21• Severus Snape

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Prophecy - | Draco Malfoy |

Os dias chuvosos costumam me alagar em nostalgia e solidão, e ao som de suas gotas juntamente com a voz de Severos Snape, meus sentimentos resolveram transbordar como se eu não fosse mais forte o suficiente para os guardar

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Os dias chuvosos costumam me alagar em nostalgia e solidão, e ao som de suas gotas juntamente com a voz de Severos Snape, meus sentimentos resolveram transbordar como se eu não fosse mais forte o suficiente para os guardar. O cheiro que vinha de fora do castelo de Hogwarts me lembrava de casa e dos cuidados de Merlin, fazendo com que a menina escondida aqui dentro queira sair novamente para brincar, como se nenhum problema fosse tão grande quanto as suas criancices e seu desejo de se aventurar.

Finquei meus olhos no pequeno ponteiro preso a parede, o observei se mover lentamente como se estivesse exausto de precisar fazer aquilo todos os dias. Faltavam alguns minutos para o final da aula de poções, então em um ato quase inconsciente comecei a batucar, de forma desajeitada, minhas unhas sobre a mesa de madeira.

O olhar do professor parecia queimar minha pele, suas orbes negras estavam voltadas para mim e pareciam tentar penetrar cada pequeno pedaço de mim e desvendar o que era escondido ali.

— Muito bem, classe dispensada. Não se esqueçam de se preparar para nossa prova de semestre final, prevista para daqui algumas semanas. - sua voz era fria e arrastada, ele parecia cansado. — Senhorita Merlin, preciso pedir que espere aqui um pouco mais.

Eu apenas assenti fraco, deixando minha bolsa pender do ombro em direção ao chão. London sorriu pequeno e apertou minha mão, dizendo que guardaria meu lugar ao seu lado para a aula de astronomia com a professora Sinistra.

A passos contidos os alunos iam se afastando da sala, deixando somente a mim e Severos, este que cruzou as mãos em frente ao corpo e pediu que me aproximasse de sua mesa. Respirei fundo, torcendo para que o rumo dessa conversa não nos levasse ao paradeiro do garoto de cabelos loiro platinado, eu estava tentando duramente o deixar longe da minha mente perturbada, pelo menos por enquanto.

— Como diretor da sua casa, eu deveria tirar-lhe pontos por estar no quarto de um dos nossos monitores, senhorita. - engoli em seco, fechando as mãos em punho. — Acredite, nada passa despercebido por mim neste castelo, com certeza o seu envolvimento com o jovem Malfoy não seria um deles. - acenei com a cabeça, deixando o peso de meu corpo cair sobre a perna esquerda. — No entanto, não o farei, são dois dos meus melhores alunos. Mas peço que sejam um pouco mais discretos numa outra vez.

— Tudo bem, professor. - sorri fechado, aspirando o ar que faltava em meus pulmões. — Cuidaremos de tudo, não tem com o quê se preocupar. Mais alguma coisa?

— Sim, claro. - apoiou o corpo em sua mesa, agora cruzando os braços sobre o peito. Eu gostaria de, pelo menos uma vez, conseguir decifrar o que Snape escondia naquele olhar frio. — Venho a observando desde sua chegada a Hogwarts, senhorita Merlin. Uma bruxa tão grandiosa quanto o avô e de grandes talentos, domina uma magia muito maior do que a que qualquer um neste lugar possa imaginar. - dizia pausadamente, sustentando suas orbes negras sobre mim. — Poderia se tornar grandiosa, caso desejasse. Mas precisaria, acima de tudo, aprender a controlar seus extintos. A poucos meses poderia ter assassinado Hermione Granger, mas o seu sobrenome não a tiraria de Azkaban.

Suspirei, espremendo meus olhos e sentindo a saliva que engoli rasgar minha garganta como uma navalha. Eu estava submersa, cercada por pensamentos endurecedores.

Sinto a dor consumir meus ossos e meus joelhos pendem perante o peso do corpo, o som deles entrando em contato o chão era abafado, minha mente fazia um barulho quase ensurdecedor.

Agarrei meus fios, entrelaçando-os em meus dedos frios e trêmulos, os puxando enquanto sentia meu grito emanar a plenos pulmões. A marca escondida em meu peito ardia, era algo tão intenso que fez com meus olhos marejassem em instantes e uma mera gota escapasse de meus olhos que clamavam por socorro.

