0.9| ajudem-nos

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02 de março de 1961
11:23 PM
› caminho para o hospital santa cruz ‹

o essencial é invisível aos olhos. sabe-se que a felicidade e a tranquilidade não podem ser vistas, mas são essenciais. mas podem se materializar e tomar forma de momentos agradáveis, por exemplo.

como este, onde yeojin e yerim andavam juntas, tranquila e vagarosamente, até o hospital. hyejoo apresentara uma melhora em seu quadro de saúde e em seu comportamento, o que era bom, já que tinha parado de praticar bullying com yerim. o braço direito de yeojin envolvia os ombros e pescoço de yerim, em um abraço movente.

ainda sim, a morte de sana e de wendy era um grande imbróglio, e caso im mostrasse a mina suas conjecturas, esta diria que eram apenas argumentos infundados, ou seja, sem embasamento algum.

yeojin não a julgava, porque era de costume desta saber que ela mesma dizia coisas intrincadas, errôneas e improcedentes desde pequena.

quando chegaram no pátio que dava acesso à parte de trás do hospital, perto das ambulâncias, hyejoo estava sentada sob a sombra de um ipê-roxo que admirara a choi. mina estava com ela, e hyejoo mostrava diversas vezes o frontispício do livro, onde uma caravela de carvalho negro afundava, limitada por um polvo alaranjado, com um fundo tempestuoso.

yerim tinha lido o tal livro, "pesadelos a estibordo", quando tinha dez anos. chegou a chorar quando o capitão isaías estava prestes a cair da mansão em chamas e implorou ao arquiduque lúcio ernesto para que protegesse o pequeno alberto e impedisse-o de se matar.

− oi, meninas. ― a son murmurou.

− sobre o que este livro que empunhas fala? ― a im questionou.

− sobre marinheiros de vários países que desembarcam na alemanha durante a segunda guerra e precisam devolver os espólios adquiridos dos judeus pelos nazistas. ― hyejoo explicou. ― e descobrem que as famílias de alguns marinheiros foram parar na casamata de um sequestrador. mas, ao mesmo tempo, precisam sobreviver a uma tempestade tropical que fazia o navio soçobrar e quase naufragar.

− interessante. ― yeojin disse. ― mas precisamos conversar. professora, você pode dar licença, por obséquio?

− está bem. ― mina assentiu, se retirando.

[...]

− o que aconteceu? ― hyejoo questionou.

− achamos que a morte da sana e da wendy estejam interligadas. ― yerim murmurou.

− não sei o que dizer, mas estranhamente isso faz sentido. ― a son respondeu, posicionando uma mecha de seus fios negros e lisos atrás da orelha.

− faz mesmo. ― im arqueou a sobrancelha.

− e mais. ― choi acrescentou. ― precisamos da sua ajuda.

− por quê? ― a son arqueou a sobrancelha,
confusa. ― até menos de duas semanas atrás vocês me detestavam!

− porque você soube... daquilo. ― a de fios dourados respondeu, e yerim a comparou a um pequeno e delicado anjo em sua mente. ― e acho que você pode ser útil, já que a sana era praticamente sua parente.

− hm... ― hyejoo pensou por um segundo. ― vou ajudar vocês.

− promete manter segredo? ― a choi perguntou. ― se contar para qualquer um, já era. vão interferir e estragar tudo.

− prometo. ― hyejoo ergueu a mão, e yerim e yeojin posicionaram as destras sobre a de hyejoo.

[...]

nossa senhora do desterro | yeorimOnde histórias criam vida. Descubra agora