0.8| mais uma

59 9 81
                                    

1 de março de 1961
06:01
› casa da yeojin ‹

com muito esforço, a de fios curtos abriu a janela perra, e a luz do sol adentrou o pequeno cômodo sem pedir licença. a luminosidade refletiu-se nas orbes escuras semicerradas de yerim. uma árvorezinha no quintal de uma senhorinha senegalesa, que morava à direita dos im, parecia acenar para yeojin. a im observou o pé de jambo vizinho, tornando o olhar para choi, e um hematoma em seu olho antes despercebido descobriu-se notado.

a manceba vexada tinha equimoses que marcavam-lhe a magrém. em meio aos suspiros tristes, aferrou-se carinhosa e afavelmente à choi. não obstante, abraçou-a sem dizer nada e voltou a se aferrar na janela, vendo as plantas que emboscavam e se dependuravam nos muros que protegiam o lar. yerim arqueou as sobrancelhas, enrubescida. planejavam ver hyejoo, que provavelmente arquejava, quiçá ainda sem voz, após irem à delegacia. não ligavam para a ausência na escola, onde aprenderiam algo chato como peristaltismo, perispírito ou aerossoma.

olhou para o céu, que assemelhava-se a uma abóbada. viu algum ser perro, obstinado a discutir com algum pinguço e riu. as nuvens que anunciavam chuva, quiçá dilúvio, lhe fizeram tiritar. pensou na choi sorridente: sua pureza era a quinta-essência de sua personalidade etérea.

se desprendendo de seus devaneios românticos, um grito agudo e de natureza feminina ecoara pela rua. yeojin fora correndo checar, sabendo identificar de onde vinha o grito: de um açude perto da casa de yeojin.

açude! ♡

perto da água, yeojin avistou a vizinha solitária e repleta de desgostos da casa à esquerda: a coreano-canadense son seungwan, conhecida como wendy.

ela respirava, com os olhos estatalados e embebidos em lágrimas. alguém lhe dera uma facada. yeojin aproximou-se dela, ouvindo o estertor de agonia lenta.

kanojo. ― a son murmurou, com o resquício de vida que lhe restava quase se esvaindo de seu corpo.

− hã? ― yerim pareceu confusa.

− eu... sinto muita dor. prendam-na. ― disse seungwan, e a pouca vida que ainda lhe restava partiu de seu corpo, e o ponto final da frase marcava o fim de sua curta vida. os outros transeuntes que ansiavam pelo resgate junto de son soltaram um suspiro triste.

07:09
delegacia municipal! ♡

o carro passava pela estrada de terra com solavancos, devido às pedras, buracos e carcaças de animais mortos.

quando yerim desceu do carro, titubeou devido aos solavancos intensos. a ponta de seus dígitos tiritava, com medo de encarar os seus irmãos mais velhos e seus pais na delegacia.

jisu, sua irmã dois anos mais velha, antiga amiga de haseul, pousou as orbes frias e de tom jabuticaba sobre yerim, balançando a cabeça para indicar decepção.

desde a mais tenra idade, yerim já sabia que nada vindo de sua família era coisa boa.

a choi mais nova suspirou, entrando na sala do delegado após ser abraçada pela im.

07:59

yeojin estava preocupada com a melhor amiga, com medo do que a família dela pudesse fazer; serviria de consolo o fato de haver um delegado lá. felizmente, a choi saiu da sala do delegado, depois de dar testemunha.

nossa senhora do desterro | yeorimDove le storie prendono vita. Scoprilo ora