Capítulo 33

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Elisabete

Não pude ficar chateada com Henrique por ele não ter falado tudo sobre o que sentia em relação ao seu dia. Ele tinha o direito de dizer ou não, mas o fato de Serena saber mais sobre meu namorado do que eu, me irritou.

Quando nos conhecemos, a mulher foi bastante simpática, mas foi só descobrir sobre um possível relacionamento com Henrique que ela não olhava na minha cara da mesma forma.

Achei estranho, porém deixei passar, pois não posso agradar a todos, e achava que ela pensava algo errado sobre mim, já que em menos de um mês assumimos um relacionamento, no entanto, ainda achava estranho seu comportamento com Henrique. Claro que eles são amigos há muito tempo e têm certa intimidade, entretanto, aquele abraço me fez ficar com a pulga a trás da orelha.

— Você nunca foi tão ciumenta. — Disse Mariana comendo sua torrada, em cima da bancada. – Acredito que isso é amor verdadeiro.

Como sempre, Mariana estava me importunando. Olhei para a baixinha com olhos cerrados, desejando que ela calasse a boca.

— Sei que Henrique é muito diferente do idiota do Miguel, mas conheço uma mulher quando está interessada em um homem e Serena age como se tivesse interesse além da amizade com Henrique. — Disse apontando a colher que estava segurando. — Não vou deixar que esse sentimento me consuma, e nem vou arranjar briga devido a um homem, porém ficarei de olho.

— É isso aí, irmã.

Terminei de me arrumar para sair de casa. Hoje as coisas seriam diferentes. Era o que eu esperava.

Eu estava feliz com a minha relação com Henrique, mas ontem, quando sua mãe apareceu na agência, um frio na espinha percorreu o meu corpo como se a mulher fosse a personificação do próprio capeta.

Era óbvio que teríamos que nos suportar, porém ela não ajudaria muito, já que Catarina parecia ser uma mulher bastante preconceituosa com as pessoas de classe inferior.

Pegar ônibus era sempre uma aventura. Eu ganhava bem na agência e poderia financiar um carro, o problema era que eu tinha pânico de dirigir e nunca tirei a habilitação.

Algumas vezes ia para o trabalho de Uber, no entanto, o tráfego na capital era horrível e pegar um engarrafamento não estava na minha lista. Pelo menos os ônibus tinham suas vias particulares, e mesmo com a lotação, era a melhor opção.

Henrique sempre insistia em dizer que gostaria de vir me buscar, porém, ainda estamos querendo deixar nosso relacionamento na encolha, até sentirmos que já podemos revelar, e o meu ex vindo me buscar todos os dias em casa, acabaria apressando as coisas, pois as pessoas daquele escritório pareciam um bando de senhoras fofoqueiras.

Judi parece madrugar no trabalho, e assim que passei pela porta ela correu para junto de mim parecendo preocupada.

— Tem algo errado. — Disse com o cenho franzido. — Sei que vocês não estão mais juntos, e que o grande culpado disso é ele, mas eu tinha uma esperança, lá no fundo.

— Do que está falando? — Perguntei assustada.

— O chefe. — Ela fez uma pausa dramática e nesse momento desejei pega-la e sacudi-la para que a mulher abrisse o bico. — Ele me pediu para reservar um jantar hoje com alguém em um dos melhores restaurantes da cidade.

Tranquilizei-me depois que ela finalmente falou. Provavelmente seria um jantar comigo. Claro que a coitada da Judi não fazia ideia, e achei fofo ela se preocupar comigo.

— Tudo bem, Judi. — Falei com um meio sorriso. — Talvez nem seja nada tão sério. Pode ser um jantar com a mãe, um amigo, ou até mesmo de negócio. Sabe como Henrique é maluco por trabalho. — Disse calma, voltando a caminhar para a minha sala. — Aliás, não estamos mais juntos.

Eu já disse odiar mentir, e odiei falar isso.

— Vocês faziam um casal tão lindo. — Falou e tive a impressão de que ela estava contendo as lágrimas. — Desde que você chegou, tudo ficou tão mais... calmo. — Sim, ela estava tentando não chorar. Eu só pude ficar parada a ouvindo. — Você mudou aquele homem. Ele estava tão feliz, e nunca mais gritou ou tornou a vida de todos aqui dentro um inferno. A não ser naquele dia que quase perdemos o contrato com o senhor Artur.

Tive que conter o sorriso para que ela não visse quanto me deixou feliz e animada. Era verdade que o homem tinha melhorado muito, mas sabia que a qualquer momento poderia explodir.

— Não exagere, Henrique, apesar de grosso e arrogante é uma ótima pessoa. — Falei.

Quando virei para olhar Judi novamente que estava parada na porta. Uma silhueta passou pelo corredor. Não deu para ver quem era, mas tinha cabelos loiros e era bem alta.

Era normal os funcionários passarem para falar com o chefe, por isso não achei estranho.

Continuamos a conversa e ouvi vários lamentos da secretária que temia por sua saúde mental no local de trabalho. Já estive em seu lugar.

— Fica calma, Judi, acredito que Henrique não volte a ser como antes. Ele só é um homem estressado, mas se for rude com você, não permita. — Disse segura de si. Quando cheguei aqui, também passei pelo estágio de terror com o chefe, e continuaríamos passando se eu não tomasse a atitude. — Sei que ele é o chefe, no entanto, não deve baixar a cabeça para tudo.

Depois que ela foi embora, esperei mais alguns minutos para ir ao escritório dele. Sabia que o chefe já estava em sua sala, no entanto, assim que me aproximei ouvi uma voz feminina, que não era de nenhuma funcionária da empresa.

Abri a porta aos poucos e fiquei em choque ao ver Amanda e Henrique abraçados. Sua expressão era confusa, mas minha cabeça só voltava ao dia em que Miguel me traiu.

Não sei se adquiri um trauma, mas era assim que eu justificava a minha raiva ao entrar pela porta e surpreender o homem.

— Elisa! — Disse com um sorriso nervoso. — Ainda bem que você chegou. Acredito que possa ajudar a Amanda com essa questão.

Parei no meio do caminho, achando as suas palavras estranhas.

— O quê?! — Ela protestou. — Mas eu vim aqui para falar com você.

— Sinto muito, tenho muito trabalho. — Falou se afastando.

Parecia que meu cérebro estava travado, pois entrei aqui desejando mata-lo e agora estava confusa com a sua reação. A mulher olhou para mim com desprezo.

— Como vou ajudar a Amanda? — Questionei com o cenho franzido.

— Rodolfo deu um pé na bunda dela. — Disse despreocupado, deu para ver o começo de um sorriso se formando em seu rosto.

— Henrique! — A loira reclamou chocada.

— Amanda, acredito que o mundo dê voltas. — Disse com um sorriso de satisfação. — Há dez anos atrás você terminou comigo para ficar com outro, agora está sendo largada pelo mesmo motivo. Não sei o que veio fazer aqui, sabendo que não a suporto.

— Achei que tinha superado isso.

— Eu superei. — Disse olhando para mim. — Achei alguém mil vezes melhor do que você.

Senti uma sensação boa e melhorou mais ainda quando vi a expressão de raiva no rosto da mocreia.

— O que posso fazer para ajudá-la? — Perguntei com um sorriso no rosto.

— Pode mostra-la a saída.


A MENTIRA DO CEO: Contrato com o chefeWhere stories live. Discover now