XXVIII

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" E quando você pensar que não,

Vem sempre a saudade com uma

máscara do dia das bruxas lhe

assombrar pelas noites sombrias."

Álvaro Nobre Junior

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CAPÍTULO ESPECIAL.

CURSANDO DE BARRACA em barraca, cercada de atrativos exagerados e guloseimas, o número de pessoas que iam adentrando ao festival aumentava de maneira considerável. As atrações achavam-se lotadas, e a medida em que a busca crescente por ela dominava o seu coração, a balbúrdia e o movimento daquela noite de halloween apavorava o seu ser.

O seu âmago arrepiava-se, ao pensar no que poderia ter acontecido com Evangeline. Desde que ela sumira por mais de duas horas. Chamara todos os seus amigos, e os primos dela, na como mal conhecera, e já teve que avisá-los de uma possível tragédia a sua parenta. Estavam ajudando na vasculha até então.

— Tem certeza de que ela não saiu? — ao seu entorno, Benjamin pergunta. Lizzie no canto direito de Rubi, os dois a averiguavam, tentando apazigua-la.

— Não, não tenho certeza — inspira, no meio da viela, cheia de pessoas passando para todos os lados. Era quase impossível encontrar alguém específico em meio a multidão.
— Mas se foi com Elizabeth, não foi a um lugar bom. Eu disse para ela não ir, só que ela não me ouviu. — Resmunga em um tom de murmúrio um xingamento, sombreando a visão com as pálpebras, impaciente. Respirando fundo, e retornado a procurar com as vistas.

— Ei, Rubi, calma — burburinha Lizzie, com uma fisionomia compreensiva. Segurando-a entre o pulso e o cotovelo.

— Como posso ficar calma, hum?! — pergunta virando-se para os dois.

— Conhece mais alguém que possa saber aonde ela está? Não sei... — questiona Lizzie, e Rubi olha para o nada. Um quebra cabeça em forma de devaneios.

Os seus olhos arregalam-se, e sua face fica extremamente pálida.

— Merda... — aperta os punhos das mãos, engolindo em seco.

Anda com uma ligeireza tamanha, obrigando eles a adiantarem os passos para a acompanharem. Sucedia-se em chamas por dentro, seu furor crescendo ao cogitar o que os seus pensamentos lhe indicavam do que poderia ter ocorrido.

Encerra os passos abruptamente. Observando a população reunida na área principal do festival. Havia um palco enfeitado com holofotes, e instrumentos que mais tarde seriam usados. Mas não era isso que a interessara. As pessoas assistiam ao seu pai, o mais novo prefeito, escutando o seu discurso sobre obras que " mudariam a qualidade turística da cidade" já que essa era a forma mais econômica de ganhar dinheiro do mesmo. Conhecia os projetos que lavavam dinheiro, a corrupção que existia por trás disso, toda podridão.

Adam passa o cabelo preto de gel para trás, fitando cada habitante com os seus olhos verdes escurecidos e marcantes. Uma profundidade sombria revelava o seu aspecto frio, capaz de encantar a todos com um sorriso, escondendo as suas reais intenções. Vivera tempo suficiente com ele para detectar cada pedaço de manipulação sua, cada terror que ele fizera ela e seu irmão passar, dentro daquela casa. Sem proteção, sem amor. Sem uma mãe, por perto, para ampara-los.

Ele põe os dedos no captador de som, obtendo um meio sorriso. As covinhas finas formando-se na dianteira de seus lábios, odiava ter isso dele.

— E, com essa reforma, iremos arrecadar dinheiro às organizações desta cidade. Livros para a educação, comida para os necessitados, asilos, para os idosos. Ninguém sairá de mãos vazias — falava a sua palestra calculada. Mentira. Mais mentiras. Tudo que saía da boca dele eram mentiras.

Maligne: Cheios De Sangue (Concluída)Where stories live. Discover now