Capítulo 23

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"O chão parecia maravilhosamente sólido. Era reconfortante saber que eu já tinha chegado ao fundo do poço e não poderia cair mais que isso"

Sylvia Plath

No dia seguinte, o que eu vi no Instagram quase me impediu de sair de casa.

Eu poderia ter somente levantado e feito minhas coisas, talvez até esquecido o celular em casa, mas a notícia teria chegado de qualquer forma.

Respirei aliviada por poder passar por aquilo sozinha, sem olhos para assistir a cor sumir do meu rosto.

De tudo que poderia ter acontecido, aquele era o maior dos plot twists. Nem Christopher Nolan poderia ter escrito a sequência de eventos que fez tudo se encaixar na minha cabeça.

A noite com Luke, a reação dele depois, o rabisco no meu caderno. Tudo fazia sentido e eu me senti burra por não ter lido nas entrelinhas.

De todas as vezes que ele me pediu desculpa, aquela ali era a única que eu não esqueceria. E não, eu não ia desculpá-lo, não dessa vez. Todo o resto pareceu bobo e sem razão, enquanto o peso daquela notícia tentava me impedir de respirar.

Aguentei firme, com os olhos secos, apesar da guerra no meu estômago e das minhas mãos instáveis.

Aquela noite toda não parecia somente uma despedida, aquilo era uma despedida. Luke tinha ido na minha casa com um plano, e eu me coloquei nas mãos dele.

Preparada para abrir a ferida, cliquei no link da matéria de um perfil de fofoca.

"Fontes afirmam que Sierra Deaton espera seu primeiro herdeiro com Luke Hemmings".

Eu sempre tinha em minha mente como seria quando a vida me afastasse de Luke. Nas minhas hipóteses, cogitei que seria o retorno à Los Angeles, o acerto definitivo com Sierra, a distância física, o tempo que nos desgastaria, e até mesmo alguém novo que ocuparia a minha cabeça.

Eu não tinha imaginado aquilo. Nem nos meus sonhos mais tortuosos.

Então o nosso destino era esse: Luke seria o pai de uma família feliz, e eu seria um episódio curto da temporada dos seus vinte e poucos anos.

Era a minha hora de sair de cena.

"Parabéns" enviei antes de bloquear o número dele.

E não, não era infantil da minha parte. Eu tinha o direito de tentar me curar.

Aqueles meses de adrenalina, confusão, tentação pesavam como anos nas minhas costas. Eu tinha imagens suficientes para me recordar por longos anos, talvez até a vida toda. Era injusto que o universo me obrigasse a ir embora de mãos completamente vazias.

Mas a verdade era essa: eu não tinha nada dele.

A camisa que ele havia esquecido comigo já tinha o meu cheiro, ninguém diria que ela não era minha e, nessa altura, mesmo se eu dissesse que era dele, ninguém acreditaria.

Eu o guardei como meu segredo. Quem nos via juntos jamais soube do que acontecia quando estávamos sozinhos e, em pouco tempo, talvez nem eu acreditasse nas lembranças que tinha.

Pensar no fim de algo que não começou ocupava mais a minha cabeça do que o fato em si. E o fato era esse: Luke e Sierra seriam felizes para sempre.

E eu? Bem, ele não era o meu par.

Eu ficaria bem.

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A verdade sobre conhecer alguém no momento errado

"[...] As pessoas que conhecemos no momento errado, na verdade, são pessoas erradas.

Você nunca conhece a pessoa certa no momento errado porque as pessoas certas são atemporais. As pessoas certas te fazem querer largar os planos que você tinha feito anteriormente [...]"

Lover of Mine | Luke HemmingsWhere stories live. Discover now