Prophecy | Draco Malfoy

₄₄• Godric's Hollow

Prophecy - | Draco Malfoy |

Meus sapatos tocaram na estrada. Eu vi a rua principal de Godric's Hollow, penosamente familiar : Vitrines apagadas, os contornos escuros das montanhas, a curva da estradinha que ligava a Hogwarts a frente.

E como um sobressalto, lembrei-me, com absoluta precisão, de como havia sido o meu dia 24 de dezembro - o pior de toda a minha vida.

O ar foi cortado por um grito que lembrava o de Voldemort. Despedaçou todos os nervos do meu corpo e eu imediatamente percebi que fora causado por minha aparição; Quando olhei por cima do ombro pude encarar uma centena de Comensais da Morte, de capa e capuz, correndo pelas ruas e empunhando suas varinhas.

Havia bruxos demais para estuporar e a menor tentativa denunciaria minha posição. Um dos Comensais acenou com a varinha e o grito parou, ainda ecoando nas montanhas distantes.

— Petrificus Totalus. - rugiu o homem.

Antes que pudesse me alcançar, eu bloqueei seu feitiço.

— Então, realmente se escondeu por aqui, Riddle? - berrou o Comensal da Morte que tentara o feitiço, e voltou-se para os companheiros. — Espalhem-se e procurem-na.

Seis dos Comensais partiram em minha direção; Recuei o mais depressa que pude para rua lateral, e por um triz não fui pega. Eu aguardei no escuro, escutando pessoas correndo para cima e para baixo, os feixes de luz das varinhas dos bruxos varrendo a rua em minha procura.

— Que tal um dos dementadores? - gritou outro Comensal. — Se o deixarmos a vontade, ele não vai demorar para encontrar a garota.

— O Lorde das Trevas não quer que nenhum outro mate a Makayla, exceto por ele...

— Eles não iriam matar a filha dele! O Lorde das Trevas quer a vida dela, e não a alma. - pronunciou o mesmo homem cujo havia tentado me lançar um feitiço.

Ouviram-se rumores de aprovação. Para afastar um dementador, eu teria de produzir um Patrono, que logo denunciaria o lugar onde me escondi.

A luz ambiente foi sugada para as estrelas, fazendo-as desaparecer. Na escuridão do breu, o ar que eu precisava para me mover parecia ter se solidificado; Os Comensais da Morte haviam tinham lançados os seus feitiços de forma eficiente, fazendo com que eu não conseguisse aparatar de volta para o castelo de Hogwarts.

O frio começou a cortar mais fundo minha pele. Recuei para a rua lateral, tateando o caminho ao longo da parede, procurando não fazer um grande barulho. Do outro lado da esquina, deslizando silenciosamente, vinham dementadores; Eram cerca de dez ou mais deles, com suas capas pretas e suas mãos feridas amostra porque seu negrume era mais denso que o da rua.

Eles pareciam estar avançando mais depressa agora, inspirando daquele jeito arrastado e vibrante que eu detestava, saboreando o medo no ar...

Eu não iria me deixar ganhar o beijo, não poderia correr esse risco, fossem quais fossem as consequências. Foi em Draco Malfoy que eu pensei ao sussurrar :

— Expecto Patronum.

A mamba-negra prateada irrompeu da minha boca e atacou. Os dementadores se dispersaram e ouviu-se um grito de triunfo em algum lugar fora de vista.

— Isso veio dela, ali embaixo. - gritou um dos homens. — Eu vi o Patrono dela, era uma mamba-negra.

As estrelas estavam reaparecendo e os passos dos Comensais da Morte se tornaram mais pesados. Antes mesmo que eu pudesse correr ou aparatar para longe dali, vi um raio de luz branca me arremessar para o outro lado daquela rua.

Minhas costas se chocaram contra um portão de ferro, enquanto meu corpo se deslizou para o chão. Eu tossi alto, apoiando minhas mãos no chão em busca de apoio para conseguir me reerguer.

Logo que me levantei, percorri meus olhos dentre aquela imensidão mal iluminada. Todos os Comensais da Morte estavam a minha volta, empunhando suas varinhas em direção ao meu peito.

— Parece que conseguimos te pegar, garota. - disse um deles com a voz fria. Ele era jovem, aparentava ser poucos anos mais velha do que eu; Os fios negros, bem como suas vestes, contracenavam com a pele clara. — O Lorde das Trevas requisitou a sua presença, imediatamente.

— Ora, por que ele mesmo não veio ao meu encontro? - ergui as sobrancelhas, sorrindo debochada. — Esteve tão fraco que nem mesmo pôde vir buscar sua primogênita? Eu, de verdade, esperava um pouco mais...

— Tenha um pouco mais de respeito ao se referir a ele, criança. - vociferou, mas desta vez o homem que tentou lançar-me um feitiço de petrificação. — Você vai nos acompanhar, por bem ou por mal...

— Bom... - pausei por um instante, novamente analisando a situação em que eu me encontrava. Eu estava completamente ferrada, mas talvez valesse a pena correr o risco. — Eu prefiro a segunda opção, cavalheiros.

Posicionei minhas mãos abertas na lateral de meu corpo, respirei fundo e fechei meus olhos quando vi que eles estavam prontos para me atacar. Desta vez, gritei a plenos pulmões o feitiço :

— Incêndia!

Uma circunferência de chamas prendou a todos eles, que desta vez me fitaram assustados. O medo dominou o olhar de todos ali, fazendo com que o fogo apenas se aproximasse de seus corpos cada vez mais.

Este era um feitiço pouco conhecido, criado por Merlin quando ainda era apenas um bruxo em treinamento. Os poucos que o conheciam não conseguiam manter total controle sobre ele, exceto por mim...

— Ainda desejam me levar de encontro ao meu pai, garotos? - indaguei com a voz alta, me aproximando de onde eles estavam presos. — Ainda pensam que eu, Makayla Merlin, devo temer o Lorde das Trevas? - ri com amargura, aumentando as chamas ainda mais. — Acreditem em mim, não deveriam ter dito aquilo...

— Você jamais conseguiria. - provocou o garoto moreno, fitando diretamente meus olhos. — Se martiriza todos os dias pelo que fez com aquele bruxo de araque, não conseguiria conviver com mais sangue em suas mãos. - sorriu grandioso. — Você, garota, jamais conseguiria ser tão grande quanto o nosso Lorde...

— Eu não espero ser tão grandiosa quanto o seu Lorde, meu querido. - sorri doce. — Acredite, eu serei maior do que ele jamais fora...

O fogo cercou os homens por completo, fazendo com que seus gritos desesperados tomassem conta da rua vazia; Alguns clamavam por piedade, enquanto outros permaneceram honrados de morrer pelo Voldemort. Seus corpos se carbonizaram diante de mim, logo fazendo com que as cinzas cobrissem o chão do lugar.

Minhas pernas bambearam devido a força que o feitiço tomou de mim, sendo o suficiente para que eu fosse atingida pelas costas. Meu corpo se petrificou e foi de encontro ao chão, se mesclando com as cinzas dos antigos Comensais da Morte.

Aqueles olhos cinzas me fitaram com piedade, eles pareciam tentar me pedir desculpas silenciosamente. Seus braços apertaram minha cintura ao me retirar do chão, juntando nossos corpos; Draco empunhou sua varinha, mas antes de proferir algum feitiço, ele fitou meu rosto por inteiro.

— Você não deveria ter feito isso, Makayla.