Capítulo 18

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18

Sabe quando tudo está indo aparentemente bem, mas sua cabeça insiste em deixar vivo aquele pensamento de que algo vai acontecer? Algo ruim.

Bom, isso pode ser explicado cientificamente: ansiedade. A ansiedade é um instinto de sobrevivência, uma expectativa apreensiva do que está por vir, gerando preocupação ou, como conhecida, a sensação ruim.

Apesar de, agora, saber disso, não consigo deixar de continuar pensando sobre.

— Estou vendo daqui a fumaça saindo da sua cabeça. — Carolina senta ao meu lado, trazendo três copos, um café e dois sucos.

— Foi exatamente o que eu falei. — Alice tinha os olhos sobre um de seus livros, tirando apenas para pegar o seu copo de café.

É depois da aula, eu e Alice estávamos no seu lugar secreto de sempre, mas com Carolina que optou por não conhecer Santa Catarina, como todos os outros, e veio ao meu encontro. Afinal, tínhamos os dias contados. Logo, logo ela estaria voltando para Serro Azul e, de lá, iria para Nova Iorque.

Desde que ela chegou, temos passado o tempo todo juntas, exceto quando eu estou na aula.

Amanhã ela, e todos os outros, iriam embora.

Não sei se minha ansiedade era porque iríamos nos separar novamente e eu não estava preparada ou porque agora ela ficaria mais longe ainda. Logo agora que faltavam apenas quatro míseros meses. A gente ainda nem sabia por quanto tempo ela moraria com a mãe ou quando poderíamos nos ver de novo.

Eu estava triste.

Não tinha como negar.

— Vocês duas formam mesmo um belo par. — minha amiga parou para encarar Carolina fazendo um carinho em minha bochecha enquanto eu olhava abobalhada para ela. — E é por isso, que irei deixar vocês sozinhas, me recuso a segurar vela. — ela fechou o seu livro, fazendo um barulho audível, e se levantou.

— Você tem certeza? — Carolina riu.

— Sim. Eu também tenho que ajudar minha tia no bar. Então, já vou indo. — acenou. — Não façam nada que eu não faria. — Alice apertou os dois olhos para nós duas e foi embora.

— Ela é divertida. — concordo. — Fico feliz que tenha feito amizades e se dado bem aqui. Eu estava preocupada.

— Achou que eu não iria me adaptar? — tirei minha atenção do meu caderninho.

— Bom, eu conheço seu gênio. — arqueei as sobrancelhas. — Sabe, fechada, meio agressiva e um pouquinho ácida. — fez uma careta. — Uma fachada para esconder que na verdade é tímida, gentil e amorosa. — ela tinha um sorriso solto nos lábios.

É?

— Aham. — concordou ferozmente. — Isso tudo é só para afastar as pessoas de você, mas no fundo...

— Hm?

— No fundo. — Carolina aproximou o rosto do meu, tão perto que eu sentia sua respiração em minha pele. — no fundo é apenas uma garota que ainda não sabe lidar com os próprios sentimentos e tem medo de se magoar.

— Você errou em uma coisa. — juntei meu corpo ao dela.

Errei? — sua cara de confusão quase me fez rir.

— Meus sentimentos não estão mais confusos. Não em relação a você. — entrelacei minha mão em seu pescoço e a puxei delicadamente para um beijo.

Sobre Músicas e Chicletes Tutti-FruttiWhere stories live. Discover now