horário e percebi faltar mais de uma hora, portanto, fiquei passando a timeline. Tirei minha atenção do celular apenas para opinar nas roupas dos dois indecisos que levaram sessenta minutos inteiros para dizerem "Estamos prontos!". Inacreditável. Saímos do apartamento beirando oito horas da noite e foi uma sorte do caralho não ter tido trânsito. 

O local escolhido era mais longe que o normal, o que fez da nossa pequena viagem um ponto de fofoca. 

— Jimin, aquele Jungkook que você falava é um galinha! Alguém abriu a boca hoje no alto-falante e disse que transou com ele, eu 'tô de boca aberta até agora com isso... — Tae comentou na maior inocência.

Alguém avisa? 

Yoongi desatinou a rir no banco, quase morrendo de tão vermelho. Idiota. 

— Eu tenho cara de palhaço, 'pra você rir? — Pucca Advogada questionou emburradinho. 

Já acostumado na convivência com os dois, simplesmente aumentei o som e esperei o que sempre acontece. Yoongi morre de tanto gargalhar, Taehyung fica moscando e no final, o outro lhe explica tudo nos mínimos detalhes. Até Tae entender que eu fui o imbecil de dizer alto e bom som que meu ex-chefe é bom de cama, chegamos na balada.

A noite está quente, o vento que bate no corpo é tórrido e tudo que eu quero é as coisas fiquem mais quentes ainda. 

Como o esperado, pegamos uma boa fila na porta da casa, e com meu bolso chorando paguei nossas entradas, pois quem convidou fui eu. 

Haviam dezenas de pessoas concentradas no lugar, a maioria pelo meio e o restante pelos cantos. A iluminação é casta, o seu auge está na região onde fica o bar. A falta de claridade é pelo tema da noite, neon. As pessoas cantam, dançam, flertam ou apenas pedem uma bebida para observar as outras. 

Mal olhei para o lado e meus dois amigos sumiram de vista. Sim, isso mesmo, leitor, Kim Taehyung protestou a manhã inteira sobre odiar baladas, e agora que estamos aqui graças a MINHA insistência, ele e o salafrário do Yoongi me abandonam! 

Estou neste exato momento abrindo vagas para novos amigos, quem quiser se candidatar diga "Eu":

Ainda indignado, fui até o bar pedir uma bebida, porém a demora é grande pela imensa remessa de gente ali. Esperei, esperei e esperei. Prestes a desistir e ir dançar de vez, o barman colocou um copo de líquido vermelho em minha frente. 

— Aquele cara mandou te entregar essa bebida, já está pago. — estranhei a situação e procurei o tal homem com afinco. 

Taemin. 

Lee Taemin.

Hoje o destino está realmente de tiração com a minha cara. 

Logicamente, minha reação foi de susto. Yoongi havia comentado cedo que ele estava na cidade, mas estar na mesma balada que nós é coincidência demais. 

Acenei de longe em agradecimento, e as coisas ficariam assim caso ele não estivesse vindo em minha direção neste exato momento.

Merda.

— Quanto tempo, Jimin! — escutei sua costumeira voz animada soar por trás de mim.

— Oi, Taemin. Pois é, faz tempo. — me virei, sorrindo educadamente. — Obrigado pela bebida, inclusive.

— Ah, eu vi que você estava com dificuldade. — abanou as mãos como se não fosse nada — Está mais bonito do que eu me lembrava. 

Naquele instante, seu sorriso mudou de animado para malicioso. Taemin sempre foi muito sorridente, e é interessante a forma na qual cada sorriso seu diz algo diferente. 

— Obrigado. 

Ele me chamou para ficarmos no meio, o que rendeu uma conversa sobre as mudanças. Lee  contou sobre seu problema na justiça em relação a herança e eu apenas escutei, vez ou outra falando algo para prolongar o assunto. 

Ainda continua o mesmo, contando piadas e bem humorado em seus papos. Num segundo estava rindo de algo que disse e no outro, dançamos juntos a música agitada que tocava e deixava os ali presentes energizados. 

Bom, parece que a ideia de esquecer da minha vida funciona perfeitamente. 

— Estou pensando...

— Em que? — perguntei.

— O que acha de relembrarmos os velhos tempos? — sussurrou no meu ouvido mais perto do que pensei. 

O que eu tenho a perder? 

Estou solteiro e ele também. 

— Com uma condição. — me virei, tocando seus lábios com o indicador o fazendo sorrir instantaneamente. 

— Todas que quiser... — proferiu baixinho, sorrateiramente deslizando os dedos pela minha cintura, ao passo que eu o empurrava para um canto escuro na parede. 

— Preciso que me faça esquecer. 

— Do que?

Dele.

—  De tudo.

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usem a tag no twitter pfv <3

não sei se isso é bem um "presente" de natal KKKKKK mas bom, pelo menos teve atualização né

gostaram do capítulo?

na moral, a fic tá ficando chata? to tendo essa impressão :/

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