XVII

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" Você não faz ideia do que é minha obsessão?
Sonhei com você quase todas as noites essa semana.
Quantos segredos você consegue guardar?
Por que existe essa música que encontrei, que me faz pensar em você de alguma forma, e eu a coloco para repetir. "

Artic Monkeys - Do i wanna know

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DEPOIS DA DISCUSSÃO. Ela não conseguiu mais dormir.

Permanecia de braços jogados na cama a um bom tempo, com os olhos fixos ao teto. Mesmo que suas pálpebras estivessem pesadas, não tinha mais forças, para aguentar os pesadelos constantes, nem para acordar outra vez com aquela aflição e pânico em seu peito. Mas não adiantava, nada adiantava. Residia obcecada com a ideia de que Belle pudesse estar viva e salva de tudo isso. Ao mesmo tempo com medo de Eles a pegarem novamente, e fazerem dela um objeto de um ritual. Apesar disso, a única coisa que Eles conseguiu foi adentrar em sua mente, atormentando-a nos pesadelos mais obscuros que se podia imaginar. Deixando-a doente, cada vez mais.

Os primeiros sinais do dia vieram pela janela, juntamente com o seu alívio de poder ver o sol mais uma vez, subindo pelas neblinas da manhã. Não era a primeira vez que perdia uma noite, nem seria a última. Encontrava-se acostumada com a situação.

Nada do lado exterior poderia ser visto, e um nevoeiro incessante marcava uma presença enigmática, mas, pelo menos os demônios de Evangeline finalmente teriam fugido da luz com a ida da noite.

Ergue o quadril, pegando uma de suas roupas bagunçadas pelo chão, para se vestir após tomar um banho. Apanha  uma calça jeans escura, e uma blusa escura com mangas até o cotovelo. Pega a sua toalha branca, encostando a porta do banheiro entreaberta. Não entendia ainda o motivo do calafrio na espinha repetino, mas algo a incomodava.

Evangeline assenta-se sem pressa na privada, abaixando a sua calcinha e revirando os olhos.

—  Tinha que chegar, logo hoje... — rezinga, encarando a sua calcinha vermelha de sangue. A menstruação havia dado boas vindas antes do previsto. Respira forte, retirando a sua calcinha e se despindo de vez. Iria tomar banho, enquanto isso, observa-se no espelho, sem expressar nada.

Desde a última vez que tinha agido de forma impulsiva e o cortara, o cabelo havia crescido uns dois centímetros. Lábios partidos e sem cor, pele pálida e aparência de morta. Seus olhos azuis e gélidos achavam-se vermelhos e irritados do sono, mas nada que não fosse novidade em sua rotina de pesadelos e insônia.

Mesmo não querendo se auto-torturar pela centésima vez, seus devaneios se voltam para uma coisa específica: No momento de ontem a noite. Na vez em que ela e Rubi se beijaram. Lança esse pensamento para longe, movendo a cabeça, Evangeline sabia que tinha sido uma escrota com ela, mas todas as pessoas que se aproximavam dela, ou morriam, ou se feriam. Não poderia correr esse risco com Rubi.

Deita-se na banheira, com as suas mãos apoiadas na beirada. Seu corpo estremece ao entrar em contato com a água fria. Havia criado esse hábito de tomar banhos frios. A fazia ficar mais acordada e alerta, e também a obrigava felizmente a parar de pensar, mesmo que fosse só por alguns minutos.

Evangeline afunda o seu rosto na água. Borbulhando com a boca em uma forma de distração.

Uma risada ressoa pelo banheiro.

Maligne: Cheios De Sangue (Concluída)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora