Capítulo 43

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Henrique

Eu poderia deixar que as palavras do meu pai me levassem novamente para o meu estado de amargura e consequentemente perder Elisabete.

O antigo eu com certeza deixaria ser levado por isso, mas o Henrique de agora, que provou da felicidade ao lado da mulher que amava, não poderia deixar isso acontecer.

Sabia que teria que melhorar bastante para ser a pessoa digna que ela merecia, e isso não era um problema, pois faria aquilo que pudesse para lhe dar toda a paz e felicidade que ela me dava, apenas por existir em minha vida.

O dia começou muito bem. Tomamos café juntos e depois seguimos para mais um dia de trabalho. Senti haver algo que estava a deixando estranha e sabia que ela queria fazer perguntas.

— Pode fazer as perguntas que deseja. — Falei não tirando a atenção dos carros à minha frente.

— Não quero aborrece-lo tão cedo. — Disse com um meio sorriso.

— Não vou me aborrecer. Você está aqui, só isso me ajuda a relaxar.

— Tudo bem, mas não falarei nada aqui.

— Ok.

Procurei um lugar para estacionar. Estávamos não muito longe da agência e como já estávamos muito adiantados no trabalho, não seria má ideia atrasar só um pouco.

— Por que parou?

— Você quer conversar, não é?

— Sim, mas vamos nos atrasar. — Disse franzindo o cenho.

Abri a porta e saí. Elisa me seguiu até um banco que ficava na praça onde estacionei. Posso dizer que ainda odeio atrasos e qualquer coisa que me desvie do meu foco no trabalho, porém, agora existia uma exceção e se chamava Elisabete.

— Agora você pode me falar?

Ela respirou fundo e baixou os ombros. Achei estranha a sua reação. Eu sabia que ela iria querer saber o que aconteceu ontem, mas assim que começou a falar fiquei surpreso.

Elisa contou sobre uma conversa ontem com a minha mãe. Não acreditava que Catarina algum dia iria ter uma conversa civilizada com a minha namorada, porém, essa não foi a única coisa que me surpreendeu.

***

Eu não sabia o que pensar, muito menos o que falar. Depois da conversa na praça com Elisabete, não tive cabeça para trabalho.

Havia fatos que não foram me ditos antes sobre o acidente que matou minha irmã. O pior era saber que minha mãe omitiu a informação de que Anna, na verdade, estava vindo para a nossa casa naquela noite.

Ela estava vindo para casa.

Todo esse tempo pensei que, por minha causa, ela estava no lugar errado e na hora errada, no entanto, saber que Marcos, por sua imprudência causou aquele acidente, ascendeu uma raiva que contive na época.

Sabia que não adiantava de nada odiar alguém que já morreu, porém, minha mente estava perturbada o bastante para ser coerente.

Pedi para que ela ficasse na empresa para que pudesse terminar seu projeto. Eu tinha que pensar em tudo o que ouvira, antes de conversar com minha família.

Se meu pai sabia o que realmente aconteceu, então por que ele parecia me odiar tanto?

Meu celular tocava freneticamente, como se alguém tivesse desesperado para falar comigo. Eu acreditava que poderia ser minha mãe, pois ela tinha esse hábito de insistir em me ligar, mas quando olhei o nome na tela vi o nome de Roberto.

— Aconteceu algo? — Perguntei ao atender.

— Amigo, graças a Deus atendeu. — Disse parecendo nervoso. Elisa disse que você...

— Vá direto ao assunto, por favor. — Disse impaciente.

— Lembrasse-se do trabalho que estávamos começando semana passada e que pensávamos em expandir os negócios?

Ele parecia estar surtando e isso me preocupou.

— O que aconteceu?

— Alguém nos roubou.

— O quê?!

Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. Como podíamos ser roubados?

— Nossos esboços do novo projeto particular, eles foram roubados por outra empresa. Os objetos estão sendo vendidos por um site internacional.

Isso só poderia ser uma piada. Acredito que sou um ímã de azar.

***

Eu não poderia continuar em casa com tudo o que estava acontecendo. Tínhamos começado a desenhar objetos de decoração para uma empresa especializada na venda dessas peças, e cada desenho era único, pensado na eficiência e em como ficariam nos espaços onde seriam colocados, e agora eu estava olhando para a tela do computador onde meu trabalho estava sendo vendido para o mundo todo.

— Como isso aconteceu? — Perguntei já sem paciência.

— Alguém deve ter feito cópias dos nossos desenhos. Só não sei quem e nem como. — Falou Roberto, suando frio.

— Só quatro pessoas estavam responsáveis e tiveram acesso a isso: eu, você, Elisa e... Serena.

Claro. A mulher deve ter ficado com raiva, por isso decidiu se vingar, vendendo nossos esboços para outro.

— Acredita que Serena faria isso conosco? — Perguntou sentando-se à minha frente. — Somos amigos há anos.

— Se não foi você, e claramente, nem eu. Ela é a mais provável. Confio totalmente em Elisabete, ela se esforçou muito para fazer essas peças, não me trairia logo agora que estamos no melhor momento.

— Você tem razão. — Disse pensativo.

— Ligue para Antony, ele resolverá isso rapidamente. — Pedi encostando-me a cadeira. — Teremos que refazer tudo. Não venderemos nada que já foi feito.


A MENTIRA DO CEO: Contrato com o chefeWhere stories live. Discover now