🅟🅡🅞🅟🅗🅔🅒🅨 | "Sim, eu te usei. Sei que não agi da melhor forma e que eu te desiludi, nunca foi minha intenção magoar você desse jeito. Mas todos sabemos que no final, você sempre vai voltar para mim."
🅗🅐🅡🅡🅨 🅟🅞🅣🅣🅔🅡 - 🅙🅚 🅡🅞🅦🅛🅘...
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A sensação de estar perdida me sufocava.
Eu não sabia o que estava sentindo e isso me causava uma grande agonia. Lembrava das palavras de meu avô, insistindo em dizer que tudo o que preciso estava aqui comigo, mas não sei onde encontrar nada. Estava perdida dentro mim, não sei como reconhecer meus sentimentos. Não sei me reconhecer e nem sei nada sobre mim.
Tenho medo de me conhecer, medo de me esforçar para ver o que existe dentro de mim e acabar me surpreendendo com uma porção de coisas ruins, sujas. O que aconteceria, então? O orgulho de ter conseguido chegar perto de meu coração? Ou uma grande humildade, humildade de cão faminto com rabo entre as pernas?
Minha cabeça quase estala quando faço perguntas. Meu pensamento escorrega, se desvia, foge para longe, como se ele tivesse tanto medo da resposta quanto eu.
E talvez nem seja preciso coragem. Talvez seja preciso apenas um breve impulso, como aquele que me fazia mergulhar de repente no mar gelado do açude de uma fazenda trouxa que visitava com vovô. Eu nem era corajosa por fazer isso, apenas tinha esquecido por um instante de mim, do meu corpo.
Merlin costumava me dizer que mesmo você sendo forte o bastante, sempre vai existir uma fraqueza que te faça chorar. E era verdade, algumas vezes me sentia tão cheia que parecia transbordar.
Fiquei minutos deitada com os olhos fechados. O concreto do chão entrando em contato com meu corpo que se arrepiava graças ao vento que colidia com ele. Me flagrei pensando em meu pai, no que o levaria a fazer todas aquelas escolhas e se, caso ele me visse agora, se arrependeria de tudo que fez. A resposta para mim era clara, mas um pequeno pedaço dos meus sentimentos tentava me convencer de que estava errada.
Grunhi alto, percebendo que estava me auto-sabotando novamente. Faço isso quando penso ou relembro momentos que deveria esquecer, quando me machuco com meus pensamentos sem perceber. Isso era algo normal, mas não deveria ser. Eu percebia e admitia que precisava melhorar minha relação comigo mesma.
Me sentei, apoiando o corpo em uma das pilastras que existiam ali. Puxei minhas pernas de encontro ao peito, abraçando os joelhos e admirando a vista da grande Floresta Negra. A grandiosidade de tudo no local no local não me assombrava, eu apenas conseguia me sentir imensamente maravilhada com tudo que ela escondia.
E naquele instante eu havia me permitido chorar. Chorei por me sentir fraca. Chorei porque eu estava com tanta saudade do meu avô. Chorei porque nenhum porre nesse mundo iria conseguir me impedir de chorar. Chorei por todas as coisas que tive de abrir mão, por todas as pessoas que abriram mão de mim. Chorei pelo cansaço, pela dor. Chorei por ter deixado com que aquelas palavras de Dumbledore me afetassem tanto. Chorei porque era tudo que eu podia fazer naquele momento.
