Capítulo 8

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8

— Carolina! Me desculpe por ontem, não queria agir daquela forma, só que tudo é tão novo... Não. — apaguei toda a mensagem pela milésima vez e voltei a digitar novamente. — Oi, sinto muito por ontem, eu estava com medo. Definitivamente não. — abaixei o celular e respirei fundo. O que eu diria? Suspirei de novo e de novo até reerguer meu celular. — Oi, podemos nos encontrar? Vou te esperar naquela pracinha.

Pronto, é isso, enviei.

Levantei da cama e fiquei caminhando pelo meu quarto, aguardando uma resposta. Antes mesmo de mandar a mensagem, eu já estava arrumada e pronta para encontrá-la em qualquer lugar que fosse, preferia que conversássemos pessoalmente. Estava pronta para, finalmente, seguir meu coração. Alguns minutos depois a mensagem chegou, então apenas prendi meu cabelo em um coque, peguei meu celular, carteira e saí porta a fora.

Carolina Almeida:

Tudo bem.

Minha perna direita balançava freneticamente sobre minha esquerda e minhas mãos soavam. Mexia no celular tentando me distrair e os minutos que se passavam pareciam anos até que vi um ponto amarelo se aproximando. Carolina estava com um dos seus vestidos soltos cor amarela que combinava perfeitamente com sua pele negra, o cabelo volumoso e um sorriso de canto nos lábios com o que eu achava ser gloss. Rapidamente guardei o celular. Como ela conseguiu trazer toda essa aura radiante com ela e me tranquilizar? Como ela fazia isso de forma tão simples?

— Oi. — lentamente vi sua mão colocar uma mecha de cabelo atrás da orelha. Seu olhar percorreu todo o meu rosto até ir para o chão e a outra mão inquieta apertando o vestido. Eu também causei tudo isso nela?

— Oi. — sorri. O silêncio que se seguiu foi um pouco constrangedor e, contrária às outras vezes, Carolina não preencheu essa lacuna e quebrou o gelo, apenas ficou ali parada. — Hm... Quer um sorvete?

— Não. — suspirou e sentou ao meu lado, ainda sem me olhar. — Acho melhor irmos logo ao ponto.

— Beleza, vamos. — virei para ela e procurei seu olhar, mas, antes mesmo que eu começasse a dizer tudo o que ensaiei com Larissa, Carolina me encarou com seus grandes olhos e começou a tagarelar.

— Annaju, eu sinto muito por te pressionar. — ela pôs as duas mãos em cima do colo e abaixou a cabeça. — Não deveria ter feito isso e... Agi de forma errada, eu sei, eu me precipitei. Ao menos perguntei sua orientação sexual, só...

Eu quero beijar você! — soltei antes que ela continuasse seu mini-discurso que, assim como eu, parecia ter sido preparado e ensaiado antes de nos encontrarmos.

— QUÊ?! — seus olhos arregalaram e ela me encarou.

— Eu quero, realmente quero, mas... Tudo é novo para mim, sabe? Ninguém nunca me fez sentir as coisas que você me faz. — minha voz fraquejou. Era difícil para mim falar sobre sentimentos tão profundos. — E... Saber que uma garota que é a causadora de tudo isso trouxe uma grande confusão para minha cabeça, mas você não tem culpa de nada. Na verdade, nenhuma de nós tem, só é... Novo — coloquei toda a confusão para fora, torcendo para que ela me entendesse.

Carolina ficou um tempo em silêncio, apenas me encarando e isso só aumentava o frio em minha barriga. Será que falei alguma coisa errada? Ou será que a magoei?

— Eu... — tentei tirar tudo o que eu disse, mas ela apenas sorriu e me interrompeu, negando com a cabeça.

— Eu entendo, me desculpe por ser precipitada novamente. Está tudo bem. É normal ter medo, tudo isso é normal, mas a partir de hoje vamos conversar sobre o que nos incomoda uma com a outra, certo? — o seu sorriso doce e compreensível em conjunto com sua mão macia fazendo carinho em meu rosto, me fez derreter por inteiro.

Sobre Músicas e Chicletes Tutti-FruttiWhere stories live. Discover now