Chapter 156 🦋 brinca comigo?

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Victor Augusto

09/11 – Sexta-feira

16:00h


Coloquei Lizzie na cadeirinha do carro quando entramos e depois eu me esparramei no banco de trás. Estava exausto, triturado.

Cuidar de uma criança pequena já não era fácil, ainda sendo a minha cunhada... Ela não era uma criança chata, só era agitada. E ainda, era muito parecida com a Babi, o que me fazia lembrar dela e me fazia ter saudades.

Mas hoje, era o fim. Era hoje que tudo se revelaria e que finalmente eu não teria que esconder mais nada. Eu poderia me explicar, poderia contar tudo o que eu fiz, poderia dizer que o meu distanciamento foi por ela, poderia dizer tudo o que eu queria.

Era libertador, ao mesmo tempo, me dava medo. Ela tinha todo o direito de ficar brava comigo, já que eu estava me metendo na sua maior ferida e me recusava a contar pra ela.

Eu tive meus motivos para não contar. Primeiro, era possível que tudo desse errado e eu tivesse enchido Bárbara de esperança à toa. Segundo, ela ficaria ansiosa por todo esse tempo, não teria aproveitado os jogos por causa da ansiedade e provavelmente ficaria se culpando.

Eu também contava com a compreensão dela de entender que eu estava assustado, com medo e queria proteger ela de toda a forma possível. Eu deveria ter contado? Sim, mas agora já foi.

Conhecendo a Babi, eu sei que quando ver a Lizzie, vai chorar e muito. Vai ficar triste, arrasada e com uma culpa terrível. E eu não sabia como no meio de tudo isso, fazer ela entender que eu não fiz por mal.

É, hoje seria um dia longo. Eu tinha que estar preparado, mas eu não estava e não tinha tanto tempo assim.

Quando chegamos no aeroporto, fizemos todo o esquema de entregar as malas, passar pelo raio X, apresentar os passaportes e a autorização de levar Lizzie de volta pra família e isso levou no mínimo uma meia hora.

Ficamos na sala de embarque por ainda mais tempo. Lizzie estava capotada no meu colo, deitada com o rostinho no meu peito. Ela era uma criança muito fofa. Minha mãe só sabia sorrir, ela estava feliz.

─ Deixa eu tirar uma foto de vocês. – ela disse.

─ Mãe, não. – eu disse.

─ Deixa! – ela reclamou.

Eu ri e deixei ela tirar quantas fotos quisesse. Eu me senti nas apresentações da escola, quando tinha 6 anos.

─ Ver você cuidando dela me faz imaginar você pai. – ela disse.

Eu ri, vendo minha mãe toda emocionada com a ideia. Eu queria ser pai só se a Babi fosse a mãe. Seria legal ter filhos com ela, miniaturas de nós dois correndo pela casa...

Chegou a hora de embarcar e a minha ansiedade só aumentava. Embarcamos, entramos no avião, nos sentamos e eu coloquei o cinto na Lizzie. Minha mãe e Jacob estavam na outra fila, então era só eu e ela naqueles dois assentos.

Eu respirei fundo, passando as mãos pelos cabelos e nervoso.

─ Pega minhas bonecas para mim? – ela me fez um biquinho de drama.

Eu sorri e me levantei, pegando a mochila na cabine e abrindo, tirando as duas bonecas que ela tinha pedido para deixar ali. Entreguei as duas para ela, guardei a mochila e voltei a me sentar.

Ficamos um tempo quietos e confesso que minha cabeça estava longe dali. Bem longe.

─ Brinca comigo?

𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐡𝐨𝐬 𝐕𝐚𝐥𝐞𝐦 𝐌𝐚𝐢𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐏𝐚𝐥𝐚𝐯𝐫𝐚𝐬, 𝘣𝘢𝘣𝘪𝘤𝘵𝘰𝘳Kde žijí příběhy. Začni objevovat