XVIII

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" Morrer de rir deve ser
a mais gloriosa de todas as mortes gloriosas!"

 
- Edgar Allan Poe.

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DESCENDO AS ESCADAS com o som de seus tênis ressoando na madeira velha, como de costume, um cheiro de chá e café, invadem as suas narinas sensíveis, inteiramente, com o famoso aroma das panquecas e dos scones ingleses, seus bolinhos de café da manhã preferidos. Cogitava que a comida em Londres fosse ser uma das melhores.

Avista a sua mãe em fronte à mesa, no esconso direito do cômodo, na cadeira de rodas, e sua tia retirando-se de perto da mesma mesa, para buscar algo na cozinha. Olha para a porta do casarão, quando a campainha soa levemente por todo o espaço, chamando a sua atenção.

— Deixa que eu abro a porta! — exclama descendo as escadas correndo que nem uma criança apressada. Antes mesmo que sua tia proclamasse algo. Visitas. Mas que visitas seriam essas?

Destranca a limiar com precipitação, abrindo-a.

Um homem de mais ou menos quarenta anos mostrava-se a frente da sua casa, tinha um porta elegante e bem arrumado com uma calça vinho-rosa e uma blusa de mangas e gola alta preta, como as de Evangeline — mas a dela era listrada em branco, roxo e verde —. A pele negra da criança que segurava nos dois braços, e que a abraçava pelo pescoço era igualmente escura. Com os cabelos crespos presos em dois pompons, possuía um vestido preto arroxeado de bolinhas brancas. 

— Ah... Quem é você? — questiona, notando os dentes separados do homem ao sorrir. O mesmo demonstrava um olhar estranho, como se já a conhecesse, ou estivesse observando os seus traços.

— Emma não brincou quando disse que se parecia muito com ele.

— Será que entramos na casa errada, papai? — tirando a cabeça de seu ombro, a menina que não poderia ter mais de dez anos pergunta. Christan sorri para ela, negando e a colocando no chão. A mesma segura a sua mão, se mantendo ao seu lado, olhando para Evangeline com curiosidade.

— Tenho certeza que não, minha pequena — ele fala olhando para a filha e voltando a fitá-la. A mesma ainda tinha o cenho franzido.

— Meu nome é Caroline, e o seu? — indaga a menina, levantando e descendo os pés em um movimento de distração, ainda bastante curiosa. Sorri por um segundo com o modo adorável dela.

— Ela é Evangeline, não é? — o pai responde por ela. —  Desculpe chegar assim, mas eu vim ver como a sua mãe Emma está, soube do que aconteceu... — Suspende as sobrancelhas para ele, sem conseguir proferir uma única palavra. Perguntava-se como ele sabia de todas essas coisas.

Chris? —  atrás dela, Shelsey aparece de olhos engrandecidos, os lábios se entreabrindo numa feição abismada perante a presença dele.

Evangeline torna o seu olhar para a própria, dava para ver pelo seu jeito que ambos se conheciam, trocando olhares daquele jeito. Christan sorri mais um vez, levantando os ombros com um ar de comprimento, ao mesmo tempo em que sua parenta permanecia parada.

— Desculpe, o que está fazendo aqui? — movendo a cabeça ao perceber o silêncio constrangedor que fizera, ela inquiriu, cautelosa, fitando de esguelha a sua filha, pela qual demonstrara ainda mais surpresa. — Entre, por favor, não fique aí fora com ela.

Maligne: Cheios De Sangue (Concluída)Where stories live. Discover now