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⨳ 𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐡𝐨𝐬 𝐕𝐚𝐥𝐞𝐦 𝐌𝐚𝐢𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐏𝐚𝐥𝐚𝐯𝐫𝐚𝐬 ⨳
🦋 Act 1 - A nova folha da árvore 🦋
⨳ Chapter 6 ⨳
Preciso fechar a escola.
Bárbara Passos
29/01 ⨳ Quinta-Feira
16:10h
Já era a hora da saída. Hoje as aulas foram até as 16:00h. Eu estava acabada.
A atitude de Victor hoje mais cedo, foi legal, eu diria.
Eu ainda estava dentro da escola, esperando a chuva passar.
Chuva é meu clima favorito. Os trovões não me assustam, eles me acalmam.
O barulho da água se misturando com a terra, me conforta. As ideias de dar um fim nesse conflito interno somem rapidamente de minha mente sob o som das chuvas.
Meu pequeno transe é quebrado com o garoto se aproximando.
Hoje de manhã, durante a carona que ele me deu, descobri finalmente o nome dele: Victor Augusto.
Eu via Alice, Clara e Bruna comentando sobre ele na época que éramos amigas...
─ Bom, acho que eu vou precisar te dar mais uma carona... – ele diz e eu rio fraco.
─ É claro, se você não se incomodar... – digo me levantando.
─ Incomoda não... – ele responde sorrindo.
Estavamos nos encarando já havia alguns minutos, mas somos interrompidos pelo zelador.
─ Dá para vocês irem logo para casa? Eu tenho que fechar a escola. – o zelador diz.
─ A gente já está indo... – Victor responde.
Coloco o capuz do meu moletom, para meu cabelo não ser molhado.
Saímos da escola e fomos para seu carro.
Uma Porsche.
Sinceramente, fiquei surpresa em ver que o garoto nem é tão babaca assim... Ou, talvez ele seja, e eu ainda não saiba.
Entro no carro, coloco o cinto de segurança, enquanto Victor dá partida no carro.
─ Então, o que você faz no tempo livre? – ele pergunta.
─ Eu gosto de desenhar... – respondo.
─ Olha, eu até competiria com você se eu não fosse péssimo. – ele diz e nós rimos.
Era a primeira vez que eu ria no dia inteiro.
─ Desenho não é dom, é só uma questão de prática... – explico. – E você? O que faz no tempo livre?
─ Ah, vou em festas, fico bêbado... – ele responde e nós rimos.
─ Você é bem popular né? – pergunto.
─ É, pode se dizer que sim... – ele responde.
─ O que você acha que vão dizer quando te virem dando carona para mim? – pergunto e ele ri.
─ Quer saber a resposta sincera, ou a resposta mais leve? – ele pergunta.
─ Garoto, aqui é sinceridade. – respondo.
─ Vão achar que eu tô te pegando. – ele diz.
─ Sério? – digo.
─ É, mas eu não queria que achassem isso... – ele diz.
─ Você já fez a fama né Victor... – digo e nós rimos.
─ Você até que é legal para quem era toda quietinha... – ele diz.
─ E você é até que legal para quem era todo nojento... – respondo e nós rimos.
─ Marrento sim, nojento não. – ele diz, com uma voz fina e ridícula. Não seguramos a risada.
Ele encosta o carro em frente à minha casa. Coloco meu capuz de novo e pego minha mochila.
─ Valeu pela carona... – digo.
─ De nada, a gente se vê morena... – ele diz.
Sorrio fraco e saio do carro.
Entro em casa, tirando meus tênis e o capuz.
─ Filha, chegou mais.... Quem é aquele? – minha mãe pergunta.
Victor ainda estava esperando eu entrar em casa para ele ir embora... Ele dá um sorrisinho e dá partida no carro.
Minha mãe me olhava com uma cara suspeita.
─ Um amigo... – digo.
─ Me engana que eu gosto... – ela diz e nós rimos. – Jesus, você está rindo, o que ele fez com você?
─ Ele me deu carona hoje mais cedo, por causa da chuva... – explico.
─ Qual o nome dele? – ela pergunta.
─ Victor... – respondo.
Minha mãe continuava a me olhar.
─ Que foi? Mãe, a gente se conheceu antes de ontem! – eu digo.
─ Tá bom... – ela diz.
Realmente, por que Victor estava fazendo isso por mim?
Tem tantas outras garotas bonitas que ele poderia dar carona, sei lá...
Ele realmente é bonito, e, também é legal...
Qual é Bárbara, caia na realidade logo, ele é popular, daqui a pouco vai estar rodando a notícia que ele pegou todo mundo da turma B antes de você piscar...
Victor Augusto
Dou partida no carro e dirijo de volta para minha casa.
A pequena conversa que eu e Bárbara tivemos hoje foi melhor do que eu esperava. Ela se soltou um pouco, não ficou tão fria quanto era na sala.
Mas eu ainda sinto que há algo que não foi explicado direito... Algo que ainda a incomoda.
Chego em casa novamente, onde minha mãe assistia o noticiário.
─ Oi filho, chegou tarde... – ela diz.
─ Eu dei carona para uma pessoa... – respondo sentando no sofá, ao seu lado.
─ Para o Crusher? – ela pergunta.
─ Não, para uma garota... – respondo.
Minha mãe me olha com um olhar de advertência...
─ Não é o que está pensando.... Ela está sofrendo mãe, sofrendo de verdade... Só ainda não quis admitir isso para mim. – digo.
─ O que aconteceu? – ela pergunta.
─ A uns dias, eu achei uns desenhos no reciclável, tentei achar o nome dessa pessoa e acabei encontrando, Bárbara Passos... – explico.
Um detalhe que eu esqueci de contar: minha mãe é psicóloga.
Por isso, ela se preocupa com as pessoas que fazem o tipo de coisa que Bárbara fez...
─ Posso ver os desenhos? – ela pergunta.
─ Claro... – digo, pegando os papeis na minha mala.
Minha mãe pega os na mão, e começa a analisa-los. Sua expressão mudava a cada um que ela via...
─ Eu não conheço ela direito, mas quero muito ajudar. Não sei como abordar o assunto... – digo.
─ Victor, se eu soubesse que você fosse virar esse menininho bom, eu teria lhe mudado de sala a muito tempo... – ela diz e eu rio. – Você sabe que não são apenas desenhos, né?
O que minha mãe não sabia, é que eu estava disposto a fazer qualquer coisa por ela... Eu ainda não sabia disso, mas logo eu descobriria.