Capítulo 16

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"As pessoas vem e vão. A vida continua"

Por que eu não liguei?

Porque era perigoso.

Eu não estava me envolvendo com uma ideia. Luke era real.

Eu não inventei histórias sobre ele ou reimaginei todos aqueles momentos. Eu não fingi que ele entrava na minha casa, na minha vida, agindo como se fosse dono de tudo. Eu o via, com meus próprios olhos, circular pelos meus dias sendo quem ele era...quem ele é.

Não sabia o que se passava nele, mas as reações químicas em mim vinham da mais pura da realidade, e isso me atormentava.

O sumiço e a inconstância de Luke testavam a minha auto estima.

Eu poderia tratar os problemas da minha cabeça com terapia, mas e esse problema novo, como eu ia tratar?

Era tão fácil prever o que ia acontecer que seria cômico se não fosse trágico.

Enquanto eu comia pipoca e via netflix, Luke reapareceu em um Instagram de fofoca, saindo de um jantar romântico com Sierra no dia anterior. Ambos estavam estupidamente lindos e sorridentes. Cada milímetro de perfeição daquelas fotos me desafiava.

O que eu tava achando que ia acontecer?

A legenda sobre "clima de lua de mel" atingiu partes que eu nem sabia que existiam no meu corpo, mas eu não me dobraria por isso. Seria patético.

Hannah notou que algo havia mudado em mim, mas eu não revelei. Claro que ela perguntou sobre Luke e sentiu que tinha mais ali, sendo que a minha melhor amiga nunca foi muito de remoer as coisas, e eu queria ser mais como ela.

Me propus a ocupar minha mente e acabei colocando todas as séries em dia, além de retomar meu estudo de francês. Fui ao cinema com meu pai e John, e eles pareciam ter avançado em algum ponto, não que meu pai fosse revelar assim de cara, mas eu notei a mudança no humor do dele, que ia na direção oposta ao meu.

Enquanto eu via meu pai quase flutuando pela casa, visivelmente apaixonado, eu evitava até filmes sobre o tema. Era muita baboseira e tudo isso só termina em um coisa: dor.

Claro que eu não desejava dor ao meu pai, mas eu sabia que, quando acontecesse, eu estaria ali pra ajudá-lo a catar os cacos, por mais que eu não deixasse ninguém ver nem as minhas rachaduras.

O ponto de impacto não estava tão visível para as pessoas de fora.

...

Numa sexta qualquer, recebi uma mensagem de Sam me convidando para uma festa. Normalmente, eu inventaria uma desculpa pra ficar em casa e ver qualquer sitcom inútil que estivesse passando, mas aí eu imaginei como seria gostosa a sensação de estar levemente bêbada pelo menos uma noite na semana.

Topei.

Ele me buscou às 21h parecendo ainda mais bonito do que no outro dia. Claro que eu não disse isso a ele.

Sam, por outro lado, não poupou elogios ao meu vestido preto bem justo e de alças bem finas. Na verdade, o vestido era de Hannah, mas ninguém precisava saber.

A minha amiga era mais alta que eu, e aquele vestido ficava curtíssimo nela, em mim ele estava aceitavelmente curto, então era perfeito para beber um pouco e brincar com a mente do meu ex colega de escola gato. Eu estava me sentindo especialmente perigosa naquela noite.

Se eu tivesse sido firme assim com Luke desde aquela primeira noite, ele nunca teria entrado na minha cabeça.

Eu achava que estávamos indo pra uma boate, então me surpreendi quando o Uber entrou em uma rua residencial de um bairro chique em Sydney. Ao descer do carro, percebi onde seria a festa.

Alguns carros de luxo se aglomeravam na frente de uma mansão branca com pé direito alto e vários arbustos em volta.

- De quem é essa festa? - perguntei para Sam que andava me guiando pela cintura.

- Tim Benson, acho que você conhece. - e me deu um sorrisinho satisfeito.

Uau. Sam tinha me levado para uma festa particular na casa de um dos melhores produtores musicais do país. Eu nunca tinha conhecido Benson, ele não tinha vínculos com a JH mas, trabalhando no ramo, era quase impossível não saber quem ele era.

Eu tinha esquecido que Sam trabalhava como trainee em um escritório de advocacia famoso, onde cuidava de contratos de muita gente importante. Provavelmente Tim Benson era um cliente.

- Sam, eu com certeza estou te devendo uma - meus olhos abertos quase lacrimejaram de tanta empolgação.

Tive dúvidas se os saltos da minha ankle boot me segurariam se eu conhecesse Benson.

- Eu vou cobrar - Sam disse da forma mais sugestiva possível.

Eu fiquei até um pouco tensa.

Lá dentro, a luz negra e o som alto combinavam com os pontos de tinta brilhante em alguns corpos. Havia umas boas dezenas de pessoas espalhadas pela sala que devia ser maior que o andar de baixo da minha casa.

Talvez fossem até centenas, se desse pra contar as pessoas depois da porta de vidro que levava para o jardim com piscina, na parte de trás da propriedade.

Fomos no bar improvisado e pedimos drinks ao barman que flertou comigo descaradamente. Sam não se importou, ele até riu enquanto nos afastávamos do balcão.

- Eu acho que o barman quer te dar algo mais do que só uma bebida. - ele falou por cima da música alta, no meu ouvido, e levou sua taça até a boca.

- Uma comida, talvez? - brinquei completamente sem pensar, mas me arrependi no mesmo segundo.

Pra quê ficar quieta quando eu posso falar merda?

Sam riu ao ponto de cuspir seu gin com tônica.

Ele passou um bom tempo relembrando a situação enquanto eu tentava não rir de mim também.

- Está na sua vez de ir ao bar! - pedi à Sam enquanto entregava as taças minha e de uma menina que conversava comigo e com um amigo de Sam, que tinha se afastado para falar com outra pessoa.

- Mas eu já fui sozinho nas últimas 3 vezes! - ele protestou de brincadeira.

- É que eu preciso ir ao banheiro!

Ele aceitou a desculpa e, depois de recusar a companhia de Clara, - a menina baixinha que tava com a gente - subi as escadas enormes no canto da sala para procurar o banheiro mais vazio.

O andar de cima, mais vazio, era bem mais agradável, e ainda dava uma vista interessante para o andar de baixo.

Quando voltei para o lado de Clara, ela tagarelava com o tal de Chris sobre algum assunto que eu não consegui me inteirar, mas estava tentando. Foi quando eu escutei a voz de Sam se aproximando atrás de mim.

"Lana, olha quem está aqui!"

Em um segundo, me preparei para conhecer Tim Benson, mas o que eu vi me atingiu muito mais forte.

- Hey.

Foi semelhante ao efeito de um tiro.

Encontrei meu único fio de voz pra responder.

- Hey, rockstar.

Lover of Mine | Luke HemmingsWhere stories live. Discover now