Zombie World - A Evolução (Livro 2)

Capítulo 19 - A face da morte

Ao sair do quarto, Jane ouviu algo cair e se quebrar na cozinha. Ao se aproximar do beiral da escada, notou também que a porta da frente estava aberta, diferente de como ela lembrava ter visto antes de subir.

- Charlie! - gritou Jane enquanto descia as escadas. - Charlie, é você? O que derrubou aí na cozinha?

Quando terminou de descer as escadas, foi até a porta e olhou outra vez pela rua, mas estranhamente não havia ninguém na rua. Estaria um grande silêncio se não fosse a música alta na carro do vizinho, que também encontrava-se abandonado a beira da rua com as portas abertas.

- Charlie! - gritou Jane outra vez. - Para onde foi todo mundo? Charlie?

Ninguém lhe respondeu, mas havia alguém na cozinha. Da sala de onde estava, Jane percebeu uma sombra próxima da geladeira e era mais alta do que poderia ser de Charlie. Não era seu filho, talvez fosse seu marido.

- Tyler? Tyler, é você?

Mais silêncio. Jane caminhou lentamente para a cozinha, seu coração estava acelerado. Se fosse seu marido ou algum amigo, esta seria uma brincadeira de muito mal gosto. Todos sabiam que ela havia tido dores de contração na última semana. Quando adentrou a cozinha, Jane encontrou um homem de calças jeans e jaqueta bege parado em frente a janela. Não era um estranho, mas a situação sim.

- Donald? - indagou Jane ao reconhecer seu vizinho. - Donald, o que faz na minha cozinha?

Lentamente, Donald virou-se para ela, com o corpo duro e a cabeça meio tombada para a direita. Seus olhos estavam escuros e seus dentes estavam sujos de sangue. Em seu pescoço, havia um ferida exposta e mais sangue escorria por sua roupa abaixo. Jane poderia ter se assustado, mas interpretou como uma fantasia de morto-vivo para o halloween. Conhecia Donald há algum tempo e sabia que ele era fã de The Walking Dead, apenas não compreendia o motivo dele querer assusta-la.

- Ótima fantasia, Donald, mas não me assustou. Se estava procurando pelo Tyler, recomendo voltar mais tarde. Ele não chegou ainda do trabalho.

Donald, seu vizinho, manteve-se imóvel com seu olhar perdido na escuridão. Gesticulava silenciosamente sua boca, mas não esboçava nenhuma emoção e nem tirava o pé do lugar. O sangue já havia molhado toda sua roupa e pingava sobre o assoalho da cozinha. 

Mais estranho ainda para Jane foi quando alguém bateu descontroladamente na sua porta e começou a gritar por seu nome, aparentemente muito abalada.

- Jane, me ajude - gritava uma mulher. - Jane, oh meu Deus! O que fizeram comigo, Jane?

- Suzie?

Suzie era outra vizinha de Jane. Morava na casa da frente, tinha uns quarenta e cinco anos e era viúva, mãe de dois rapazes gêmeos, Brake e Finn. Diferente da vaidosa mulher que Jane conhecia, Suzie estava com suas vestes enlameadas e sangue escorria por sua perna e de um corte acima de seus olhos. Ela estava em prantos e muito assustada. Não parecia preocupada com a condição de Jane, adentrou a casa às pressas e foi abraça-la.

- Que brincadeira de mal gosto é essa, Suzie? Primeiro o Donald, agora você. O que está acontecendo? - questionou Jane afastando Suzie de perto de si.

- Ele se foi, Jane - disse Suzie com a voz rouca de tanto chorar. - Meu Brake se foi, eu vi o Alfred mordendo ele. Ele pediu para parar, mas Alfred continuou e rasgou seu pescoço. Havia sangue por todo lado. Eu tentei impedi-lo, mas ele começou a me atacar. E-ele, eu acho que ele mordeu minha perna também. Foi tudo muito rápido. Jane, eu perdi tudo.

- Eu não tô entendendo. Cadê o Finn?

- Finn? Quem é Finn?

Jane franziu a testa e encostou-se na parede confusa. Ela estava sonhando ou aquilo era um trote de halloween. Nada fazia sentido. Primeiro o Donald em sua cozinha, depois a Suzie apareceu chorando dizendo que um de seus filhos havia sido mordido pelo seu irmão e agora ela não se lembrava de seu outro filho. O que estava acontecendo?