VI

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" Não me deixe triste, não me faça chorar
Às vezes o amor não é o bastante e a estrada fica difícil, não sei o porquê
Continue me fazendo rir
Vamos ficar chapados
A estrada é longa, nós seguimos adiante, tente se divertir nesse meio tempo. "

Lana Del Rey - Born To Die.

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QUANDO CHEGOU A PRIMEIRA coisa que fez foi checar a garagem, por algum motivo o carro de sua mãe achava-se lá, mas a casa estava vazia. Sabia que ela ainda poderia estar no trabalho, e que deveria ter parado o carro aqui por algum motivo, o que não tirava a preocupação devoradora que a havia perseguido desde o centro. Tinha que acreditar que a sua mãe estava segura. Por mais medo que tivesse. Suspira ao fechar a porta com força a entrar com rapidez na casa dos Fraser, jogando a sua bolsa com identidades pelo chão e indo até o sofá marrom escuro em frente a tv preta e fina, em cima da mesinha de madeira rústica que ficava em volta de um tapete fofo e branco.

Seu corpo se balança no sofá ao sentar-se, tendo as molas folgadas e velhas, mas era aconchegante mesmo assim, o bastante para Evangeline desabar em lágrimas cobrindo o seu rosto com vexame. Por que tudo aquilo estava acontecendo? Havia corrido uma maratona até chegar em casa sozinha pela estrada, nunca tinha corrido tanto em toda a sua vida, e a motivação havia sido apenas um sentimento: O desespero.

O instigante desespero que queria consumi-la agora, por inteiro. E se não fizesse nada, ele iria fazer coisas piores consigo mesma.

Seu rosto se levanta novamente quando o telefone da casa toca minuciosamente, e a medida que os segundos se passavam. O som dele ficava mais e mais perturbador aos seus tímpanos. Bufando, resolveu se erguer e ir em busca do telefone, que residia no canto esquerdo da sala, nas paredes brancas papel de flores rosas que ficavam no lado direito, onde residiam mais dois quartos de visita, com as portas fechadas.

Seus dedos se aproximam do telefone, e ele para de tocar. Encrespa ao cenho e resolve pegar ele mesmo assim, colocando ele apoiado em seu ombro direito.

— Alô, quem seria? — o mesmo chia, sem uma voz no fundo, apenas percebeu um sussurro quase inaudível, e com um frio na barriga, o coloca de novo no lugar fixo. Ignorar seria a melhor opção. Era esse o segredo, ignorar. Pelo menos Evangeline achava que sim, mas não detinha ideia de que isso poderia sequenciar um agravo.

Resolveu subir as escadas para retirar todo aquele suor que residia infernizando seus poros. Ao entrar no banheiro, apenas teve tempo de pegar a toalha e retirar suas roupas, ligando o chuveiro e deixando a água deslizar pela sua cabeça, que mesmo com o líquido frio, permanecia fervilhando.

O que faria agora? Se aprontaria e esperaria a sua mãe aparecer e depois " tudo ficaria bem"? Não conseguia acalmar os seus pensamentos com tudo isso passando em sua mente.

Após sair do banho, passando um óleo essencial no cabelo para que não ficasse uma juba, coloca uma calça jeans azul escura, depois de pôr uma blusa com mangas preta e um casaco de lã grosso de cor idem. Põe os tênis all stars surrado, sentada na quina da cama.

Depois de quase se aprontar, olha-se pelo espelho da penteadeira preta, ainda apoiada na quina. Seus olhos se encontravam estritamente cansados e vermelhos, e seu rosto apresentava as maçãs do rosto igualmente da mesma cor, com algumas extremidades sem cor alguma pela palência, os lábios crispados em um feitio triste. Respira pesado.

Ergue-se, pegando a sua toalha branca e terminando de secar as pontas molhadas de seu cabelo.

Em longos minutos de silêncio, escuta novamente o som do telefone. Uma sensação gelada invade a sua espinha, se alastrando por todo o seu corpo. Ouvindo o telefone repetidas vezes
quase gritar avisando que havia alguém na linha outra vez.

Maligne: Cheios De Sangue (Concluída)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora