1.4| que assim comecem PT. 2

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29 de abril de 1961

confetes dançavam ao vento, no que o papel tinha as mais diversas cores - um homem supostamente boa pinta, que coçava a barba, empunhou o microfone no que todos olhavam para o coreto da praça.

o candidato tinha a fala rápida e de vez em quando tinha seu olhar em algum miserável da plateia, tentando fingir importar-se com a população no que falava as mais obtusas palavras.

yeojin se espremeu entre as pessoas da plateia, com um caderninho e lápis em mãos - a mãe bradava ao fundo o futuro punitivo que lhe aguardava caso o fizesse.

− senhor brandão! ― im chamou; um dos impacientes policiais lhe mirava, irado tal qual um cachorro que ameaçava avançar, mas nunca o fazia ― senhor brandão!

no que o chamou pela segunda vez, o oficial pareceu perder a paciência e deu um passo à frente. mas o candidato a prefeito percebeu a manceba e decidiu, curioso, usá-la como mais um objeto de propaganda.

− pois não, menina? ― aproximando-se dos habitantes, conduziu yeojin pelo braço de forma um pouco bruta até o coreto que fazia de palco ― qual o seu nome, em qual colégio estuda? ― questionou-a, interrompendo a questão de im.

− meu nome é im yeojin e sou do colégio santa maria. ― ela suspirou ― gostaria de saber o que pretende fazer para conter a violência que está aumentando aqui em nossa senhora do desterro.

− olha, menina. ― deu um tapinha no ombro de im ― vou deixar que os policiais cuidem disso, porque são treinados para cuidar de nós, não é? ― e balbuciou mais um bocado, tendo perdido a atenção de yeojin e, em contra partida, recebido os aplausos do resto, no que enfiava um lápis fajuto na mão da jovem como parte da campanha.

"abraços do prefeito benedito josé vazquez brandão "bolinha" - NSDD MG 1961", lia o objeto.

"se ele ganhar estaremos com problemas... já até se acha prefeito!", pensou a loira.

sentiu então as mãos de sua mãe lhe agarrando; a mesma vociferava as reprimendas que resultavam da desobediência de sua caçula. yeojin já não podia mais importar-se com este tipo de coisa, então falsamente fazia que prestava atenção - no que nayeon já havia acabado, decidiu ir atrás de suas amigas.

yerim ria do político meio oblíquo, cobrindo com a destra o deboche óbvio em sua face. hyeju tinha os braços cruzados, parecia apreensiva. yeojin revirou os olhos para a reação de yerim e apenas olhou para hyeju:

− o que aconteceu?

− minha mãe e a chaeyoung estão brigando de novo. ela está estranha e mamãe disse que talvez esteja traindo-a e que ela não presta.

− sinto muito.

− está tudo bem, eu não ligo. vai ser menos uma pessoa para me repreender.

− se você diz...

− vamos sair daqui, não estou gostando da multidão. ― yerim sugeriu, e as outras duas concordaram.

no que jogavam conversa fora, mais afastadas, hyeju sentiu algo esbarrar em seu pé. a trilha de álcool feita pela garrafa jogada ao chão ligou as mancebas até rainier, que estava atirado num banco de praça no que corria o risco de virar alimento das moscas que lhe perseguiam. com desdém, choi analisou as vestimentas: eram as mesmas do dia em que ele e érico bateram à porta para xingar chaeyoung. pouco sabiam do diálogo, mas viram da janela que quando son mostrou algo que tinha em seu bolso, eles se calaram.

para olivia, a parte mais estranha daquela noite foi que chaeyoung chegara em seu quarto, proclamando o amor pela filha de criação sem motivo aparente - ela nunca fazia isso.

nossa senhora do desterro | yeorimWhere stories live. Discover now