Capítulo 12

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12

"São as nossas escolhas, Harry, que revelam o que realmente somos." — Albus Dumbledore.

Talvez, seja verdade e de fato nós façamos nossas escolhas e elas façam a gente. Mas ninguém fala o quão é difícil saber o que escolher ainda mais quando sua mente está nublada de mais para conseguir ver suas opções com clareza. Por isso, acho que quem consegue se decidir nesses momentos, merece toda minha admiração e respeito, porque eu me encontrava em uma rua sem saída.

A fala de Elô ainda ecoava em minha mente mesmo depois dela ter saído do meu lado e se juntado aos amigos e a música aumentar.

Superar ou afundar para sempre e acabar de vez com você mesma.

Será que eu ainda tinha forças para superar? Não seria mais fácil acabar com tudo de uma vez? Largar de mão?

Suspirei. Tudo isso era difícil demais.

De alguma forma, meus pensamentos foram para meu avô. O que ele faria em meu lugar? Ele já tinha passado alguma vez por isso? Se sim, nunca demonstrou ou comentou.

"A pergunta não é o que ele faria, mas sim o que ele acharia de suas decisões. Ele só queria que você fosse feliz, Anna Júlia." Larissa me disse certa vez.

Ele com certeza não iria ficar contente em me ver saindo da banda, eu sei disso, mas... O que eu podia fazer? O que tinha para fazer?

— Está saindo fumaça da sua cabeça. — aquela voz doce, aveludada, e o cheiro de tutti-frutti.

As mãos de Carolina passaram pelos meus cabelos quando ela sentou ao meu lado e beijou minha têmpora. Já tinha escurecido. Restava apenas eu, Carolina, Victor e mais um garoto que eu não sabia quem era.

— Quer me contar o que está passando aí? — seu rosto ainda estava próximo ao meu, a respiração batendo em meu rosto.

— Nada, eu só estava pensando no meu avô... — sorri assim que me virei para ver seu rosto lindo, a pele negra brilhando a luz da lua e os olhos grandes reluzindo.

— Annaju, eu não quero te pressionar. — suas mãos acariciavam meu rosto delicadamente. — Eu te trouxe aqui justamente para você conseguir pensar, colocar a cabeça no lugar e rever o que quer fazer daqui pra frente.

— Eu sei. — fechei os olhos, apenas curtindo sua presença.

— Estou falando da banda, Annaju. Caio me contou a versão dele e eu sei que não devo tirar conclusões precipitadas sobre isso, mas eu creio que os dois estavam de cabeça cheia. Vocês deveriam tentar conversar amanhã... — sua voz era hesitante e calma, mas tinha firmeza também.

— Não sei se estou pronta. — encostei a cabeça em seu ombro.

— Nunca estamos prontos na hora de encarar nossos medos, Annaju. A vida seria muito mais fácil se fosse assim, não acha? — concordei relutante. — Então, as coisas precisam ser feitas, Annaju. Talvez você não as faça hoje ou amanhã, mas sabe que elas precisam ser feitas. Adiar só pode te machucar mais ainda.

— Eu sei... — suspirei completamente inebriada pelo seu cheiro.

— Quando você se sentir bem, você pode conversar com ele. Se não quiser também, é uma opção. Mas, independente do que escolher, tenha certeza de que não vai se arrepender.

Arrependimento.

Essa palavra inofensiva podia significar o maior pesadelo de alguém que convive com esse sentimento. Se arrepender de ter dito, não dito, feito ou não feito... Enfim, é algo que sempre irá lhe acompanhar e voltar alguns segundos antes de você fechar os olhos para dormir só pra te atormentar.

Sobre Músicas e Chicletes Tutti-FruttiWhere stories live. Discover now