nossa senhora do desterro | yeorim

1.5| beijos e lamentos

⚠️ TW/CW: traição, abuso de
poder, violência física, patri-
monial, e sexual (implícita),
menção implícita a restos mor-
tais, lavagem de dinheiro,
agiotagem, abuso de poder

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29 de abril de 1961

as três alunas tinham os olhos arregalados, disputando olhares de surpresa e terror. no que jisu jazia inconsciente no pavimento, o trio optara mais uma vez pela fuga.

a rua n° 6 estava quase literalmente deserta ― atravessá-la parecia uma tarefa e tanto, o chão aparentava deslizar e os ventos quase lhe açoitavam os olhos.

um trajeto de apenas alguns minutos parecia horas; yeojin tinha lágrimas em seus olhos ao ver as manchas de sangue em sua roupa e uma sensação de desespero a sufocava ― yerim, por sua vez, sentia um terror ao sequer pensar em olhar para trás e hyeju sentia... indiferença.

ao chegar no portão da casa da família son, as três tiveram de se separar.

− eu tenho que entrar logo, pessoal. a chaeyoung vai ficar brava se eu não voltar logo porque vão ter umas visitas.

− tchau hyeju. yeojin, vamos embora. ― disse yerim.

− tchau hye... ― im acenou, soturna.

hyeju percebeu a presença de chaeyoung na porta. no que subia as escadas, um pouco apreensiva, escutava as broncas de sua madrasta por ter chegado tarde.

− quantas vezes eu lhe falei para não chegar atrasada em casa, olivia? eu já falei que se você não aprender a me escutar não vai ser nada na vida! ― a son mais velha esbravejou.

"odeio que me chamem de olivia", hyeju pensou.

− entra logo e vai se arrumar, anda. senão 'cê vai ver só. ― chaeyoung quase gritava.

hyeju suspirou, arrastando a bolsa pelo chão no que murmurejara "bença, mãe" para a myoui ao passar pela cozinha. procurava alguma roupa que se destacasse. decidiu olhar no guarda-roupa, onde só os trajes mais especiais estavam.

optou por vestir um belo vestido de tule cinza, com a saia bastante volumosa. tinha flores pretas bordadas ao longo da gola e uma fita de cetim branca que envolvia sua cintura. fora um traje especial, presente do seu décimo quinto aniversário.

mais uma fita de cetim branca envolvia os longos fios escuros em um rabo de cavalo alto e calçava sapatos de verniz pretos. hyeju, agora mais alegre, rodopiava pelo quarto, apreciando os movimentos do vestido.

mas sentia falta de algum acessório. não achava nada em suas gavetas, então decidira entrar de penetra no quarto de casal e procurar na caixa de joalheria das mais velhas por algo. lembrara-se que vira a caixa na última gaveta da cômoda. esperando ver o item lá, abrira o compartimento.

mas acabara encontrando um facão ensanguentado.

em choque, evitou fazer qualquer barulho e saiu de lá o mais rápido possível.

− hyeju, onde você estava? ― mina indagou.

− n... no meu... no meu quarto! estava me arrumando. ― disse uma son nervosa.

− você pode arrumar a mesa, por favor?

− sim, senhora.

no que hyeju rapidamente acatara às ordens de sua mãe, uma buzinha tocou; este som tão simples arrancara de hyeju um suspiro tortuoso.