29• Nightmare

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Prophecy - | Draco Malfoy |

— Amor, o quê aconteceu? - indagou abafado

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Amor, o quê aconteceu? - indagou abafado. Eu sentia o toque suave de suas mãos frias sobre minha pele exposta.

Eu conseguia ouvir o meu coração disparar, ver as minhas linhas azuis mais evidentes no branco que era minha pele. Toda eu uma tela branca de repleto terror com o meu cabelo emoldurado, enquanto o suor escorria pelas entrelinhas do meu pescoço e se direcionavam a curvatura do peito.

Gostaria de poder apertar meus olhos e ter a certeza de que tudo não passava de um pesadelo, mas eu sabia que podia os piscar quantas vezes eu quisesse que nada mais iria mudar. Eu queria não ter que lidar com a confusão que eu não tinha armado, mas que estava ali, eu sabia.

E em meus sonhos eu vejo os fantasmas de todas as pessoas que feri...

— Makayla, fale comigo... Por favor. - pediu, balançando-me pelos ombros. — Teve um pesadelo?

Entrelacei meus dedos sobre o tecido de sua camisa, as mãos estavam trêmulas e a visão embaçada. Malfoy me apertou entre seus braços, fazendo com que meu rosto repousasse sobre seu peito; Diferente de mim, que respirava de forma descompensada, a respiração do loiro era calma e regular.

Eu odiava o amar. Me odeio por não conseguir odiar ele. Eu odiava meu pai intensamente, mas o amava honestamente.

— Converse comigo. - selou minha testa. Ele fazia um carinho em minhas costas, fazendo movimentos desorientados com a mão.

— Eu fiz coisas ruins, Draco... Eu machuquei muita gente. - suspirei pesado. — Ver todas aquelas pessoas, todos aqueles rostos... Eles me olhavam com raiva, repulsa. Você estava entre eles, tão ferido quanto os outros e eu me senti culpada... Me senti culpada por ter te ferido... Me perdoa, eu juro que não queria que tudo acabasse assim.

— Ei, olhe para mim. - apertou meu rosto entre suas mãos. Divaguei perante aqueles olhos nublados que me remetiam aos dias de chuva. — Eu nunca conseguiria odiar você, nem mesmo em um milhão de anos. Foi apenas um pesadelo, meu amor.

— Não, não foi. - minha voz falhou. — Eu o vi... Ele estava bem ali, diante de mim. Eu não consegui fazer nada, não consegui dizer tudo aquilo que passei anos guardando para mim... Eu travei, Draco...

Eu tenho medo dele. Eu tenho um medo absurdo dele. A cada vez que dobro um corredor, abro uma porta ou caminho no escuro, eu sinto medo de o encontrar; Era real, eu sei que tenho medo dele. Mas, ao mesmo tempo, o meu peito anseia por mais encontros. Era nojento, eu tenho nojo de mim.

Eu me odeio por suplicar para que existam outros momentos em que possamos nos encontrar. Por mais que as minhas pernas tremiam ao ver tudo o que ele fez, todos aqueles que ele destruiu, o meu coração deseja uma fração da sua atenção de novo.

Eu me envergonhava por isso... Me envergonhava por ser tão fraca quanto ele diz ser.

— Quem você viu? - arqueou a sobrancelha.

— O meu pai. - engoli em seco. — Eu... Eu sinto a falta dele, pelas barbas de Merlin, como eu sinto... Eu queria ter dormido e acordar na esperança de que tudo não tenha passada de um sonho ruim, mas sempre vai ser algo a mais que isso... Era a minha realidade.

— Você passou anos fingindo que não se importava e tentou esquecer... Tentou se enganar, mas a verdade sempre vai te consumir. - afirmou soprado. — A ferida ainda não deixou de doer, você ainda sente a falta dele.

— Eu não quero me sentir assim, Malfoy. - neguei com a cabeça. — Eu devia o odiar, tenho todas as razões no mundo para isso, mas... Mas eu não consigo.

— Preste atenção em mim, tudo bem? - assenti. Novamente voltei meu olhar para ele, deixando com que minhas mãos repousassem sobre o colo. — Durante anos, você acreditou que ele era tudo que tinha lhe restado... A sua mãe, o seu avô, infelizmente eles tiveram que ir... Mas o seu pai continuou aqui, você ao menos sabia que ele estava vivo, e se apegou a isso. - entrelaçou nossas mãos. — Por isso você não consegue o odiar, porque se conectou a ele... Não importa o quão errado ele tenha agido, você nunca se permitiu a sentir a dor por isso... E veja bem, este sempre foi o problema da dor, ela precisa ser sentida.

Existe um oceano desaguando em mim e tudo que eu queria era calmaria. Tenho atravessado os dias pedindo calma... Tenho tentado conter ansiedades, fazendo o que for para que meus ombros não doam tanto e para que o sono não seja apenas uma fuga da realidade.... Mas no final das contas, eu sou um pesadelo disfarçado de sonho.

Ele estava certo... A dor precisa ser sentida e dependendo da quantidade em que se sente, a dor nos deixa cruel, frios.

— Mesmo você sendo forte o bastante, sempre vai haver uma fraqueza que te faça chorar. - sussurrou. — Não se sinta menosprezada por isso.

— Obrigada. - juntei nossas testas, rocei meu nariz ao dele. — Em meio a tudo isso, a todos os meus barulhos, você ainda consegue me puxar para a realidade... A nossa realidade.

Suas mãos desajeitadas e tão desacostumadas a fazer carinho se esforçavam timidamente para me passar amor. Eu cresci em meio a ira, não existia amor em lugar algum, mas existe algo aqui; Eu posso sentir por seu toque lento e um arrepio percorre a minha alma, era como transformar o veneno numa cura.

Uma serpente trocando de pele, deixando para longe mais do que uma casca velha... Esse amor, que nunca me tinha sido ensinado, agora era passado com clareza.

E ali, acariciando seu corpo, meus dedos acabaram por ligar os pontos das suas costas, criando o caminho certo que minha boca iria traçar.

— Tudo no mundo poder estar desmoronando... Nada mais pode estar bem. Mas eu te prometo, Merlin, eu e você estamos bem.

Eu ando querendo o dizer o quão bem me faz, o sentimento bom e a paz que me traz, mas eu não podia. Não podia porque sabia, mesmo que inconscientemente, que meu pai estava certo sobre mim; Eu não tenho nada, e eu destruiria a pessoa que esteve este tempo todo ao meu lado...

— Sabe, Malfoy, todos me dizem que veem muitos sonhos nesses seus lindos olhos brilhantes. Mas meu maior pesadelo sempre vai ser não estar nesta sua imensidão.

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