0.6| cuidem dela

61 11 80
                                    

27 de fevereiro de 1961
11:41
› hospital santa cruz ‹

mina esfregou os olhos com as duas mãos, com um óculos escuro na gola do vestido social, parada do lado de fora do quarto onde a filha estava. ela parecia ter chorado na madrugada anterior, e o diretor da escola lhe concedera uma licença de duas semanas para ficar com a son.

− muito, muito obrigada por aceitarem ficar com a hyejoo hoje, meninas. ― mina tentou forçar um sorriso, se curvando.

− estamos muito agradecidas. ― chaeyoung disse, deixando um suspiro triste escapar. ― nos desculpem por aquela acusação errônea.

− yerim. ― mina segurou as mãos da choi. ― em nome da hye, eu sinto muito por todo o sofrimento que ela te infligiu.

− e-eu... ― yerim tentou pensar no que falar. ― ah, vão para casa, vocês precisam descansar. a hyejoo vai ficar bem.

− muito obrigada. ― chaeyoung disse, passando a mão na calça de fustão amarelo claro. era realmente uma mulher à frente do seu tempo.

− mas... ela perdeu temporariamente a voz, não vai conseguir falar normalmente até que esta volte... ― mina advertiu.

quarto 195! ♡

yeojin e yerim abriram a porta rangente do quarto. era um ambiente bem decorado: paredes cinza-azuladas, uma janela grande, uma cama, um sofá e os equipamentos médicos.

ouvia-se o estertor de hyejoo, esta que fitava a im e a choi com as órbitas fundas, encovadas e estateladas, que envesgaram-se um pouco.

− oi, hyejoo. ― yeojin disse, notando que hyejoo não estava mais olhando para elas e sim tentando alcançar um caderno e uma caneta no sofá. ― quer que eu pegue isto?

− uhum. ― hyejoo murmurejou: era o máximo que ela podia fazer no momento.

− tome. ― yeojin estendeu o caderno.

hyejoo pegou o caderno e colocou sobre suas pernas, começando a escrever algo. estava tossindo muito, então o objeto estava coberto pelas nódoas sanguinolentas.

olhou para yerim, como se seus olhos lhe pedissem educadamente para que a choi se aproximasse. choi andou cerca de quatro passos de bebê à frente, cabisbaixa. visto que ela não olharia para o rosto da son, hyejoo estendeu o caderno até que ficasse abaixo dos olhos lacrimejantes da choi. estava escrito: “eu sinto muito, mas muito mesmo pelo que eu te fiz. parei para pensar e percebi o quão errada estive desde o jardim” em coreano, com uma tinta de cor roxa. yerim gostava muito de roxo.

yerim estatalou os olhos, surpresa. não conseguiu acreditar no que vira escrito no caderno, que empunhava com as próprias mãos como se não tivesse medo de as hemoptises sangrentas penetrarem-na e matá-la. uma lágrima caiu de seu olho esquerdo, e depois formar-se-ia uma cachoeira de lágrimas.

~ e-ei. ― hyejoo tentou falar, mas suas cordas vocais não a deixavam.

− p-poupe suas palavras, pelo amor de deus! ― yerim exclamou, em prantos.

choi sentiu algo agarrar sua coxa: era hyejoo, tentando abraçá-la; as mãos de son cheiravam a álcool desinfetante. lágrimas incessantes percorriam o rosto de yerim, que não conseguiria sequer dizer o porquê de suas lágrimas.

uma enfermeira entrou no quarto: seus fios loiros estavam um pouco bagunçados, e ela provavelmente afanar-se-ia de tanto trabalhar. yerim reconhecera-a: costumava trabalhar na ala de emergência, e cuidara de choi quando esta era pequena e teve ferimentos na cabeça ao ser atingida por um rejeito de madeira.

− yerim, você cresceu! ― a de fios dourados imediatamente reconheceu choi.

− oi jungeun, mudou de ala? ― yerim questionou, tentando esconder a voz embargada e as lágrimas.

− s-sim. ouvi alguém chorando e vim ver o que era. ― a kim disse. ― está tudo bem com vocês?

− ... ― hyejoo acenou positivamente com a cabeça.

− s-sim. ― yerim murmurou. ― continue mentindo, vai ser melhor para você. ― a choi advertiu a si mesma via pensamento.

espero que não esteja mentindo, yerim. ― hyejoo escreveu.

− e-eu não estou. ― a choi falou.

− ei, yerim. ― yeojin chamou. ― você e-está muito... b-bonita hoje.

− eh? ― yerim parecia confusa.

eu disse isso em voz alta?! ― yeojin rumorejou, surpresa enquanto suas bochechas enrubesciam.

yeojin olhou para a son: continuava tossindo muito sangue, mas pelo menos estava rindo do que yeojin disse; ou melhor, de seu rosto vermelho.

− eh? ― yeojin ficou um pouco surpresa ao ver seu rosto num pequeno espelho que estava jogado no sofá.

− agora já podem se casar. ― jungeun estava atenta à cena, mesmo sem as três notarem.

− EEEEEH?! ― yerim e yeojin tiveram a face rubra ao mesmo tempo.

− com quem será? com quem será que a yerim vai casar? ― jungeun soltou um remoque. ― é com a loiri...

− meu nome é yeojin! ― a im esbravejou.

− então você vai se casar com a yerim e ponto. ― a kim de fios loiros riu, desfrutando de tom sarcástico.

− está chovendo. ― o corpo de choi pendia para a frente do parapeito da janela. yerim observava a relva molhada, que exalava um cheiro agradável. estendeu a destra, para que as gotas de chuva que imaginava serem lágrimas de anjo acariciassem sua mão.

~ e-ei... ― hyejoo começou a secretar uma enorme quantidade de sangue, assustando a si mesma e às outras pessoas presentes ao mostrar as mãos ensanguentadas.

~ ai meu deus. ― jungeun murmurejou.

19:09

− fico feliz que ela esteja descansando. ― yeojin disse, com um semblante apático no rosto.

− descansando?! ― mina adentrou o quarto. ― ela morreu?

− não se preocupe, ela está apenas dormindo. ― jungeun assegurou.

− ah bom. ― chaeyoung murmurou. ― vocês falam como se ela tivesse morrido.

− temos que ir para casa. ― yeojin disse. ― nossos pais vão brigar conosco.

yeojin contemplou a beleza etérea da choi, mas notou as lágrimas frias que corriam-lhe a face e cortavam a calidez de vossa cútis.

− eu não quero ir... ― yerim agarrou-se às vestes da im. ― pelo amor de deus, não me leve para casa, yeo!

é mais sério do que eu pensava. ― yeojin pensou, relembrando o que yerim lhe relatara, enquanto acariciava a face que transmitia sofrimento inefável.

qual é o número do conselho tutelar? ― a myoui pensou.

− você... está bem, yerim? ― chaeyoung perguntou, aproximando-se da choi.

− não! ― yerim gritou, com palavras engroladas, visto que perdia a voz gradativamente. suas pernas desistiram de fazer o trabalho e a choi caiu de joelhos ao chão. ― eu não estou nada bem!

~ o q-que está acontecendo? ― hyejoo exprimiu, com a voz falha.

− volte a dormir, querida. ― a son mais velha pediu.

―――

nossa senhora do desterro | yeorimWhere stories live. Discover now