Capítulo 21

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21

Essa é minha decisão final.

Bom, pelo menos eu acho que é.

Alô, Lucas falando. — foi meu irmão quem atendeu o celular da minha mãe.

— Cadê a Dara?

Oi, Anna Júlia. Eu estou muito bem, obrigado, e você?

— Oi, pestinha, tô' bem sim. Preciso falar com Dara urgente antes que eu perca a coragem.

—  Ela tá aqui do lado. — a linha ficou silenciosa. — Oi, filha. — minha mãe atendeu um segundo depois.

— Mãe... — olhei receosa para Viviane que estava parada em minha frente me dando apoio moral. — Eu quero falar sobre a faculdade.

A certo! — ela ficou em silêncio por um tempo e eu só consegui escutar alguns barulhos de água e o tilintar de algo. — Fale, já decidiu o que quer fazer?

— Sim! Bom, não. É que...

Pode dizer, Anna.

Suspirei bem fundo. Era agora.

— Eu não quero fazer faculdade, pelo menos não por agora.

Decidir não cursar uma faculdade parece ser algo simples e tranquilo, afinal, eu posso fazer outra coisa além disso, mas ter uma faculdade no currículo, principalmente em um curso concorrido, é prestígio social, sinônimo de sucesso. Então, você é basicamente obrigado socialmente a sair do ensino médio e ingressar no ensino superior, de preferência algum curso valorizado como medicina. Por isso, quando você não tem a menor ideia do que fazer da sua vida, tomar a decisão de não fazer nada é no mínimo assustadora.

Tem certeza, minha filha?

— Tenho.

Bom, eu não vou te forçar a nada, sei que é difícil lidar com a pressão e decidir o que quer fazer assim tão novinha não é fácil, mas não posso te sustentar e deixar você ficar atoa sem fazer nada.

— Então...

Sim. Você pode fazer faculdade depois, mas tem que trabalhar ou fazer algum curso técnico quando voltar.

Eu literalmente gritei no telefone, arrancando risos de minha mãe e de Viviane.

— Obrigada, mãe! Sério! Eu vou trabalhar sim.

A gente conversou mais um pouco e depois eu passei o telefone para minha tia.

Eu estava extremamente feliz, mas, principalmente, aliviada. Um peso nas costas foi tirado, eu não tinha mais a necessidade de ter que saber o que quer fazer e ter que fazer algo. Agora era só estudar, passar de ano e voltar para Serro Azul, voltar para a minha vida.

Não perdi tempo, corri para o meu quarto, abri o notebook e fiz uma ligação em grupo.

Annaju! — Nick foi a primeira a atender. — Nossa que saudades.

— Pois é, nunca pensei que sentiria tanta falta dessa cara feia. — o rosto de Caio apareceu em minha tela e eu fingi tomar um susto, o que fez com que ele levantasse o dedo do meio.

— Você parece contente, alguma novidade? — J. P. surgiu atrás de Nick.

— Gente, Dara concordou! — contei animada.

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