Soltei o ar que estava prendendo, tentando me dispersar da sensação.

- Er...eu só levei uma toalha - apertei ainda mais o pano macio em volta dos meus seios - Ou colocava no corpo, ou na cabeça...

Ele continuava me encarando. Tive dúvida se ele estava me ouvindo.

- ... não quis te chocar hoje - terminei.

Quis fazer uma alusão à fala dele do outro dia, mas meu tom saiu patético. Eu estava me sentindo patética.

- Ok - ele finalmente disse.

- Ok?

- Vamos tomar café fora.

Confirmei nervosamente com a cabeça e fui me arrumar com a certeza de que algo não estava no lugar.

Vesti uma calça jeans preta e uma blusa branca que eu sabia que ele gostava. O dia estava fresco, então dispensei meu cardigã favorito.

Usei o secador para modelar as ondas do meu cabelo que ainda estavam úmidas e coloquei meu perfume favorito.

Eu estava me arrumando para ir tomar café com Hemmings? O que estava acontecendo comigo? Por que ele estava no meu sonho?

Pegamos o carro e Luke me deixou dirigir até o café. O movimento no começo da manhã não me incomodava, seria suficiente para conversar com ele e evitar que tivesse uma reação exagerada.

No caminho, deixei o loiro escolher as músicas e cantar com elas. Era o tempo que eu tinha para arrumar coragem de perguntar tudo o que precisava pra ele.

Parecia simples, mas não era. Só de tentar pensar no assunto o meu sistema nervoso já despontava em  direção ao colapso. O volume da correntinha no meu bolso me incomodava mais do que deveria.

Por que eu não deixei isso em casa? Que merda.

Já sentados com café, um pedaço de bolo de baunilha e croissants na mesa, limpei a garganta antes de puxar assunto com ele. Nenhum dos dois olhava para o outro. Era enervante.

Não éramos assim.

A grande parede de vidro dava para a rua vazia de uma área residencial muito bem frequentada, aquela vista me relaxava quando eu estava ali sozinha, mas naquele momento eu estava tendo um mini surto.

O que eu precisava saber primeiro?

Observei Luke levar a xícara de café até a boca.

Era a hora, tinha que ser.

- Eu... - ele me olhou, já que era o primeiro som emitido na mesa - ouvi você tocando uma música ontem no seu quarto.

Esperei até que ele terminasse de engolir o café, demorando um pouco mais do que normal enquanto piscava demais.

- Gostou? - ele perguntou.

Fisguei um pedaço do bolo pra fingir naturalidade. Mais um pouco e a mesa ia tremer com a tensão passando ali.

- Claro - coloquei uma mecha do meu cabelo pra trás - é nova?

- É - ele confirmou mexendo a cabeça.

- Qual o nome?

Ele mordeu o lábio, ali onde já esteve um piercing. Acompanhei o movimento com a atenção de uma viciada olhando o objeto do seu vício.

- Lover of Mine.

Lover of Mine. Lover of Mine...era familiar. Eu sonhei com isso.

Eu tinha que ser mais clara.

Lover of Mine | Luke HemmingsWhere stories live. Discover now