Minha cabeça estava passando por um turbilhão de lembranças, por dentro meu peito oscilava entre um estado profundo e infinito de dor. Severos usava todos os seus esforços para conseguir enxergar o que estava escondido em minha mente, mesmo com a visão turva eu conseguia perceber a veia saltada em seu pescoço e uma linha de suor cruzar sua testa marcada pelas linhas de expressão.

Eu sentia raiva, meu sangue esquentava a medida em que minha garganta se fechava cada vez mais. Eu sentia raiva por estar tão exposta a ele, por me sentir desprotegida. Eu sentia raiva por me sentir tão pequena, uma bomba prestes a explodir em suas mãos.

Meu corpo estava inerte, sinto como se estivesse flutuando nas profundezas da escuridão. Eu sei que preciso continuar em frente, mas estou tão cansada... Minha mente deriva em sonhos fragmentados e pedaços de lembranças. Abro meus olhos e percebo ainda estar flutuando nessa escuridão, meu corpo ainda sem força para acordar.

Minha raiva estava olhando para mim, ela esperava que eu tomasse uma decisão. Recuar essa parte de mim e esperar que um milagre me salve, ou a aceitar e finalmente usar sua força. O calor de sua ira me lembra da sensação de estar viva, seu brilho se intensifica, as brasas semi-extintas se transformam em labaredas vivas e a determinação ardente começa a invadir meu peito.

Os olhos se abrem mais uma vez e percebo que ainda estou no chão de sua sala, mas o fogo encontra-se ao meu redor, como se estivesse me aquecendo novamente. Eu serro meus punhos e permito que aquele calor se estenda por todo meu corpo, um dos joelhos se ergue e me apoio nele, como se reverenciasse a força que estava dentro de mim.

Meus sentidos estão embaçados, lufadas de ar saem da minha boca enquanto meu coração bate mais forte que em qualquer outro surto de adrenalina. Ergo meu corpo, um grito feroz deixa meus pulmões e atinge todo o lugar ao redor.

Eu dou um passo a frente e o impacto parece estrondoso. Outro passo, outro estrondo, e o olhos de Severos Snape parecem estremecer perante mim. Minhas mãos tocam seus ombros, e logo o fogo nos cerca, causando um incêndio capaz de quebrar qualquer silêncio ou escuridão.

Estou ofegante, mas o ar que saia de minha boca era determinado. Meu corpo estava em alerta, e cada apertar de minhas mãos contra ele faziam com que o fogo se tornasse mais veloz ao se espalhar, mais furioso. Meus olhos diziam silenciosamente para ele correr, lutar, gritar.

— Jamais ouse se aproximar de mim novamente. - trinquei os dentes, me aproximando do corpo do professor. — O senhor sabe quem sou, então saiba que eu prometo não poupar sua vida numa outra vez, Severos.

— Não vê do que isso se trata, Makayla? - sua voz permanecia tranquila, mas pela primeira vez consegui ver um fio de receio em seus olhos escuros. — Você têm o poder de todos os grandes ancestrais da Sonserina, algo muito maior que a magia de Merlin ou a que seu pai adquiriu. - afrouxei meu aperto sobre ele, observando o fogo que nos cobria cessar lentamente. — Por isso a profecia foi feita para você, a bruxa mais poderosa de todos os tempos, que possui as designações do bem e do mal em suas veias.

O mal, aquele que tornava um inferno ter que controlar minha raiva. Segurar palavras, acalmar o coração acelerado e cercado por um mar de ira. Sinto vontade de ferir os outros, assim como me sinto ferida, mas no fim apenas acabo por me afastar de tudo e renegar meu passado.

Não posso mudar meus sentimentos, e sabia que nem mesmo podia os ignorar. Eles ficam o tempo todo pedindo a minha atenção, e por um motivo que eu conhecia bem, mas que nunca me permitiria dizer por saber que seria alimento para os meus demônios adormecidos.

— Não diga coisas sobre mim, professor. - cuspi as palavras com amargura, percebendo minhas mãos tremerem.

— Ele se orgulharia muito se a visse desta forma, senhorita Merlin. - disse pausadamente, apertando suas mãos em meus pulsos e os afastando de si. — Mesmo que odeie esta parte de si, não pode negar o quão se parece com ele. - abaixei o olhar, dando pequenos passos para longe de Snape. — Sabe disso tanto quanto eu, mas têm medo de que ao admitir, isso lhe consuma.

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