XXIII

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" Cheio de segredos como estes
Assombrado por longos sonhos passados
Ela se curva-se para baixo
Leva-me para casa
Só eu e a lua de lavanda
Ela sabe
Meu coração pertence a você. "

Lavander Moon - Haroula Rose.

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NO MÍNIMO TEMpo em que atingiram o local da sua moradia, Rubi pisa na marcha com força, impedindo-a de continuar escalando corrida. Evangeline retira-se, vagarosamente, ausentando o capacete preto para fora de sua cabeça, e entregando a jaqueta preta para a mesma, que a coloca em si de novo sem dificuldade. Vigia o lugar em que residia, como se fosse um casarão mostro, que a engoliria, outrora.

Suga a sua saliva, fazendo um movimento de goela expressivo, o fôlego pesado e devagar conduzia as espaldas tensas, inquietas. Tudo voltara como era.

Vira o seu trejeito para Rubi, que percebia seu feitio, fitando-a compreensiva através do capacete semi-aberto. Devolve o elmo preto para ela.

— A gente se vê por aí? — indaga, esperançosa no olhar. Uma ansiedade exorbitante revelava o quanto desejava que se encontrassem novamente.

Ela sorri com as covinhas.

— A gente se vê por aí — diz murmurando.

Coloca os seus dedos entre os de Rubi, deixando o dedo mindinho fixado no seu, na hora em que se olhavam, levando eles com o vento, como um balanço.

Estar com Rubi, era como entrar em uma toca, resguardada dos perigos e dos riscos, apenas em segurança do planeta ao redor delas. E na mesma altura, era como afundar-se em um precipício, sem expectativas do futuro.

— Vai ter um festival de halloween no parque de diversões, daqui à quatro dias, eu vou estar lá com os meus amigos às 20:00 horas, se quiser ficar com a gente... Posso te esperar na entrada — explica, com uma visão distante para as árvores, Evangeline sobe as sobrancelhas.

— Nem sabia que tinha parque de diversões aqui.

— Eles voltam de seis em seis meses, desde os anos 80. Então, nos vemos daqui à quatro dias, cereja? — pergunta receosa para ela, separando os seus dedos enlaçados, principalmente o mindinho, sem demora. Preparando-se para ir. Confirma.

Envia um beijo em sua bochecha direita, e Evangeline produz um sorriso bobo, avistando o seu jeito jocoso ao se afastar.

— Nos vemos daqui à quatro dias, Rue... — assente, tocando em seu cotovelo e lhe dando carinho, tristonha. Volta-se para o casarão Fraser, sem tornar-se para olhar ela ir embora, ao escutar o barulho da moto, indicando que ela partia. Seria mais doloroso assistir.

Desarma o fluxo áspero de ar que prendia em seu peito imóvel, ao chegar nas grades, ultrapassa o portão, parando na limiar escura de madeira, em que havia o brasão da família Fraser. A libélula verde grande no meio da porta. Bate na umbral umas três vezes, a espera do surgimento da tia. Mas os minutos se vão, e ela sova a porta mais uma vez. Encaixa as mãos buliçosas, firmando a sacola marrom de roupas que segurava, movendo os pés para avante e para retaguarda. A culpa a corrói, como uma velha companheira, imaginando o pior.

O seu queixo é seguido pelo estrondo da porta. Encrespa a testa ao olhar a Shelsey com uma feição aflita. Não conseguia interpretar, mas havia algo acontecendo lá dentro. A aflição toma um lugar de reprovação, pela primeira vez assimilando a presença da sobrinha sumida.

Maligne: Cheios De Sangue (Concluída)Where stories live. Discover now