Capítulo 18

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Elisabete

Acordei com a minha cabeça doendo e sem lembrar de quase nada. Meu corpo estava em um lugar muito confortável e macio. Assim que abri os olhos, a claridade que entrava por uma pequena brecha da cortina, ajudou-me a ver o ambiente em que estava e não era o meu quarto.

Gradualmente consegui reconhecer o lugar e essa constatação me deixou um pouco assustada, pois ainda não conseguia lembrar como cheguei aqui.

Levantei-me do colchão macio, rápido, e abri a cortina que me deu uma vista maravilhosa da praia. Olhei para mim no reflexo do vidro e vi que não usava as minhas roupas, mas sim uma grande camiseta que parecia mais uma camisola.

— O que aconteceu ontem? — Perguntei a mim mesma.

Vasculhei o lugar à procura dos meus pertences e os achei não muito longe de onde eu dormia. Não trouxe tanta roupa, porém, ainda havia uma que ainda não tinha colocado. Ainda bem que sempre ando precavida. Mariana sempre dizia que isso era um grande exagero, no entanto, esse exagero sempre me ajudava, pois nunca se sabia o que poderia acontecer.

Depois de me vestir com um vestido soltinho de cor azul-marinho, saí do belo quarto pisando delicadamente no chão. Eu não sabia onde o meu chefe estava e nem como vim parar aqui outra vez.

O que me lembrava era de sair, achar minha irmã, conversar com um bonitão e Henrique aparecer.

Antes de entrar na sala, coloquei minha cabeça para ver algo antes de qualquer coisa. Ele estava sentado à mesa que ficava na varanda, lendo. O sol ainda não estava muito forte, porém, a luz fazia com que seus cabelos parecessem dourados reluzentes. Respirei fundo antes de tomar coragem para ficar em sua frente.

Parei bem à sua frente, mas o homem não tirou os olhos das folhas que lia. Limpei a garganta com esperança de que ele finalmente me notasse.

— Sente-se, Elisabete. — Falou parecendo chateado.

Achei estranho a forma como ele falou e novamente me questionei sobre o que teria acontecido na noite passada. Sentei-me a seu lado, apreciando a mesa que estava farta. Parecia que eu estava em uma daquelas cenas de novela onde os personagens tomavam café. O que me fez pensar: como ele fez tudo isso?

— Ok, tenho muitas perguntas. — Disse olhando para o homem que ainda me ignorava.

— Ótimo. — Bufou. — Já disse que isso é uma das coisas que mais odeio?

— Primeiro, por que está agindo assim? — Questionei tentando não me irritar com a forma que ele estava agindo. — O que aconteceu para deixá-lo assim a essa hora da manhã?

Finalmente ele me olhou, mas com o cenho franzido. Seu olhar me dizia ser algo óbvio, porém, não para mim.

— Você ainda não sabe o porquê?

Forcei o meu cérebro, porém, eu precisava de uma ajudinha.

— Não me lembro de nada depois que você chegou. — Confessei frustrada.

— Quanto você bebeu ontem? — Questionou-me cerrando os olhos.

Eu odiava ser julgada e era o que parecia estar acontecendo. Henrique poderia estar pensando em qualquer coisa. Eu poderia ter feito qualquer coisa e não me lembrava.

— Não sei, então me fale, pois não sei como vim parar aqui. — Disse alterando um pouco a voz. — Por favor. — Acalmei-me e sorri.

— Ok. — Disse balançando a cabeça. — Tinha um cara, um turista, e vocês estavam conversando.

— Isso eu sei. — Disse. — Só não me lembro de depois que você chegou.

— Interessante, porque você pareceu bem animada e depois surtou. — Acusou-me.

— Então você fez algo para isso.

— Você disse que iria pegar o número dele para "quando tudo isso acabar". — Falou de forma rude e irritada.

Aos poucos alguns flashes de memória estava voltando e conseguia lembrar da nossa breve discussão.

— Você foi arrogante dizendo que não confiava em mim. — Falei chateada.

— Eu não disse isso. — Falou irritado, jogando os papéis em cima da mesa.

— Disse que não deixaria que eu botasse tudo a perder. — Levantei sentindo o meu sangue ferver. — O que você achava? Que eu diria para o bonitão que tinha um namorado de mentira? E em que momento faria isso, enquanto ele me fodia?

Estava tão irritada com a situação que nem pensei muito antes de falar, e logo veio o arrependimento, mas não deixei transparecer isso, pois Henrique Vilella não poderia pensar que sou como as outras mulheres com quem sai. Eu nunca baixaria a cabeça para homem nenhum, não mais.

Seu rosto escureceu e ele levantou-se da onde estava aparentando estar ainda mais furioso. Não sei o porquê, mas discutir com ele me dava energia, o problema era como essa energia seria gasta.

Outro 'flash' de memória voltou aos meus sentidos e senti meu corpo todo estremecer assim que ele ficou cara a cara comigo. Ontem, depois da briga, ele me beijou. Não como da primeira vez, que já foi muito bom e inesquecível. Dessa vez foi muito mais urgente e feroz. Era como se estivéssemos sedentos.

— Você não faria isso. — Ele disse abrindo um sorriso convencido, depois que sua raiva passou.

— Você acha? — Provoquei.

— Claro. — Confirmou aproximando-se ainda mais de mim. O problema era que não tinha para onde correr, já que atrás de mim havia um corrimão de madeira. — Você disse que não queria ele. — Falou enquanto colocava suas mãos na madeira, me prendendo no meio. — Disse que ele não era o seu tipo.

— Isso é loucura, ele era totalmente o meu tipo. — Falei convencida.

— Jura? — Minha segurança já tinha falhado, e eu só conseguia encarar sua boca que estava cada vez mais próximo da minha. — Depois daquele beijo, você falou coisas incríveis. — Senti minha respiração parar na metade do caminho e meu coração falhou algumas batidas. — Mas não se preocupe, será um segredo nosso.

— Eu te odeio, Henrique Vilella. — Sussurrei e ele sorriu.

— Acredito que não. — Falou ao se afastar. — Sabe, acredito que achei uma maneira diferente de importuná-la quando você me irritar.

— Vai se foder. — Disse irritada.

— Tome seu café, você fica chateada quando está com fome. — Falou descendo a escada em direção à praia. — Seja rápida, pois quero chegar logo em casa.

— Eu queria me livrar de você. — Resmunguei.


A MENTIRA DO CEO: Contrato com o chefeOnde histórias criam vida. Descubra agora